sábado, 29 de novembro de 2025

ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL

1º Trimestre de 2026



No 1º trimestre de 2026 iniciaremos o Ano Letivo de nossas Escolas Bíblicas Dominicais 
estudando o tema: A SANTÍSSIMA TRINDADE – O Deus Único Revelado em Três Pessoas Eternas. O comentarista do trimestre será o Pr. Douglas Baptista
Este servo de Deus é doutor em Teologia Sistemática, mestre em Teologia do Novo Testamento pela FTCB, mestre em Ciências das Religiões pela Faculdade Unida de Vitória; pós-graduado em Docência do Ensino Superior e pela FASSEM, e licenciado em Educação Religiosa pela FASSEM e Filosofia pela ASSESB; é também pastor presidente da Assembleia de Deus de Missão do Distrito Federal, presidente da Sociedade Brasileira de Teologia Cristã Evangélica, do Conselho de Educação e Cultura da CGADB e da Ordem dos Capelães Evangélicos do Brasil; e segundo vice-presidente da Convenção dos Ministros Evangélicos das ADs de Brasília e Goiás, além de diretor geral do Instituto Brasileiro de Teologia e Ciências Humanas.
 
 
Abaixo, você pode conferir os títulos das 13 lições:
 
Lição 01 - O Mistério da Santíssima Trindade
Lição 02 - O Deus Pai
Lição 03 - O Pai Enviou o Filho
Lição 04 - A Paternidade Divina
Lição 05 - O Deus Filho
Lição 06 - O Filho como o Verbo de Deus
Lição 07 - A Obra do Filho
Lição 08 - O Deus Espírito Santo
Lição 09 - Espírito Santo - O Regenerador
Lição 10 - Espírito Santo - O Capacitador
Lição 11 - O Pai e o Espírito Santo
Lição 12 - O Filho e o Espírito
Lição 13 - A Trindade Santa e a Igreja de Cristo
 
 
Você não vai perder essa
sublime oportunidade, vai?? 

 



LIÇÃO 09 – VONTADE: O QUE MOVE O SER HUMANO






Gl 5.16-21; Tg 1.14,15; 4.13-17
 
 
 

INTRODUÇÃO
Nesta lição, demonstrar-se-á que a vontade humana, antes da Queda, estava alinhada à vontade de Deus, permitindo a plena comunhão com Ele. Entretanto, após a desobediência, a vontade foi corrompida pelo pecado, passando a estar escravizada. Portanto, nesse estado, a vontade humana, sozinha, é insuficiente, assim, necessitando da Graça de Cristo que liberta a vontade da escravidão do pecado permitindo que ela volte a alinhar-se ao propósito divino.
 
 
I. A VONTADE ANTES DA QUEDA
1. Definição do termo “vontade”.
O vocábulo vontade (do latim voluntas) vincula-se aos sentidos de: a) Capacidade de querer e de escolher, de se impelir para a ação afirmação ou recusa, subjetiva ou objetiva; b) Sentimento que leva as pessoas a se comportarem conforme essa capacidade; c) Necessidade física ou emotiva; d) Arbítrio, deliberação; e) Capricho, impulso; f) Propensão, tendência; g) Deliberação, determinação; h) Empenho, interesse, desvelo, zelo, dedicação (Aulete, 2011, p. 1428). Na teologia bíblica, a vontade é definida como “a faculdade da vontade residente por natureza em todos os seres espirituais; o poder apetitivo de um ser espiritual.
 
2. Distinção entre “vontade” e “intelecto”.
A vontade é distinta do intelecto, pois o intelecto é aquele que conhece os objetos; a vontade é aquela que tem um apetite ou desejo por eles. A vontade e o intelecto são dois dos mais sublimes poderes espirituais” (Muller, 2023, p. 432). Antes do pecado, a vontade humana era perfeita e alinhada à vontade de Deus, desfrutando de inocência e harmonia com o Criador. A natureza humana era pura, ou seja, não corrompida, permitindo uma comunhão plena com Deus. A Queda ocorreu quando a vontade humana voltou-se para si, buscando autonomia, o que gerou uma separação e um novo estado de imperfeição. Assim, vejamos algumas características da vontade humana antes do pecado: 
  • Alinhada à vontade divina. A vontade humana antes do pecado agia em perfeita sintonia com os propósitos e a vontade de Deus – “E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã: o dia sexto” (Gn 1.31). Uma vez que tudo o que Deus fez era “muito bom”, o que é interpretado como perfeição, essa perfeição estende-se à criação do universo, do planeta e da vida, culminando na criação do ser humano à sua imagem e semelhança, conforme detalhado no livro.
  • Inocência e pureza. Por ser criado à semelhança de Deus, o ser humano possuía todas as faculdades intelectivas em estado de santidade, logo sua vontade e mentalidade eram puras, ou seja, isentas de pecado (Gn 2.16-17). 
  • Comunhão com Deus. A vontade humana permitia uma relação direta e sem barreiras com o Criador, em um estado de graça e harmonia (Gn 3.8). 
  • Existência em um centro de amor perfeito. A vida humana era centrada em Deus, que era o objeto de seu amor e obediência (Gn 2.15). 
  • Comunhão e liberdade. Essa sintonia permitia a Adão e Eva ter livre acesso à presença de Deus e às coisas espirituais, desfrutando de uma comunhão perfeita e da capacidade de escolher o bem (Gn 3.8). 
  • Dependência da graça. Mesmo em sua perfeição original, a vontade humana dependia da graça divina para viver conforme o propósito de Deus, sendo uma condição de insuficiência mesmo antes do pecado, que é uma necessidade intrínseca à condição de criatura (Gn 2.16-17).


II. A VONTADE DEPOIS DA QUEDA: CONFLITO CONSTANTE ENTRE A NATUREZA HUMANA E O ESPÍRITO SANTO
1. A luta interna entre carne e espírito.
Conforme Gálatas 5.16-21, existe um conflito constante entre a carne (desejos humanos) e o Espírito Santo dentro do crente, onde escolher andar em um, significa não satisfazer o outro. A vida de quem pratica as “obras da carne” resulta na perda da herança do Reino de Deus: “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus” (vv. 19-21). Dessa forma, o texto descreve uma luta espiritual interna constante entre os desejos da natureza humana (carne) e a vontade do Espírito Santo.
 
2. O termo carne com o sentido de natureza pecaminosa.
Na carta aos Romanos, o apóstolo Paulo explica o sentido de carne (do grego sarx) como natureza pecaminosa: “Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito, para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser” (Rm 8.5-7). Nesse contexto, o termo “carne” refere-se à natureza humana pecaminosa e egoísta, em contraste com o “espírito” que é a orientação para Deus. A “carne” representa a inclinação humana para o pecado, os desejos egoístas e as paixões que se opõem à vontade divina. Em um sentido mais restrito e literal, “carne” também pode descrever o corpo físico (do grego soma), mas a maior parte do seu significado teológico está ligada à condição humana em sua relação com o pecado. Isso significa que a “carne” simboliza a fraqueza e a tendência inerente do ser humano para o pecado tornando-se a sede de satisfação dos próprios desejos que busca por “autojustificação”, em vez de confiar na Graça de Cristo.
 
3. O andar na carne e o viver pelo Espírito.
O “andar na carne” significa viver dominado por impulsos pecaminosos (sem perder o livre-arbítrio) e afastado dos princípios espirituais e da orientação divina. Em Romanos 6.6, o sentido do “corpo do pecado” que foi crucificado com Cristo, resulta na emancipação do poder do pecado na carne: “sabendo isto: que o nosso velho homem foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, a fim de que não sirvamos mais ao pecado”. A única forma de superar esse conflito é ser guiado pelo Espírito Santo, o que conduz a uma nova identidade e ao desenvolvimento do fruto do Espírito: “Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei” (Gl 5.16-18). A passagem instrui a viver pelo Espírito Santo, o que impede a satisfação dos desejos da carne. A carne deseja o oposto do que o Espírito deseja, pois com o ato de desobediência, a vontade humana foi corrompida pelo pecado, tornando-se escravizada ao mal e não mais capaz de buscar a Deus ou escolher o que é bom por si mesma, uma vez que o pecado rompeu o vínculo de obediência com Deus, a harmonia entre eles e a harmonia com a criação, resultando em separação e uma natureza humana marcada pela escolha de desafiar a ordem divina. Portanto, a condição pós-Queda é de fraqueza e culpa, e a vontade humana (sozinha), sem a intervenção divina, não pode libertar-se da escravidão do pecado. 


III. A ORIENTAÇÃO DO NOSSO SENHOR JESUS E A ATUAÇÃO DO ESPÍRITI SANTO
O Senhor Jesus Cristo demonstra a fragilidade da natureza humana: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41), ressaltando a luta interna entre a vontade espiritual (o que a mente e o coração desejam) e a fraqueza física ou as inclinações do corpo (a carne). Ela serve como um alerta para a necessidade de vigilância e oração constante, pois a tentação é constante aqui nesse mundo. Em um sentido mais amplo, pode ser interpretada como a fragilidade humana em seguir um plano ou propósito espiritual, uma vez que sua condição é inclinada, naturalmente após o pecado, à alimentação de sua natureza morta. Por isso que a vinda de Jesus “na carne” é fundamental, pois venceu o pecado e oferece a salvação, tornando a Sua carne (sacrifício) o próprio meio da redenção. Veja-se a importância do Espírito Santo atuando na vontade humana conforme o texto de Gálatas 5.16-26: 
  • O Espírito Santo impede as ações da natureza humana pecaminosa (vv. 16-17).
  • O Espírito Santo liberta da condenação da Lei (vv. 18-21).
  • O Espírito Santo faz frutificar (vv. 22-24).
  • O Espírito Santo guia-nos em todo nosso viver (vv. 25-26).
 
1. A graça de Deus liberta o homem da escravidão do pecado.
Por mediação da Graça de Deus, concedida através de Jesus Cristo, é que o ser humano pode ser liberto da escravidão do pecado, pois a libertação desta escravidão permite que a vontade, agora renovada e livre pela fé, possa escolher, verdadeiramente e livremente, o que é bom e agradável à vontade de Deus. “Mas se Deus tem que tomar a iniciativa, perguntamos ainda, Será que o faz arbitrária e irresistivelmente? Parece-nos que a resposta é negativa nos dois aspectos. Deus é soberano em Seu universo, mas age de acordo com Sua natureza e com o propósito definido de que a vontade do indivíduo seja reconhecida” (Thiessen, 2014, p. 212).

2. A graça de Deus e o livre-arbítrio humano.
O livre-arbítrio é uma faculdade intelectiva inerente ao ser humano que permite a tomada de decisão depois que o homem é convencido pelo Espírito Santo (Jo 16.8), assim, ao arrepender-se, alcança a liberdade que é a condição de estar livre do pecado. Portanto, Adão, após pecar, não perdeu o livre-arbítrio (faculdade interior), assim como não perdeu a memória, que é outra faculdade intelectiva, mas perdeu a liberdade (condição espiritual de comunhão com Deus), por isso que, ao atender ao chamado da pregação conhecendo a Verdade, o homem volta a ter a comunhão com Deus (Jo 8.32), que é a restauração da natureza humana antes dominada, agora liberta em Cristo Jesus (Jo 8.36). Ao ser guiado pelo Espírito Santo, o homem confirma que não está sob a Lei, mas na Graça, o que é uma condição de liberdade para viver uma vida transformada que é um contraste com as obras da carne.


CONCLUSÃO
O pecado trouxe a separação e a introdução da inclinação para o mal, que se manifesta como um impulso do apetite sensível, contrário aos ditames da razão humana, dessa forma, o texto de Gálatas 5 chama-nos à decisão, uma vez que o crente deve escolher, conscientemente, seguir o Espírito Santo em vez de ceder aos desejos da carne, para que possa desfrutar da herança prometida e não ser excluído do Reino de Deus. Essa transformação da vontade carnal para espiritual é um processo contínuo de santificação, resultado de uma busca íntima e de um relacionamento constante com Deus em frutificação espiritual. 




REFERÊNCIAS
Ø  AULETE, Caldas. Novíssimo Aulete dicionário contemporâneo da língua portuguesa. Lexicon, 2011.
Ø  BÍBLIA SAGRADA. Almeida Revista e Corrigida. Tradução de João Ferreira de Almeida. SBB, 2013.
Ø  MULLER, Richard A. Dicionário de termos teológicos latinos e gregos: introdução à linguagem técnica presente nas obras acadêmicas. CPAD, 2023.
Ø  QUEIROZ, Silas. Corpo, alma e espírito. CPAD, 2025.
Ø  THIESSEN, Henry Clarence. Palestras em teologia sistemática. Editora Batista Regular, 2014.   
 
Por Rede Brasil de Comunicação.





quarta-feira, 26 de novembro de 2025

terça-feira, 25 de novembro de 2025

QUESTIONÁRIOS DO 4° TRIMESTRE DE 2025






EXORTAÇÃO,
ARREPENDIMENTO E ESPERANÇA –
O Ministério Profético de Jeremias. 









Lição 08
Hora da Revisão

A respeito de “O Conselho de Jeremias aos Reis”, responda:
 
 
1. Segundo a lição, quando foi instituída a monarquia?
A monarquia foi instituída nos dias de Samuel por apelo do povo; entretanto, desde a época de Moisés, Deus já mostrava que o rei deveria ser escolhido dentro de seus critérios, pois teria a missão de cumprir a sua vontade.
 
2. Qual deveria ser a missão do rei?
Liderar o povo sob a vontade divina.

3. Quem orientava os reis?
Os reis eram orientados pelos profetas de seus dias.

4. Qual o nome dos 3 reis que aparecem na abertura do livro do profeta Jeremias?
Jeremias profetizou por aproximadamente 40 anos, compreendendo o governo dos seguintes reis: Josias, Joacaz, Jeoaquim, Joaquim e Zedequias.

5. Qual o nome do escriba para quem Jeremias ditou as palavras do Senhor?
Baruque.

 


QUESTIONÁRIOS DO 4° TRIMESTRE DE 2025






CORPO, ALMA E ESPÍRITO -
A Restauração Integral do Ser Humano para
chegar à Estatura Completa de Cristo.









Lição 08
Revisando o Conteúdo

A respeito de Emoções e Sentimentos: A Batalha do Equilíbrio Interior responda:         

 
1. Qual o conceito de “pensamento”?
Pensamentos são processos mentais constituídos de informações, reflexões, lembranças, sentimentos, sons, imagens.
 
1. O que é afetividade?
De forma simples, a afetividade é a nossa capacidade de sentir e demonstrar emoções e sentimentos.
 
2. Qual a diferença básica entre emoção e sentimento?
a) Emoções: são reações rápidas e geralmente acontecem sem a gente pensar, como por exemplo, quando sentimos medo ou alegria de repente; b) Sentimentos: por outro lado, são mais duradouros, eles nascem das emoções, mas permanecem por mais tempo e são percebidos de forma mais consciente, como por exemplo, quando sentimos gratidão ou solidão.
 
3. Quais são as seis emoções básicas?
Alegria, medo, raiva, surpresa, nojo e tristeza são as seis emoções básicas.
 
4. Quais as reações fisiológicas mais comuns de uma emoção?
Coração acelerado, respiração ofegante, tensão muscular, secura na boca e náuseas.
 
5. Como ter os sentimentos guardados por Deus?
Em Filipenses 4.7 Paulo se refere ao processo sobrenatural de guarda de nossos corações e sentimentos, que ocorre através da paz de Deus, que excede todo o entendimento. Mas isso somente acontece quando vivemos em abnegação, obediência e humildade, no modelo de Cristo (Fp 2.3-8).

 


quinta-feira, 20 de novembro de 2025

LIÇÃO 08 – EMOÇÕES E SENTIMENTOS: A BATALHA DO EQUILÍBRIO INTERIOR






Fp 4.4-7; Mt 9.36; Jo 11.35,36
 
 
 

INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos sobre a natureza e condições das afeições humanas. Veremos que as emoções e os sentimentos refletem a imagem de Deus no homem. Analisaremos que o pecado inaugurou uma série de desarranjos na alma humana, trazendo-lhe desestabilidades emocionais e morais (Gl 5.19-21) e, por fim, destacaremos que somente o Espírito Santo pode reconduzir o homem ao estado original proposto por Deus de harmonia e equilíbrio interior (Gl 5.22). 


I. O HOMEM É UM SER AFETIVO
Por “afeição” queremos dizer “a capacidade humana de expressar emoções e sentimentos. São processos psicológicos e fisiológicos e envolvem alma e corpo, além do próprio espírito, como se observa na expressão de Salomão em Provérbios 15.13, na qual o termo “coração” refere-se à totalidade do intelecto, da emoção e da vontade de uma pessoa: “O coração alegre aformoseia o rosto, mas, pela dor do coração, o espírito se abate” (Pv 15.13)” (Queiroz, 2025, p. 97).
 
1. A imagem de Deus no homem.
Deus é amor (1Jo 4.8). Ele nutre esse sentimento pelo Seu Filho desde a eternidade (Jo 17.24; Cl 1.13; Ef 1.6) e a Escritura lhe atribui reações emotivas como “grande alegria” (Mt 3.17). O amor é o mais nobre dos sentimentos (1Co 13.13) e é, portanto, eterno (1Co 13.8). Paulo também fala do “sentimento que houve em Cristo Jesus” (Fp 2.5ss) e que o Espírito Santo pode ser entristecido (Ef 4.30). Indubitavelmente, o homem herda do Seu Criador a capacidade de amar e expressar boas emoções e sentimentos (Gn 2.23-25). Nos relatos de Gênesis não vemos mandamento divino exigindo que o homem se inclinasse para os bons sentimentos. Subentende-se que essa disposição lhe era natural, pois a palavra que descreve a percepção de Deus do ambiente que criou para o homem é “bom” (Gn 1.10,12,18,21,25), e o Seu sentimento acerca do homem que criou foi “muito bom” (Gn 1.31). Portanto, nada havia de mal no homem (Ec 7.29). Amar a Deus e ao próximo só se torna um mandamento após a Queda (Dt 6.5; Lv 19.18; Mt 22.37-40), quando o homem teria que batalhar, se esforçar, para nutrir emoções, sentimentos e pensamentos bons para com o próprio Deus e o seu próximo (Gn 4.7; Dt 30.19; Rm 12.2; 2Co 10.5; Gl 5.22; Ef 4.22-24,26; Fp 4.8; Cl 3.2,12-14).
 
2. O corrompimento das emoções.
Emoções são “reações instintivas, predominantemente inconscientes e passageiras” (Queiroz, p. 94). É aquilo que experimentamos imediatamente na mente e no corpo diante de uma circunstância. A reação (emoção) imediata de Adão ao ver Eva foi romântica e poética (Gn 2.23-25). Portanto, as emoções são as interações entre pensamentos e sensações que se traduzem em reações: “o coração alegre aformoseia o rosto” (Pv 15.13); “por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante?” (Gn 4.6 cf. 1Sm 1.18; Ne 1.4; 2.1). A resistência emocional de Eva com relação ao fruto mudou após a tentação (Gn 3.2,6). Observe como a sua maneira de enxergar (Gn 3.6a), avaliar (Gn 3.6b) e sentir (Gn 3.6c) foi prejudicada. O apóstolo Paulo explica esse desequilíbrio interno como fruto do “engano”, do gr. “exapatao”, em (1Tm 2.14), que significa “iludir completamente, enganar completamente” (Vine, 2002, p. 628). Eva teve suas percepções alteradas pela tentação antes de comer do fruto, e suas emoções e sentimentos adoecidos após comê-lo.
 
3. O corrompimento dos sentimentos.
Distinguindo emoção de sentimento, o Pastor Silas comentou: “os sentimentos só são formados e aferidos a partir do critério temporal, da estabilidade da emoção. Como um prolongamento ou repetição de emoções, o sentimento é uma percepção consciente de um determinado estado emocional. A diferença principal, portanto, está na estabilidade do afeto. Enquanto a emoção é rápida e fugaz — geralmente não evitável —, o sentimento permanece por algum tempo, alguns por longo tempo ou até pela vida toda!” (Queiroz, 2025, p. 97). Isto é, sentimento é uma emoção que se torna duradoura e estável. Diferente de Eva, Adão não pecou sob a impulsiva emoção do engano, ele esteve em todo momento consciente (1Tm 2.14). Sua decisão de comer do fruto com sua mulher revelou que suas emoções por ela, descritas em (Gn 2.23-25), se consolidaram de tal forma a se tornaram sentimentos que puseram o seu coração antes nela do que em Deus. Há um entendimento de que sua escolha em acompanhar Eva na desobediência é uma comprovação de que ele amou mais sua esposa do que a Deus (Gn 3.6,17; Pv 4.23; Mt 6.21; 10.37; Jo 14.21). Sob forte senso de altruísmo e lealdade, preferiu morrer com ela do que viver sem ela. Essa decisão o afetou profundamente, como destaca o Pastor Esequias Soares: “a corrupção do gênero humano atingiu o homem em toda a sua composição – corpo, alma e espírito [...] isso prejudicou todas as suas faculdades, quais sejam: intelecto, emoção, vontade, consciência, razão e liberdade” (Silva, 2017, p. 101). Após o pecado Adão não conseguiu sustentar seu amor leal e altruísta ante as novas emoções de vergonha (Gn 3.7), culpa (Gn 3.8) e medo (Gn 3.10). Antes, culpou a Deus e a sua esposa pelo seu erro (Gn 3.12; Rm 5.12). O sentimento outrora leal e altruísta agora se tornou covarde e egoísta. O “conhecimento do mal” (Gn 2.17) disponível naquela árvore incluía todas as más emoções e sentimentos que dispomos hoje e que estão descritos em (Gl 5.19-21). Nascem então as obras da carne. 


II. UMA BATALHA ESPIRITUAL
A batalha pelo equilíbrio interior é primariamente uma batalha espiritual (Rm 12.2; 2Co 10.4,5; 1Pe 2.11; Tg 4.1,7,8; 1Ts 5.23). Como visto, o desequilíbrio interior de Adão teve início quando ele optou por desobedecer a Deus (Gn 3.1-24; Rm 5.12-21; 1Co 15.21,22), onde “sua natureza inferior, frágil em si mesma, rebelou-se contra a superior e abriu as portas de seu ser ao inimigo” (Pearlman, 2011, p. 142).
 
1. As obras da carne.
Em Gálatas 5.19-21, as “obras da carne” são efeitos ou frutos da natureza humana corrompida: “os efeitos da carne são fenômenos claros, realidades manifestas [...] frutos da luxúria, frutos de ordem religiosa [...]” (Soares, 2009, p. 130). Vejamos algumas delas:
 
A) Inimizades.
“Ódio (echtra) traz o sentido de hostilidade. Refere-se, sem dúvida, às inimizades pessoais de alguns membros das comunidades entre si, ou suas manifestações hostis. Echtra é a palavra grega para inimizade” (Soares, 2009, p. 132). Significa permanecer em um “estado de inimizade com alguém – ser inimigo, em oposição” (Low; Nida, 2016, p. 439). A inimizade é produto de uma mente carnal (Rm 5.10; 5.10; 8.6,7; Ef 4.17-19; Cl 1.21; Tt 3.3; Tg 4.1-4)
 
B) Ira.
O termo “ira”, “traz o sentido de uma tremenda explosão de temperamento” (Soares, 2009, p. 132 – grifo nosso), denota “um estado de intensa irritação, com a implicação de explosões de raiva – raiva, fúria, ira, furor” (Low; Nida, 2016, p. 677 – grifo nosso) ou ainda “um desejo intenso, passional, do tipo arrebatador e potencialmente destrutivo” (Low; Nida, 2016, p. 261 – grifo nosso). A ira nasce de um interior não regenerado (Sl 37.8; Pv 15.18; Ec 7.9; 29.22; Ef 4.26,27; Cl 3.8,9; Tg 1.20).

C) Inveja.
A expressão “inveja” “refere-se ao desejo de privar o outro do que ele tem. É aquela pessoa que fica amargurada diante da visão de outra possuindo o que ela não tem, e que faria de tudo quanto fosse possível não para possuir a coisa, mas para evitar que a outra pessoa a possua” (Soares, 2009, p. 133 – grifo nosso). Esse foi o sentimento de Caim (Gn 4.2-8); dos irmãos de José (Gn 37.3-11); dos filisteus (Gn 26.12-14); de Saul (1Sm 18.6-9); de Raquel (Gn 30.1) e dos líderes religiosos do tempo de Jesus (Mt 27.18).
 
 
III. O FRUTO DO ESPÍRITO SANTO
O fruto do Espírito é o caráter de Deus comunicado ao homem por intermédio do Espírito de Deus (Jo 15.4,5; Gl 5.22; Rm 8.5,6; Cl 1.10). Por meio dessa operação do Espírito Santo, o homem desfruta de paz e equilíbrio interior. Vejamos:
 
1. Amor. Este é o “princípio e fundamento de todas as demais virtudes” (Soares, 2009, p. 134). Ele é um “sentimento que nos constrange a buscar, desinteressada e sacrificialmente, o bem de outrem. É a disposição afetiva que nos leva à dedicação absoluta a outro ser [...] Paulo define o amor como o sentimento dos sentimentos” (Andrade, 2004, p. 42 – grifo nosso). Veja a lista das emoções e sentimentos que o amor, como fundamento, é capaz de produzir (1Co 13.4-13).
 
2. Gozo. Também é traduzido como “alegria”, significa “Satisfação, contentamento, júbilo [...] como dom de Deus e fruto do Espírito Santo, pode ser desfrutada sob as mais adversas condições (Gl 5.22) [...] pode manifestar-se até mesmo em meio às perseguições e às mais impensáveis provas (Mc 5.12; 2Co 12.9)” (Andrade, 2004, p. 39).
 
3. Paz. “É a serenidade que o Espírito Santo nos infunde no coração mediante a fé [...] como o fruto do Espírito, a paz é a profunda quietude do coração firmada na convicção de que Deus está no comando de todas as coisas” (Andrade, 2004, p. 295). Ela “é muito diferente da noção geral de paz, visto ser uma possessão interna que traz consigo a serenidade mental, contrastando-se vivamente com as caóticas “obras da carne [...] (Rm 15.13; Fp 4.7; Cl 3.15)” (Soares, 2009, p. 135 – grifo nosso).
 
4. Bondade. “Refere-se a uma disposição gentil e bondosa para com os outros, é a característica de “ser bom” (Soares, 2009, p. 135). A bondade traz equilíbrio ao homem (Rm 12.21; Ef 5.9; Cl 3.12,13) e faz parte do caráter de Deus (Ex 33.19; Sl 34.8; 100.5; 119.68).
 
5. Temperança. Ou domínio-próprio, “significa autocontrole, a característica de ter domínio sobre seus apetites [...] designa para Paulo, a conduta interna e externa em oposição à imoralidade sexual, impureza e lascívia” (Soares, 2009, p. 136). A temperança disciplina o coração (2Pe 1.5,6; 1Co 9.25), reflete a maturidade do cristão (Pv 16.32; 1Co 9.27; Tt 1.7,8).
 
 
CONCLUSÃO
O homem foi criado para revelar Seu Criador. Sua natureza trina “corpo, alma e espírito”, deveria refletir a harmonia existente na Trindade “Pai, Filho e Espírito Santo” (Gn 1.26,27; Mc 12.30; Rm 12.1,2; 1Ts 5.23). Não há desequilíbrios na Trindade, pois O Pai, O Filho e O Espírito têm propósitos alinhados (Gn 1.1,2,26; Mt 3.16,17; Lc 22.42; Jo 5.19,30; 14.26; Mt 28.19; 1Jo 5.6-8; Ef 1.9-14). Ao pecar, sofreu severas consequências que atingiram o mais profundo do seu ser. Mas, por meio do Espírito pode e será reconduzido ao seu estado original, à imagem de Deus (1Co 15.53,54; Ef 4.24; Cl 3.10; 2Pe 1.4).
 


 
REFERÊNCIAS
Ø  SILVA, E. S. da. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.
Ø  QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito. CPAD.
Ø  PEARLMAN, M. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. VIDA.
Ø  SOARES, Germano. Gálatas. CPAD.
Ø  LOW, Johannes; NIDA, Eugene. Léxico grego-português do Novo Testamento. SBB.
Ø  ANDRADE, Claudionor. Dicionário Teológico. CPAD.
  
 
Por Rede Brasil de Comunicação.






quarta-feira, 19 de novembro de 2025

QUESTIONÁRIOS DO 4° TRIMESTRE DE 2025






EXORTAÇÃO,
ARREPENDIMENTO E ESPERANÇA –
O Ministério Profético de Jeremias. 









Lição 07
Hora da Revisão

A respeito de “Uma Promessa de Restauração”, responda:
 
 
1.Define “aliança” segundo o Dicionário Bíblico Wycliffe.
De acordo com o Dicionário Bíblico Wycliffe, aliança “é um acordo entre duas ou mais pessoas em que quatro elementos estão presentes; partes, condições, resultados e garantias.”
 
2. Segundo a lição, o que sustentava a aliança de Deus com seu povo?
A aliança de Deus com o seu povo é sustentada pela sua fidelidade e a sua misericórdia é prometida aos que guardarem esta aliança.
 
3. O que é uma aliança condicional?
Na aliança condicional, como o próprio termo designa, as promessas divinas estão condicionadas à obediência humana aos seus preceitos, afinal, elas são acompanhadas da conjunção “se”, reafirmando o seu caráter condicional.
 
4. Como a Bíblia apresenta Deus e a sua justiça?
A Bíblia apresenta Deus e a sua justiça como eternos.
 
5. Em que foi fundamentada a restauração de Judá?
A restauração de Judá, portanto, foi fundamentada no amor de Deus, à semelhança de sua justiça e de sua fidelidade.



 

QUESTIONÁRIOS DO 4° TRIMESTRE DE 2025






CORPO, ALMA E ESPÍRITO -
A Restauração Integral do Ser Humano para
chegar à Estatura Completa de Cristo.
 








Lição 07
Revisando o Conteúdo

A respeito de Os Pensamentos: A Arena de Batalha na Vida Cristã responda:          
 
 
1. Qual o conceito de “pensamento”?
Pensamentos são processos mentais constituídos de informações, reflexões, lembranças, sentimentos, sons, imagens.
 
2. Em sua amplíssima capacidade imaginativa, o que o ser humano pode construir na mente?
Em sua amplíssima capacidade imaginativa, o ser humano pode construir, na mente, cenários silenciosos ou barulhentos; simples ou complexos; neutros ou coloridos.
 
3. Quais os fatores originários dos pensamentos?
A mente cria a partir de conteúdos que obtém por meio dos órgãos dos sentidos, como os olhos, o ouvido, a boca, as mãos, o nariz.
 
4. O que o uso do imperativo afirmativo “pensai” indica?
O uso do imperativo afirmativo “pensai” indica tratar-se de uma conduta ativa e não passiva.
 
5. Que medidas práticas podemos adotar para proteger a mente?
a) Não nutrir pensamentos distorcidos de si mesmo; b) purificar a mente dos maus pensamentos; c) livrar-se da intoxicação pelo excesso de informações; d) focar a mente no que edifica; e) construir relacionamentos saudáveis.