sábado, 29 de dezembro de 2018

LIÇÃO 13 – A HUMILDADE E O AMOR DESINTERESSADO (SUBSÍDIO)






Mt 14.7-14




INTRODUÇÃO
Na última lição deste trimestre, abordaremos pelo menos duas parábolas contadas por Jesus durante uma refeição; inicialmente destacaremos distinções destas parábolas, o que motivou o Mestre a contá-las e quais os seus objetivos; por fim, concluiremos trazendo lições práticas sobre a humildade e o amor, virtudes destacadas nestas narrativas.


I. A PARÁBOLA DOS PRIMEIROS ASSENTOS: LUCAS 14.7-11
Em Lucas 14 encontramos o registro de uma sequência de quatro parábolas, destas destacaremos duas. Alguns detalhes interessantes merecem ser destacados sobre elas, a saber: a) estas parábolas constam apenas no evangelho conforme Lucas; e, b) diferente das outras, elas não foram contadas para responder algum questionamento, mas para combater alguns comportamentos, dos religiosos da sua época.

1. O contexto.
Lucas inicia o capítulo catorze dizendo que “num sábado”, Jesus, foi convidado a comparecer na casa de um dos “principais dos fariseus” (Lc 14.1a), para uma refeição: “para comer pão” (Lc 14.1b). Beacon (2006, p. 445) acrescenta que: “esta é uma das muitas ocasiões em que os fariseus agiam como hipócritas, sempre fingindo ser amigos de Jesus para alcançar os seus objetivos malignos. A aceitação de um convite como este por parte de Jesus demonstrou coragem e amor. Ele sabia por experiência o perigo que correria, mas seu amor por todos os homens - incluindo os fariseus, não deixaria que Ele abrisse mão desta oportunidade”. Nessa ocasião, Jesus curou um homem que se fez presente e que tinha uma doença chamada “hidropisia” (Lc 14.2), que é uma inchação do corpo produzida pela retenção excessiva de líquido nos tecidos (MOODY, sd, p. 66). Mas, antes ele fez um questionamento se era lícito curar alguém no sábado? Como todos eles calaram-se (Lc 14.4-a), Jesus curou o homem (Lc 14.4b). E, fez uma outra pergunta dizendo: “Qual será de vós o que, caindo-lhe num poço, em dia de sábado, o jumento ou o boi, o não tire logo?” (Lc 14.5-b). Novamente eles calaram-se, porque entendiam que não podiam dar mais valor a vida animal que a vida humana (Lc 14.6).

2. O que motivou a parábola.
Diferente da maioria das parábolas, estas não foram contadas pelo Mestre para responder algum questionamento, na verdade, o comportamento dos convidados no banquete, deu a Jesus a oportunidade para dar uma lição. Embora durante a refeição a que fora convidado, Jesus estivesse sendo observado: “eles o estavam observando” (Lc 14.1b) claramente estavam esperando que o apanhassem fazendo alguma coisa pela qual pudessem fazer acusações formais contra Ele. O que eles não imaginavam é que Jesus também os estava observando e que tinha várias acusações a fazer contra eles: “[Jesus] reparando como escolhiam os primeiros assentos” (Lc 14.7-b). Moddy (sd, p. 66) diz que: “a posição social era coisa importante na sociedade daquele tempo, e cada convidado queria ocupar o mais alto lugar de honra que conseguisse pegar”. Capítulos antes deste acontecimento, descobrimos que os fariseus tinham sido denunciados por Jesus de amarem os primeiros assentos, literalmente, “lugares de honra” (Mt 23.6; Lc 11.43).

3. A parábola.
Jesus aproveitou o comportamento reprovável dos convidados, durante a refeição, para lhes trazer um ensinamento: “E disse aos convidados uma parábola […]” (Lc 14.7a). Na parábola, Jesus falou a respeito de um casamento, onde várias pessoas são convidadas. Sabendo que todos convidados para uma celebração desta são importantes, o Mestre destacou que, existem alguns que pelo grau de parentesco, intimidade ou consideração ocupam lugares de destaque na festa. Ciente disto, Jesus falou que os convidados devem ter o cuidado de não preferirem lugar de honra ou primeiro lugar (Lc 14.8a), pois na festa, o lugar nas cadeiras não ficava sob a preferência dos convidados senão dos celebrantes (Lc 14.9). Logo, se alguém sentasse nalgum lugar indevido, poderia sofrer a vergonha de ser substituído por outra pessoa que fosse mais digna de honra: “não te assentes no primeiro lugar; não aconteça que esteja convidado outro mais digno do que tu” (Lc 14.8). Era preferível procurar o derradeiro lugar e ter a honra de ser chamado porque aquele que convidou para um lugar superior (Lc 14.10).

4. O objetivo da parábola.
O principal ensinamento transmitido por Jesus aqui é uma lição sobre a humildade, e não simplesmente regras para serem observadas em encontros sociais. Segundo o dicionarista Houaiss (2001, p. 1555), “humildade” significa: “virtude

caracterizada pela consciência das próprias limitações; simplicidade; ausência completa de orgulho; rebaixamento voluntário por um sentimento de fraqueza ou respeito”. A Bíblia destaca a humildade como virtude necessária em todos os aspectos da vida humana (Pv 15.33; 18.12; 22.4; Ef 4.1,2; Fp 2.3; Cl 3.12; 1 Pd 5.5). Beacon (2006, p. 447), pontua duas coisas que devem nos motivar a sermos humildades, a saber: (a) a atitude humilde não apenas evita o risco da humilhação, mas é sempre o caminho da exaltação (Sl 147.6; Lc 1.52); e, (b) a atitude humilde deveria ser tomada, não porque funciona, traz honra, mas porque é a certa (Pv 14.21; Mq 6.8). Jesus encerrou a parábola com uma séria advertência dizendo: “Porquanto qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado” (Lc 14.11). Acerca da humildade Morris (2007, p. 219) diz: “a maneira de chegar ao alto é começar em baixo. Se alguém escolher o lugar mais baixo, a única direção em que pode ir é para cima”.


II. A PARÁBOLA DO JANTAR: LUCAS 14.12-14
Nesta mesma ocasião em que contou uma parábola destacando a importância da humildade para os convidados, Jesus viu que alguma coisa precisava ser dita também ao anfitrião: “E dizia também ao que o tinha convidado” (Lc 14.12a). Vejamos:

1. O que motivou a parábola.
O fariseu havia convidado Jesus para uma refeição, prática comum dessas classes de religiosos para com o Mestre (Lc 7.36; 11.37); e também convidou outras pessoas dentre elas: “vizinhos ricos” (Lc 14.1,7). Pelo menos, para este fariseu oferecer uma refeição a alguém de importância, pessoas ricas, era garantir também o recebimento de um futuro convite. Sabedor disto, Jesus contou uma parábola (Lc 14.12).

2. A parábola.
Já vimos que o fariseu não convidou Jesus para uma refeição apenas por hospitalidade, mas porque queria observar o Mestre e quem sabe encontrar nele algum comportamento reprovável (Lc 14.1). Boyer (2011, p. 126) afirmou que: “a hospitalidade manifesta neste lar deu ocasião a hostilidade escondida”. Apesar disso, foi Jesus quem viu nesse homem um comportamento que precisava ser corrigido, e o Mestre o fez, contando uma parábola, dizendo: “Quando deres um jantar, ou uma ceia, não chames os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus parentes, nem vizinhos ricos, para que não suceda que também eles te tornem a convidar, e te seja isso recompensado” (Lc 14.12).

3. O objetivo da parábola.
Esta parábola tem como principal objetivo destacar a virtude do “amor desinteressado”. Jesus ensinou ao fariseu que em vez de convidar para o jantar pessoas que podiam retribuir seu feito, ele deveria fazer o contrário: “Mas, quando fizeres convite, chama os pobres, aleijados, mancos e cegos, e serás bem-aventurado; porque eles não têm com que to recompensar; mas recompensado te será na ressurreição dos justos” (Lc 14.13.14).


III. ALGUMAS LIÇÕES SOBRE A VIRTUDE DO AMOR
O dicionário teológico define a palavra “amor” como: “sentimento que nos constrange a buscar, desinteressada e sacrificialmente o bem de outrem” (ANDRADE, 2006, p. 42). Sobre o amor a Bíblia diz que:

1. O amor deve ser dirigido a todos indistintamente.
Assim como Deus não faz acepção de pessoas (Dt 10.17; 2 Cr 19.7; Jó 34.19; At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9; 1 Pe 1.17), mas ama a todos indistintamente: “Deus amou o mundo […]” (Jo 3.16). Logo, Ele espera que assim façamos (Dt 16.19; Jó 13.10; Ml 2.9; Tg 2.1,9). Na parábola do bom samaritano, vemos Jesus relatando o samaritano ajudando o judeu, exercendo misericórdia apesar das diferenças que havia entre eles (Lc 10.33-35). A Bíblia nos diz que devemos amar: a) a Deus (Dt 6.5; 11.1; Mc 12.30); b) a família (Ef 5.25; 1 Tm 5.8; Tt 2.4); c) ao próximo (Lv 19.18; Lc 10.27; Gl 5.14); d) aos inimigos (Mt 5.44); e, e) aos santos (Rm 12.10; 1 Pe 1.22).

2. O amor não busca os seus próprios interesses.
Se existe uma virtude que é altruísta é o amor (1 Co 13.5). Segundo o dicionário (2001, p. 171) a palavra altruísta, quer dizer: “sentimento de quem põe o interesse alheio acima do próprio”, ou seja, uma pessoa altruísta está mais preocupada com o interesse do próximo do que com o seu. Acerca desta declaração Lopes (2008, pp. 247,248 – acréscimo nosso) afirmou que: “o amor é a própria antítese do egoísmo. Ele não é egocentralizado, mas outrocentralizado. Ele não vive para si mesmo, mas para servir ao outro”. Não podemos como cristãos vivermos como o mundo numa guerra desenfreada pela satisfação pessoal. Paulo ensinou aos coríntios que ninguém deveria buscar o proveito próprio “antes cada um o que é de outrem” (1 Co 10.24).

3. O amor não faz por obrigação.
Até mesmo as coisas mais nobres se feitas sem amor perdem o seu sentido: “E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria” (1 Co 13.3). Barclay (sd, p. 167), “a única forma de dar verdadeiramente, é quando nossa dádiva provém do influxo incontrolável do amor”. Paulo ensinou que: “Todas as vossas coisas sejam feitas com amor” (1 Co 16.14).

4. O amor não faz por ostentação.
O verbo “ostentar” significa: “mostra-se; exibir-se com aparato; alardear” (HOUAISS, 2001, p. 2089). Os fariseus eram peritos em fazer coisas para serem apresentados, e Jesus reprovou esta atitude (Mt 6.2,5,18). Lucas nos mostra que, Barnabé vendeu sua propriedade para depositar aos pés dos apóstolos, para assistir aos necessitados da igreja (At 4.36,37); Ananias e Safira, também venderam sua herdade e depositaram aos pés dos apóstolos (At 5.1-11). A obra era praticamente a mesma. No entanto, a diferença entre eles era a motivação. Enquanto Barnabé foi inspirado pelo amor; Ananias e Safira, pela ostentação e por isso foram severamente punidos (At 5.9,10).


CONCLUSÃO
A humildade e o amor são virtudes que devem fazer parte do caráter daquele que segue a Cristo, pois Ele as tem e espera que os seus seguidores imitem o Seu exemplo (Mt 11.28; Jo 15.12).




REFERÊNCIAS
Ø  ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø  BARCLAY, William. Comentário de Lucas. PDF.
Ø  BOYER, Orlando. Espada Cortante 2. CPAD.
Ø  HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
Ø  HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Ø  LOPES, Hernandes Dias. 1 Coríntios: como resolver conflitos na igreja. HAGNOS.
Ø  MOODY, D.L. Comentário Bíblico de Lucas. IBR.
Ø  MORRIS, Leon L. Lucas introdução e comentário. VIDA NOVA.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.



Por Rede Brasil de Comunicação.



LIÇÃO 13 - O VENTO AINDA SOPRA ONDE QUER (VÍDEO AULA)





terça-feira, 25 de dezembro de 2018

QUESTIONÁRIOS DO 4° TRIMESTRE DE 2018








   O VENTO SOPRA ONDE QUER –
O Ensino Bíblico do Espírito Santo e
sua Operação na Vida da Igreja.







Lição 12

Hora da Revisão
A respeito do tema “As Prioridade Missionária dos Pentecostais”, responda:


1. Qual a mensagem dos pentecostais em relação a missões?
A mensagem é que Deus amou o mundo.

2. A salvação é ofertada a todos, sem distinção?
Sim. Cremos que Deus estende seu amor e misericórdia a todos os homens.

3. Os discípulos de Jesus foram missionários? Qual foi a estratégia de Jesus para enviá-los?
Sim. eles foram missionários. A estratégia de Jesus foi enviá-los de dois em dois e comissioná-los para curar enfermos e dizer que o Reino de Deus havia chegado.

4. A ordem de Jesus em Atos 1.8 era simultânea? Ou devemos primeiro alcançar Jerusalém?
Sim. Os discípulos deveriam falar do Senhor simultaneamente. Mesmo com as diferenças culturais existentes nesses lugares, os seguidores de Jesus deveriam alcançar a todos.

5. O que missões pentecostais não podem deixar de ensinar?
A respeito do batismo com o Espírito Santo evidenciado pelo falar em línguas estranhas.



QUESTIONÁRIOS DO 4° TRIMESTRE DE 2018








   AS PARÁBOLAS DE JESUS –
As Verdades e Princípios Divinos
para Uma Vida Abundante.







Lição 12

Para Refletir
A respeito de “Esperando, mas trabalhando no Reino de Deus”, responda:

Pelo contexto escatológico, qual é a finalidade da parábola dos talentos?
Pelo contexto escatológico em que foi contada, muito provavelmente a parábola dos talentos tem como finalidade retratar o período que abrange desde a ascensão de Jesus até sua segunda vinda e foi dirigida aos seus discípulos com o objetivo de alertá-los a ter uma vida pautada nos valores do Evangelho (Mt 25.13-15).

Quem os servos da parábola representam?
Os servos eram, inicialmente, os doze discípulos a quem Jesus dirigiu a parábola, num sentido mais amplo, refere-se a todas as pessoas nascidas de novo.

Qual é a atitude que se espera de quem realmente tem um chamado da parte de Deus?
Reconhecer que a nossa capacidade vem de Deus.

Para que recebemos dons da parte do Senhor?
Recebemos algo de Cristo, ou seja, dons e talentos, com a finalidade de trabalharmos para Ele, pois a “manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil” (1 Co 12.7).

Você tem utilizado seus talentos e dons em prol do Reino de Deus?
Resposta pessoal.



sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

LIÇÃO 12 – ESPERANDO, MAS TRABALHANDO NO REINO DE DEUS (SUBSÍDIO)


  




Mt 25.14-30





INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos a parábola dos talentos onde veremos a motivação, a natureza e o propósito que levou Jesus a contá-la; pontuaremos os principais elementos desta parábola e seus significados; bem como, estudaremos algumas lições para a vida da igreja.


I. CONSIDERAÇÕES SOBRE A PARÁBOLA DOS TALENTOS
Num sentido mais profundo e espiritual, para a Igreja, os talentos representam os Dons de Deus, de Cristo e do Espírito Santo, que são capacitações ou manifestações especiais do Espírito Santo agindo no crente para o progresso da obra de Deus na Terra (1 Co 12.6; 28; Rm 12.6-8; Ef 4.11). Vejamos a motivação, a natureza e o propósito desta parábola:

1. Motivação da parábola.
A Parábola dos Talentos está localizada na narrativa bíblica logo após a Parábola das Dez Virgens. Ela pertence a uma série de exortações de Jesus em relação a Sua segunda vinda. Esse discurso de Jesus ficou conhecido como sermão escatológico.

2. A natureza da parábola.
Esta foi a última parábola proferida por Jesus e juntamente com a parábola das dez virgens fazem parte do sermão escatológico de Jesus, iniciado em Mateus 24 e proferido no monte das Oliveiras (Mt 24.3). Ela é semelhante à parábola das minas, que foi apresentada alguns dias antes em Jericó (Lc 19.11-27). A parábola anterior das virgens destacou a necessidade de se estar alerta e preparado (Mt 25.1-13), já a dos talentos enfatizam a necessidade do serviço fiel durante a sua ausência.

3. Propósito da parábola.
Esta parábola é semelhante à parábola das minas (Lc 19.11-28). Em ambas, algum dinheiro é confiado aos servos. Foi narrado o que aconteceu a três deles: os dois primeiros são elogiados e o terceiro é condenado. Mas as diferenças superam as semelhanças, de modo que as duas devem ser consideradas como parábolas diferentes, proferidas em diferentes ocasiões. No texto de Mateus, o Senhor dá a um servo cinco talentos, a outro dois e ao terceiro um (Mt 25.15), ao passo que no texto de Lucas ele dá uma mina a cada um dos dez servos (Lc 19.13). As quantias são diferentes, e assim também as recompensas. Ainda assim as duas parábolas transmitem o mesmo ensino, que é o da importância de ser fiel no serviço (BEACON, 2010, p. 171).


II. PRINCIPAIS ELEMENTOS DA PARÁBOLA E SEUS SIGNIFICADOS
1. O homem que partiu para fora da terra.
Na parábola dos talentos, o homem rico representa Jesus que é o dono e proprietário absoluto de todas as pessoas e coisas, e de uma maneira especial, da Sua igreja; nas Suas mãos, Ele tem todas as coisas. Jesus aqui se retrata como sendo “um homem que, partindo para fora da terra” (Mt 25.14) prevendo a sua ascensão aos céus. Quando o senhor voltou, ele ajustou contas com eles (Mt 25.19). O texto grego diz, literalmente, “ele se reuniu com eles para fazer as contas”, isto é, ele “ajustou as contas” com eles. A mesma expressão é usada em Mateus 18.23, onde é traduzida como “fazer contas”. Provavelmente o passado contábil de Mateus, como coletor de impostos, se reflete em seu uso desta expressão de negócios “synairo logon” (BEACON, 2010, p. 171).

2. Os servos fiéis.
Os dois primeiros homens contaram que tinham dobrado os talentos que lhes haviam sido dados (Mt 25.20,22). Em resposta, o senhor disse exatamente as mesmas palavras de elogio aos dois servos. A recompensa que ele tinha prometido se baseava em fidelidade, não em habilidade. É extremamente significativo que os dois servos tenham sido elogiados por serem bons e fiéis (Mt 25.21,23), e não por serem capazes e inteligentes. Aqui estão duas virtudes honestas e sólidas que todos nós podemos ter. Estas são as duas únicas coisas que Deus requer de qualquer pessoa, que ela seja boa de caráter e fiel no serviço (BEACON, 2010, p. 171).

3. O servo infiel.
Os três servos são divididos em duas categorias: os fiéis e o infiel. Os servos fiéis colocaram os talentos a serviço de seu senhor. O servo infiel escondeu seu talento na terra. Em vez de usar a oportunidade, ele a enterrou (Mt 25.18). O senhor condenou o servo egoísta, que não tinha feito nada, dizendo que ele “era mau e negligente” (Mt 25.26). A última palavra significa: ineficiente, preguiçoso, indolente”. O homem que utiliza os seus muitos talentos sempre ganha mais. Aquele que não os utiliza os perde (Mt 25.29).

4. O talento.
Nesta parábola, os talentos têm um sentido figurado que representam valores pessoais, aptidões naturais, oportunidades que Deus nos dá para fazermos a sua obra, como autênticos mordomos. O talento era uma medida de valor comparativamente bastante alto e tem seu nome proveniente do fato de que é um peso de forma circular. Era a maior das unidades e era conhecido pelos babilônicos como “biltu” e pesava cerca de 30 kg. A palavra “talento” vem do grego “talanton” que significa: um peso, alguma coisa pesada (Ap 16.21) (MERRIL, p. 962). Na Palestina também o talento não era uma moeda, mas sim, uma medida de peso; de maneira que o valor do talento dependia se ele era de ouro (Êx 25.39), prata (Êx 38.27) ou cobre (Êx 38.29) cada um com seu próprio valor equivalente (BARCLAY, 2010, p. 743). Um talento era o valor relativo a seis mil denários, o que equivalia a seis mil dias úteis de trabalho ou vinte a trinta anos de serviço dependendo do material do talento. (ROBERTSON, 2011, p. 209). Um único talento era quase a renda de uma vida inteira e nos dias de hoje, um talento de prata valeria algo em torno de seiscentos mil reais (CARSON, 2010, p. 597).


III. LIÇÕES DA PARÁBOLA DOS TALENTOS
Podemos aplicar em nossas vidas várias lições presentes na Parábola dos Talentos. Notemos:

1. Deus não é injusto.
Nosso Deus nos concede talentos de maneira igual: “[…] chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus talentos” (Mt 24.14). Ele seria injusto se confiasse a nós algo que não pudéssemos administrar (Rm 12.6-8). É possível que o homem que recebeu menos achasse que esse único talento não era muito importante. O talento fala de fidelidade e diligência no uso das aptidões e capacitações ou manifestações espirituais especiais doadas a nós por Deus para a execução de Sua obra na Terra (1Pe 4.10-11). A verdadeira fé expressa-se pelas boas obras (Tg 2.22,23).

2. Deus nos dá talentos conforme a nossa capacidade.
Na parábola, os três homens ganham quantidades diferentes de talentos segundo as suas capacidades: “A um deu cinco talentos, a outro, dois e a outro, um, a cada um segundo a sua própria capacidade […]” (Mt 25.15). Apesar de talentos diferentes, todos receberam talentos. Mesmo o que recebeu apenas um talento, recebeu algo precioso e de muito valor e podia fazer esse talento frutificar. A fidelidade no uso dos talentos é indispensável (1 Co 4.2; 2Tm 2.2; 1Tm 3.2; Tt 1.9).

3. Deus deseja que multipliquemos os talentos que nos dá.
No acerto de contas vemos que aquele senhor se alegra com os servos que multiplicaram o talento que receberam, sem distinção. O que recebeu menos foi honrado do mesmo jeito que o que recebeu mais. O que o senhor viu foi a fidelidade no uso daqueles talentos: “Então, aproximando-se [..] Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor” (Mt 25.20-21). Ao recebermos os talentos, em gratidão a Deus por ter depositado em nós tamanha confiança, devemos aperfeiçoá-los a fim de que sejam uteis para a expansão do reino (2Co 9.10; 1Tm 4.14; 2Tm 1.6; Cl 2.19; Fp 1.9; 2Pe 1.5). O resultado dos talentos que recebemos deve glorificar unicamente ao nosso Senhor. Os dois homens que investiram o dinheiro receberam o mesmo elogio (Mt 25.21,23). O que fez a diferença não foi a porção, mas sim a proporção. Por isso o senhor lhes confiou muito mais e a sua fidelidade deu-lhes uma capacidade ainda maior de servir e de receber responsabilidades: “[…] Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei […]” (Mt 25.21).

4. Deus nos cobrará pelo que fizermos com os talentos.
Todos os três homens que receberam talentos foram cobrados pelo que fizeram com eles: “E muito tempo depois, veio o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles(Mt 25.19). Receber talentos é também receber responsabilidades (Rm 14.10; 1 Co 3.10-15). O último, apesar de ter apenas conservado o seu talento, recebeu dura cobrança por não tê-lo multiplicado: “Respondeu-lhe, porém, o senhor: Servo mau e negligente, sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei? […] Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem dez” (Mt 25.26,28). Todos compareceremos ante o tribunal de Cristo para dar contas dos nossos feitos, e para receber a recompensa de acordo com o uso que fizermos dos nossos talentos (Rm 14.10; 2 Co 5.10; Ap 22.12).

5. Nada do que temos é de fato nosso.
Somos apenas depositários, não somos donos dos talentos que recebemos (Jo 5.5; 2 Co 3.5; Fp 2.13). Nossa função é administrar e zelar por aquilo que Deus nos dá: “[…] e entregou-lhes os seus talentos(Mt 25.14). Ele é o dono dos talentos e continuará sendo, pois é Ele quem nos dá tudo que temos (At 17.24, 25, 28; 1 Co 15.10; 2 Co 3.5). O que Jesus quis ensinar nesta parábola é que Deus jamais exige do homem habilidades que este não possui, mas exige que empregue a fundo as habilidades que tem (1 Co 12.5-11). Os homens não são iguais quanto a seus talentos, mas podem ser iguais em seu esforço e trabalho: “e a um deu cinco talentos, e a outro, dois e a outro, um […]” (Mt 25.15). A parábola nos ensinaque qualquer que seja o talento que possuamos devemos entregá-lo para servir a Deus (1 Tm 4.14).

6. Receber talentos não significa ser aprovado por Deus.
 Algumas pessoas confundem os talentos com a graça salvadora de Deus, ou pior, identificam a administração dos talentos como sendo uma obra que pode conduzir alguém à salvação. Definitivamente esse não é o princípio ensinado nesta Parábola. Os talentos jamais servirão para absolver alguém no juízo vindouro: “devias, então, ter dado o meu dinheiro aos banqueiros, e, quando eu viesse, receberia o que é meu com os juros” (Mt 7.27). Ninguém poderá apresentar a multiplicação dos talentos que recebeu como um resultado meritório para a salvação eterna (Ef 2.8,9).

7. Fomos comissionados pelo Senhor Jesus.
Diz-nos que a recompensa do trabalho bem-feito é mais trabalho. Aos dois servos que tinham atuado bem não se lhes diz que se sentem a descansar sobre os louros. São dadas tarefas maiores e responsabilidades mais sérias na obra do senhor (Jo 17.18,19). A recompensa do trabalho não é o descanso e sim mais trabalho. A recompensa do Senhor (Sl 58.11; Lm 3.64; Os 4.9; 1 Co 15.58)


CONCLUSÃO
A ênfase da parábola está centrada na ideia de que os servos do Senhor precisam trabalhar de forma diligente com os dons a eles confiados, pois serão considerados responsáveis pelo Senhor quando Ele retornar: “Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel” (1 Co 4.2).




REFERÊNCIAS
Ø  CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento Interpretado – Gênesis a Números. HAGNOS.
Ø  CARSON, D. A. O comentário de Mateus. SHEDD.
Ø  HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Ø  MOODY, D. L. Comentário Bíblico de Levítico. PDF.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø  TENNEY, Merril C. Enciclopédia da Bíblia. Vol. 4. VIDA NOVA.



Por Rede Brasil de Comunicação.