sábado, 30 de agosto de 2014

LIÇÃO 09 – A VERDADEIRA SABEDORIA SE MANIFESTA NA PRÁTICA



Tg 3.13-18.



INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos sobre a diferença entre a sabedoria do alto e a terrena. Sob o ponto de vista bíblico, a autêntica sabedoria consiste em temer a Deus e guardar os seus mandamentos (Ec 12.13; Pv 1.7). Tiago ensina que, aquele que é sábio demonstra sua sabedoria quando realiza boas obras e sabe se relacionar com os outros. Destaca também, a mansidão como característica de quem é sábio. Por isso, enquanto muitos se vangloriam de sua inteligência e se tornam soberbos, presunçosos e orgulhosos. E, às vezes, utilizam seus conhecimentos para intentos perversos e malignos. Nós, por meio da Palavra de Deus, aprendemos que ser sábio é seguir o Mestre, que disse: “...aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração...” (Mt 11.29). Isso, sim, é sabedoria verdadeira! Não se esqueçam de revisar a lição 3, pois trata da mesma temática. Desejo a todos uma excelente aula!! 


I.  A POSTURA REVELA A ORIGEM DA SABEDORIA (Tg 3.13-15).
Dando continuidade ao discurso anterior, em que Tiago mostrou por meio de várias analogias a grandíssima responsabilidade daqueles que são ou desejavam serem mestres; Ele, agora, utiliza-se de um artifício retórico comum de sua época, e faz àqueles mestres a seguinte indagação: “Quem de vós é sábio e entendido? Mostre, pelo seu bom procedimento, as suas obras em mansidão de sabedoria” (v.13). Diante de tal retórica, Tiago busca mostrar que o homem verdadeiramente sábio não se esquece de seus deveres morais, e que também não podemos separar a sabedoria da conduta moral diária. Desse modo, aquele que semeia as contendas, e busca os seus próprios interesses, quando muito, é sábio somente segundo o mundo (Cl 2.8). Assim, tal mestre não compartilha da qualidade da sabedoria divina, da penetração do pensamento divino, da ordem e da natureza hígida do conhecimento celestial. Porquanto, a sabedoria autêntica resulta em uma vida cristã autêntica (Tg 2.12; Ef 5.1,2).

1. O conceito de sabedoria segundo Tiago.
Ao indagar, com uma pergunta retórica, àqueles mestres, Tiago estava mostrando que ser sábio é uma coisa, e ter conhecimento é outra. O termo “sábio” no grego é “sophos”, que nos escritos clássicos era termo usado para indicar “astuto”, conhecedor das ciências, habilidoso em alguma arte ou artesanato. O termo “conhecimento”, nos escritos grego clássicos é “episteme”, que é frequentemente usado como sinônimo ou quase sinônimo de “sabedoria”, e significa “hábil”, “versado”, em algum conhecimento cientifico ou filosófico. Assim, a sabedoria é a mais transcendental dessas duas qualidades (1 Co 1.30); e é isso que é desenvolvido nos versículos seguintes. O conhecimento tem a tendência de inchar, quando não é espiritualmente controlado (1 Co 8.1), mas a sabedoria sempre reconhece suas origens (Tg 1.16,17). Portanto, o conhecimento se orgulha de ter aprendido tanto, a sabedoria é humilde, porque não sabe mais (Pv 15.33).
Devido a essa realidade, Tiago argumenta que seus leitores devem provar seus saberes através de “obras em mansidão de sabedoria”. O termo “mansidão” no grego é “prautes”, que quer dizer “gentileza”, “humildade”, “cortesia”, “mansidão”. Trata-se de um dos aspectos do fruto do Espírito Santo, o que significa que se manifesta mediante o desenvolvimento espiritual, através do poder divino (Gl 5.22,23; Fp 2.12,13; 1 Pe 2.1-3). Além disso, Tiago argumenta que tal mansidão deve ser fruto de um “bom procedimento”. No grego é usado o termo “anastrophe”, que significa “conduta”, “comportamento”, o caráter geral de uma vida, que no Novo Testamento é indicado pela metáfora do ‘andar’ (Gl 5.16; Ef 5.8; Cl 4.5). O sábio deve ser pessoa de uma conduta repleta de boas obras, efetuadas em mansidão. Sem a prática cristã, todas as outras coisas que alguém professe possuir é sal que já perdeu o sabor (Mt 5.13,16). Portanto, Tiago compartilha do conceito bíblico geral que a sabedoria não consiste apenas no conhecimento, na astucia e na habilidade, mas antes, em uma profunda compreensão sobre o que é e deve ser a vida piedosa (1 Tm 4.8; 2 Pe 1.3,5-7). Tal sabedoria produz concórdia e harmonia entre as pessoas e os grupos. Faz agudo contraste com o egoísmo calculista que é a causa de ‘desordem’ social e de todas as ‘praticas vis’. Sendo que, a sabedoria nada será, a menos que se manifeste na forma de boas obras e de uma vida moral e espiritual correta. Também precisa ser frutífera e poderosa, tal como se espera que seja a fé cristã (Tg 2.14ss), porquanto, a sabedoria que não é comprovada desse modo é uma sabedoria falsa; e mostra-se ainda mais falsa quando se torna motivo de orgulho e de contenda (1Co 3.1). 

2. Tiago reprova as motivações e a postura daqueles mestres.
Após conceituar o que é sabedoria, Tiago passa a reprovar as motivações, bem como a postura daqueles que se declaravam mestres. Ele diz: “Mas, se tendes amarga inveja e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade”. (v.14). A inveja é uma das obras da carne, uma espécie de ódio, o contrário do amor, que é o fator orientador na família de Deus (Jo 14.21; 15.10). O termo grego aqui usado é “zelos”, que significa “ardor”, “ansiedade”, “zelo”, mas que, em sentido negativo, significa “ambição desmedida”, “emulação”, “inveja”. Portanto, ao deixar-se arrastar por tal defeito de caráter o indivíduo se esquece de que está servindo a Cristo, e começa a servir a si mesmo, sem quaisquer reservas (Rm 16.17,18; 1 Pe 2.1-3). Assim, seu zelo é “amargo” com interesses próprios, pois ao invés de alguém ser consumido de zelo pelo Senhor, o zelo carnal corrói a igreja (1 Co 3.1-4). Além de reprovar o sentimento de amarga inveja, Tiago igualmente condena o sentimento faccioso que se alastrava naquela comunidade cristã. Porquanto, os tais esforçavam-se por ser, cada qual, o líder mais poderoso; e aqueles que o apoiam adicionam combustível ao fogo, até que tudo é consumido pelas chamas devoradoras da carnalidade (1 Co 3.3). Assim, mostra-lhes Tiago que tal postura é “contra a verdade”, pois essa forma de jactância, no próprio espírito faccioso, e naquilo que alguém ganha com isso, é uma afronta para a verdade, porquanto é exibição de uma vida falsa (2 Tm 2.17,18). Portanto, Tiago repreende essa forma de atitude, como algo indigno em um mestre ou líder da igreja. Eles não promoviam a verdade cristã, em valores e ações práticas e morais (Mt 5.46,47; 7.12). Antes suas vidas serviam apenas para semear a hipocrisia, a contenda, o partidarismo e o egoísmo. Logo, eles mesmos eram “mentiras espirituais”, pois se comportavam semelhantes aos fariseus (Mt 23.3).

3. Tiago revela o tipo de sabedoria vivida por tais mestres
A partir de então, Tiago revela àqueles mestres o tipo de sabedoria que regia a suas vidas, dizendo: “Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica” (v.15). Com certeza, tal oratória não soou muito agradável para àqueles mestres! Todavia, o irmão do Senhor ensina-lhes que a sabedoria mediante a qual o indivíduo se exalta a si mesmo e provoca rivalidades no seio da igreja, não pode ser atribuída à inspiração celeste; não ‘desce’ dos céus, não é ‘enviada por Deus’. Não procede da iluminação do Espírito Santo, conforme deve ser toda a sabedoria verdadeira (Ef 1.17,18). A sabedoria proveniente do alto se reveste de muitas qualidades boas. Mas a sabedoria que vem da terra se reveste de qualidades negativas. Então, vejamos o que Tiago quis dizer ao classificar a sabedoria daqueles mestres de:

a) Terrena. Tal sabedoria se desenvolve sobre a terra, como propriedade de habitantes mundanos, que não têm direito a se considerarem espirituais. É uma sabedoria humana, não inspirada do alto, egocêntrica, calculistamente carnal. Sua astúcia visa somente a vantagem particular, e não o cultivo da piedade (1 Tm 6.3-6). Deriva-se do mundo frágil e finito da vida e dos negócios humanos, não sendo por isso, de modo algum, uma propriedade divina.

b) Animal. Este termo é tradução do termo grego “psychikos”, que significa “natural”, isto é, pertencente à vida natural, em contraste com a vida sobrenatural. É animal porque está confinada à alma, aquela porção que o homem tem em comum com outros animais (Gn 1.20,24; 2.7), e em sentido algum transcende a esse tipo inferior de natureza.

c) Demoníaca. O termo grego “daemon”, originalmente significa um “deus” inferior; mas, sua aplicação nos escritos do Novo Testamento, significa, regularmente, os espíritos malignos (Mc 5.2; Mt 8.28). O tipo de sabedoria carnal que os homens empregavam para se exaltarem a si mesmos pode ser até mesmo inspirado pelos demônios, um produto do reino das trevas, longe de ter origem celestial e divina. Sendo demoníaca, tal sabedoria é ‘hostil’ a Deus, e não meramente uma forma inferior de sabedoria. Portanto, uma sabedoria hostil a Deus produz uma igreja dividida, e isso é uma vitória para o reino das trevas (Lc 11.17,23). Assim, Tiago deixa subentendido que não seremos sábios, exceto quando iluminados por Deus, com uma sabedoria vinda do alto, através do Espírito Santo (Jo 14.16,17,26 cf Tg 1.17).

Conclui-se, assim, que essa sabedoria é “terrena” porque busca distinções humanas e pertence a categorias terrenas (Cl 3.2,5). Além disso, ela é “sensual”, isto é, natural (1 Co 2.14; Jd 19), porque é o resultado de princípios que atuam sobre os homens naturais, como a inveja, a ambição, o orgulho, etc. Finalmente, ela é “demoníaca”, porque primeiramente veio do diabo, constituindo a imagem mesma de seu orgulho, de sua ambição, de sua malignidade e de sua falsidade (Jo 8.44; 10.10a; 1 Tm 3.7).  


II.  O MAL PROCEDE DE SENTIMENTOS NOCIVOS À FÉ (Tg 3.16).
Neste versículo, Tiago volta a fazer menção da inveja e do espírito facioso, dizendo: “Porque, onde há inveja e espírito faccioso, aí há perturbação e toda obra perversa” (v.16). Observe que, no versículo 14, Tiago diz: “Mas, se tendes...”. Porém, agora, ele diz: “Porque, onde há”. No versículo 14, Tiago não afirma que haja algum sentimento nocivo à fé, antes parece sugerir. Todavia, agora, no versículo 16, ele é categórico em afirmar que “há” sentimentos nocivos à fé. Além disso, Tiago parece ressaltar os ensinos do Mestre dos mestres, pois disse Jesus: “Mas o que sai da boca, procede do coração, e é isso que contamina o homem. Pois do coração procedem maus pensamento, assassínio, adultério, prostituição, furto, falso testemunho, blasfêmia” (Mt 15.18,19). Veja que, tanto Jesus como Tiago, mencionam o lugar onde nasce os sentimentos nocivos a fé, isto é, o coração (v.14; Mt 15.18). As Escrituras nos advertem quanto a isto, ao dizer: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, pois dele procedem as saídas da vida” (Pv 4.23). De igual forma, Tiago concorda com o Divino Mestre, ao afirmar que tais sentimentos são nocivos à fé (v.16; Mt 15.19). Desta forma, as rivalidades entre àqueles mestres, e as tentativas de cada qual por se exaltarem acima uns dos outros, o que resulta em cismas na igreja, ou, pelo menos, em facções, são evidências seguras de que muitos outros pecados existem em segundo plano, escondidos sob a capa de piedade (Cl 2.20-23). Sendo assim, observemos ainda as seguintes expressões do versículo 16:

a) Confusão – Este termo no grego é “akatastasia”, e significa “desordem”, “perturbação”, “tribulação”. A igreja cai em uma série de conflitos e lutas por poder, em que os chamados “mestres sábios” encabeçam, por assim dizer, exércitos adversários. Logo, a igreja cai em total confusão e desordem, mas nunca por inspiração do Espírito de Deus (1 Co 14.33).

b) Má ou Perversa – Este é um adjetivo grego adjetivo “phaulos”, que significa “vil”, “depravado”, “indigno” e “ruim”. O escritor sacro não enumera as coisas que ele tinha em mente, provavelmente, porque deixa isso em aberto, para ser preenchido pela imaginação dos seus leitores. Por isso, podemos pensar em imoralidades, desonestidade, furtos na igreja, etc. Em suma, cada uma das “obras da carne” será praticada (Gl 5.19-21). O estado da igreja local inteira tornar-se-á vil, contrário totalmente às exigências morais do evangelho (Mt 5.16,20,48; Rm 12.9,21; Gl 6.9).


III. TIAGO ENSINA A COMO IDENTIFICAR A VERDADEIRA SABEDORIA (Tg 3.17,18).
Agora, depois de abordar pela segunda vez a questão da inveja e do espírito faccioso, e de forma contundente, Tiago passa a mostrar aqueles mestres as qualidades ou virtudes existentes na verdadeira sabedoria, ao dizer: “Mas a sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura, depois, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia” (v.17). O escritor sacro já havia identificado no versículo 15 o tipo de sabedoria utilizada por aqueles mestres, a saber, terrena, animal e demoníaca; então, para mostra-lhes a diferença das duas passa a mencionar cada uma das qualidades da verdadeira sabedoria, como ele disse ‘que vem do alto’, isto é, que tem sua origem em Deus.

1. As características da sabedoria que vem do alto.
a) Pura – Do grego “hagnós” que significa “sagrado”, “casto” e “sem mancha”. Trata-se de uma expressão pura, do íntimo; não tem falhas ocultas. Essa é a sua qualidade primária; e dessa qualidade se originam todas as outras, conforme se vê na lista abaixo. Tal sabedoria é isenta das corrupções humanas, que fazem parte integrante da sabedoria mundana; não conduz a qualquer facção e nem exaltação de um homem sobre outro; não contempla maldade moral, mas seu intuito constante é a prática do bem (Rm 12.21; Gl 6.9; 1 Pe 3.11). É inocente de quaisquer motivos dúbios, e seu intuito é glorificar unicamente a Deus (1 Pe 3.17; 1 Co 10.31).

b) Pacífica – A sabedoria não é contenciosa, nem facciosa e nem beligerante. Não busca seus próprios interesses, à custa de outrem, conforme faz a carnal sabedoria humana (Cl 2.4,5,8; Ef 5.6). Pelo contrário, confere a paz; alimenta-se da harmonia (Rm 12.18). Por isso, o Senhor Jesus fez a seguinte promessa: “Bem-aventurados são os pacificadores, porquanto serão chamados filhos de Deus” (Mt 5.9).

c) Moderado – Do grego “piekes” que significa “razoável”, “cheio de consideração”, “indulgente” e “gentil”. São qualidades que os homens facciosos e por demais ambiciosos não possuem. Antes, a sabedoria do homem espiritual é tratável, moderada, sem temperamento radical (Gl 6.1). Parece até um paradoxo! Se a sabedoria ‘que vem do alto’ é ilimitada, como pode ser moderada? Sim. Da parte de Deus, ela não tem limites. Mas, utilizada pelo homem, deve ser moderada, sem exageros, sem exibição. Tal pessoa não pode orgulhar-se, porquanto deve possuir o fruto da temperança (Gl 5.22).

d) Tratável – Do grego “eupeithes” que significa “facilmente persuadido”, o contrário de obstinado, que normalmente é o caráter dos homens por demais ambiciosos, que se tornam ditadores na igreja. Essa sabedoria é “aberta à razão”. Pode ver o ponto de vista alheio, mudando suas próprias opiniões (1 Ts 5.21).

e) Cheia de Misericórdia – Os homens por demais ambiciosos tendem para a crueldade e para o mau temperamento. A verdadeira sabedoria produz profundo sentimento de misericórdia no homem interior. O homem sábio segundo o mundo, entretanto, não demonstra misericórdia para com ninguém, e procura fazer nome para si mesmo, de modo brutal. Porém, o homem verdadeiramente sábio é cheio de misericórdia, pois aplica o princípio do amor cristão em sua vida (Lc 10.30-35).

f) Bons Frutos – A sabedoria tem o caráter de misericórdia, cultivando o fruto do Espírito (Gl 5.22,23); e assim sua vida é repleta de piedade, sendo transformada para receber a imagem moral de Cristo, que é o supremo possuidor dessas qualidades. Neste caso, os “bons frutos” indicam as “boas obras” (Mt 21.45; Gl 5.22; Ef 5.8; Fp 1.11). Os efeitos da bondade e de misericórdia, mui provavelmente estão praticamente em foco.

g) Imparcialidade - Do grego “adiákritos” que significa “não dividido em julgamento”, “sem variação” e “de todo o coração”. O homem verdadeiramente sábio já se desfez da mente dúplice, entre as coisas terrenas e as celestiais; vive exclusivamente para a dimensão eterna (Mt 6.19-21; Cl 3.1,-3; Gl 2.20); também pode julgar com imparcialidade, tratando dos homens com justiça e com honestidade (Jo 7.24). Portanto, a sabedoria divina não admite “dois pesos e duas medidas”, tão comum em nossos dias (Lv 19.15,35,36; Dt 1.17; Tg 2.1).

h) Sem Fingimento – O homem verdadeiramente sábio não precisa ser insincero, e nem hipócrita, porquanto nada tem a ocultar, e não busca suas próprias vantagens (Fp 2.3,4). Tal homem não precisa viver como um ator, desempenhando um papel falso. Antes, vive na sinceridade (Rm 12.9; 2 Co 6.16). Assim, a sabedoria ‘que é do alto’ jamais dirá: “faça o que eu digo, e não faça o que eu faço”, porquanto isso é coisa da sabedoria terrena (Mt 23.3; Rm 12.9; 1 Pe 2.1).

2. Produzindo fruto de justiça.
Finalmente, Tiago conclui seu ensino mostrando o resultado da sabedoria “que vem do alto”, dizendo: “Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz” (v.18). Ora, Tiago está dizendo que a conduta reta produz muitas recompensas, que resultam na vida eterna (Rm 8.6). O cultivo dos galardões é realizado na atmosfera da paz (Hb 12.14; Rm 12.18,19). E o homem justo, que é verdadeiramente sábio, sabe disso, evitando os interesses pessoais e o espírito contencioso, que não contribuem para essa finalidade. Por essa razão, o Senhor Jesus, em seu Sermão do Monte, chamou de “filhos de Deus” aos que são pacificadores (Mt 5.9). Ora, o Senhor, em sua cruz e missão, estabeleceu a paz (Ef 2.13,14; Rm 5.1). Assim, os homens deveriam seguir ativamente o exemplo por ele deixado (Ef 2.15; Cl 1.20). Os pacificadores não são meramente aqueles que conciliam oponentes, para evitarem as brigas. Mas são aqueles que promovem ativamente a paz, mediante esforços planejados, procurando solucionar pendências com os inimigos e antagonistas. São exatamente o contrário daqueles que despertam contendas, e que agem devido à sua excessiva ambição. Desta forma, Tiago mostra-lhes que eles devem “semear e exercitar a paz”, por ser ela mais uma das características da verdadeira sabedoria. Portanto, exercitemos a paz do Senhor!


CONCLUSÃO
Diante de tão rico ensinamento de Tiago, é hora de fazermos uma breve reflexão: Que tipo de sabedoria estamos vivendo? A que vem do alto? Ou a que é terrena, animal e demoníaca? Nesta lição, ficou bem claro que, não pode haver justiça onde não há paz! Olhemos para o mundo, e constatemos que clamam por justiça, porém “não conhecem o caminho da paz” (Rm 3.17). Portanto, como filhos de Deus temos o dever de sermos agentes de pacificação neste mundo “sem Deus, sem paz e sem salvação” (Ef 2.11-19). Assim, com uma postura cristrocêntrica daremos testemunho da sabedoria que em nós reside “resplandecendo como astros no mundo” (Fp 3.15). Que Deus em Cristo vos Abençoe! Amém!! 
  


REFERÊNCIAS
Ø  CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. HAGNOS.
Ø  DAVIDSON, Francis. O Novo Comentário da Bíblia. VIDA NOVA.
Ø  SILVA, Eliezer de Lira e. Lições Bíblicas. (3º Trimestre de 2014). CPAD.
Ø  LIMA, Elinaldo Renovato de. Lições Bíblicas. (1º Trimestre de 1999). CPAD.


quinta-feira, 28 de agosto de 2014

ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL – 4º Trimestre de 2014



Neste 4º trimestre de 2014 estudaremos em nossas Escolas Bíblicas Dominicais o tema: Integridade Moral e Espiritual: O legado do livro de Daniel para a igreja hoje”.  O comentarista será o Pr. Elienai Cabral. Ministro do Evangelho e Bacharel em Teologia. É pastor da AD em sobradinho (DF), escreveu vários livros e lecionou diversas matérias teológicas, principalmente Homilética. É comentarista das revistas Lições Bíblicas da CPAD, membro da Academia Evangélica de Letras e da Casa de Letras Emílio Conde.

Abaixo, você pode conferir os títulos das 13 lições:

Lição 1 - Daniel, Nosso “Contemporâneo”
Lição 2 - A Firmeza do Caráter Moral e Espiritual de Daniel
Lição 3 - O Deus que Intervém na História
Lição 4 - A Providência Divina na Fidelidade Humana
Lição 5 - Deus Abomina a Soberba
Lição 6 - A Queda do Império Babilônico
Lição 7 - Integridade em Tempos de Crise
Lição 8 - Os Impérios Mundiais e o Reino do Messias
Lição 9 - O Prenúncio do Tempo do Fim
Lição 10 - As Setenta Semanas
Lição 11 - O Homem Vestido de Linho
Lição 12 - Um Tipo do Futuro Anticristo
Lição 13 - O Tempo da Profecia de Daniel



Com certeza você não vai perder nenhuma 
dessas maravilhosas lições!! Vai???
Então, não esqueça de levar
 também a sua família!


terça-feira, 26 de agosto de 2014

QUESTIONÁRIOS DO 3° TRIMESTRE DE 2014



   Fé e Obras –
Ensino de Tiago para uma
Vida Cristã Autêntica 




Lição 08

1. Qual é a palavra hebraica utilizada para mestre? Qual é o seu significado?
R. A palavra hebraica para mestre é rabbi, cujo significado é “meu mestre”.

2. Devido a sua importância, como Jesus estabeleceu o ensino?
R. Jesus estabeleceu o ensino como um meio de propagar o Evangelho a toda criatura e, assim, ordenou a sua Igreja que fizesse seguidores do caminho pelo mundo (Mt 28.19,20).

3. O que significa o controle da língua?
R. O controle da língua significa que a pessoa tem a capacidade de controlar as demais áreas da vida, pois a língua é poderosa “para também refrear todo o corpo”.

4. Segundo a lição, o que devemos fazer a fim de dominar a nossa língua?
R. A fim de dominar a nossa língua, devemos entregar o nosso coração inteiramente ao Senhor, “pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca” (Mt 12.34).

5. De acordo com Salomão, o que são as palavras da boca do homem (Pv 18.4)?
R. As palavras da boca do homem são águas profundas (Pv 18.4).


sexta-feira, 22 de agosto de 2014

LIÇÃO 08 – O CUIDADO COM A LÍNGUA



Tg 3.1-12.



INTRODUÇÃO
Nesta lição somos exortados a respeito do mau uso das palavras. Tiago encerrando seu discurso sobre a “fé vã(2.14-26) passa a falar sobre a ‘palavra vã’. Assim, o escritor sacro volta agora sua atenção para questões de moral. Primeiramente, ele retorna a questão que introduzira em 1.19, e que abordara na passagem de 2.12, isto é, os pecados da língua, e o uso apropriado da linguagem. Esse era um dos temas favoritos dos moralistas gregos, e parece que Tiago aproveita algumas ideias dos mesmos. Desejo a todos uma excelente aula!! 


I. JUÍZO SEVERO – O PREÇO DOS QUE DESEJAM SER MESTRE (Tg 3.1,2).
Ao iniciar o capítulo 3 de sua epístola, Tiago o faz com uma advertência bastante relevante: “Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo” (v.1). Embora o referido capítulo possa ser aplicável a todos os crentes, porquanto os pecados da língua são comuns a todos; contudo, ele, envolve especialmente o mestre. O mestre usa um instrumento potencialmente perigoso, que pode fazer grande dano se não se dedicar à instrução piedosa. Conta com nobres possibilidades, mas também com possibilidades de corrupção e destruição. Portanto, deve refrear-se das propensões mais baixas da língua, dedicando-a ao serviço de Deus (Cl 4.6; Hb 13.15).
Mas, porque o apóstolo desestimula seus leitores a não seguir o caminho do ministério do ensino? O Dr. Champlin responde dizendo que “havia proselitismos fanáticos e manias por polêmicas que talvez tenha encorajado a alguns para tomarem a si a tarefa de ensinar, mas que realmente não haviam sido preparados para isso pelo Senhor. Além disso, na sinagoga, todos os tipos de mestres eram convidados a falar, para que as ideias pudessem ser trocadas de modo liberal. É bem possível que esse costume tenha sido insuflado na igreja. Seja como for, Tiago anseia que não houvesse um número demasiado de mestres, e que os já existentes tomassem a sério a sua responsabilidade, não usando o ensino como meio de satisfazer alguma mania ou fanatismo. Além disso, muitos gostavam de ser chamados rabinos!, rabinos!, e usavam a posição de mestre como trampolim para propósitos autoritários e egoístas. Os textos de Atos 15.24; 1 Co 1.12; 14.26; Gl 2.12 ilustram o problema de um grande número de mestres, muitos dos quais, na realidade, não foram chamados por Deus para o ofício, e alguns dos quais são até mesmo inimigos da verdade do evangelho”. Agora, podemos compreender melhor a advertência do apóstolo!

1. Conceituando termos.
a) Mestre.
No hebraico, o termo “mestre” é usado como um termo de respeito e honra. Assim, a palavra “rabi” significa literalmente "meu grande", "meu mestre". Embora o termo tenha sido originalmente usado como uma marca de respeito, depois do século I d.C. ele tornou-se um título para mestres religiosos e líderes, perdendo em grande parte o seu significado original. No original grego este termo possui uma abrangência muito grande, de forma que são várias as expressões que definem seu significado literal. A primeira e principal delas é “didaskalos” e significa “instrutor” (Mt 10.24); a segunda é epistates e significa “alguém nomeado sobre outros” (Lc 5.5); a terceira é kurios, que geralmente foi traduzida como "senhor" ao longo de todo o Novo Testamento e significa "supremo" (em autoridade); a quarta é rhabbi e significa “meu mestre” ou “professor” (é uma transliteração do hebraico para o grego); a quinta é kathegetes e significa “líder” ou “professor” (tanto rhabbi como kathegetes aparecem em Mt 23.8-10); e, por último, despotes e significa “déspota” (é a aplicação negativa do termo; 1 Pe 2.18).


b) Juízo.
O termo “juízo” aplicado pelo escritor sacro neste texto é “kriseôs”, que também pode ser traduzido por “julgamento”. Então, em se tratando de “irmãos” (v.1), como enfatiza o apóstolo, a que ‘juízo’ ou ‘julgamento’ Tiago está se referindo? Orlando Boyer ajuda-nos mencionando a lista de julgamentos nas Escrituras, elaborada por C. I. Scofield são elas:

ü  O julgamento dos pecados dos crentes, na cruz (Jo 12.31);
ü  O julgamento dos crentes de si mesmos  (1 Co 11.31);
ü  O julgamento das obras dos crentes (2 Co 5.10);
ü  O julgamento das nações na vinda de Cristo (Mt 25.31-46);
ü  O julgamento de Israel na vinda de Cristo (Ez 20.37);
ü  O julgamento dos anjos depois dos mil anos (Jd 6);
ü  O julgamento dos iníquos mortos (Ap 20.12).

Bem, para ser direto, se você escolheu a terceira opção, você acertou! O julgamento das obras dos crentes citado por Scofield, é também conhecido como ‘Tribunal de Cristo’ (Rm 14.10; 2 Co 5.10). Neste tribunal, se você chegar até lá, fique certo que sua salvação não será perdida (Rm 8.1; 1 Co 3.15)! Digo isso, pois, muitos pensam que neste tribunal correram o risco de perderam sua salvação. De maneira nenhuma! Porquanto, o que será julgado neste tribunal serão as obras dos salvos pela causa do Reino de Deus (1 Co 3.12-15; Mt 5.11,12; Rm 2.6,7). Portanto, como disse o apóstolo Paulo, é um tribunal apenas para os salvos (2 Co 5.10). Todavia, quanto ao grau ou intensidade do julgamento, aí é bom atentar para a advertência proferida por Tiago: “sabendo que receberemos mais duro juízo” (v.1). O ensino do apóstolo Tiago, quanto a esse assunto, é coerente com o ensino do Mestre Jesus:

Aí de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Devorais as casas das viúvas, sob pretextos de prolongadas orações. Por isso sofrereis mais rigoroso juízo” (Mt 23.14).

Devoram as casas das viúvas e, para o justificar, fazem longas orações. Estes receberam juízo muito mais severo” (Mc 12.40).

Devoram as casas das viúvas, fazendo, por pretexto, largas orações. Estes receberão maior condenação” (Lc 20.47).

Observe a forma em que os evangelistas expressaram a intensidade ou grau de juízo que sofrerão esses hipócritas! Além deles, Jesus também advertiu, de igual forma, àqueles que não recebessem a mensagem do seu evangelho dizendo: “Em verdade vos digo que no dia do juízo haverá menos rigor para Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade” (Mt 10.15). Embora, aqui, o juízo seja outro (Jo 5.29; Ap 20.11-15), fica claro que o grau ou intensidade do mesmo será diferenciado! Portanto, guardemos a advertência do irmão de Tiago, especialmente os mestres; pois cuidamos da mais preciosa de todas as entidades – a personalidade humana. No plano espiritual, tratamos do bem-estar das almas. Isso não é coisa sem importância, o que explica a advertência do presente texto.

2. Os requisitos básicos para ser um mestre.
Observe, agora, o versículo 2 que diz: “Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavras, o tal varão é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo”. Tiago reitera, neste texto, a responsabilidade dos que são mestres mostrando-lhes que todos cometem equívocos dos mais diversos tipos. O termo grego para “tropeçamos” é “ptaio”, e significa literalmente “tropeçar”, mas que, em sentido moral, significa “errar”, “equivocar-se”, “pecar”. Assim, a declaração que todos “tropeçamos” é uma admissão de pecado universal; pois estão em foco erros morais, e não equívocos não morais (Rm 3.9-18; 1 Jo 1.8; Ec7.20).
O apóstolo mostra, ainda, que a perfeição está intrinsicamente ligado a nossa conduta moral. No entanto, esse “perfeito varão” (impecável) é um caso hipotético, pois o adjetivo “perfeito” é aqui usado para indicar a “perfeição moral”, e não a maturidade espiritual, porquanto assim o exige o contexto. Portanto, diante desses fatos, quais seriam os requisitos necessários para que alguém seja mestre? Segundo o Pastor Antonio Gilberto, em seu livro Manual da Escola Bíblica Dominical, os requisitos básicos para que alguém se torne membro do Corpo Docente da EBD são:

a) Ser um crente salvo;
b) Ser membro da igreja;
c) Ter bom testemunho;
d) Querer servir ao Senhor;
e) Ser aplicado ao estudo da Palavra de Deus;
f) Que seja batizado com o Espírito Santo.

Porém, em se tratando de um professor de EBD, o mesmo autor do sugerido livro diz que, os requisitos básicos para quem almeja tal função são:

a) Preparo.
ü  Espiritual (1 Pe 3.15; Ed 7.10);
ü  Intelectual (cultura geral)
ü  Social (apresentação pessoal);
ü  Físico (estado saudável).

b) Fidelidade no dever.
c) Paciência.
d) Amor e Dedicação.
e) Pontualidade.

Tais características e qualidades são de suma importância àqueles que desejam serem mestres; Pois, o mestre professa conhecer, em elevado grau, a vontade de Deus e a sua revelação aos homens, e arroga-se o direito de conduzir os homens pelo caminho espiritual. Se ele falhar em seus deveres, mostrando-se indolente, ou pervertendo os mesmos, o seu julgamento será mais severo (Tg 3.1 cf Lc 12.47).  Ele será considerado responsável pelo seu doutrinamento (1 Tm 4.1ss; 6.3). Ele será responsabilizado por seu exemplo (1 Co 11.1). Como um pai para seus filhos, assim é um mestre para com os demais irmãos na fé. Ele deve para eles três coisas principais: exemplo, exemplo, exemplo.

3. A finalidade real de ser mestre.
Não sei se você observou, mas no texto anterior faltou um requisito indispensável para os que desejam, ou já são mestres. Isso mesmo! A vocação!! Ou como muitos dizem o chamado ao ministério do ensino. De nada adianta assumirmos uma sala de aula, ou lermos vários livros de educação cristã e até mesmo seculares, ou ainda, fazermos um curso teológico sem, contudo isso, termos o chamado de Deus em nossas vidas. Todos os requisitos citados no subponto anterior devem vir depois do chamado de Deus, ou seja, da nossa vocação! Você tem essa certeza dentro de si?? Espero que sim!! Então, porque você ensina? O que o motiva a exercer tal ministério? Espero que não seja por posição, prestígio, fama ou privilégios! Mas, que seja por amor, obediência e humildade em atender a esse divino chamado! Este blog nasceu justamente com base nestas verdades, de que Deus me chamou a cumprir esse sofrido, porém glorioso ministério; em obediência ao Senhor, e com amor e humildade, tenho me esforçado em ajudar àqueles que buscam conhecer melhor os ensinos da Palavra de Deus, contribuindo assim, com o Reino de Deus na terra. Por isso, quero sugeri a você, amigo professor, o livro Pedagogia Transformadora de autoria do Pr. Altair Germano. Se você já possui, parabéns! Mas, se não! Então fica a dica! Portanto, que fique claro, que cada pessoa tem uma missão especifica a cumprir, sendo pessoa sem-par; e isso não somente agora, neste mundo, mas também por toda a eternidade (Ap 2.17). Cada indivíduo será responsabilizado pelo modo como tiver cumprido sua própria vida, e então, sua própria missão (Jo 15.16; Rm 12.4-8).


II.  LÍNGUA: INSTRUMENTO DE BENÇÃO OU DE MALDIÇÃO (Tg 3.3-9).
De que língua refere-se Tiago? A língua a que se refere Tiago não é o idioma, mas um órgão muscular, situado na boca e na faringe, responsável pelo paladar e auxiliar na mastigação, na deglutição e na produção de sons. É dessa língua que trata o texto! Muitos, até mesmo pastores, seguindo as doutrinas da Confissão Positiva afirmam, distorcendo os textos bíblicos, que a língua pode gerar “bênção” ou “maldição”. Será mesmo?!  Citam, inclusive, Tiago 3.10! Será que Tiago, realmente, estava tratando desse assunto à semelhança de Deuteronômio 28?! Bem, com a palavra o Pastor Ciro Sanches: “Essa é a uma frase antibíblica que surgiu em razão da interpretação “forçada” que os pregadores da confissão positiva fazem de algumas passagens da Bíblia Sagrada. O texto preferido deles é Tiago 3.10, que nada tem a ver com o poder do homem de produzir bênção e maldição.
Em Tiago 3, o apóstolo empregou a linguagem  figurada para enfatizar a influência da língua, seja positiva, seja negativa (vv.1-5). Ele a compara a um pequeno fogo, capaz de incendiar uma floresta inteira (v.6). E a ênfase, nesse caso, é a maledicência, e não o poder de fazer mal às pessoas mediante o pronunciamento de maldições (vv.7,8).
Com o objetivo de corrigir a postura dúbia de alguns crentes, Tiago disse: “Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus: De uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos,  não convém que isto se faça assim. Porventura deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e água amargosa?” (Tg 3.9-11).
Nenhuma palavra humana produz bênção divina nem maldição diabólica! O profeta Elias fez confissões negativas: “... e pediu em seu ânimo a morte, e disse: Já basta, ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que os meus pais” (1 Rs 19.4).
Quem não conhece a narrativa bíblica e acredita nos pregadores da confissão positiva deve pensar que Elias deve uma morte terrível, haja vista as suas confissões! Mas, o que diz a Bíblia? O profeta foi socorrido por Deus, cumpriu a sua missão e, por fim, “... subiu ao céu num redemoinho” (2 Rs 2.11).
Desta forma, tenha cuidado com esses falsos mestres, que usam textos fora de seu devido contexto criando um pretexto para enganar a muito (Cl 2.8,18).  Porquanto, o apóstolo Pedro já nos avisou que “nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação” (2 Pe 1.20). Atentemos, pois, para a regra básica da hermenêutica: a Bíblia interpreta a Bíblia! Agora, vejamos o que Tiago nos ensina através de suas analogias.

1. As três analogias mencionadas por Tiago sobre a língua.
Entre os versículos 3 a 6 do texto em estudo, Tiago emprega três figuras para ilustra seu ensino: o freio dos cavalos, o leme dos navios e o fogo – princípio de incêndio num bosque. O que, de fato, Tiago queria que seus ouvintes compreendessem? Vejamos:

a) O freio dos cavalos.
O escritor sacro passa, então, a mostrar o controle do homem inteiro, através do controle da língua. E, inicia utilizando a ilustração do freio dos cavalos. A brada é posta sobre a cabeça do cavalo; a brida segura o freio, o qual é posto na boca do cavalo; e os arreios dão ao cavaleiro um meio de controlar o animal, pois pode fazer a cabaça dele voltar-se para um lado e para outro, conforme ele quiser. Assim também, um freio na boca de um homem pode controlar sua personalidade inteira. Portanto, a ilustração é perfeitamente clara, porque a brida inclui o freio. Se algum puder controlar sua boca, é quase certo que também poderá controlar tudo mais. Porém, se lhe falta tal controle, é quase certo que também não conseguirá controlar outras áreas de sua personalidade.

b) O leme dos navios.
Tal como o cavalo, que é um animal grande, pode ser controlado por um minúsculo freio posto na boca, assim também um grande navio pode ser controlado por um relativamente pequeno leme. E assim também, o indivíduo que tem sua língua sob controle, em todos os sentidos é um homem autocontrolado. Dessa maneira, Tiago ilustra a tremenda importância da língua, que pode ser usada para o bem ou para o mal. E os mestres cristãos, cujo principal instrumento de trabalho é a língua, deveriam cuidar disso, sabendo como controlar a língua, tal como sabem manusear se conhecimento bíblico.
Os navios, nos tempos antigos, embora não fossem tão gigantescos como os que agora são fabricados, às vezes eram bastante grandes. O navio que transportava Paulo para Roma trazia duzentas e sessenta e seis pessoas a bordo (At 27.37). Portanto, Tiago estava afirmando que o homem, sem a ajuda de Deus, é como um cavalo fogoso, ou como um navio batido pelas ondas e pelos ventos.

c) O fogo – princípio de incêndio.
Tal como o freio, na boca de um cavalo, ou tal como o leme de um navio, a língua, apesar de ser um pequeno membro, envolve uma capital importância no controle da personalidade. Pode gerar uma grande e destrutiva malignidade, como uma fagulha, que começa minúscula, mas que não demora a engolfar uma grande floresta. É desta forma que, Tiago passa a ilustrar os efeitos malignos e de longo alcance que podem ser gerados pela língua. A maledicência pode acumular e arruinar completamente a reputação de alguém; a oratória de um militar pode iniciar uma guerra; as falsidades agradáveis, ditas por algum mestre cristão, podem fazer desviar-se uma alma eterna. Portanto, é contra essas condições que o apóstolo Tiago nos adverte.
Aproveitando a oportunidade, quero ceder a palavra ao Pastor Ciro Sanches, que nos explicará melhor o texto bíblico de Pv 18.21, ele diz: “Em Provérbios 18.21, está escrito: “A morte e a vida estão no poder da língua; e aquele que a ama comerá do seu fruto”. Quer dizer, então, que este versículo anula todas as outras verdades da Palavra de Deus? Se podemos determinar a vida pela confissão positiva, por quem Jesus morreu na cruz? Ora, os provérbios devem ser interpretados como provérbios!
Na maioria das vezes, os provérbios apresentam expressões exageradas com a intenção de enfatizar as verdades neles contidos. Veja que, no mesmo capítulo, encontramos o seguinte provérbio: “Águas profundas são as palavras da boca do homem, e ribeiro transbordante é a fonte da sabedoria” (v.4). Tente aplicar isso literalmente!
No versículo 21, Salomão apenas enfatiza que devemos usar a língua para bendizer a Deus, e não para o mal, amaldiçoando os homens. Portanto, rejeitemos esse versículo “novo” e a falaciosa doutrina contida nele, de que há um poder sobrenatural em nossas palavras. Que confiemos mais no poder da Palavra de Deus (Hb 4.12) e refreemos a nossa língua (Tg 3.2), usando-a para bons propósitos (1 Pe 3.9,10).

2. Pecados cometidos pela língua.
Ainda no versículo 6, o escritor sacro enfatizar a malignidade da língua dizendo: “A língua também é... mundo de iniquidade... contamina todo o corpo... e é inflamada pelo inferno”. Que revelação impactante! A língua é a promotora de quase todos os pecados que cometemos contra o Senhor e contra o nosso próximo. Porém, dentre os muitos pecados cometidos pela língua, alguns são bem mais sérios do que outros, visto que, além de serem pecados, também são crimes contra a honra, previsto no Código Penal Brasileiro. Vejamos, pois, eles:

a) A calúnia.
Segundo o Dicionário Online, a calúnia é a falsa acusação que fere a reputação, a honra; difamação. Ela pode ser feita através da mentira, falsidade e invenção conta alguém. A lei jurídica brasileira prevê pena contra os caluniadores. As Escrituras Sagradas condenam a calúnia (Sl 101.5; Êx 23.7; Dt 5.20; Pv 19.9). O decálogo diz: “Não dirás falso testemunho contra teu próximo” (Êx 20.16). Hoje, há muitos que estão desviados dos caminhos do Senhor, porque foram vítimas de calúnia de algum irmão.

b) A difamação.
Segundo o Dicionário Online, a difamação é a ação ou efeito de difamar; desonra. Ou seja, é a ação de perder a boa fama; perda da boa reputação; descrédito. Da mesma forma, é crime contra a honra, previsto no Código Penal Brasileiro. É perigoso o tropeço na palavra, falar contra a honra de alguém. Uma jovem contou que seu pastor excluiu-a da igreja, porque um irmão disse que ela estava namorando um incrédulo, quando isto não era verdade. Nem seu quer teve oportunidade de defesa. Enquanto isso, o difamador ficou normalmente nas atividades da congregação. A Escritura, assim, nos adverte: “Irmãos, não faleis mal uns dos outros” (Tg 4.11a).

c) A injúria.
Segundo, ainda, o Dicionário Online, a injúria é a ação ou dito ofensivo; em que há insulto, ofensa que prejudica a dignidade de alguém: dano por injúria. Jesus, no Sermão do Monte, disse: “...e qualquer que chamar seu irmão de raca será réu do sinédrio; e qualquer que lhe chamar de louco será réu do fogo do inferno” (Mt 5.22b). Há uma atitude de dois pesos e duas medidas, em muitas igrejas, quando só são punidos aqueles que adulteram ou roubam, mas ficam totalmente impunes os caluniadores, difamadores e injuriadores. Alguém responderá por isso no juízo de Deus.

d) O boato.
Originalmente, o termo “boato” vem do latim “boatu”, que significa “mugido ou berro de boi”. Hoje, no entanto, significa “notícia anônima, que corre publicamente sem confirmação; balela; rumor; zunzunzun”. Há um demônio espalhando este tipo de coisa em muitas igrejas. É o “ouvi dizer...”, o “disse-me-disse”, sinônimo de mexerico. A Palavra de Deus condena esse tipo de mal uso da língua (Lv 19.16; Êx 23.2). Tenhamos muito cuidado com esse “mugido de boi” do Diabo!

e) A murmuração.
Murmurar significa “dizer em voz baixa; segredar; censurar disfarçadamente; conversar, difamando ou desacreditando”. Os demônios da murmuração estão soltos no meio de muitas igrejas. É crente falando contra o pastor e vice-versa; é obreiro falando contra outro; é esposa de obreiro murmurando contra esse ou aquele crente; só quem gosta disso é o Diabo, causando tristeza e dissensões nas igrejas. Devemos ter cuidado, pois Deus ouve as murmurações (Êx 16.7,8; Sl 31.13). A Escritura nos ordena: “Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas” (Fp 2.14).

f) As palavras torpes.
O apóstolo Paulo advertindo os efésios disse: “Não saia da vossa boca nenhuma torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, conforme a necessidade, para que beneficie aos que a ouvem” (Ef 4.29). São palavras chulas, ou grosseiras; pornofonias (palavras ou expressões obscenas); pornografias. Ou seja, aquilo relativo à prostituição, a coisas obscenas, (sejam por revistas, filmes, etc.), piadas grosseiras; anedotas que ridicularizam as coisas de Deus. Tudo isso leva o crente a tropeçar na palavra, usando a língua para agradar ao Diabo e entristecer o Espírito Santo. Vigiar é preciso!!

Diante de tanto mal causado pela língua surge à pergunta: “Como domar a língua?”. Que pergunta difícil!! Porquanto, assevera o apóstolo: “Mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal” (v.8). Tiago doutrina sobre algo que ele mesmo não tem como praticar?! Não é isso! Pelo contrário, ele mostra que somente aqueles que foram verdadeiramente regenerados podem sim, domar esse monstro chamado língua (Mt 12.33-37; Gl 5.22-25; Cl 3.8-10)! Davi é exemplo nesta questão, pois disse: “Põe, ó Senhor, um guarda à minha boca; guarda a porta dos meus lábios” (Sl 141.3). E acrescentou: “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti” (Sl 119.11).  Portanto, a resposta é Disciplina (Tg 1.19) e Palavra de Deus (Tg 2.12)!
   

III.  POSTURA DÚBIA: PROCEDER PRÓRPIO DOS QUE NÃO CONHECEM A DEUS (Tg 3.10-12).
Para ratificar que é possível domar a língua o apóstolo diz: “Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isso se faça assim” (vv.9,10). Observe que Tiago começa exortando quanto à postura dúbia no uso da língua e, em seguida, condena tal postura afirmando que é errado ao cristão agir desse modo (Mt 5.37). Assim, novamente, o apóstolo volta a ilustrar seu ensino e faz nova analogia. Desta vez, utiliza-se Tiago das figuras da natureza: a fonte, a figueira e a videira. Tiago dá inicio com o simbolismo da fonte, que emana tanto água boa como água má. Bem como da árvore que, hipoteticamente, produz diferentes tipos de frutos. O versículo admite que, de fato, a língua do homem pode ocupar-se da prática contraditória de, algumas vezes, abençoar, e, de outras vezes, amaldiçoar. Porém, até mesmo essa admissão é uma reprimenda, já que é algo contrário à natureza, ao bom senso e ao entendimento espiritual. Tal uso da língua é uma revolta contra a natureza. Uma fonte não faz assim; uma árvore frutífera não pode produzir mais do que um tipo de fruto, alternadamente. O escritor sacro, pois, salienta que não faz bem espiritual algum para o homem ser ele uma bênção e uma maldição ao mesmo tempo, dependendo do capricho do momento. Isso é contrário à natureza; é uma demonstração de perversão, e não sinal de que tal homem, afinal de contas, não é assim tão mau, porquanto às vezes se utiliza da língua para bons propósitos.

1. Uma fonte, Dois tipos de águas.
No versículo 11, Tiago inicia uma analogia com uma pergunta retórica: “Porventura, deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e água amargosa?”. A Palestina era terra de mananciais (Dt 8.7; 11.11). Não é incomum encontrar uma fonte com traços de enxofre, e sabe-se que algumas fontes das vertentes orientais da região montanhosa da Judeia produzem uma água salobra, desagradável, que causa náusea. Porém, podem tais fontes produzir, alternadamente, esse tipo de água e também água potável e boa? Isso seria uma fonte rara, na realidade! No entanto, o homem é esse tipo de ser (vv.9,10). O pecado o perverteu, tornando-o um ser desnatural (Rm 3.9-18; 2 Tm 3.1-5). Mas Tiago deixa entendido que o homem espiritual pode vencer isso, pois é alguém que está sendo transformado para compartilhar da imagem de Cristo (Rm 12.1,2; Ef 4.13; Cl 1.27), e por isso, realmente assim o fará!

2. Uma árvore, Dois tipos de frutos.
No versículo 12, Tiago traz outro exemplo da verdade anterior, dizendo: “Meus irmãos, pode também a figueira produzir azeitonas ou a videira, figos?”. Desta forma, Tiago toma mais uma vez a ilustração da natureza para mostrar, também, a necessidade de coerência.  Cada árvore frutífera produz seu tipo especifico de fruta, e certamente não pode produzir, ora uma espécie, ora outra. Isto é impossível. E apesar de que isso seria deleitável curiosidade, qualquer pessoa que observasse o fenômeno, pensaria que é apenas uma perversão, algo em que a natureza errara profundamente. E isso se daria especialmente se a mesma árvore produzisse, alternadamente, fruto comestível e fruto venenoso. Se esse fosse o caso, a árvore seria considerada uma afronta ao processo da natureza, e não apenas uma curiosidade. O homem, porquanto produz fruto bom e fruto venenoso, também é uma afronta e uma perversidade da natureza (Mt 7.16-20; Lc 6.43-45; Tg 2.12). Ciente do que queria mostrar aos seus leitores, Tiago conclui afirmando: “Tampouco pode uma fonte de água salgada dar água doce”.  Coerência é apenas uma das carências do atual cristianismo!


CONCLUSÃO
Diante do exposto aprendemos que o crente só pode domar sua língua, como orienta-nos Tiago, guardando a Palavra de Deus e deixando-se dominar pelo Espírito Santo, além é claro, de também vigiar e disciplinar o seu falar. Usemos a língua para o bem (Cl 4.6), pois somos cidadãos dos céus e não devemos descer a linguagem ao nível diabólico (Tt 2.8). Devemos usar a língua para encorajar outros, louvar a Deus, e levar a mensagem aos perdidos. Comecemos, pois, com uma postura cristã autêntica! Que Deus em Cristo vos Abençoe! Amém!! 



REFERÊNCIAS
Ø  CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. HAGNOS.
Ø  BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. CPAD.
Ø  SILVA, Antonio Gilberto. Manual da Escola Bíblica Dominical. CPAD.
Ø  ZIBORDI, Ciro Sanches. Erros Que Os Pregadores Devem Evitar. CPAD.
Ø  LIMA, Elinaldo Renovato de. Lições Bíblicas. (1º Trimestre de 1999). CPAD.
Ø  SILVA, Eliezer de Lira e. Lições Bíblicas. (3º Trimestre de 2014). CPAD.
Ø  Site: http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao10-dem-2tr14-o-ministerio-de-mestre-ou-doutor.htm
          http://dicionariobiblico.blogspot.com.br/2007/12/pecado.html
          http://www.dicio.com.br/difamacao/
          http://www.dicio.com.br/calunia/