quarta-feira, 26 de outubro de 2016

QUESTIONÁRIOS DO 4° TRIMESTRE DE 2016








   O DEUS DE TODA PROVISÃO –
Esperança e sabedoria divina para
a Igreja em meio às crises  






Lição 04

Para Refletir
A respeito da provisão de Deus no monte do sacrifício, responda:


Deus nos dá tentação além do que podemos suportar? Confirme a resposta com uma referência.
Não. O apóstolo Paulo escrevendo aos coríntios declarou: “Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima do que podeis; antes, com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar” (1 Co 10.13). (Enorme contrassenso doutrinário, ver Tiago 1.13; Mt 6.13 – acréscimo nosso).

O que Deus pediu a Abraão?
Deus pediu que ele sacrificasse seu único filho como oferta.

Quantos dias Abraão e Isaque tiveram que caminhar até chegar à terra de Moriá?
Acredita-se que eles caminharam durante três dias.

Qual a resposta de Abraão a Isaque quando perguntou a respeito do animal para o sacrifício?
“Deus proverá para si o cordeiro” (Gn 22.8).

Quem é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo?
Jesus Cristo.


terça-feira, 25 de outubro de 2016

LIÇÃO 04 – A PROVISÃO DE DEUS NO MONTE DO SACRIFÍCIO







Gn 22.1-3




INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos sobre a grande prova de fé que, com mais de cem anos, Abraão vivenciou no Monte Moriá. Todavia, não foi apenas a fé de Abraão que foi testada, mas também a obediência e o amor pelo Senhor seu Deus. Isto nos faz lembrar do conselho do apóstolo Tiago: “Meus irmãos, tende por motivo de grande alegria o passardes por provações” (Tg 1.2). O apóstolo ainda diz: “Bem-aventurado o homem que suporta a provação [...]” (Tg 1.12). Esta provação não apenas serviu para confirmar o Pacto Abraâmico, como também revelou tipologicamente ao patriarca o Plano Divino para redimir a humanidade. Portanto, muito temos para aprender nesta lição, por isso, desejo a todos uma excelente aula!


I. FÉ PARA SUBIR O MONTE DO SACRIFÍCIO
O texto de Gn 22.1 diz: “E aconteceu, depois destas coisas, [...]”. Que coisas? Bem, antes temos que salientar que a maioria dos acontecimentos importantes da vida de Abraão tem relação com suas viagens. Assim, o “depois destas coisas” são os fatos que antecederam até aquele momento. Vejamos:

      Ø  De Ur dos Caldeus a Harã, Gn 11.31. Aqui, em Harã, seu pai morre Gn 11.32.
Ø  De Harã a Siquém, Gn 12.1-6. Aqui, o Senhor confirma sua chamada, e Abraão edifica um altar, Gn 12.7.
     Ø  De Siquém a Betel, Gn 12.8. Edifica outro altar ao Senhor.
     Ø  De Betel ao Egito. Gn 12.9-11. Sua primeira falha, nega que Sara seja sua esposa, Gn 12.11-13.
Ø  Regresso a Betel, Gn oferece uma oração, Gn 13.1-4.
     Ø  De Betel a Hebrom, edifica um altar, Gn13.18.
     Ø  De Hebrom a Damasco, persegue os ladrões, resgata a Ló e recupera seus bens, Gn 14.1-16.
     Ø  Regressa a Hebrom, dá dízimos a Melquisedeque, Gn 14.16-20. A promessa de um filho é reiterada, Gn 15.3-5. Nasce Ismael, Gn 16.15; o pacto é renovado, Gn 17.1-8. Recebe novo nome, Gn 17.5. A intercessão por Sodoma, Gn 18.23-32.
     Ø  De Hebrom a Gerar, Gn 20.1. Cumpre-se o pacto, nasce Isaque, Gn 21.1-3.
     Ø  De Gerar a Berseba, faz pacto com Abimeleque, Gn21.27-34.
   Ø  De Berseba ao Monte Moriá, constrói um altar, Isaque é preparado para ser oferecido em sacrifício, Gn 22.1-14. 

O Monte Moriá ficava a 80 Km de distância de Berseba e levava cerca de 3 dias de viagem para concluir seu percurso (Gn 22.4). Segundo Wycliffe, o termo ‘Moriá’ aplica-se à região onde Abraão ofereceu Isaque (Gn 22.2), e ao local do Templo de Salomão.   

1. Abraão é provado.
Afinal, Abraão foi provado ou tentado? Segundo Orlando Boyer, a provação é o ato ou efeito de provar; situação aflitiva. Provar, por sua vez, é estabelecer a verdade, a realidade de. Já a tentação, ainda segundo Boyer, é a indução para o mal por sugestões do diabo ou da sensualidade. Assim, tentar é procurar corromper (a fé, a fidelidade). Agora, ante estas definições, observe estes textos bíblicos: “E aconteceu, depois destas coisas, que tentou Deus a Abraão [...]” (Gn 22.1). Em contrapartida, o apóstolo Tiago diz: “Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta (Tg 1.13).
Então, vou lhe perguntar de novo, Abraão foi provado ou tentado? Na verdade, como assevera Tiago, Abraão foi provado! Mas, você me perguntará, e o texto de Gênesis 22.1. Pois bem, pode-se considerar que neste texto há um erro de tradução da versão ARC (Almeida Revista e Corrigida). Os termos “provação” e “tentação” procedem da mesma palavra hebraica “massah” (Gn 22.1) e também grega “peirasmos” (Lc 4.2) que, por sua vez, significam “prova” ou “teste”. Logo, dependendo do contexto, pode significar “tentação” ou “provação”. Portanto, assim explica-nos o Pr. José Gonçalves: “Quando usada em um contexto onde Deus está por trás da ação, então nesse caso o crente está sendo provado. Por outro lado, quando é o Diabo quem está induzindo ao mal, então o crente está sendo tentado. Em palavras mais simples, Deus prova-nos e o Diabo nos tenta. Deus testa-nos para aperfeiçoar-nos enquanto o Diabo nos tenta para nos derrubar”.
Eis porque Jesus, na Oração Dominical, ensina-nos a orar: “E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal [...]” (Mt 613). Já o apóstolo Tiago nos estimula, dizendo: “Meus irmãos, tende por motivo de grande gozo quando o passardes por provações, sabendo que a prova da vossa fé desenvolve a perseverança. Ora, a perseverança deve terminar a sua obra, para que sejais maduros e completos, não tendo falta de coisa alguma” (Tg 1.2-4). O caso do patriarca Jó é bastante esclarecedor quanto a esta verdade! Ver Jó 42.5.
Vale salientar que o fato de Deus pedir a Abraão seu filho, Isaque, em sacrifício não era nada fora do comum do ponto de vista histórico-cultural, pois como o próprio comentarista narra era uma prática totalmente típica das religiões da época por serem pagãs. Todavia, segundo o caráter e santidade de Deus, tais sacrifícios eram abomináveis ao Senhor (Dt 32.16,17; Sl 106.35-40; 1 Co 10.20). Porém, Abraão que vinha de uma cultura pagã, certamente não sabia disto (Js 24.2,14).

2. No limite da capacidade humana. 
No capítulo 10 de 1 Coríntios entre os versículos 1 ao 13, o apóstolo Paulo ensina, com base na história de Israel, que os pecados cometidos pelo povo de Israel nos servem de aviso e exemplos para não serem cometidos por nós também (vv.6,11). O apóstolo ressalta que a causa desses pecados foram de origem humana (v.13) e, por isso mesmo, Deus sempre nos concede o escape. Assim, ele nos orienta a estarmos sempre alerta para não cairmos da graça (v.12). Ora, Paulo está nos alertando para vigiarmos o nosso velho homem. Então, eu lhe pergunto: “Que ligação tem esse texto com o episódio vivenciado por Abraão no Monte Moriá?”. Ou melhor: “Que ligação há entre a limitação da capacidade humana e a natureza pecaminosa do mesmo?”. Portanto, com o devido respeito e admiração pelo nosso comentarista, não vejo e muito menos entendo que haja alguma conexão entre 1 Co 10.13 e Gn 22. Até porque, já tratamos da definição de ambos, bem como da aplicação desses termos no contexto bíblico.
Contudo, sabemos que a prova de Abraão seria humanamente impossível de ser aceito, pois lhe foi pedido algo impossível se levarmos em contar a lógica do propósito divino para sua vida. Deus pediu em holocausto “o filho da promessa”. Logo, levando em consideração a relevância da relação espiritual da existência desse filho (Gn 15.2-5; 17.4-7,16,21), e a relação emocional familiar entre Abraão, Isaque e sua mãe, Sara (Gn 18.9-14; 21.1,6,7), o patriarca não podia entender as razões da ordem de Deus. Era como o Eterno ordenasse a devolução de algo que havia dado a Abraão. Era, de fato, uma prova que superava todas as demais experimentadas por Abraão. Pois, para cumprir o desafio que Deus lhe fizera, o patriarca teria sua capacidade espiritual, emocional e intelectual testada ao máximo.
Mas, sobre a limitação da capacidade humana, o apóstolo Paulo diz: “Não que sejamos capazes...,mas a nossa capacidade vem de Deus” (2 Co 3.5). Por isso, em sua infinita sabedoria divina, somos conduzidos, às vezes, ao limite de nossa resistência para aprendermos a confiar no poder de Deus. Quantas vezes confessamos nossas limitações e dizemos: “Não posso mais! Não aguento mais! Estou sem forças para reagir e prosseguir.” Todavia, o Senhor não deixa que nossas resistências desfaleçam sem que saibamos que Ele nos prova para que o conheçamos melhor. Quanto a esta verdade, aqui, também, não há melhor exemplo do que o patriarca Jó!

3. Um pedido difícil. 
Como já abordamos, Abraão foi submetido por Deus a uma experiência que provaria a qualidade de sua fé e confiança no poder sustentador de Jeová-Jiré, o Deus de Israel. Deus ordena ao patriarca que vá ao monte, chamado Moriá, ali ele deveria oferecer seu filho, Isaque, em sacrifício. O Senhor sabia que Isaque era o objeto de maior amor de Abraão e, portanto, tornar-se-ia numa das maiores provas de sua vida (Gn 22.2).
Embora Abraão viesse de uma cultura pagã e, portanto, sendo conhecedor destas práticas, em momento algum em sua caminhada de fé no Deus Vivo, jamais foi requerido dele tal prática. Contudo, agora, Deus lhe faz esta solicitação, sendo que a vítima do sacrifício seria o filho da promessa.
Humanamente falando, a prova aparenta ser num grande paradoxo onde um Deus amoroso, justo e santo aceitaria um sacrifício humano tal quais as religiões da época. Na verdade, era um enorme contrassenso, pois como já explicamos, constituía-se em práticas pagãs. Contudo, pela fé, Abraão obedece à ordem de Deus e toma o caminho do sacrifício com seu filho Isaque.
O apostolo Paulo declarou que “a fé opera pelo amor” (Gl 5.6) e esta verdade mostra que Abraão amava a Deus mais do que a qualquer outra coisa em sua vida. Sabemos que a família é a base de tudo em nossas vidas, porém o nosso coração , isto é, o nosso amor deve está direcionado ou focado exclusivamente em Deus. Foi exatamente o que o Mestre Jesus nos ensinou: “Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim, não é digno de mim; quem ama o filho ou a filha mais do que a mim, não é digno de mim” (Mt 10.37). O Senhor também disse: “Pois onde estiver o vosso tesouro, ai estará o vosso coração” (Mt 6.21). Deus acabou de me dá uma perguntinha para nós: “Aonde está o nosso coração?”. Portanto, quando Deus o prova pedindo-lhe o “filho do seu amor”, Abraão, com o coração estremecido pelo pedido de Deus, não titubeia em oferecer seu filho Isaque em sacrifício, porque cria que Deus era poderoso até para dos mortos o ressuscitar (Hb 11.18). Eis o que Deus provara de Abraão!


II. PROVAÇÃO NO MONTE DO SACRIFÍCIO
Mas, em que consistia a prova de Abraão? Na fé, na obediência ou no amor? Ora, para entendermos as prioridades que devem nortear a nossa vida, devemos, de fato, saber o que é importante na nossa vida? O que consideramos prioridade máxima em nossa vida? Podemos depreender dos seguintes textos de Gênesis 15.2,3; 17.21; 21.8; 22.2 que Isaque era prioridade na vida de Abraão. Mas, seria Isaque prioridade máxima na vida do patriarca? Na verdade, Deus não estava querendo exigir de Abraão além do suportável. Todavia, a essência da prova estava contida nestes três elementos, a saber: amor, obediência e .

1. Amor, obediência e fé no monte. 
O primeiro dos elementos em que Abraão seria provado era o seu amor para com Deus. Quanto a este fato, as Escrituras expressamente nos ensinam: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de toda a tua força” (Dt 6.5). O Senhor Jesus reiterou tal mandamento em Mt 22.37. E, o apóstolo Paulo, além de ensinar que “a fé opera pelo amor” (Gl 5.6), como já mencionado, também acrescentou: “Agora permanecem estes três: a fé, a esperança e o amor, mas o maior destes é o amor” (1 Co 13.13). O apóstolo ainda disse: “A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros [...]” (Rm 13.8). Ora, se não podemos deixar de amar nosso próximo, o que dizer então, se não devotarmos a Deus o amor que lhe é exclusivo? Portanto, como já mencionamos, Deus ia prová-lo naquilo que ele mais amava – seu filho. O amor pelo filho, Isaque, não podia ser maior que o amor a Deus. Porquanto, assim, Deus manifestaria onde estava o coração de Abraão (Mt 6.21), bem  como se o mesmo era digno dEle (Mt 10.37).  
O segundo elemento em que Abraão seria provado era a obediência. Como vimos na lição anterior, desde o princípio do seu chamado, Abraão obedeceu ao Deus Altíssimo (At 7.2-4; Gn 12.1). No entanto, é impossível dissociar a obediência do patriarca de sua fé. Por isso, o autor da carta aos Hebreus, diz: “Pela fé, Abraão, sendo chamado, obedeceu [...]” (Hb 11.8). Nisto vemos que, Abraão jamais duvidara da fidelidade de Deus, por isso, a obediência do patriarca era um elemento que entrelaçado com a fé constitui-se num exemplo para vida cristã (Rm 1.5; At 5.32).
Mas, ainda que sua fé tenha obedecido ao chamado divino, o patriarca não fazia a mínima ideia de que esta fé seria submetida a um nível de prova inesperado. Contudo, as Escrituras dizem que, depois que Deus pediu-lhe o filho em sacrifício, Abraão “levantou-se, e foi ao lugar que Deus lhe dissera” (Gn 22.3). Abraão não discutiu com Deus, mas dispôs-se a obedecer-lhe mesmo não compreendendo o porquê de tal petição. 
O terceiro e último elemento que envolvia a provação de Abraão era a fé. Esta é a virtude que deu a Abraão o título de “pai da fé” (Rm 4.16; Gl 3.8,9). Não há uma definição melhor de fé do que a mencionada pelo autor da carta aos Hebreus, diz: “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam , e a prova das coisas que não se veem” (Hb 11.1). O mesmo autor, ainda diz, que “Ora, sem fé é impossível agradar a Deus, [...]” (Hb 11.6). Abraão teve sua vida foi norteada do início ao fim dela pela fé em Deus, desde a sua chamada até seus últimos dias na terra (At 7.2-4; Gn 12.1; Hb 11.8-12). O comentarista do trimestre assim trata o tema: “Sabemos que a fé é um elemento ativo da vida emocional e espiritual que ajuda a vida psicológica do ser humano, ou então a sua negação, que produz rudez e incredulidade. A fé é um elemento de nossa natureza moral e espiritual que se expressa de acordo com o direcionamento que damos a ela, a Deus ou ao Diabo, às paixões da carne ou ao Espírito Santo”.
Embora Abraão fosse um homem de fé, isto não significa que ele fosse isento de falhas; pelo contrário, o capítulo 16 de Gênesis revela-nos uma grande pedra de tropeço na caminhada de fé do patriarca. Contudo, ao exigir o Senhor seu filho como holocausto, Abraão não questionou a vontade divina. Mas, obedeceu, ainda que não entendesse aquilo; porém, crendo no milagre divino (Gn 22.5; Hb 11.19).

2. O clímax da prova. 
Clímax? O que é isso? Segundo Aurélio, clímax é o ponto culminante. Os seja, é o grau máximo ou ponto máximo. Logo, surgir-nos a pergunta: “Qual é a prova máxima de nossa fé?”. Bem, quanto a Abraão, a prova máxima foi a decisão de confrontar o desafio de Deus e coloca-lo acima dos nossos interesses pessoais. Abraão creu que os planos de Deus eram melhores que os seus. Por isso, ele apenas creu e obedeceu.
Ao chegar ao monte designado por Deus, após três dias de viagem, Abraão dar ordens aos seus servos para esperarem no pé do monte, e sobe apenas com Isaque (Gn 22.4-6). No caminho da subida, pai e filho conversavam, quando, então, Isaque pergunta ao pai: “Eis o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?” (Gn 22.7). Neste momento, o velho Abraão, de forma incisiva e confiante no Deus da Provisão, apenas lhe diz: “Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto, meu filho” (Gn 22.8).
O patriarca cria que Deus faria alguma coisa que ele mesmo não podia imaginar, e este fé em Deus deu-lhe forças para continuar a subida até o alto do monte. É natural que tenhamos dificuldades para entender as coisas espirituais, mas o Senhor, que conhece a nossa estrutura (Sl 103.14), nos fortalece para que não duvidemos de seu caráter.   

3. O momento decisivo da prova. 
Ao chegar ao lugar do sacrifício, no alto do monte, Abraão vivencia a maior crise de sua existência que, naquele momento crucial, era falar para seu filho que ele era o sacrifício que Deus havia pedido e que precisava ser realizado (Gn 22.9). Nem a história e nem as Escrituras nos informam detalhes sobre o que aconteceu naquele momento. Contudo, deduzimos que Isaque confiava no caráter de seu pai e sabia que o Deus de Abraão faria alguma coisa que impedisse aquele sacrifício.
Havia em Abraão uma predisposição para obedecer a Deus que o guiará até aquele momento de sua vida. O caminho da obediência é sempre mais difícil, mas não impossível, porque Deus age no momento certo. Assim, tanto Abraão como Isaque chegaram ao ponto máximo de sua capacidade de fé e emoção para submeter-se a essa prova (Gn 22.10). Naquele momento crucial, em que Abraão levantou o cutelo para imolar seu filho, o anjo do Senhor bradou: “Abraão! Abraão! Respondeu ele: Eis-me aqui. Disse o anjo: Não estendas a tua mão sobre o rapaz, e não lhe faças nada. Porquanto, agora sei que temes a Deus, pois não me negaste o teu filho, o teu único filho” (Gn 22.11,12).
Naquela ocasião, Deus cumpre a palavra de seu servo Abraão e prover um cordeiro para substituir Isaque (Gn 22.13). Sem dúvida alguma, Abraão chegou ao ápice de sua capacidade de fé e emoção. Mas Abraão sabia que Deus não é homem para que minta (Nm 23.19); por isso, ele arriscou no futuro e vislumbrou em sua mente a certeza de que aquele que tira a vida também a dá (1 Sm 2.6). Ver também Hb 11.19.


III. JESUS, O CORDEIRO DE DEUS NO MONTE DO SACRIFÍCIO 
Esta grandiosa prova vivida por Abraão tipifica o Plano Divino para redenção da humanidade. Dentre os elementos que compõe esta tipologia podemos citar: Abraão, Isaque, o monte, o cordeiro e o altar. O monte Moriá tipifica o Calvário; o altar do sacrifício tipifica a cruz levantada, em que Cristo foi crucificado; Abraão, o pai, tipifica Deus Pai que nos deu seu Filho unigênito para ser o Cordeiro de nossa expiação (Jo 3.16; Rm 5.8). E Isaque? Ora, Isaque tipifica a entrega voluntária de Cristo Jesus para consumação da nossa salvação. Porquanto, Assim como Isaque, que já não era criança, poderia facilmente ter evitado tornar-se uma vítima, assim também o outro Isaque, o Senhor Jesus Cristo poderia, se o desejasse, ter evitado a cruz. Eis as suas palavras: “Dou a minha vida pelas ovelhas... Ninguém a tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou. Eu tenho autoridade para dá-la, e autoridade para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai” (Jo 10.15,18).

1. O sacrifício do Cordeiro de Deus. 
Ao responder a intrigante pergunta de Isaque, o patriarca disse: “Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto, meu filho” (Gn 22.8). O termo “O Senhor proverá” ou “Deus proverá” do hebraico “Jeová-Jireh” é uma expressão profética da providência divina e manifesta como Jeová provê todas as necessidades dos seus servos. Tal fato se deu quando Abraão estava preparando-se para oferecer seu filho em sacrifício a pedido de Deus. Deus o provou e viu sua fidelidade e obediência; então, interferiu naquele momento impedindo que Abraão matasse seu filho, provendo um cordeiro para o sacrifício. Um tipo perfeito do sacrifício do Filho amado de Deus, Jesus Cristo, pelos nossos pecados. Ele foi o cordeiro mudo levado ao matadouro (Is 53.7; 1 Pe 2.24,25)
João Batista, precursor do Messias, ao ver Jesus asseverou: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1.29). É válido salientar que, por todo Antigo Testamento, o cordeiro é tido como o animal preferido para o sacrifício. É o mais frequentemente especificado na lei levítica do sacrifício. Assim, é apropriado que o inocente, inofensivo cordeiro seja o principal símbolo sacrificial do Antigo Testamento. 

2. A reconciliação mediante o sacrifício do Cordeiro. 
Em Hebreus 9.22, o autor da referida carta assim ratifica: “sem derramamento de sangue não há remissão”. Ante essa assertiva, observa-se que a história de Abraão, em Gênesis 22, é uma metáfora que revela como se deu a grande reconciliação entre Deus e o ser humano: “Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derribando a parede de separação que estava no meio, na sua carne, desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e, pela cruz, reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades” (Ef 2.13-16). Deus proveu o seu Filho como verdadeiro Cordeiro para nos reconciliar com Ele mesmo, sem imputar os nossos pecados e lançá-los em nosso rosto (2 Co 5.19). Nossa reconciliação é um dos benefícios da redenção consumada no Calvário!

3. A justificação mediante o Cordeiro. 
Outro benefício da redenção consumada no Calvário pelo Cordeiro de Deus é a nossa justificação (Rm 3.1 – 5.21). O termo “justificação” do hebraico “tsadik” e do grego “dikaios” e significa “ato de declarar justo”. Trata-se, portanto, de um processo judicial que se dá junto ao Tribunal de Deus, através do qual o pecador que aceita (confessa) a Cristo é declarado justo (Rm 5.1). Assim, muito mais forte que o amor de Abraão por Isaque foi, e ainda é, o amor do Pai Celestial por seu Filho Jesus. Contudo, para nos salvar Deus o entregou à morte (Fl 2.8), provando o seu amor por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm 5.8; 8.32; Jo 3.16).
Abraão encontrou substituto para Isaque, mas para Jesus não havia substituto. Pois, só o Pai poderia promover meios de não mais sermos achados perdidos, condenados e mortos para sempre.  Por isso, Cristo chama todos os homens ao arrependimento (2 Pe 3.9), pois a Expiação de Cristo só tem eficácia para o ser humano que se arrepende e crê no Filho de Deus. Cristo é a maior provisão de Deus para a humanidade!


CONCLUSÃO
Aprendemos nesta lição que a verdadeira fé liberta-nos do apego às coisas desta vida e faz-nos obedientes a Deus e à sua Palavra. Aprendemos, também, que Deus pode permitir certas provas para que saibamos que Ele, acima de tudo e de toda circunstâncias, é fiel e verdadeiro. E que, também, só Ele pode suprir as nossas necessidades. Por isso, a exemplo de Abraão, creia na soberania divina como está escrito: “O qual, em esperança, creu contra a esperança que seria feito pai de muitas nações, conforme o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência. E não enfraqueceu na fé, nem atentou para o seu corpo amortecido, pois era já de quase cem anos, nem tampouco para o amortecimento do ventre de Sara. Ele não duvidou da promessa de Deus, deixando-se levar pela incredulidade, mas foi fortificado na fé, dando glória a Deus” (Rm 4.18-20). Foi nesta fé que Abraão obedeceu a difícil ordem de Deus: “Pela fé Abraão, ao ser provado, ofereceu a Isaque. Aquele que havia recebido as promessas ofereceu o seu unigênito, embora Deus lhe tivesse dito: Em Isaque será chamada a tua descendência” (Hb 11.17,18). Portanto, não se entristeça e, muito menos, desista ou se desespere, mas confie e obedeça o Deus de Abraão! Deus abençoe a todos!!




REFERÊNCIAS
RICHARDS, Lawrence. Guia do Leitor da Bíblia. CPAD.
BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. CPAD.
ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD
GONÇALVES, José. Lucas – O Evangelho de Jesus, o Homem Perfeito. CPAD.
CABRAL, Elienai. O Deus de Toda Provisão. CPAD.
ALMEIDA, Abraão de. O Tabernáculo e a Igreja. CPAD.
STAMPS, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
THOMPSON, Frank C. Bíblia de Estudo Thompson. VIDA.
PFEIFFER, Charles; VOS, Howard; REA, Jonh. Dicionário Bíblico Wycliffe. CPAD.
CABRAL, Elienai. Lições Bíblicas. (4º trimestre/2002). CPAD.
AURÉLIO, Minidicionário. 3º Edição. NOVA FRONTEIRA.
CRISTÃO, Revista Ensinador. Nº 68. CPAD.




Por Amigo da EBD.


quarta-feira, 19 de outubro de 2016

QUESTIONÁRIOS DO 4° TRIMESTRE DE 2016







   O DEUS DE TODA PROVISÃO –
Esperança e sabedoria divina para
a Igreja em meio às crises  






Lição 04

Para Refletir
A respeito de Abraão, a esperança do pai da fé, responda:


Qual era a cidade natal de Abraão?
Ur dos Caldeus.

Quem Abraão levou em sua jornada de fé?
Seu pai, sua esposa e seu sobrinho Ló.

Qual foi a atitude errada de Abraão ao entrar no Egito?
Ele mentiu dizendo que Sara era sua irmã.

Quais são as promessas de Deus a Abraão estudadas na lição?
“Far-te-ei uma grande nação e abençoar-te-ei”, “engrandecerei o teu nome” e “em ti serão benditas todas as famílias da terra”.

Qual era o projeto de Deus ao chamar Abraão?
Era fazer da descendência de Abraão um povo separado, e da semente dele enviar a Jesus Cristo, para salvar todas as famílias da Terra.



sábado, 15 de outubro de 2016

LIÇÃO 03 – ABRAÃO, A ESPERANÇA DO PAI DA FÉ








Gn 12.1-10





INTRODUÇÃO
Queridos (as) irmãos (ãs), nesta lição estaremos estudando sobre o grande exemplo de fé de nosso pai Abraão. São muitos os exemplos de fé descritos na Bíblia, mas este se destaca com especial tratamento denominando-o de “pai da fé”. A palavra fé, do ponto de vista escriturístico, tem o significado básico de “fidelidade” (Dt 32.4; Sl 36.5; 37.5). Na verdade, o estudo da vida de Abraão é de grande valor pelo fato de ser ele o pai da nação eleita – Israel, e pai na fé de todos os que crêem em Deus. Assim, desejo a todos uma excelente aula!


I. A CHAMADA DE ABRAÃO (Gn 12.1-3)
Segundo a cronologia bíblica, os primeiros onze capítulos do Gênesis compreendem um período de 1756 anos (4004 a.C. – 2248 a.C.). Este período, por sua vez, abrange da Criação até a Dispersão das Raças. Porém, da Dispersão das Raças até a Chamada de Abraão são mais 327 anos, ou seja, 1921 a.C. É exatamente aqui, em Gêneses 12 até Êxodo 12, que temos o Período Patriarcal que durou 430 anos (1921 – 1491 a.C). Este período é também conhecido como Era Patriarcal ou Dispensação da Promessa, sendo esta a quarta dispensação segundo a teologia.
Assim, no contexto dos primeiros onze capítulos do Gênesis, quatro homens se destacam na história da humanidade: Adão, Sete, Enoque e Noé. Nesses mesmos capítulos, destacam-se também, quatro importantes eventos: a criação, a queda do homem, o Dilúvio e a torre de Babel. Portanto, os primeiros acontecimentos da história da humanidade encontram-se no contexto desses capítulos.
Mas, é a partir do capítulo 12 de Gênesis, que inicia-se a era patriarcal, e nesse período destacam-se os patriarcas Abraão, Isaque, Jacó e José. Após a confusão de línguas em Babel, as gentes espalharam-se por toda parte e as características raciais se tornaram distintas por toda a terra. As organizações tribais, as línguas e as etnias acabaram por formar as nações espalhadas no mundo inteiro. Organizaram-se, também, sistemas de governo de povos, de famílias e tribos, e iniciou-se a era patriarcal, em que o pai de família se constituía em chefe, príncipe de tribos e famílias. Entre tantos personagens que existiram antes de Abraão, e que deixaram sua marca na história. Contudo, Abraão, é quem foi chamado por Deus para fazer parte do maior projeto divino – o projeto da salvação de todos os povos da terra (Gn 12.3; Gl 3.8; Ap 5.9).   

1. Um projeto divino.
Antes de prosseguirmos, faz-se necessário distinguir Onisciência de Presciência. A Onisciência é um atributo natural, absoluto e incomunicável de Deus em que Ele tudo sabe e tudo Conhece. Nada lhe é oculto (Sl 139; Hb 4.13). Já a Presciência é o aspecto da onisciência relacionado com o fato de Deus conhecer todos os eventos e possibilidades futuros (1 Sm 23.10-12; Is 46.10; At 2.23; 1 Pe 1.2,20). A palavra do Novo Testamento traduzida “presciência” (que significa “conhecer de antamão”) é “prognosis”, da qual deriva a palavra “prognóstico” em português. Significa “saber antes” (“pro” = antes; “gnosis” = saber ou conhecer). Logo, não existe o fator surpresa para Deus. Por isso, Deus não foi surpreendido com a queda de Adão; pelo contrário, Ele já havia provido o remédio contra o pecado, pois em Apocalipse 13.8 diz: “[...] no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo”. Em sua Suprema Sabedoria e Presciência, Deus antes de criar o mundo visível e tudo que nele há, já providenciara a solução para redimir e restaurar o homem – a coroa da sua criação. Portanto, é nesse contexto que, Deus se revela a Abraão e lhe faz grandes promessas para torná-lo o pai de uma grande nação.    

2. O desafio de acreditar no projeto divino. 
Nada sabemos do período da vida de Abraão desde o seu nascimento (1921 a.C. segundo o Pr. Ant. Gilberto) até o momento de seu chamado por Deus. O que sabemos é que Abrão (pai elevado ou pai das alturas), cujo nome Deus mais tarde mudou para Abraão (pai fecundo ou pai de uma multidão), nasceu em uma das fabulosas cidades do mundo antigo, Ur. Esta era a famosa cidade sumeriana localizada às margens do Rio Eufrates, cerca de 241 Km a nordeste da costa do atual Golfo Pérsico. Era a mais importante dentre um complexo de cidades-estados e sua civilização era altamente culta.
Nos dias de Abrão, 4.100 anos passados, Ur era o centro de uma rica cultura, uma cidade que ostentava uma arquitetura monumental, enorme riqueza, moradia confortáveis, música e arte. Era, portanto, uma cidade altamente cosmopolita, já que não-sumérios como o próprio Abraão e seus antepassados – de origem semítica – lá viveram e fundiram seus conhecimentos intelectuais e sua cultura com o lastro cultural dos sumérios. Em sua terra natal, Abrão ‘servia a outros deuses’ (Js 24.2,14,15). No entanto, quando recebeu o chamado de Deus, Abrão deixou sua civilização e peregrinou para Canaã, onde viveu como nômade em tendas por quase cem anos.
Nesse contexto, surge a questão: Como Abraão veio a conhecer a Deus em meio a tanta idolatria? Está confirmado pela História e pela Arqueologia que a religião dos povos primitivos era monoteísta (Rm 1.20). Além disso, Sem foi contemporâneo de Abraão durante 150 anos, conforme capítulos 5 e 11 de Gênesis, e pode ter-lhe transmitido diretamente a revelação divina. Deus também podia revelar-se diretamente a ele, pois é soberano, inclusive na chamada (ver Mc 3.13).
Diante de tais fatos, Abraão é desafiado a abandonar seu velho estilo de vida com suas crenças, e aceitar o chamado divino para a realização de um projeto especial em sua vida. O chamado divino requereria de Abraão total obediência do mesmo. Tratava-se, portanto, de um contrato (pacto) de promessas e compromissos. É aqui, neste exato momento, que as Escrituras Sagradas asseveram: “Creu Abrão no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça” (Gn 17.6; Rm 4.3-6; Gl 3.6; Tg 2.23). Abraão creu e aceitou pela fé o desafio de seu chamado, e saiu daquela terra para uma terra que não conhecia (Hb 11.8). Esse fato é o ponto chave para uma das principais doutrinas cristãs – A Justificação pela Fé. Porquanto, fé e obediência são os elementos mais fortes de uma relação com Deus.
Abraão poderia ter discutido e questionado o projeto de Deus para sua vida, mas não o fez, porque entendeu que o projeto de Deus era muito superior ao que ele mesmo pudesse compreender. Qualquer um de nós prefere conhecer os detalhes de um projeto antes de aceitá-lo. Em vez disto, Abraão partiu para um lugar desconhecido pela fé.

3. Um projeto para abençoar as nações. 
Sabemos que o projeto divino era abençoar todas as famílias da terra por meio de Abraão (Gn 12.3b). Então, surge a indagação: Porque Abraão? Devemos compreender que Abraão foi chamado não como um ato de acepção arbitrária, e muito menos ainda, como um ato determinista de Deus. Mas, no fato de que, ele possuía as qualidades necessárias com as quais o plano divino seria mantido e cumprido (Ne 9.7,8). Além disso, ele descendia de Sem (Gn 11.10-26). Assim sendo, a intenção de Deus era que houvesse um homem que o conhecesse e o servisse e guardasse os seus caminhos (Gn 18.19). Dessa família surgiria uma nação escolhida, de pessoas que se separassem das práticas ímpias doutras nações, para fazerem a vontade de Deus. Dessa nação viria Jesus Cristo, o Salvador do mundo, o prometido descendente da mulher (Gn 3.15; Gl 3.8,16,18). Tudo estava sob a presciência de Deus!


II. A PROVISÃO DE DEUS
Quando lemos Gênesis 12, num primeiro momento pensamos que aqui ocorreu o chamado de Abraão. Pois é, mas na verdade, ao lermos At 7.2-4, Estevão nos revela que ocorreram dois chamados. O primeiro na cidade natal de Abraão, em Ur dos Caldeus (At 7.2), o segundo em Harã, lugar do sepultamento de seu pai Terá (Gn 11.31-12.1). Esse segundo chamado em Gênesis 12 é, na verdade, uma confirmação do primeiro. Essa é uma verdade importante que deve ser observada.  

1. Abraão sai da sua terra (Gn 12.4-8). 
Ao revelar-se a Abraão em Ur dos Caldeus, o Senhor lhe ordenou: “Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai [...]” (At 7.2). Infelizmente, dentre as muitas falhas do patriarca, a primeira foi a interferência familiar. Assim, Abraão não teve forças para obedecer totalmente (100%) ao que Deus lhe dissera. Ele deixou-se influenciar por um sentimentalismo familiar, levando consigo em sua peregrinação inicial a casa de seu pai e o sobrinho Ló e sua família. Estes só lhe trouxeram aborrecimentos e entraves à sua peregrinação. Mesmo assim, Deus não desistiu de Abraão, porque conhecia o coração dele. Contudo, ficamos a lição de que interferências sempre são perigosas quando temos um plano de Deus em nossas vidas.

2. Abraão enfrenta escassez em Canaã (Gn 12.9,10). 
Ficando em Harã por algum tempo, os planos iniciais para terra de Canaã foram atropelados por seus familiares. Após a morte de seu pai, Terá, Abraão ouve a voz de Deus (segundo chamado) e, sem tosquenejar, sai de Harã e vai par Canaã, passando a habitar em Siquém. Ali, Abraão que sempre procurava manter comunhão com Deus e sua orientação para essa jornada, ergue um altar ao Senhor. Porém, ele ainda continuava preso a seus familiares.
Embora Abraão tivesse promessas de Deus em sua vida, essas não o isentavam de problemas e provações. A primeira delas ao chagar em Siquém foi a oposição dos cananeus. Em seguida, Abraão percebendo a escassez de grama e de grãos, deixou de olhar para o Senhor e passou a considerar a escassez da terra, que por questões climáticas havia se tornado seca e a fome era sentida naquele lugar. Mas, porque haveria fome justamente na terra para onde Deus havia chamado Abraão? Este foi um teste para a fé de Abraão que não questionou a liderança de Deus. Contudo, ele deveria buscar de Deus uma resposta, mas não a vez. Ao invés disto, Abraão tomou a decisão de ir para o Egito. O que quase lhe custou à esposa!

3. Abraão enfrenta esterilidade de sua esposa (Gn 16.1-6,10,11,15,16). 
Em uma de suas promessas ao patriarca Abraão, Deus havia tido: Far-te-ei uma grande nação”. Porém, Abraão e Sara estavam casados a muitos anos. Na verdade, eles estavam avançados em idade, ele com quase 100 anos e ela com 90 anos (Gn 17.17,24). Até então, não tinham filhos para alegrar lar e cumprir as maravilhas profecias a respeito do futuro do casal. Conforme os anos foram se passando, a dissonância entre a promessa e as circunstâncias foi-se tornando cada vez mais frustrante (Gn 15.2,3). Não ter filhos era uma calamidade e uma desgraça para qualquer esposa hebreia, e para Sara era pior ainda (Gn 18.11,12). O que aconteceu? Marido e esposa quiseram ajudar a Deus no cumprimento de sua promessa (Gn 16.1,2). Este episódio nos leva a uma infeliz conclusão: Sempre que homens e mulheres permitem que a sua fé desabe, recorrem a expedientes humanos. E o fim é sempre discórdia, tragédia e sofrimento. Que Deus tenha misericórdia de nós!


III. AS PROMESSAS DE DEUS NA VIDA DE ABRAÃO 
Para que essas promessas se cumprissem na vida de Abraão, ele teria que cumprir primeiro à ordem divina: ““Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei ” (Gn 12.1). Tratava-se, portanto,  de uma promessa condicional. Deus para realizar a sua parte, primeiro requeria do patriarca a dele. Noutras palavras, a obediência era e continua sendo o fator chave de todas as bênçãos de Deus. Se Abraão obedecesse, as provisões divinas, em termos de saúde, de prosperidade material, de tudo que necessitasse em sua peregrinação seriam providos pelo Senhor. Todavia, três delas se destacavam a saber:

1. “Far-te-ei uma grande nação e abençoar-te-ei”. 
Os povos judeus e árabes são descendentes de Abraão (Gn 21.18; 25.13-18). Abraão teve uma vida longa (Gn 25.7) e foi abençoado com grande riqueza (Gn 13.2). Melhor de tudo, Deus lhe perdoou e o protegeu (Gn 12.17,20), e a Abrão foi concedido um relacionamento pessoal com o Senhor (Gn 15.6, 18.17-19).

2. “Engrandecerei o teu nome”. 
Abrão trocou a desvanecente glória deste mundo por um relacionamento pessoal com Deus — e ganhou fama imortal. Hoje ele é reverenciado por adeptos de três grandes religiões mundiais: judaísmo, islamismo e cristianismo. O Antigo Testamento o reconhece como patriarca do povo escolhido de Deus, os judeus. E o Novo Testamento o dignifica como o pai espiritual de todos que ‘andam nas pisadas daquela fé de Abraão, nosso pai’ (Rm 4.12).

3. “Em ti serão benditas todas as nações da terra”. 
Esta é a segunda profecia das Escrituras sobre a vinda de Jesus Cristo a este mundo. O texto fala de uma bênção espiritual que virá através de um descendente de Abraão. Paulo declara que esta bênção se refere ao evangelho de Cristo, oferecido a todas as nações. A promessa de Deus a Abrão revela que, desde os primórdios da raça humana, o propósito do evangelho era abençoar todas as nações com salvação. Deus está agora realizando os seus propósitos através de Jesus e seu povo fiel, que compartilha da sua vontade de salvar os perdidos, enviando pregadores para proclamar o evangelho a todas as famílias da terra


CONCLUSÃO
A chamada divina feita a Abraão coloca-o entre aqueles que Deus em sua presciência conhecia e, por isso, o escolheu para ser o homem a cumprir os seus desígnios. Abraão foi obediente à chamada divina e pautou toda a sua vida pelo princípio de fazer a vontade de Deus. Porquanto, ele sabia que “aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1 Jo 2.17). Por isso, ele foi chamado de ‘Amigo de Deus’ (Tg 2.23). Deus abençoe a todos!




REFERÊNCIAS
RICHARDS, Lawrence. Guia do Leitor da Bíblia. CPAD.
GILBERTO, Antonio. A Bíblia Através dos Séculos. CPAD.
ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD
CABRAL, Elienai. O Deus de Toda Provisão. CPAD.
GIBBS, Carl Boyd. A Doutrina da Salvação. EETAD.
STAMPS, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
CABRAL, Elienai. Lições Bíblicas. (4º trimestre/2002). CPAD.





Por Amigo da EBD.