segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

QUESTIONÁRIOS DO 1° TRIMESTRE DE 2014



                                      Uma Jornada de Fé –
                                         A formação do povo de Israel
                                             e sua herança espiritual  


 Lição 08

1. De acordo com a lição, aponte um dos erros de Moisés na liderança do povo.
R. Um dos erros de Moisés e de alguns líderes da atualidade está em querer fazer tudo sozinho.

2. O que aconteceria a Moisés caso ele continuasse a trabalhar sozinho?
R. Caso Moisés continuasse a trabalhar sozinho, logo ele estaria enfrentando um severo esgotamento físico e mental.

3. Cite três auxiliares de Moisés.
R. Miriã, Arão e Josué.

4. Relacione algumas qualidades de Moisés como líder.
R. Mansidão, humildade, piedade, obediência e fidelidade.

5. Qual qualidade você acredita que seja indispensável a um líder?
R. Resposta pessoal.


domingo, 23 de fevereiro de 2014

LIÇÃO 08 – MOISÉS - SUA LIDERANÇA E SEUS AUXILIARES



Êx 18.13-22



INTRODUÇÃO
Na lição de hoje, estudaremos a respeito da visita de Jetro a Moisés e, especialmente, do conselho ministrado a este. Assim, começaremos logo abordando o tipo de liderança exercida por Moisés e outros assuntos relacionados à liderança, depois passaremos a analisar a pessoa e o conselho de Jetro, seu sogro e, por fim, citaremos algumas qualidades indispensáveis a todo líder. Que todos tenham uma excelente aula!


I. MOISÉS – UM LÍDER AUTOCRÁTICO
Antes de tratamos do tema desta lição, que é liderança, precisamos abordar algo de suma relevância para compreensão deste capítulo. O capítulo 18 do livro de Êxodo, assim como ocorre no livro de Apocalipse, é um texto parentético. O texto parentético ocorre quando o escritor interrompe o fio de uma narrativa para destacar ou ampliar um certo evento dela. No livro de Apocalipse este tipo de texto ocorre sete vezes (Ap 7.1-17; 10.1-11.13; 14.1-20;  15.1-4; 16.13-16; 17.1-18; 19.1-10). No livro de Êxodo, o escritor interrompe a narrativa da peregrinação de Israel no capítulo 17, para narrar a visita de Jetro, sogro de Moisés, que ocorre no capítulo 18. E, no capítulo 19, retorna a narrativa da peregrinação de Israel que chega ao deserto do Sinai (Êx 17.1 cf 19.2). Portanto, observe que, a narrativa da visita de Jetro ocorre dentro do capítulo 19 de Êxodo (Êx 18.5 cf 19.1,2). Por isso, o capítulo 18 de Êxodo é parentético!

Agora, vamos tratar do tema de hoje! O que é liderança? E o que é ser líder? Liderança é o processo de conduzir um grupo de pessoas a um objetivo comum. E, líder é aquele que recebe tal responsabilidade, assumindo o compromisso de levar o grupo àquele objetivo. Assim, liderar exige conhecimentos, técnicas e aprendizado contínuo no trato de pessoas. Não confunda administrar coisas com liderar pessoas! Liderar não é administrar templos, finanças, organizações. Você pode ser um ótimo administrador das finanças da sua igreja, por exemplo, e não ter nenhuma liderança nesta área.
Assim sendo, Moisés foi um dos líderes mais importantes do Antigo Testamento, quanto a isto não há dúvida, pois o próprio Deus dele testificou: “Não é assim com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa” (Nm 12.7). Ora, sobre os seus ombros recaía a tarefa de organizar uma multidão tão grande (de mais de 2 milhões de pessoas) e julgar o povo mesmo nas coisas insignificantes que surgiam entre eles a cada momento (Êx 18.22a). Porém, Moisés procurava fazer tudo sozinho em vez de repartir trabalhos e responsabilidades entre diversas pessoas. Esta sua atitude de ser centralizador e agir como fosse o dono da obra, O fizeram receber, de imediato, de seu sogro duas indagações: “O que é isto que fazes? Por que te assentas só, e todo o povo está em pé diante de ti, desde a manhã até a tarde?” (Êx 18.14). Sabemos que, entre as tribos semitas nômades, o líder era também o legislador e o árbitro das disputas (1 Sm 7.15-17; Dt 1.16). Por isso, Moisés logo apresentou a Jetro duas boas razões por que ele resolvia sozinho todos os casos. Primeira, o povo requeria decisão que pudessem confiar ser a resposta do próprio Deus (Êx 18.15). Segunda, além de resolver a disputa imediata, ele podia usar o caso como base para transmitir princípios morais – estatutos e leis (Êx 18.16). 
No entanto, seu sogro logo rebate sua tentativa de explicar-se, e o censura dizendo: Não é bom o que fazes. Certamente desfalecerás, assim tu, como este povo que está contigo. O trabalho te é pesado demais; tu só não o podes fazer” (Êx 18.17,18). Observa-se, então, que Moisés possuía um estilo de liderança autocrático (decide tudo sozinho. Não dá espaço para novos líderes. Exigente. Foco nos “resultados” e não nas pessoas), e que embora seja um dos líderes mais importantes do Antigo Testamento, todavia como homem ele não era perfeito e com certeza também cometeu falhas enquanto líder. Esta foi uma delas! Não apenas o trabalho era demais para as forças de Moisés, como também o povo ficava insatisfeito por não receberem toda a atenção de que necessitavam. Portanto, Moisés carecia aprender a delegar tarefas. O líder que não sabe delegar tarefas terá como resultado o cansaço e o estresse. E não apenas a delegar, mas também a quem delegar! Além do estilo de liderança autocrático, existem também os estilos:

ü  Democrática: não decide nada, deixa tudo para que os liderados decidam. Foco nas pessoas e não no objetivo.
ü  Volúvel: vai de acordo com a “onda”. Muda o objetivo de acordo com “as novidades”.
ü  Detalhista: perde-se em detalhes e perfeccionismos. Preocupa-se mais com os métodos que o objetivo.
ü  Responsável: assume a responsabilidade da liderança, motivando o grupo a atingir o objetivo. Trabalha com foco nas pessoas sem perder de vista o objetivo.

Infelizmente, alguns líderes (líderes???), com o passar do tempo, acabam agindo como Moisés, erradamente, pensam serem eles os donos das ovelhas e da obra. Por isso, é importante sabermos a diferença entre ser líder e ser chefe:

O LÍDER                                                        O CHEFE
Orienta                                                            Manda
Entusiasma                                                      Amedronta
Diz: Vamos                                                      Diz: Vá
Torna o trabalho interessante                             Torna o trabalho irritante
Baseia-se na cooperação                                   Baseia-se na autoridade
Diz: Nós                                                           Diz: Eu
Ajuda                                                               Atrapalha
Assume responsabilidades                                 Procura culpados
Comunica                                                         Faz mistério
Acompanha                                                      Fiscaliza
Confia                                                              Desconfia
Moraliza                                                           Desmoraliza
Nunca promete o que não pode cumprir              Promete e nunca cumpre


II. JETRO – O CONSELHEIRO ENVIADO POR DEUS
Quem era Jetro? O que sabemos dele? De quem ele descendia? Ele se converteu ou não ao monoteísmo judaico? De acordo com o texto de Gn 25.1,2 Jetro descendia de Midiã, que era filho de Abraão com Quetura. Isto fazia dos midianistas e dos israelitas parentes bem próximos. Jetro era, pois, um sacerdote de Midiã e, também, sogro de Moisés (Êx 3.1). Seu nome “Jetro” do hebraico significa “Excelência”. Ele também era conhecido como Reuel, que quer dizer “Amigo de Deus” (Êx 2.18).
Mas, o que motivou Jetro a fazê-lo ir ao deserto do Sinai ao encontro de Moisés? O texto de Êxodo 18.1 responde-nos: “Ora Jetro, sacerdote de Midiã, sogro de Moisés, ouviu todas as coisas que Deus tinha feito a Moisés e a Israel, seu povo, e como o Senhor tinha tirado a Israel do Egito”. Ora, motivado pelas noticias acerca do agir de Deus em favor de Israel, Jetro resolve ir, juntamente com a esposa e filhos de Moisés, ao encontro deste. Sabe-se, no entanto, que Jetro era sacerdote de Midiã, logo ele era politeísta, pois disse: “Agora sei que o Senhor é maior que todos os deuses, pois fez isto aos que trataram a Israel com arrogância.” (Êx 18.11). Segundo alguns estudiosos, provavelmente, nesta ocasião Jetro se converteu à religião do Senhor. Ao ouvir falar dos prodígios que o Senhor havia feito, Jetro reconheceu que Deus era supremo sobre os deuses pagãos e lhe ofereceu sacrifício (Êx 18.12). Porém, a referencia de Êxodo 18.11,12 não é suficiente para tal afirmação, pois existe dois fatos a considerarmos: 1) Se Jetro, de fato, se converteu ao Senhor (a fé judaica) ele teve que abandonar seu politeísmo (crença em vários deuses). Ele realmente fez isto? Veja que ele voltou para sua terra (Êx 18.27). 2) Ao dizer Jetro: “Agora sei que o Senhor é maior que todos os deuses”, ele pode apenas ter agregado mais uma divindade ao seu politeísmo. Assim, a referência citada não é clara em afirmar se, realmente, Jetro se converteu ou não ao monoteísmo judaico. Logo, é bom termos o devido cuidado com esse texto para não interpretarmos o que quisermos do mesmo! Portanto, o que importa é que Jetro neste contexto foi usado por Deus para orientar e corrigir Moisés, servo do Senhor.
No segundo dia, Jetro ao vê Moisés julgando as causas do povo de forma centralizadora, autocrática, fazendo tudo sozinho, então lhe aconselha dizendo: “Ouve agora a minha voz, e te aconselharei, e Deus seja contigo. Representa o povo diante de Deus, e leva as suas causas a Deus. Ensina-lhes os estatutos e as leis, e faze-lhes saber o caminho que devem andar, e a obra que devem fazer. Mas procura dentre todo o povo homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza; põe-nos sobre eles por chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinquenta e chefes de dez. Julguem a este povo em todo o tempo. Que a ti tragam toda causa grave, mas toda causa pequena eles mesmos a julguem. Assim a ti mesmo te aliviarás da carga, e eles a levarão contigo. Se isto fizeres, e Deus assim ordenar, poderás então suportar a tensão, e também todo este povo irá em paz para o seu lugar” (Êx 18.19-23). A partir de então, após Moisés receber o conselho de Jetro, ele organiza Israel em grupos e coloca chefes sobre estes para resolver as dificuldades menores. Moisés demonstrou grande sabedoria e humildade ao receber as sugestões de seu sogro Jetro (Êx 18.24,25). Assim, sua carga, foi aliviada!


III. AS QUALIDADES DE UM LÍDER
Após acatar o conselho de seu sogro Jetro, Moisés separa homens para auxiliá-lo naquela árdua tarefa; mas estes homens precisariam estar inseridos dentro do perfil mencionado por Jetro. No versículo 21, o texto diz: “Mas procura dentre todo o povo homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza; põe-nos sobre eles por chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinquenta e chefes de dez”. Observe, aqui, as qualidades que esses homens deveriam ter:

   ü  Homens capazes – isto é, que tinham aptidão e habilidade para executarem a obra de Deus. Esta habilidade pode ser na área do conhecimento, no trato com o povo, nas atividades a ele confiada, etc.

   ü  Homens tementes a Deus – homens que tenham reverência e dedicação pelo Senhor, seu Deus. Ora, o temor do Senhor é uma das qualidades essenciais àquele que diz servir a Deus. Logo, o que dizer de “líderes” que agem a seu bel-prazer. Infelizmente, como diz Paulo, vivemos dias em que muitos vivem sem “temor de Deus diante de seus olhos” (Rm 3.18). Que perigo!

   ü  Homens de verdade – aqui podem ser aplicados dois sentidos: 1) Homens corajosos, ousados, firmes, fiéis. 2) Homens que falam a verdade, ou seja, sinceros. A verdade é algo imprescindível àquele que serve a Deus, quanto mais a um líder (1 Jo 2.21).

   ü  Homens que aborreçam a avareza – a avareza é o desejo demasiado e sórdido de adquirir e acumular riquezas. Como se observa neste texto (v.21) Deus condena tal prática (cf Lc 12.15). Por isso, aqueles que lhe servem não podem compactuar com tal pecado (Hb 13.5)!

Moisés, com certeza, também possuía essas qualidades acima e outras como: mansidão, humildade, piedade, obediência, fidelidade (Êx 18.24; Nm 12.2,7; Hb 3.2,5). Verdadeiramente, todas essas qualidades são necessárias a um líder. Mas, que qualidades poderíamos agregar a essas para os líderes da atualidade? Vejamos:

   ü  Disciplina: é uma qualidade indispensável à vida daquele que é líder. Um líder não pode levar a mesma vida que levam seus liderados. Por isso, somente através da disciplina é que o líder conseguirá liderar com eficiência após haver conquistado a si mesmo.

   ü  Visão: é impossível liderar sem ela, a não ser que queiramos fracassar. Ela abrange três áreas ou aspectos: 1) enxergar a si mesmo; 2) enxergar os outros; e 3) Possuir metas bem definidas.

   ü  Otimismo: Todo bom líder sempre será otimista. Pois, um pessimista jamais se tornará um líder (Nm 13.25-33). Porquanto, o primeiro passo para se chegar ao fim de alguma coisa é julgá-la possível.

   ü  Paciência: é outra qualidade necessária ao líder. Pois, o líder precisa ser paciente diante da fraquezas e erros dos liderados. E isto, não significa aceitar injustiças, nem ser parcial, mas não pode correr demais na frente dos liderados, desestimulando-os.

   ü  Sabedoria: Aqui é mais que inteligência, prudência, ou percepção humana. Mas, é a aplicação correta do conhecimento de Deus em sua vida e de seus liderados.

   ü  Decisão: Possuir uma decisão firme e rápida são características de um bom líder. A indecisão desestabiliza qualquer liderança, pois a falta de decisão é quase sempre uma decisão errada!

   ü  Coragem: A coragem é indispensável para que o líder obtenha sucesso. Ela é a capacidade de enfrentar o perigo com firmeza. As grandes realizações foram feitas por homens de coragem. Lembre-se: "Quem não se arrisca a um fracasso nunca chega a uma vitória".



CONCLUSÃO
Diante do exposto, aprendemos que ninguém pode exercer sua liderança sozinho, pois o próprio Senhor nos advertiu: “A seara é realmente grande, mas os ceifeiros são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da terra que envie ceifeiros para a sua seara” (Mt 10.37,38). Moisés, com certeza, padeceu muito e também fez o povo padecer devido seu estilo de liderança autocrático (Êx 18.13,18). Todavia, graças ao Senhor, através de Jetro, Moisés aprendeu a importante lição de dividir o pesado fardo que carregava. Portanto, que saibamos delegar as tarefas e, principalmente, para quem delegar. Que Deus em Cristo vos abençoe a todos!



REFERENCIAS
Ø  HOFF, Paul. O Pentateuco. VIDA.
Ø  DAVISON, Francis. O Novo Comentário da Bíblia. Vida Nova.
Ø  BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. CPAD.
Ø  GILBERTO, Antônio. Lições Bíblicas. (1º Trimestre/2014). CPAD.
Ø  Revista Ensinador Cristão. CPAD. nº 57, p.40.


domingo, 16 de fevereiro de 2014

QUESTIONÁRIOS DO 1° TRIMESTRE DE 2014

     

Uma Jornada de Fé –
A formação do povo de Israel
e sua herança espiritual 



Lição 07

1. Qual o significado do termo “Decálogo”?
R. O termo Decálogo literalmente significa dez enunciados ou declarações.

2. De acordo com a lição, o que o Decálogo exprime?
R. O Decálogo exprime a vontade de Deus em relação ao ser humano.

3. Quais os objetivos do Concerto divino?
R. Prover um padrão de justiça; identificar e expor a malignidade do pecado; revelar a santidade de Deus.

4. O que significa tomar o nome de Deus em vão?
R. É mencioná-lo de modo banal, profano, secular e irreverente.

5. Fale a respeito do décimo mandamento.
R. Este mandamento é o respeito ético a tudo o que pertence aos outros. Isto abrange o controle e o domínio dos apetites da alma, dos impulsos, desejos e vontade do crente.


LIÇÃO 07 – OS DEZ MANDAMENTOS DO SENHOR



Êx 20.1-5,7-10,12-17



INTRODUÇÃO
Na lição de hoje, daremos continuidade da peregrinação de Israel. Eles estavam acampados em frente do monte Sinai. Assim sendo, nesta aula, abordaremos a permanência de Israel no deserto do Sinai, também enfatizaremos o pacto de Deus com Israel. E, por fim, falaremos sobre o decálogo e seu significado. Que todos tenham uma excelente aula!


I. A PERMANÊNCIA DE ISRAEL NO DESERTO DO SINAI
Antes de darmos sequência ao nosso estudo, quero fazer uma considerável observação sobre a lição anterior, que tratou da peregrinação de Israel no deserto até o Sinai. Observe que:
1) O capítulo 19 de Êxodo narra a chegada de Israel no deserto do Sinai (Êx 19.2). Então, porque foi abordado no tópico III da lição 06 o assunto da idolatria de Israel visto que a mesma só ocorre no capítulo 34 de Êxodo? 
2) Sendo o assunto da lição 06 a peregrinação de Israel no deserto “até o Sinai”, sabe-se que o evento subsequente da chegada de Israel no Sinai, não foi a prática do pecado de idolatria, mas a entrega dos dez mandamentos à Israel, isto é, a realização do pacto de Deus com Israel (Êx 19.5,6; Êx 20).
3) Quando Israel cometeu o pecado de idolatria, já havia firmado o pacto com Deus, já havia recebido todas as leis civis (Êx 21;22), já havia construído o tabernáculo (Êx 25;26), e já havia, também, estabelecido o sacerdócio levítico (Êx 28;29). Portanto, o tópico III da lição 06 está completamente fora de contexto. Feitas as devidas explicações podemos, agora, prosseguir com o nosso estudo!

Após chegarem ao deserto do Sinai, jornada que durou aproximadamente seis semanas após sua partida do mar Vermelho, Moisés logo tratou de consultar ao Senhor para saber o que deveriam fazer a partir daquele momento (Êx 19.3). O Senhor respondeu a Moisés dizendo: “Vistes o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias, e vos trouxe a mim. Agora, se diligentemente ouvirdes a minha voz, e guardardes a minha aliança, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos. Embora toda a terra seja minha, vós me sereis reino sacerdotal e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel” (Êx 19.4-6). Veja que Deus prometeu três coisas condicionadas à obediência de Israel:

   ü  Israel seria sua "propriedade peculiar" ou possessão. Implica tanto um valor especial como uma relação íntima. O Senhor escolheu a Israel dentre todas as nações para seu povo especial e para ser como sua esposa.

   ü  Seria um "reino sacerdotal". Os israelitas teriam acesso a Deus e deveriam representar o Senhor, seu Rei, perante o mundo inteiro.

   ü  Seria "povo santo", diferente das nações pagas que o rodeavam, uma nação separada para ser de Deus, a quem serviria e prestaria culto. As três promessas feitas à nação hebraica têm cumprimento cabal na Igreja, o Israel de Deus (1 Pe 2.9,10).

Tendo Israel concordado com o termo da aliança (Êx 19.8), o Senhor decide manifestar-se a eles. Embora eles tivessem visto os sinais realizados pelo Senhor no Egito, Israel vivera 430 anos sob a forte influência da idolatria egípcia. Logo, o Senhor queria que eles ouvissem e vissem que Ele era Deus Vivo, Verdadeiro e Todo-Poderoso (Êx 19.9,11). Assim, para gravar na mente hebraica a importância do pacto da lei, Deus se apresentou em forma de nuvem, figura que Israel não poderia reproduzir, e pronunciou o Decálogo em voz troante.
A santidade infinita de Deus foi ressaltada pelos preparativos que Israel devia fazer. Primeiro, os israelitas tinham de santificar-se lavando suas vestes e praticando a continência (Êx 19.10,11). Segundo, Moisés devia marcar ao povo um limite em torno do monte Sinai para que os israelitas não o tocassem (Êx 19.12). Assim se acentuaram a grandeza inacessível de Deus e sua sublime majestade. "Do meio de uma tremenda tempestade, acompanhada de terremotos e do som sobrenatural de trombetas, com a montanha toda envolta em fumo e coroada de chamas aterradoras, Deus falou as palavras dos Dez Mandamentos e deu a Moisés a lei" (Êx 19.16,18; 20.18). Portanto, Israel permaneceu quase um ano no deserto do Sinai (Nm 10.11). Ali, ao pé do monte Sinai, Israel foi devidamente organizado como nação e aceitou ao Senhor como seu rei. Esta forma de governo chama-se teocracia (Êx 25.22; Jz 8.23; 1 Sm 12.12).


II. A LEI – O CONCERTO DE DEUS COM ISRAEL
O pacto da lei não teve a intenção de ser meio de salvação. Foi celebrado com Israel depois de sua redenção alcançada mediante poder e sangue (Êx 3.19,20; 12.13). Deus já havia restaurado Israel à justa relação com ele, mediante a graça (Êx 11.3; 12.36). Israel já era seu povo. O Senhor desejava dar-lhe algo que o ajudasse a continuar sendo seu povo e a ter uma relação mais íntima com ele. O motivo que levasse a cumprir a lei haveria de ser o amor e a gratidão a Deus por havê-los redimido e feito seus filhos.
Os israelitas prometeram solenemente cumprir toda a lei, mas não perceberam quão fraca é a natureza humana nem quão forte é a tendência para pecar. Séculos depois parece que se esqueceram de que estavam obrigados pelo pacto a obedecer. Imaginaram que o pacto era incondicional e que bastava ser descendente de Abraão para gozar do favor divino. (Jeremias 7.4-16; Mateus 3.9; João 8.33.) Embora a salvação de Israel fosse um dom de pura graça e não pudesse ser negociada pela obediência, podia, contudo, ser perdida pela desobediência (Rm 11.20-23; 1 Co 10.5-11). Vejamos, agora, que a lei pode ser dividida da seguinte forma:

A Lei Moral – resumia-se nos Dez Mandamentos, também conhecido como Decálogo (Êx 20; Dt 5). O termo “decálogo” vem do grego “decá” que significa “dez” e “logos” que significa “palavra”. Assim, o termo “decálogo” que dizer “dez palavras”. O Decálogo constituía-se na essência do Pentateuco e é a mais perfeita das leis já escritas. Afirmou certa vez um grande jurista, que todos os estatutos, códigos e constituições existentes no mundo podem ser substituídos pelos Dez Mandamentos sem prejuízos aos direitos e avanços da família humana. É bom salientar que, inserido na lei moral está a Lei Civil que disciplinava a vida social de Israel (Êx 21.1-24.11).

A Lei Cerimonial – visava regulamentar o culto, sacrifícios e festas judaicas; mostrava o que é puro e o que é impuro. Nesta lei estão todas as ordenanças que regia a vida religiosa de Israel (Êx 24.12-31.18); isto incluía o projeto e a construção do Tabernáculo, bem como a figura do Sumo Sacerdote como representante do povo perante Deus. Todavia, ambas as leis, tanto a Moral como a Cerimonial formavam uma só Lei (Mt 5.17,18); ou seja, um só sistema religioso.

Quanto aos propósitos da lei, em geral, eles são:

   ü  Proporcionar uma norma moral pela qual os redimidos possam mostrar que são filhos de Deus e viver em justa relação com seu criador e com o próximo;

   ü  Demonstrar que Deus é santo e ele exige a santidade de toda a raça humana;

   ü  Mostrar à humanidade seu estado pecaminoso e fazê-la entender que somente mediante a graça pode ser salva (Gl 3.24,25). A lei era um mestre para ensinar a Israel através dos séculos e ajudá-lo a permanecer em contacto com Deus (Gl 3.24). Mas junto com a lei foi instituído um sistema de sacrifícios e cerimônias para que o pecado fosse retirado. Assim se ensinou que a salvação é pela graça. Os profetas posteriores demonstraram que sem fé e amor as formas, cerimônias e sacrifícios da lei de nada valiam (Mq 6.6-8; Am 5.21, 24; Os 6.6; Is 1.1-15). Conquanto, a lei não seja um meio para se alcançar a salvação, tem vigência como norma de conduta para os crentes. Os dez mandamentos, com exceção do quarto, se repetem uma e outra vez no Novo Testamento. Vejamos:



MANDAMENTOS
NO ANTIGO TESTAMENTO
NO NOVO TESTAMENTO


01º

“Não terás outros deuses diante de mim” (Êx 20.3,23; 34.14).

Dt 5.7;6.4,14; 13.6-10; 2 Rs 17.35; Sl 81.9; Jr 25.6; 35.15

Mt 4.10; 22.37-38; Mc 12.29-30; Lc 4.8; At 14.15


02º

“Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra” (Êx 20.4-6; 34.17).

Lv 19.4; 26.1; Dt 4.15-20; 5.8-10; 7.25; Sl 115.4-8; Is 44.9-20

Rm 1.22-23; 1 Jo 5.21; Ap 14.9-11

03º

“Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão” (Êx 20.7).

Lv 18.21; 19.12; 22.2; 24.16; Dt 5.11; 6.13; Ez 39.7

Mt 5.33-37; Tg 5.12

04º

“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar” (Êx 20.8-11;16.23-30; 31.13-16; 35.2-3).  

Gn 2.3; Lv 19.3,30; Dt 5.12-15; Jr 17.21-27; Ez 20.12

Não reafirmado
(At 15.28,29)


05º

“Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá” (Êx 20.12; 21.17).

Lv 19.3; Dt 5.16; 27.16; Pv 6.20-22

Mt 15.4-9; 19.19; Mc 7.10-13; 10.19; Lc 18.20; Ef6.1-3; Cl 3.20

06º

“Não matarás” (Êx 20.13).

Gn 9.5-6; Lv 24.17; Dt 5.17

Mt 5.21-22; 19.18; Mc 10.19; Lc 18.20; Rm 13.9; 1 Jo 3.15

07º

“Não adulterarás” (Êx 20.14).

Lv 18.20; 20.10; Dt 5.18; 22.22; Pv 6.29,32

Mt 5.27-28; Mc 10.19; Lc 18.20; Rm 13.9; 1 Co 6.9,10; Tg 2.11

08º

“Não furtarás” (Êx 20.15; 21.16).

Lv 19.11,13; Dt 5.19

Mt 19.18; Rm 13.9; Ef 4.28

09º

“Não dirás falso testemunho contra o teu próximo” (Êx 20.16; 23.1,7).

Dt 5.20; Sl 101.5; Pv 6.16-19; 19.5; Zc 8.16

Mt 19.18; Mc 10.19; Lc 18.20; Rm 13.9; Ef 4.25; Cl 3.9,10


10º

“Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo” (Êx 20.17).


Dt 5.21; 7.25; Pv 18.16

Lc 12.15; Rm 7.7; 13.9; Ef 5.3; Hb 13.5


A ratificação do pacto foi uma das cerimônias mais solenes da história das doze tribos, já que por ela ficaram estreitamente unidas ao Senhor. O altar representava o Senhor; as colunas, as doze tribos; o sangue aspergido sobre o altar e sobre o povo ligou com um vínculo sagrado as partes contratantes. Todo o Israel estava "sob o sangue" e identificado com seu poder salvador. Os setenta anciãos participaram com Deus de um banquete de comunhão e presenciaram uma teofania majestosa. Assim foi ratificado o pacto do Sinai e se assinalou o cumprimento da promessa divina: "E eu vos tomarei por meu povo, e serei vosso Deus" (Êx 6.7).


III. O DECÁLOGO E SEU SIGNIFICADO
Deus fez escrever os dez mandamentos em duas tábuas de pedra. Foram guardadas dentro da arca durante séculos. Portanto, deu-se ao tabernáculo o nome de "tenda do testemunho" para lembrar aos israelitas que dentro da arca estava a lei e que deviam viver de acordo com ela. Os primeiros quatro mandamentos tratam das relações que devem imperar entre os homens e Deus, e os restantes têm que ver com as relações dos homens entre si. A ordem é muito apropriada. Somente os que amam a Deus podem em verdade amar a seu próximo. O significado dos dez mandamentos consiste no seguinte:

I) A unicidade de Deus: "Não terás outros deuses diante de mim”. Há um só Deus e só a ele havemos de oferecer culto (Dt 6.13; Mt 4.10). A adoração a anjos, a santos ou qualquer outra coisa é violação do primeiro mandamento (Ap 22.8,9).

II) A espiritualidade de Deus: "Não farás para ti imagem." Proíbe-se não somente a adoração de imagens ou de deuses falsos, mas também prestar culto ao verdadeiro Deus em forma errada. Tais coisas desagradam ao Criador. Deus é espírito e não tem forma (Jo 4.19-24; Cl 1.15; Hb 1.3a).

III) A santidade de Deus: "Não tomaras o nome do Senhor teu Deus em vão." Este mandamento inclui qualquer uso do nome de Deus de maneira leviana, blasfema ou insincera. Deve-se reverenciar o nome divino porque revela o caráter de Deus. Originalmente, este mandamento se referia a não jurar pelo nome de Deus se o juramento fosse falso (Lv 19.12), mas se permitia jurar pelo seu nome (Dt 10.20). Contudo, Jesus proibiu terminantemente jurar pelas coisas sagradas (Mt 5.34-37). A simples palavra de um filho de Deus deve ser verdadeira, sem recorrer a juramentos.

IV) A soberania de Deus: "Lembra-te do dia do sábado, para o santificar." Um dia da semana pertence a Deus. Reconhece-se a soberania de Deus guardando o dia de repouso, visto que esse dia nos lembra que Deus é o Criador a quem devemos culto e serviço. "Santificar" o dia significa separá-lo para culto e serviço.

V) Respeito aos representantes de Deus: "Honra a teu pai e a tua mãe." O homem que não honra a seus pais  tampouco honrará a Deus, pois esta é a base do respeito a toda a autoridade.

VI) A vida humana é sagrada: "Não matarás." Este mandamento proíbe o homicídio mas não a pena capital, visto que a própria lei estipulava a pena de morte (Êx 21.15-17, 23-25). Também se permitia a guerra, visto como o soldado atua como agente do estado (Dt 24.5).

VII) A família é sagrada: "Não adulterarás." Este mandamento protege o matrimônio por ser uma instituição sagrada instituída por Deus. Isto vigora tanto para o homem como para a mulher (Lv 20.10).

VIII) Respeito à propriedade alheia: "Não furtarás." Há muitas maneiras de violar este mandamento, tais como não pagar suficientemente ao empregado, não fazer o trabalho correspondente ao salário combinado, cobrar demasiado e descuidar a propriedade do senhor.

IX) A justiça: "Não dirás falso testemunho." O testemunho falso, desnecessário, sem valor ou sem fundamento constitui uma das formas mais seguras de arruinar a reputação de uma pessoa e torna-lá impedida de receber tratamento justo por parte dos outros (Mt 28.11-15).

X) O controle dos desejos: "Não cobiçarás." A cobiça é o ponto de partida de muitos dos pecados contra Deus e contra os homens. As palavras "porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem" (Êx 20.5) devem ser interpretadas à luz do caráter de Deus e de outras Escrituras. Deus é zeloso no sentido de Ser exclusivista, não tolerando que seu povo preste culto a outros deuses (Is 42.8; 43.10,11). Como um marido que ama a sua esposa não permite que ela reparta seu amor com outros homens, Deus não tolera nenhum rival. Deus não castiga os filhos pelos pecados de seus pais senão nos casos em que os filhos continuem nos pecados dos pais. Castiga os que o "aborrecem" e não os arrependidos. "A alma que pecar, essa morrerá"; "o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho" (Ez 18.20). Em vez disso, a maldade passa de geração a geração pela influência dos pais e quando chega a seu ponto culminante, Deus traz castigo sobre os pecadores (Gn 15.16; 2 Reis 17.6-23; Mt 23.32-36).


CONCLUSÃO
Diante do exposto, aprendemos que a razão de o Senhor conduzir Israel até o monte Sinai foi, para ali, por meio de Moisés, estabelecer seu concerto com o povo hebreu. Desta forma, o Senhor fez de Israel seu povo e tornou-se seu Deus (Êx 6.7). Embora, hoje, vivamos a Nova Aliança; ela não aboliu a lei moral, visto que Jesus disse: “pois vos digo que se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus” (Mt 5.20). Portanto, devemos atentar para o conselho do sábio: “De tudo o que se tem ouvido, a conclusão é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos, pois isto é o dever de todo homem” (Ec 12.13). Que Deus em Cristo vos abençoe a todos!



REFERENCIAS
Ø  HOFF, Paul. O Pentateuco. VIDA.
Ø  ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD
Ø  Bíblia de Estudo da Mulher. Mundo Cristão.