sábado, 28 de abril de 2012

O PERIGO DE A IGREJA MISTURAR-SE COM O MUNDO

                                                 
                                                  APOCALIPSE 2:12-17

INTRODUÇÃO

1. A carta à igreja de Pérgamo é um brado de Jesus é a igreja hoje. Essa carta é endereçada a você, a mim, a nós. Não pregarei esse sermão diante de vocês, mas a vocês. Examinaremos não apenas um texto antigo, mas sondaremos o nosso próprio coração à luz dessa verdade eterna.

2. O perigo que estava assaltando a igreja de Pérgamo era a linha divisória entre verdade e heresia. Como a igreja pode permanecer na verdade sem se misturar com as heresias e com o mundanismo? Como uma igreja que é capaz de enfrentar o martírio permanecer fiel diante da tática da sedução?

3. A palavra "pérgamo" significa casado". A igreja precisa lembrar-se que ela está comprometida com Cristo, é a noiva de Cristo e precisa se apresentar a igreja como uma esposa santa, pura e incontaminada. No Livro de Apocalipse o sistema do mundo que está entrando dentro da igreja é definido como a grande Babilônia, a mãe das meretrizes, enquanto a igreja é definida como a noiva de Cristo.

4. O ponto central dessa carta é alertar a igreja sobre o risco da perigosa mistura do povo de Deus com o engano doutrinário e com a imoralidade do mundo.

I. CRISTO FAZ UM DIAGNÓSTICO DA IGREJA E REVELA OS SEUS SINTOMAS
1. Cristo vê uma igreja instalada no meio do acampamento de Satanás - v. 13
A. Pérgamo, uma cidade com um passado glorioso
• Historicamente era a mais importante cidade da Ásia. Segundo Plínio "era a mais famosa cidade da Ásia".
• Começou a destacar-se depois da morte de Alexandre, o grande em 333 a.C. Foi capital da Ásia quase 400 anos. Foi capital do reino Selêucida até 133 a.C.
• Átalo III, rei selêucida, o último de Pérgamo, passou o reino a Roma em seu testamento e Pérgamo tornou-se a capital da província romana da Ásia.

B. Pérgamo, um importante centro cultural
• Como centro cultural sobrepujava Éfeso e Esmirna. Era famosa por sua biblioteca que continha 200.000 pergaminhos. Era a segunda maior biblioteca do mundo, só superada pela de Alexandria.
• Pergaminho deriva-se de Pérgamo. O papiro do Egito era o material usado para escrever. No século III a. C. EUMENES, rei de Pérgamo resolveu transformar a biblioteca de Pérgamo na maior do mundo. Convenceu a Aristófanes de Bizâncio, bibliotecário de Alexandria a vir para Pérgamo. Ptolomeu, rei do Egito, revoltado, embargou o envio de papiro para Pérgamo. Então, inventaram o pergaminho, de couro alisado, que veio superar o papiro. Pérgamo gloriava-se de seus conhecimentos e cultura.

C. Pérgamo, um destacado centro do paganismo religioso
1. Em Pérgamo ficava um grande panteão
• Havia altares para vários deuses em Pérgamo. No topo da Acrópole, ficava o famoso templo dedicado a Zeus, uma das sete maravilhas do mundo antigo. Todos os dias se levantava a fumaça dos sacrifícios prestados a Zeus.

2. Em Pérgamo havia o culto a Esculápio
• Esculápio era o "deus salvador", o deus serpente das curas. Seu colégio de sacerdotes médicos era famoso. Naquela época mantinha 200 santuários no mundo inteiro. A sede era em Pérgamo. Ali estava a sede de uma famosa escola de medicina. Para ali peregrinavam e convergiam pessoas doentes do mundo inteiro em busca de saúde. A crendice misturava-se com a ciência.
• Galeno, médico só superado por Hipócrates, era de Pérgamo.
• As curas, muitas vezes, eram atribuídas ao poder do deus serpente Esculápio. Esse deus serpente tinham o título famoso de Salvador. A antiga serpente assassina, apresenta-se agora como sedutora.

3. Em Pérgamo estava o centro asiático do culto ao Imperador
• O culto ao imperador era o elemento unificador para a diversidade cultural e política do império. No ano 29 a.C. foi construído em Pérgamo o primeiro templo a um imperador vivo, o imperador Augusto. O anticristo era mais evidente em Pérgamo do que o próprio Cristo.
• Desde 195 a.C, havia templos à deusa Roma em Esmirna. O imperador encarnava o espírito da deusa Roma. Por isso, se divinizou a pessoa do imperador e começou a se levantar templos ao imperador.
• Uma vez por ano, os súditos deviam ir ao templo de César e queimar incenso dizendo: "César é o Senhor". Depois, podiam ter qualquer outra religião. Havia até um panteão para todos os deuses. Isso era símbolo de lealdade a Roma, uma cidade eclética, de espírito aberto, onde a liberdade religiosa reinava desde que observassem esse detalhe do culto ao imperador.

4. Em Pérgamo estava o trono de Satanás
• Naquela cidade estava o trono de Satanás. Ele não apenas habitava na cidade, mas lá estava o seu trono. O trono de Satanás não estava num edifício, como hoje sugerem os defensores do movimento de Batalha Espiritual, mas no sistema da cidade.
• O trono de Satanás é marcado pela pressão e pela sedução. Onde Satanás reina predomina a cegueira espiritual, floresce o misticismo, propaga-se o paganismo, a mentira religiosa bem como a perseguição e a sedução ao povo de Deus.
• Em Pérgamo estava um panteão onde vários deuses eram adorados. Isso atentava contra o Deus criador. Em Pérgamo as pessoas buscavam a cura através do poder da serpente. Isso atentava contra o Espírito Santo, de onde emana todo o poder. Em Pérgamo estava o culto ao Imperador, onde as pessoas queimavam incenso e o adoravam como Senhor. E isso conspirava contra o Senhor Jesus, o Rei dos reis e Senhor dos senhores.
• Cristo não apenas conhece as obras da igreja e suas tribulações. Mas também conhece a tentação que assedia a igreja, conhece o ambiente que ela vive. Cristo sabe que a igreja está rodeada por uma sociedade não-cristã, com valores mundanos, com heresias nos bombardeando a todo instante.

2. Cristo vê uma igreja capaz de enfrentar até a morte por causa do nome de Jesus - v. 13
• Cristo conhece também a lealdade que a igreja lhe dedica. A despeito do poder do culto pagão a Zeus, a Esculápio e ao imperador, os crentes da igreja de Pérgamo só professavam o nome de Jesus. Eles tinham mantido suas próprias convicções teológicas no meio dessa babel religiosa. A perseguição religiosa não os intimidou.
• A igreja suportou provas extremas. Antipas, pastor de Pérgamo, segundo Tertuliano, foi colocado dentro de um boi de bronze e este foi levado ao fogo até ficar vermelho, morrendo o servo de Deus sufocado e queimado. Ele resistiu a apostasia até a morte.

3. Cristo vê uma igreja que começa a negociar a verdade - v. 14
• Como Satanás não logrou êxito contra a igreja usando a perseguição, mudou a sua tática, e usou a sedução. A proposta agora não é substituição, mas mistura. Não é apostasia aberta, mas ecumenismo.
. • Alguns membros da igreja começaram a abrir a guarda e a ceder diante da sedução do engano religioso - Na igreja havia crentes que permaneciam fiéis, enquanto outros estavam se desviando da verdade. Numa mesma congregação há aqueles que permanecem firmes e aqueles que caem.

4. Cristo vê uma igreja que começa a ceder às pressões do mundo - v. 14
• Balaque contratou Balaão para amaldiçoar a Israel. Balaão prostituiu os seus dons com o objetivo de ganhar dinheiro. O deus de Balaão era o dinheiro. Mas quando ele abria a boca só consegue abençoar. Então Balaque ficou bravo com ele. Aí por ganância, aconselhou Balaque enfrentar Israel não com um grande exército, mas com pequenas donzelas sedutoras. Aconselhou a mistura. Aconselhou o incitamento ao pecado. Aconselhou a infiltração, uma armadilha. Assim, os homens de Israel participariam de suas festas idolatras e se entregariam à prostituição. E o Deus santo se encheria de ira contra eles e eles se tornariam fracos e vulneráveis.
• O pecado enfraquece a igreja. A igreja só é forte quando é santa. Sempre que a igreja se mistura com o mundo e adota o seu estilo da vida, ela perde o seu poder e sua influência.
• O grande problema da igreja de Pérgamo é que enquanto uns sustentavam a doutrina de Balaão os demais membros da igreja se calaram num silêncio estranho. A infidelidade aninhou-se dentro da igreja com a adesão de uns, e o conformismo dos outros. A igreja tornou-se infiel.

5. Cristo vê uma igreja que começa a baixar o seu nível moral - v. 15
• Eles ensinavam que a liberdade de Cristo é a liberdade para o pecado. Diziam: Não estamos mais debaixo da tutela da lei. Estamos livres para viver sem freios, sem imposições, sem regras. Esse simulacro da verdade era para transformar a graça em licença para a imoralidade, a liberdade em licenciosidade.
• Os nicolaítas ensinavam que o crente não precisa ser diferente. Quanto mais ele pecar maior será a graça. Quanto mais ele se entregar aos apetites da carne, maior será a oportunidade do perdão. Eles faziam apologia ao pecado. Eles defendiam que os crentes precisam ser iguais aos pagãos. Eles deviam se conformar com o mundo.
• Cristo odeia a obra dos nicolaítas. Ele odeia o pecado. O que era odiado em Éfeso era tolerado em Pérgamo.

II. CRISTO FAZ UM DIAGNÓSTICO DA IGREJA E IDENTIFICA A FONTE DO PECADO-V. 13
A fonte do pecado é diabólico - v. 13
• A igreja de Pérgamo viveu e adorou e testemunhou onde Satanás habita (v. 13b) e onde está o trono de Satanás (v. 13 a). Satanás não somente habitou em Pérgamo, ele também a governou. Satanás era a fonte dos pecados aos quais alguns membros da igreja tinham sucumbido. Seus numerosos templos, santuários e altares, seu labirinto de filosofias anticristãs, sua tolerância com a imoralidade dos nicolaístas e balaamitas ostentavam um testemunho em favor do domínio maligno.
• Precisamos apagar da nossa mente a caricatura medieval de Satanás. Despojando-o dos chifres, cascos e do rabo. A Bíblia diz que ele um ser espiritual inteligente, poderoso e inescrupuloso. Jesus o chamou de príncipe deste mundo. Paulo o chamou de príncipe da potestade do ar. Ele tem um trono e um reino e sob seu comando está um exército de espíritos malignos que são identificados nas Escrituras como "os dominadores deste mundo tenebroso" e "forças espirituais do mal nas regiões celestes".

1. Pérgamo, um lugar sombrio
• Pérgamo era um lugar sombrio. Ela estava mergulhada na confusão mental da heresia. Pois os reino de Satanás é onde as trevas reinam, ele é o dominar deste mundo tenebroso. Ele odeia a luz. Ele mentiroso e enganador. Ele cega o entendimento dos descrentes. Ele instiga os homens a pecar e os induz ao erro.

III. CRISTO DIAGNOSTICA A IGREJA E JULGA OS QUE SE RENDERAM AO PECADO-V. 12,16
1. Jesus exorta os faltosos ao arrependimento - v. 16
• Arrependimento - A igreja precisava expurgar aquele pecado de tolerância com o erro doutrinário e com a libertinagem moral A igreja precisava arrepender-se do seu desvio doutrinário e do seu desvio de conduta. Verdade e vida precisam ser pautados pela Palavra de Deus. Embora o juízo caia sobre os que se desviaram, a igreja toda é disciplinada e envergonhada por isso.
• A igreja precisa arrepender-se de sua tolerância com o erro - Embora apenas alguns membros da Igreja se desviaram, os outros devem se arrepender porque foram tolerantes com o pecado. Enquanto os crentes de Éfeso odiavam as obras dos nicolaítas, os crentes de Pérgamo, toleravam a doutrina e a obra dos nicolaítas. O pecado da igreja de Pérgamo era a tolerância com o erro e com o pecado.

2. Jesus sentencia os impenitentes com o juízo
• Juízo - A falta de arrependimento acarreta em juízo. Jesus virá em juízo condenatório contra todos aqueles que permanecem _impenitentes e contra aqueles que se desviam da verdade. Antipas morreu pela espada dos romanos. Mas quem tem a verdadeira espada é Jesus. Ele derrotará os seus inimigos com esta poderosa arma.
• A espada da sua boca é a sua arma que destrói seus inimigos. Essa é a única arma que Jesus usará na sua segunda vinda. Com ela ele matará o anticristo e também destruirá os rebeldes e apóstatas.
• A mensagem da verdade se tornará a mensagem do julgamento. Deus nos fará responsáveis por nossa atitude em face da verdade que conhecemos. Jesus que a sua própria palavra é que condenará o ímpio do dia do juízo (Jo 12:47-48). A palavra salvadora torna-se juiz e espada benfazeja, transforma-se em carrasco.

IV. JESUS CRISTO DIAGNOSTICA A IGREJA E PREMIA OS VENCEDORES - V. 17
Os vencedores comerão do maná escondido - v. 17
• No deserto Deus mandou o maná (Ex 16:11-15). Quando cessou o maná, um vaso com maná foi guardado na Arca e depois no templo (Ex 16: 33,34; Hb 9:4). Com a destruição do templo, conta uma lenda que Jeremias escondeu o vaso com maná numa fenda do Monte Sinai. Os rabinos diziam que ao vir o Messias o vaso com maná seria recuperado. Receber o maná escondido significa desfrutar das bênçãos da era messiânica.
• O maná escondido refere-se ao banquete permanente que teremos no céu. Aqueles que rejeitam o luxo das comidas idólatras nesta vida, terão o banquete com as iguarias de Deus no céu. Bengel disse que diante desse manjar o apetite pela carne sacrificada a ídolos deveria desaparecer.
• O maná era o pão de Jeová (Ex 16:15), cereal do céu (SI 78:24). Era alimento celestial. Os crentes não devem participar dos banquetes pagãos, pois vão participar dos banquetes do céu. Jesus, é o pão do céu.

1. Os vencedores receberão uma pedrinha branca
• Era usada nos tribunais para veredicto dos jurados - A sentença de absolvição correspondia a uma maioria de pedras brancas e a de condenação a uma maioria de pedras pretas. O cristão é declarado justo, inocente, sem culpa diante do Trono de Deus.
• Era usada como bilhete de entrada em festivais públicos - A pedrinha branca é símbolo da nossa admissão no céu, na festa das bodas do Cordeiro. Quem deixa as festas do mundo, vai ter uma festa verdadeira onde vai rolar alegria para sempre.

2. Os vencedores receberão um novo nome
• O maná escondido é Cristo. O novo nome é Cristo. Vamos nos deliciar com o maná e compreender o novo nome. Esta é a visão beatífica.
• Aqueles que conhecem em parte conhecerão também plenamente, como são conhecidos. Aqueles que vêem agora como em um espelho, indistintamente, o verão face a face.

                                                                                             Por Hernandes Dias Lopes

terça-feira, 24 de abril de 2012

LIÇÃO 05 - PÉRGAMO, A IGREJA CASADA COM O MUNDO


                                                          Ap 2.12-17


INTRODUÇÃO
As cartas enviadas às igrejas da Ásia nos trazem grandes lições e ensinamentos, não apenas no aspecto histórico, mas, principalmente, espiritual. Estudando e meditando nestas cartas, somos motivados a imitar os bons exemplos daquelas igrejas, bem como evitar os mesmos erros que ocorreram nas mesmas. Nesta lição, além de estudarmos o contexto histórico e cultural da cidade de Pérgamo, veremos também a mensagem de Cristo à igreja que havia naquela cidade, tanto os aspectos positivos quando negativos, bem como a promessa de Cristo para os cristãos daquela localidade, que se aplicam a todos os vencedores.


I – IMPORTANTES INFORMAÇÕES SOBRE A CIDADE

1.1 Nome. O nome Pérgamo no grego significa “casado”. A cidade fora construída sobre uma colina cuja altura chegava a 300 metros acima da região que a circundava, sendo portanto uma fortaleza natural. Era uma cidade sofisticada, centro da cultura e da educação grega com uma biblioteca de aproximadamente 200 mil volumes.

1.2 Geografia. Era uma cidade da província romana da Ásia, na parte ocidental do que hoje é a Turquia. Ela havia sido a antiga capital de Átalo, uma cidade-estado doada ao império romano, em 133 a.C., estava próxima do vale do rio Caico. Tinha considerável importância comercial, política e religiosa. As principais estradas da Ásia ocidental convergiam para aquela cidade. Lá, fabricava-se unguento, vasos e pergaminhos.

1.3 Religião. Pérgamo era a sede de um antigo culto de mágicas babilônicas. Também um importante centro de culto ao imperador, além de se tornar a sede de quatro dos maiores cultos pagãos, a saber: a Zeus, a Atena, a Dionísio e a Asclépio. Por tudo isso, Jesus declara que a igreja habitava onde estava “o trono de Satanás” (Ap 2.13). A palavra “trono” (no grego hodierno, “thronos”), é usado no Novo Testamento como sentido de “trono real” (Lc 1.32,52), ou com o sentido de “tribunal judicial” (cf. Mt 19.28 e Lc 22.30). Alguns estudiosos tentam imaginar literalmente qual seria esse trono, e afirmam que:

1.3.1 Tratava-se da colina que havia por detrás da cidade, com trezentos metros de altura, na qual havia muitos templos e altares;

1.3.2 Tratava-se de um gigantesco altar dedicado a Zeus, construído sobre uma imensa base que estava a duzentos e quarenta metros acima do nível do mar;

1.3.3 Tratava-se de vários templos construídos com o propósito de oficializar o culto ao imperador. Certamente todos esses lugares trazem consigo uma simbologia muito forte no que diz respeito “ao trono de Satanás, mas o significado dessa expressão certamente é espiritual, e a palavra trono de (Ap 2.13) aponta para o lugar onde Satanás exercia autoridade como se fosse um rei. Este sempre foi o desejo do Maligno, ter o seu próprio trono “E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte”. (Is 14.13). Essa igreja aprendeu a adaptar-se ao mundo, desfrutando de seus confortos e participando de seus vícios. É bom, porém, lembrar que eles ganharam conforto, mas perderam em espiritualidade (Ap 2.14,15). Traçando um paralelo entre as igrejas da Ásia e a história do cristianismo, poderíamos correlacionar a de Pérgamo com a época da “conversão” do imperador Constantino, que publicou um edito de tolerância, o que pôs fim às perseguições contra a igreja, mas também diminuiu consideravelmente o fervor espiritual de muitos cristãos da época. Houve um casamento entre o santo e o profano, pois, ao mesmo tempo em que o cristianismo se tornou a religião oficial do Império, cultos a deuses pagãos também eram realizados.


II – OS PONTOS POSITIVOS DA IGREJA DE PÉRGAMO
Como podemos perceber, o Senhor Jesus, inicialmente, elogiou o anjo daquela igreja: “...e reténs o meu nome, e não negaste a minha fé...” (Ap 2.;13). O Senhor ainda faz menção de um Antipas, de quem nada se sabe ao certo, exceto aquilo que se depreende do texto, uma fiel testemunha (Ap 2.13). A palavra grega para “testemunha” é “mártys”. Inicialmente, esta palavra fora usada para designar todos os que davam testemunho de Cristo (At 1.8), no entanto, com as perseguições romanas passou a ser usado para designar a pessoa que morria por não negar a sua fé em Cristo (Ap 2.13-b). Antipas, o bispo de Pérgamo, foi colocado dentro de um boi feito de bronze, e a seguir foi aquecido ao rubro. Seu corpo foi literalmente, cozido, na chama abrasadora(SILVA, 2006. p. 22).


III – OS PONTOS NEGATIVOS DA IGREJA DE PÉRGAMO
Depois dos elogios, o Senhor utilizou a expressão “Mas umas poucas coisas tenho contra ti”, expressão de reprovação, quanto à Pérgamo estava relacionada principalmente à doutrina de Balaão e à doutrina dos Nicolaítas. Vejamos em que consistiam seus ensinamentos:

3.1 Doutrina de Balaão. Essa doutrina tinha duas vertentes principais, a saber: a idolatria e a prostituição. As suas origens estavam no episódio ocorrido no A.T., quando os filhos de Israel estavam para invadir as campinas de Moabe, que tinha como rei, Balaque (Nm 22.1,2). Este, temendo sobremaneira o povo de Deus, contratou Balaão para amaldiçoar os israelitas (Nm 22.1-7). As intenções de Balaque eram:

• Ferir o povo e expulsá-lo da terra (Nm 22.6);
• Conquistar o favor de Balaão mediante pagamento (Nm 22.17);
• Amaldiçoar o povo de Deus através de sacrifícios a deuses pagãos (Nm 22.41);
• Insistir com Balaão até que ele o ensinasse a lançar tropeços ao povo (Nm 23.12,13,27);

A princípio, Balaão não satisfez o intento de Balaque e falou o que o Senhor lhe mandara (Nm 2.13-18). Porém, ao ver o prêmio oferecido pelo iníquo rei, o caráter daquele homem não suportou e ele cedeu, ensinando Balaque a lançar tropeços diante do povo de Deus (Nm 31.16). Tais tropeços se manifestaram através do pecado de prostituição, e da idolatria, que causou grande prejuízo entre os israelitas (Nm 25.1-9).
A doutrina de Balaão perpassou os séculos e chegou à época neotestamentária. Tal postura foi adotada pelos falsos mestres que, mercantilistas e avarentos, sem comprometimento algum com Deus e a sua Palavra, perturbavam a igreja primitiva. Eles foram duramente combatidos pelos apóstolos (II Pe 2.15; Jd 11), e pelo próprio Senhor Jesus (Ap 2.14). Ainda hoje existem arautos de Balaão, cujo objetivo é totalmente financeiro e cujos ouvintes estão mergulhados na imoralidade e na idolatria (Rm 16.18; II Tm 3.1-4; II Pe 2.1-3). Mas a recompensa deles não dormita (II Pe 2.4-21; Jd 12,13).

3.2 A doutrina dos Nicolaítas. Não há certeza absoluta quanto à identidade desta seita. Porém alguns estudiosos tentam sugerir esta heresia a Nicolau, prosélito de Antioquia e que foi separado para o diaconato conforme (At 6.5). Afirmam eles que assim como os doze tiveram um apóstata, assim sucedeu com os sete diáconos, um deles apostatou. Essa argumentação também não possui respaldo bíblico.
Como já vimos em outra lição, os nicolaítas também perturbavam a igreja de Éfeso (Ap 2.6). Interessante que em Éfeso Jesus falou das obras dos nicolaítas (Ap 2.6), enquanto em Pérgamo o Senhor mencionou a sua doutrina (Ap 2.15). Certamente um ensino perverso, corrupto e lascivo, influenciado pelo gnosticismo, que pregava a malignidade da matéria, chegando à conclusão de que o corpo deveria ser exposto a toda sorte de pecado.

3.3 Exortações. Apesar da perseverança e fidelidade do anjo daquela igreja (Ap 2.13), havia crentes que tinham caído no engodo das doutrinas de Balaão e dos nicolaítas, o que trouxe a idolatria e a imoralidade para o seio daquela igreja (Ap 2.15). Todavia, o Senhor lhes convida ao arrependimento (Ap 2.16). A forma mais eficaz de se combater tais heresias é fazendo uso da Palavra. Por isso, Jesus se apresentou ao anjo desta igreja como “aquele que tem a espada aguda de dois gumes” (Ap 2.12), que é uma referência à Palavra de Deus (Hb 4.12). Portanto, falsos ensinamentos se combatem com a sã doutrina (II Tm 4.2-4; Tt 1.10-16; 2.1; Ap 2.16).


CONCLUSÃO
Era árdua a tarefa do anjo da igreja de Pérgamo, que habitava onde estava o trono de Satanás e onde circulavam duas terríveis heresias acima citadas. Ele, porém, precisava se esforçar para manter a fidelidade ante as pressões externas e combater firme e incansavelmente os falsos ensinos que estavam levando o povo à imoralidade e à idolatria. O quadro era difícil, mas quem vencesse comeria do maná escondido e receberia um novo nome “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer darei a comer do maná escondido, e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe” (Ap 2.17).


REFERÊNCIAS
BÍBLIA de Estudo Aplicação Pessoal. CPAD.
CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento Interpretado versículo por Versículo. HAGNOS.
ANDRADE, Claudionor Correia; Os Sete Castiçais de Ouro: A mensagem final de Cristo à Igreja
STAMPS, Donald C.; Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD.
SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse, versículo por versículo. CPAD.
ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.

                                                                                  Por Rede Brasil de Comunicação

A ALIANÇA


Objetivo: Refletir sobre o que pode interferir de forma negativa na nossa vida espiritual, maculando o relacionamento entre a igreja(a noiva) e o noivo(Jesus).

Material: 01 aliança, 01 flanela e polidor de metais.

Procedimento:
- Falem para os alunos o que significa a palavra “aliança”.
De acordo com o dicionário Michaelis, aliança é: 1 Pacto contraído por mútuo acordo, para determinado fim comum. 2 Resultado dessa associação. 3 Pacto de amizade celebrado entre estados ou povos. 4 Fusão ou união de coisas diferentes. 5 Matrimônio. 6 Coligação, confederação, união, liga. 7 Liga de metais. 8 Anel usado como símbolo de noivado ou casamento.
- Acrescentem que a aliança, concerto ou pacto pode ocorrer entre Deus e o homem, do homem com Deus e entre os homens. Falem que numa aliança, há duas partes envolvidas.
- Exemplificando estes tipos de concerto, mencionados no item anterior, leiam:
 II Sm 23.5: “ Ainda que a minha casa não seja tal para com Deus, contudo estabeleceu comigo um concerto eterno, que em tudo será ordenado e guardado...”
Gn 28. 20 a 22: “ E Jacó votou um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestidos para vestir; e eu em paz tornar a casa de meu pai, o Senhor será o meu Deus; e esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo”.
 I Sm 18.3: “ E Jonatas e Davi fizeram aliança; porque Jonatas o amava como a sua própria alma.”
- Em seguida, apresentem uma aliança para a turma e solicitem a um aluno para utilizar uma flanela e um pouco de polidor de metais para polir a aliança.
- Depois, peçam para que mostrem a aliança e a flanela.
- Falem: A aliança está brilhando e a flanela está manchada de preto.
- Perguntem: o que aconteceu?
Aguardem as respostas.
- De que forma podemos extrair exemplos disto com a nossa vida cristã?
Somos a noiva do cordeiro, nossa aliança, nosso compromisso é com Ele, não podemos deixar que as impurezas  emperrem a nossa vida espiritual com o noivo, deixando os valores de outro reino invadir nossas mentes.
- Reflitam sobre o que tem dificultado, maculado nosso relacionamento com o noivo. Não sigamos o exemplo da igreja de Pérgamo, casada com o mundo.
- O que pode significar o polidor? Leitura da palavra, comunhão, oração etc.
- Para finalizar, leiam:
Ef 5.26 e 27 : “Para santificar, purificando-a  com a lavagem da água pela palavra. Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível”.
Jo.  15.2 e 3 : “Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto. Vós já estais limpo, pela palavra que vos tenho falado”.

Pérgamo é Chamada ao Arrependimento



Apesar de a igreja em Pérgamo, como um todo, ser fiel a CRISTO e às verdades do Evangelho, alguns dentre eles faziam-se passíveis da repreensão do Senhor. Os tais estavam comprometendo sua fé com os baixos padrões morais e costumes pagãos daqueles dias. Tinham um comportamento idêntico aos dos israelitas nos dias de Moisés. Seguindo os conselhos de Balaão, um vidente e falso profeta, Balaque, rei de Moabe, usou belas jovens de seu reino para seduzir os israelitas, e induzi-los a participarem de suas festas idólatras, nas quais a imoralidade era praticada em nome da religião (ver Número 25.1-5; 31.15,16). JESUS chama a isto de prostituição (Ap 2.14). DEUS não aceita ritos e cerimônias como desculpa para se quebrar os seus mandamentos. (Ver 2 Pedro 2.15,16, onde por dinheiro, Balaão tenta manipular DEUS para que amaldiçoasse a Israel.)
Alguns estudiosos veem no nome hebreu de Balaão (Ap 2.14) um equivalente no grego Nikolaos, identificando os balaamitas como os nicolaítas do versículo 15. Entretanto, pelo contexto parecem ser dois grupos diferentes. Pode ser que os nicolaítas encorajassem o mesmo tipo de desregramento desenfreado que os balaamitas, mas sem envolver idolatria. É claro que ambos os grupos possuíam perspectivas erradas acerca do amor e da liberdade do cristão" (HORTON, Stanley M. Apocalipse: As coisas que brevemente devem acontecer. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2001. pp. 35,36).

                                                                                                        Por Amigo da EBD


Subsídio Teológico

segunda-feira, 23 de abril de 2012

QUESTIONÁRIOS DO 2° TRIMESTRE DE 2012

                             (As Sete Cartas do Apocalipse)



Lição 04

1. Onde ficava a igreja em Esmirna?
R. Na cidade de Esmirna, localizada na região sudoeste da Ásia Menor.

2. Qual a natureza da igreja em Esmirna?
R. Confessante e mártir.

3. Como o Senhor Jesus apresentou-se à Esmirna?
R. Como a própria eternidade: “Isto diz o Primeiro e o Último, que foi morto e reviveu” (Ap 2.8).

4. Como Esmirna enfrentava as perseguições?
R. Refugiando-se na paz que excede todo entendimento (Fp 4.7).

5. Que tipos de perseguição enfrentamos hoje?
R. Ataques de falsos mestres e doutores com heresias e modismo que fazem dos santos um grande comércio religioso

sábado, 21 de abril de 2012

COMO SER UM CRISTÃO FIEL ATÉ A MORTE

                                                
                                            APOCALIPSE 2:8-11


INTRODUÇÃO
1. É possível ser fiel e fiel até à morte num mundo carimbado pelo relativismo? O sofrimento revela quem é fiel e quem é conveniente. Aqui vemos uma igreja sofredora, perseguida, pobre, caluniada, aprisionada, enfrentando a própria morte, mas uma igreja fiel que só recebe elogios de Cristo.

2. Tudo o que Jesus diz nesta carta tem a ver com a cidade e com a igreja:
a) Uma igreja pobre numa cidade rica - Esmirna era rival de Éfeso. Era a cidade mais bela da Ásia Menor. Era considerada o ornamento, a coroa e a flor da Ásia. Cidade comercial, onde ficava o principal porto da Ásia. O monte Pagos era coberto de templos e bordejado de casas formosas. Era um lugar de realeza coroado de torres. Tinha um magnífica arquitetura, com templos dedicados a Cibeles, Zeus, Apoio, Afrodite e Esculápio. Hoje essa é a única cidade sobrevivente, com o nome de Izmir, na Turquia asiática, com 255.000 habitantes.
b) Uma igreja que enfrenta a morte numa cidade que havia morrido e ressuscitado - Esmirna havia sido fundada como colônia grega no ano 1.000 a.C. No ano 600 a. C, os lídios a invadiram e destruíram por completo. No ano 200 a. C, Lisímaco a reconstruiu e fez dela a mais bela cidade da Ásia. Quando Cristo disse que estivera morto, mas estava vivo, os esmirneanos sabiam do que Jesus estava falando. A cidade estava morta e reviveu.
Uma igreja fiel a Cristo na cidade mais fiel a Roma - Esmirna sabia muito bem o significado da palavra fidelidade. De todas as cidades orientais havia sido a mais fiel a Roma. Muito antes de Roma ser senhora do mundo, Esmirna já era fiel a Roma. Cícero dizia que Esmirna era a aliada mais antiga e fiel de Roma. No ano de 195 a. C, Esmirna foi a primeira cidade a erigir um templo à deusa Roma. No ano 26 d.C, quando as cidades da Ásia Menor competiam o privilégio de construir um templo ao imperador Tibério, Esmirna ganhou de Éfeso esse privilégio. Para a igreja dessa cidade, Jesus disse: "Sê fiel até à morte".
Uma igreja vitoriosa na cidade dos jogos atléticos - Esmirna tinha um estádio onde todos os anos se celebravam jogos atléticos famosos em todo o mundo; os jogadores disputavam uma coroa de louros. Para os crentes dessa cidade, Jesus prometeu a coroa da vida.

3. Ser cristão em Esmirna era um risco de perder os bens e a própria vida. Essa igreja pobre, caluniada e perseguida só recebe elogios de Cristo. A fidelidade até a morte era a marca dessa igreja. Como podemos aprender com essa igreja a sermos fiéis?

4. A fidelidade é um princípio básico da vida cristã: hoje os maridos e esposas estão quebrando os votos assumidos no casamento. Os pais estão quebrando os votos assumidos no batismo dos filhos. Os crentes estão quebrando os votos feitos na profissão de fé. Como ser um crente fiel em tempos de prova?


I. NÃO TENDO UMA VISÃO DESROMANTIZADA DA VIDA - V. 8-9
> A igreja de Esmirna estava atravessando um momento de prova e o futuro imediato era ainda mais sombrio. Há quatro coisas nesta carta que precisamos destacar, se queremos ter uma visão desromantizada da vida:
1. Tribulação - v. 9
• A idéia de tribulação é de um aperto, um sufoco, um esmagamento. A igreja estava sendo espremida debaixo de um rolo compressor. A pressão dos acontecimentos pesava sobre a igreja e a força das circunstâncias procurava forçar a igreja a abandonar a sua fé.
• Os crentes em Esmirna estavam sendo atacados e mortos. Eles eram forçados a adorar o imperador como Deus. De uma única vez lançaram do alto do montes Pagos 1200 crentes. Doutra feita, lançaram 800 crentes. Os crentes estavam morrendo por causa da sua fé.
• Como entender o amor de Deus no meio da perseguição? Como entender o amor do Pai pelo seu Filho quando o entregou como sacrifício? Onde é sacrificado o amado, o amor se oculta. Isso é a Sexta-Feira da Paixão: Não ausência, mas ocultação do amor de Deus.

2. Pobreza
• A pobreza não é maldição. Jesus disse: "Bem-aventurados os pobres" (Lc 6:20). Tiago diz que Deus elege os pobres do mundo para serem ricos na fé (Tg 2:5). Havia duas palavras para pobreza: ptochéia e penia. A primeira é pobreza total, extrema. Era representada pela imagem de um mendigo agachado. Penia é o homem que carece do supérfluo, enquanto ptochéia é o que não tem nem sequer o essencial.
• A pobreza dos crentes era um efeito colateral da tribulação. Ela vinha de algumas razões: 1) Os crentes eram procedentes das classes pobres e muitos deles eram escravos. Os primeiros cristãos sabiam o que era pobreza absoluta; 2) Os crentes eram saqueados e seus bens eram tomados pelos perseguidores (Hb 10:34); 3) Os crentes haviam renunciado aos métodos suspeitos e por sua fidelidade a Cristo, perderam os lucros fáceis que foram para as mãos de outros menos escrupulosos.

3. Difamação
• Os judeus estavam espalhando falsos rumores sobre os cristãos. As mentes estavam sendo envenenadas. Os crentes de Esmirna estavam sendo acusados de coisas graves. O diabo é o acusador. Ele é o pai da mentira. Aqueles que usam a arma das acusações levianas são Sinagoga de Satanás. Havia uma forte e influente comunidade judaica em Esmirna. Eles não apenas estavam perseguindo os crentes, mas estavam influenciando os romanos aprender os crentes.
• Os judeus foram os principais inimigos da igreja no primeiro século. Perseguiram a Paulo em Antioquia da Pisídia (At 13:50), em Icônio (At 14:2,5), em Listra Paulo foi apedrejado (At 14:19) e em Tessalônica (At 17:5), em Corinto Paulo tomou a decisão de deixar os judeus e ir para os gentios (At 18:6). Quando retornou para Jerusalém, os judeus o prenderam no templo e quase o mataram. O livro de Atos termina com Paulo em Roma sendo perseguido por eles.
• Eles se consideravam o genuíno povo de Deus, os filhos da promessa, a comunidade da aliança, mas ao rejeitarem o Messias e perseguirem a igreja de Deus, estavam se transformando em Sinagoga de Satanás (Rm 2:28-29). A religião deles foi satanizada. Tornou-se a religião do ódio, da perseguição, da rejeição da verdade. Quem difama Cristo ou o degrada naqueles que o confessam promove a obra de Satanás e guerreia as guerras de Satanás.
• Os crentes passaram a sofrer várias acusações levianas: 1) Canibais - por celebrarem a ceia com o pão e o vinho, símbolos do corpo de Cristo; 2) Imorais, por celebrarem a festa do Ágape antes da Eucaristia; 3) Divididor de famílias, uma vez que as pessoas que se convertiam a Cristo deixavam suas crenças vãs para servirem a Jesus. Jesus veio trazer espada e não a paz; 4) Acusavam os crentes de Ateísmo, por não se dobrarem diante de imagens dos vários deuses; 5) Acusavam os crentes de deslealdade e revolucionários, por se negarem a dizer que César era o Senhor.

4. Prisão
• Alguns crentes de Esmirna estavam enfrentando a prisão. A prisão era a ante-sala do túmulo. Os romanos não cuidavam de seus prisioneiros. Normalmente os prisioneiros morriam de fome, de pestilências, ou de lepra.
• Vistas de um bastião mais elevado, as detenções acontecem para serdes postos à prova. Os crentes estavam prestes a serem levados à banca de testes. Deverá ser testada a sua fidelidade. Mas Deus é fiel e não permite que sejamos tentados além das nossas forças. Ele supervisiona o nosso teste.


II. SABENDO QUE A AVALIAÇÃO DE SUCESSO DE JESUS É DIFERENTE DA AVALIAÇÃO DO MUNDO - V. 9
1. A igreja de Esmirna era uma igreja pobre: pobre porque os crentes vinham das classes mais baixas. Pobre porque muitos dos membros eram escravos. Pobres porque seus bens eram tomados, saqueados. Pobres porque os crentes eram perseguidos e até jogados nas prisões. Pobres porque os crentes não se corrompiam. Era uma igreja espremida, sofrida, acuada.

2. Embora a igreja fosse pobre financeiramente, era rica dos recursos espirituais. Não tinha tesouros na terra, mas os tinha no céu. Era pobre diante dos homens, mas rica diante de Deus. A riqueza de uma igreja não está na pujança do seu templo, na beleza de seus móveis, na opulência do seu orçamento, na projeção social dos seus membros. A igreja de Laodicéia considerava-se rica, mas Jesus disse para ela que ela era pobre. A igreja de Filadélfia tinha pouca força, mas Jesus colocou diante dela uma porta aberta. A igreja de Esmirna, era pobre, mas aos olhos de Cristo ela era rica.

3. Enquanto o mundo avalia os homens pelo ter, Jesus os avalia pelo ser. Importa ser rico para com Deus. Importa ajuntar tesouros no céu. Importa ser como Pedro: "Eu não tenho ouro e nem prata, mas o que eu tenho, isso te dou: em nome de Jesus, o Nazareno anda". A igreja de Esmirna era pobre, mas fiel. Era pobre, mas rica diante de Deus. Era pobre, mas possuía tudo e enriquecia a muitos.

4. Nós podemos ser ricos para com Deus, ricos na fé, ricos em boas obras. Podemos desfrutar das insondáveis riquezas de Cristo. A vista de Deus há tantos pobres homens ricos como ricos homens pobres. E melhor ser como a igreja de Esmirna, pobre materialmente e rica espiritualmente, do que como a igreja de Laodicéia, rica, mas pobre diante de Cristo.


5. Outro grupo ostentava uma falsa percepção de si mesmo. "Se dizem judeus, mas não são, sendo antes sinagoga de Satanás" (v. 9). Não é judeu quem o é exteriormente...judeu é quem o é interiormente (Rm 2:28-29). Eles afirmam que são judeus, mas isso não é verdade. Eles afirmam que vocês são pobres, mas isso não é verdade. O mundo vê a aparência, Deus o interior.


III. ESTANDO PRONTO A FAZER QUALQUER SACRÍFICIO PARA HONRAR A JESUS - V. 10b
1. Aqueles crentes eram pobres, perseguidos, caluniados, presos e agora estavam sendo encorajados a enfrentar a própria morte, se fosse preciso. Não é ser fiel até o último dia da vida. É ser fiel até o ponto de morrer por essa fidelidade. É preferir morrer a negar a Jesus. Jesus foi obediente até a morte e morte de cruz. Ele foi da cruz até à coroa. Essa linha também foi traçada para a igreja de Esmirna: "Sê fiel até à morte e dar-te-ei a coroa da vida".

2. A igreja de Esmirna, assim, não é candidata à morte, mas à vida.

3. A cidade de Esmirna era fiel a Roma, mas os crentes são chamados a serem fiéis a Jesus. A cidade de Esmirna tinha a pretensão de ser a primeira, mas Jesus diz: "Eu sou o primeiro e o último". Somos chamados a sermos fiéis até às últimas conseqüências, mesmo num contexto de hostilidade e perseguição. O bispo da igreja Policarpo, discípulo de João, foi martirizado no dia 25/02/155 d.C. Ele foi apanhada, arrastado para a arena. Tentaram intimidá-lo com as feras. Ameaçaram-no com o fogo. Ele respondeu ao procônsul: "Vocês me ameaçam com um fogo que pode queimar apenas por alguns instantes, respeito do fogo do juízo vindouro e do castigo eterno, reservado para os maus. Mas porque vocês demoram, façam logo que têm de fazer." Seus algozes tentaram forçá-lo a blasfemar contra Cristo, mas ele respondeu: "Eu o sirvo há 86 anos e ele sempre me fez bem. Como posso blasfemar contra o meu Salvador e Senhor, que me salvou?" Os inimigos furiosos, queimaram-no vivo em uma pira, enquanto ele orava e agradecia a Jesus o privilégio de morrer como mártir.

4. Hoje Jesus espera do seu povo fidelidade na vida, no testemunho, na família, nos negócios, na fé. Não venda o seu senhor por dinheiro, como Judas. Não troque o seu Senhor, por um prato de lentilhas como Esaú. Não venda a sua consciência por uma barra de ouro como Acã. Seja fiel a Jesus, ainda que isso lhe custe seu namoro, seu emprego, seu sucesso, seu casamento, sua vida. Jesus diz que aqueles que são perseguidos por amor a ele são bem-aventurados (Mt 5:10-12). O servo não é maior do que o seu senhor. O mundo perseguiu a Jesus e também nos perseguirá.

5. A Bíblia diz que todo aquele que quiser viver piedosamente em Cristo será perseguido (2 Tm 3:12). Paulo diz: "A vós foi dado o privilégio não apenas de crer em Cristo, mas também de sofrer por ele" (Fp 1:29). Dietrich Bonhoeffer enforcado no campo de concentração de Flossenburg na Alemanha, em 9 de abril de 1945 escreveu que o sofrimento é o sinal do verdadeiro cristão. Enquanto estamos aqui, muitos irmãos nossos estão selando com o seu sangue a sua fidelidade a Cristo.

6. Aqueles que forem fiéis no pouco, serão recebidos pelo Senhor com honras: "Bom está servo bom e fiel. Foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei. Entra no gozo do teu senhor."


IV. SABENDO QUE JESUS ESTÁ NO CONTROLE DE TODOS OS DETALHES DA NOSSA VIDA - V. 9-10
1. Jesus conhece quem somos e tudo o que acontece conosco - v. 9
• Este fato é fonte de muito conforto. Uma das nossas grandes necessidades nas tribulações é alguém com quem partilhá-las. Jesus conhece nossas aflições, porque anda no meio dos candeeiros. Sua presença nunca se afasta.
• Nossa vida não está solta, ao léu. Nosso Senhor não dormita nem dorme. Ele está olhando para você. Ele sabe o que você está passando. Ele conhece a sua tribulação. Ele sabe das suas lutas. Ele sabe das suas lágrimas. Ele sabe que diante dos homens você é pobre, mas ele sabe os tesouros que você tem no céu.
• Jesus sabe das calúnias que são atacadas contra você. Ele sabe o veneno das línguas mortíferas que conspiram contra você. ■
• Ele sabe que somos pobres, mas ao mesmo tempo ricos.
• Ele sabe que somos entregues à morte, mas ao mesmo tempo temos a coroa da vida.

2. Jesus permite o sofrimento com um propósito, para lhe provar, e não para lhe destruir - v. 10
• A intenção do inimigo é destruir a sua fé, mas o propósito de Jesus é provar você. Os judeus estão furiosos. O diabo está por trás do aprisionamento. Mas quem realiza seus propósitos é Deus. O fogo das provas só consumirão a escória, só queimará a palha, porém tornará você mais puro, mais digno, mas fiel. Jesus estava peneirando a sua igreja para arrancar dela as impurezas. O nosso adversário tenta para destruir; Jesus prova para refinar. Precisamos olhar para além da provação, para o glorioso propósito de Jesus. Precisamos olhar para o além do castigo, para o seu benefício. Exemplo: Davi - Foi-me bom passar pela aflição para aprender os teus decretos.
• O Senhor não o poupa da prisão, mas usa a prisão para fortalecer você. Ele não nos livra da fornalha, mas nos purifica nela.

3. Jesus controla tudo o que sobrevêm à sua vida
• Nenhum sofrimento pode nos atingir, exceto com a sua expressa permissão. Ele adverte os crentes de Esmirna sobre o que está por acontecer, ele fixa um limite aos seus sofrimentos. Jesus sabe quem está por trás de todo ataque à sua vida (v. 10). O inimigo que nos ataca não pode ir além do limite que Jesus estabelece. A prisão será breve. E Jesus diz: "Não temas as coisas que tens de sofrer." Três verdades estão aqui presentes: a primeira é que o sofrimento é certo; a segunda é que será limitado; a terceira é que será breve.
Assim como aconteceu com Jó, Deus diria para o diabo em Esmirna: "Até aqui e não mais". O diabo só pode ir até onde Deus o permite. Quem está no controle da nossa vida é o Rei da glória. Não tenha medo!

4. Jesus já passou vitoriosamente pelo caminho estreito do sofrimento que nos atinge, por isso pode nos fortalecer

• Ele também enfrentou tribulação. Ele foi homem de dores. Ele sabe o que é padecer. Ele foi pressionado pelo inferno.
• Ele suportou pobreza, não tinha onde reclinar a cabeça.
• Ele foi caluniado. Chamaram-no de beberrão, de impostor, de blasfemo, de possesso.
• Ele foi preso. Açoitado, cuspido, pregado na cruz.
• Ele passou pelo vale escuro da própria morte. Ele entrou nas entranhas da morte e a venceu.
• Agora ele diz para a sua igreja: "Não temas as coisas que tens de sofrer." Ele tem poder para consolar, porque ele foi tentado como nós, mas sem pecar. Ele pode nos socorrer, porque trilhou o caminho do sofrimento e da morte e venceu.
• Ele é eterno - Ele é o primeiro e o último. Aquele que nunca muda e que está sempre conosco.
• Ele é vitorioso - Ele enfrentou a morte e a venceu. Ele destruiu aquele que tem o poder da morte e nos promete vitória sobre ela.
• Ele é galardoador - Ele promete a coroa da vida para os fiéis e vitória completa sobre a segunda morte para os vitoriosos.


CONCLUSÃO
1. Quem tem ouvidos, ouça o Espírito diz às igrejas - Cada igreja tem necessidade de um sopro especial do Espírito de Deus. A palavra para a igreja de Esmirna era: considerem-se candidatos à vida. Sob tribulação, pobreza e difamação continuem fiéis. Não olhem para o sofrimento, mas para a recompensa. Só mais um pouco e ouviremos nosso Senhor nos chamando de volta para Casa: "Vinde, benditos de meu Pai, entrem na posse do Reino...", aqui não tem mais morte, nem prato, nem luto, nem dor!

2. O vencedor não sofrerá o dano da segunda morte - Podemos enfrentar a morte e até o martírio, mas escaparemos do inferno que é a segunda morte (v. 11), e entraremos no céu, que é a coroa da vida (v. 10). Podemos precisar ser fiéis até à morte, mas então a segunda morte não poderá nos atingir. Podemos perder nossa vida, mas então a coroa da vida nos será dada.
                                                                                   
                                                                                                 Por Hernandes Dias Lopes