terça-feira, 29 de abril de 2025

LIÇÃO 03 – JESUS: O PÃO DA VIDA



 
 
 
Jo 6.1-14
 
 
 
INTRODUÇÃO
Nesta lição iremos analisar o significado do pão na Bíblia Sagrada; pontuaremos sobre a declaração de Jesus como o pão da vida, refletindo sobre o seu significado e as implicações no mundo espiritual; ressaltaremos a necessidade de alimentar-se de Cristo e as lições extraídas do milagre da multiplicação.
 
 
I. O SIGNIFICADO DO PÃO NA BÍBLIA SAGRADA
1. Símbolo da provisão divina.
O pão, desde o Antigo Testamento, é visto como o sustento provido por Deus. Em passagens como a de Êx 16, quando os filhos de Israel estão no deserto e se queixam contra Moisés e Arão, desejando o pão e a carne do Egito: “Quem dera que nós morrêssemos por mão do Senhor na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne, quando comíamos pão até fartar!” (Êx 16.3), Deus envia resposta, dizendo que haveria de enviar o maná no deserto, para prover a necessidade do povo: “Eis que vos farei chover pão dos céus” (Êx 16.4). Essa passagem aponta para a provisão divina em cenários de escassez (Êx 15.25; Dt 8.2.16; Ne 9.15; Sl 78.24; Sl 105.40).
 
2. Pão como sustento físico.
Na Bíblia, o pão é frequentemente usado como símbolo de alimento que serve para manutenção física do homem (Gn 31.54; Gn 43.32; 1Rs 13.19; 1Rs 17.6; Jr 37.21; Mt 16.7; Mc 6.43; Mc 8.14; Jo 21.13). Desde o Gênesis, podemos ver o pão como sinônimo do sustento físico, onde o próprio Deus, ao sentenciar o homem, após a queda de Adão, disse que: “No suor do teu rosto, comerás o teu pão” (Gn 3.19), onde a expressão hebraica aqui para pão é lehem, que segundo Wycliffe (2007, p. 76), é usada é usada 297 vezes no AT e o seu correspondente no gr. artos, que é utilizado 99 vezes no NT. “O pão era o alimento mais comum e importante do lavrador. Era feito de grãos, com ou sem fermento, e em diferentes formatos. Geralmente era usado para a mesa, embora frequentemente também em sacrifícios” (Wycliffe, 2007, p. 76).
 
3. Pão, o símbolo do sustento espiritual.
A Bíblia também se refere ao pão como um sustento espiritual. Em Dt 8.3, o próprio Deus, ao tratar com o povo de Israel à respeito do cuidado que Ele teve para com eles, afirma que assim o fez: "para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas que de tudo o que sai da boca do Senhor viverá o homem". O Senhor Jesus reafirma esta verdade, quando foi tentado pelo diabo, respondendo: “Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4.4). O apóstolo Paulo, fazendo referência ao povo de Israel quando peregrinou no deserto, disse: “Irmãos, eu quero que vocês lembrem do que aconteceu com os nossos antepassados que seguiram Moisés. Todos comeram da mesma comida espiritual e beberam da mesma bebida espiritual. Pois bebiam daquela rocha espiritual que ia com eles; e a rocha era Cristo” (1Co 10.1,3,4 – NTLH). É por isso que em Jo 6.35 Jesus transcende o sentido literal, quando se autodeclara como o “pão da vida”, estabelecendo assim um paralelo entre o alimento físico e o espiritual.
 
 
II. SIGNIFICADO DA DECLARAÇÃO DE JESUS: EU SOU O PÃO DA VIDA
Em Jo 6.35 temos a seguinte declaração de Jesus: “Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome; e quem crê em mim nunca terá sede”. Analisemos o contexto, o significado da declaração e a sua relação com o maná:
 
1. O contexto da declaração.
Após a realização do milagre da multiplicação dos cinco pães e dois peixes (Jo 6.1-14), no dia seguinte, a multidão vai até Cafarnaum, em busca de Jesus (Jo 6.22-24). Ao encontrarem o Mestre, esperando novamente a realização de outro milagre de provisão, “Jesus respondeu e disse-lhes: Na verdade, na verdade vos digo que me buscais não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes. Trabalhai não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará, porque a este o Pai, Deus, o selou. Disse-lhes, pois, Jesus: Na verdade, na verdade vos digo que Moisés não vos deu o pão do céu, mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão do céu. Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo. Disseram-lhe, pois: Senhor, dá-nos sempre desse pão” (Jo 6.26,27,32-34). “A percepção de Jesus o fez ver que a multidão não queria aceitar a sua mensagem porque não admitia que Ele fosse o Filho de Deus, preferindo a ideia de que fosse apenas um profeta poderoso. Não é muito diferente nos tempos atuais, quando multidões correm atrás dos milagres e de curas físicas e estão pouquíssimos interessadas pela Palavra de Deus” (Cabral, 2025, p. 54).
 
2. O significado da declaração.
Ao afirmar “Eu sou o pão da vida” (6.35,48,51), o Senhor Jesus traz algumas verdades espirituais. Algumas delas são apontadas por Henry (2008, p. 132,133 – acréscimo nosso): a) Jesus é para a alma o que o pão é para o corpo. Ele nutre e sustenta a vida espiritual. Ele nasceu em Belém, a casa de pão, e foi tipificado pelo pão da proposição (Lv 24.5-7); b) Jesus é o pão de Deus (v. 33), o pão divino. Ele é aquele que é “de Deus” (v. 46), é pão que “meu Pai” dá (v. 32), o pão que Ele criou para ser o alimento das nossas almas. Os sacrifícios dos levitas eram chamados o “pão de Deus” (Lv 21.21,22), e Jesus é o grande sacrifício; c) Jesus é o pão da vida (v. 35, v. 48), uma alusão à árvore da vida no meio do jardim do Éden, da qual Adão podia comer e viver; d) Jesus é o pão que desceu do céu. Isto indica a divindade da pessoa de Cristo. Sendo Deus, Ele tinha uma existência no céu (Jo 1.1), de onde Ele veio para assumir nossa natureza: “Eu desci do céu” (v. 51); e, por fim, e) Jesus é aquele pão do qual o maná era um tipo e um exemplo (v. 58). Assim como o maná foi dado a Israel, Cristo é dado ao Israel espiritual”.
 
3. Paralelo entre o maná do deserto e o Pão da vida.
A multidão questionou a Jesus, dizendo: “Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: Deu-lhes a comer o pão do céu. Disse-lhes, pois, Jesus: Na verdade, na verdade vos digo que Moisés não vos deu o pão do céu, mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão do céu. Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo” (Jo 6.31-33). De acordo com Wiersbe (2008, p. 248 – acréscimo nosso), podemos fazer um paralelo entre o maná [o pão] que desceu no deserto para o povo de Israel e Jesus o “pão que desceu dos céus” para toda humanidade:
  
PARALELO ENTRE O MANÁ E JESUS, O PÃO DA VIDA
REFERÊNCIAS
O maná vinha do céu; Jesus veio do céu quando os homens estavam nas trevas.
Êx 16.8; Is 9.2; Jo 8.12.
O maná caía no orvalho; Cristo, como homem, foi gerado pelo Espírito de Deus.
Êx 16.13; Lc 1.35
O maná não foi maculado pela terra; Cristo não tinha pecado.
2Co 5.21; Hb 4.15
O maná era pequeno e branco, o que sugere a humildade e a pureza de Cristo.
Êx 16.14; Mt 11.19; Mt 20.27,28; Fp 2.8
O maná tinha sabor doce; Cristo, que é a Palavra viva, é doce para os que crêem nele.
Êx 16.31; Ap 10.8-11
O maná devia ser pego e comido; Cristo deve ser recebido e apropriado pela fé;
Êx 16.4; Jo 1.12-13
O maná foi uma dádiva gratuita; Cristo é uma dádiva gratuita de Deus para o mundo.
Êx 16.4-8; Jo 3.16
O maná era suficiente para todos; Cristo é suficiente para todos.
Êx 16.4; 1Tm 2.5 
O maná derretia no aquecer do sol e, consequentemente, seria pisado, se não fosse pego.
Ex 16.21; Hb 10.26-31
O maná era um alimento [pão] do deserto; Cristo é nosso alimento [pão] nessa jornada de peregrinação em direção ao céu.
Êx 16.4; Jo 6.48-50


III. LIÇÕES EXTRAÍDAS PARA A VIDA DO CRISTÃO
1. A necessidade da nutrição espiritual.
Todo aquele que é nascido de novo (Jo 3.3; 1Pe 1.3,4,23; 1Jo 5.18), precisa buscar, diariamente, alimentar-se espiritualmente com a Palavra de Deus (Dt 17.19; Js 1.8; Sl 1.2; Sl 119.97; Cl 3.16), pois bem disse o salmista: “Bem-aventurados os que guardam os seus testemunhos e o buscam de todo o coração” (Sl 119.3). Por isso Jesus disse que devemos trabalhar (nos esforçar) “[...] pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará [...]” (Jo 6.27).
 
2. Confiança na providência divina.
No milagre da multiplicação (Jo 6.1-14), Jesus nos ensina que na caminhada cristã, “às vezes, somos desafiados pelas circunstâncias adversas” (Cabral, 2025, p. 55). Foi assim com diversos personagens da Bíblia, mas eles puderem experimentar a providência divina em meio à adversidade (Gn 28.20-22; Êx 16.1-20; 1Rs 17.1-7; 1Rs 17.8-16; 2Rs 4.1-7). Precisamos confiar e crer que Deus supre todas as nossas necessidades (Sl 9.10; Sl 37.25; Sl 104.27,28; Mt 6.31,32; 2Co 9.10,11; Fp 4.19).
 
 
CONCLUSÃO
Jesus, ao se apresentar como o “Pão da Vida”, transcende a mera demonstração de poder para oferecer um alimento físico, mas sim um alimento que sacia a fome espiritual e conduz à vida eterna. Através do simbolismo do pão, somos conscientizados a buscar nutrir a nossa alma e a confiarmos na providência divina. 
 
 
 
REFERÊNCIAS
Ø CABRAL, Elienai. E o Verbo se Fez Carne: Jesus sob o Olhar do Apóstolo do Amor. CPAD.
Ø  HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Matthew Henry – Vol. 5. CPAD. 
Ø  PFEIFFER, Charles F. et al. Dicionário Bíblico Wyclliffe. CPAD.
Ø WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Novo Testamento. Geográfica Editora. 
 
Por Rede Brasil de Comunicação.


 


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