Jo
4.5-7,9,10,19-24
INTRODUÇÃO
Nesta
lição veremos a definição do termo adoração e seu conceito bíblico; pontuaremos
o que é adoração segundo a Bíblia; veremos alguns elementos da verdadeira
adoração; e por fim, elencaremos as características da genuína adoração.
I. DEFINIÇÃO DE ADORAÇÃO
1.
Definição do termo.
A
palavra portuguesa “adoração, adorar” é derivada do latim: “adoratione,
adorare” que significa: “ato de adorar, reverenciar com muito
respeito, render culto, reconhecimento outorgado ou devido a alguém, prestar
homenagem ou respeito” (Tenney, pp. 101,102). Uma das palavras usadas
no AT relacionada a adoração, é o termo hebraico “shahâ” traduzido
por: “prostrar-se, curvar-se ou inclinar-se”, refere-se ao
ato de um indivíduo inclinar-se diante de uma autoridade (Gn 18.2; 19.1; 37.7;
Êx 34.8; Rt 2.10; 1Sm 24.8), nesses casos, o ato de inclinar-se é um sinal de
respeito e honra e não adoração no sentido de culto. Quando “shahâ” se
refere à adoração que é oferecida a Deus, pode indicar um ato individual ou
coletivo (Gn 22.5; Jó 1.20; Sl 29.2), e sua tradução literal seria: “beijar
a mão ou o chão diante de”. O fato de que esta palavra ocorre mais de
170 vezes no AT mostra sua importância (Vine, 2002. p. 31). Essa palavra também
quer dizer: “veneração elevada que se presta a Deus, reconhecendo-lhe a
soberania sobre o universo” (Andrade, 2006, p. 33).
2.
Conceito bíblico.
Adoração
em seu sentido bíblico é a expressão máxima de obediência e reverência ao
Senhor. É o ato de reverenciar e obedecer a Deus (Vine, 2002, p. 31). O verbo
grego empregado no NT é “proskyneo” e significa: “homenagear
e reverenciar”. É o reconhecimento direto a Deus, da sua natureza,
atributos, caminhos e reivindicações, quer pela saída do coração em louvores e
ações de graças, quer por ações feitas em tal reconhecimento (Vine, 2002, p.
375). No mundo religioso, o termo adoração, é usado para a “devoção
reverente, serviço ou honra prestada a Deus, quer pública quer individual” (Gn
24.26; 2Sm 12.20; Sl 66.4) (Dyrness, apud Jones, pp. 269,270). A rigor,
segundo as Escrituras, o adorador não é, necessariamente, um músico ou cantor,
mas um servo do Senhor, que reconhece, ao mesmo tempo, a sua própria pequenez e
a grandeza do Todo-poderoso (Jn 1.9; At 16.14).
II. O QUE É ADORAÇÃO SEGUNDO A BÍBLIA
1.
Adorar é um ato de rendição a Deus.
Nas
línguas bíblicas, o sentido do termo adoração é “chegar-se a Deus de modo
reverente, submisso e agradecido, a fim de glorificá-lo”. Adorar é um ato
de total rendição, gratidão e exaltação jubilosa a Deus (Sl 95.6; 2Cr 5.13,14;
29.30; Mt 2.11; Mc 7.25). É o Espírito Santo que habilita o crente a adorar com
profundidade e temor a Deus (Jo 4.23,24; Ef 5.18,19; 1Co 14.15; At 10.46; Fp
3.3).
2.
Adorar é um ato de serviço a Deus.
O
servir a Deus tem relação direta com o adorá-lo (Mt 4.10; Ap 2.19). O serviço
que fazemos para Deus por amor e gratidão é uma forma de adoração. Em 2
Coríntios 9.12, a palavra adoração é traduzida por “serviço”. A oferta
apresentada como gratidão a Deus, para o sustento de sua obra, é um ato de
adoração (2Co 9.7-12). O termo também é empregado em Filipenses 2.17,30,
descrevendo o “serviço da fé”, isto é, o esforço pessoal empreendido pelo servo
de Cristo a favor de sua obra. Portanto, essa palavra tem uma relação direta
com o culto que fazemos a Deus, seja no serviço da adoração, contribuição
financeira ou realização da obra do Senhor (Mt 4.10; Jo 16.2; Hb 9.9; Ap 2.19).
3.
Adorar é um ato de reverência a Deus.
Deus
é infinitamente sublime em majestade, poder, santidade, bondade, amor e glória.
Por isso, devemos adorá-lo e servi-lo com toda reverência, fervor, zelo,
sinceridade e dedicação (Hb 12.28). Portanto, adoração e reverência são
elementos inseparáveis em nosso culto a Deus. Adorar é também exaltar e
reconhecer que Deus é o Senhor, Criador de todas as coisas (Sl 95.3-6). O
apóstolo Paulo nos ensinou a louvarmos com cânticos espirituais (Cl 3.16).
Louvar a Deus com uma vida que não esteja em acordo com a sua Palavra é o mesmo
que oferecer fogo estranho ao Senhor.
4.
Adorar é um ato de experiência interior.
E
sendo Deus infinito, há muitas maneiras de adorá-lo (Sl 95.6,7). A adoração a
Deus, no qual vivemos, nos movemos e existimos, é, acima de tudo, uma atitude
interior do ser humano, imagem e semelhança do Criador (At 17.28). Faz parte da
estrutura espiritual de quem crê, teme, ama e serve ao Eterno, a necessidade
interior de adorá-lo (Ef 1.6,12,14). A experiência pessoal na adoração é algo
que flui do coração grato (Ne 12.43).
III.
ELEMENTOS DA ADORAÇÃO
1.
A oração é um elemento da adoração.
Ao
dobrarmos nossos joelhos estamos adorando ao Senhor. A oração é um princípio de
adoração e comunhão constante com o Senhor que necessitamos para sermos
vitoriosos e mantermos seguros que Ele nos escuta sempre (Sl 3.4; 30.8; 120.1;
Jn 2.2; Mt 6.6; 1Jo 5.14). O crente deve estar confiante que Deus se importa
com ele e sente profundamente as suas aflições (Sl 34.18; Is 57.15). A Bíblia
nos exorta a adorarmos a Deus apresentando nossas queixas e ansiedades através
da oração a fim de repousarmos nEle (Sl 4.1; 18.6; Fp 4.6; 1Pe 5.7).
2.
O louvor é um elemento da adoração.
O
verbo louvar deriva-se de “laudare” em latim, que é uma
declinação do verbo “laudo”. Segundo o dicionário, laudo é um
parecer ou documento descrevendo uma decisão. Quando louvamos alguém estamos
dando um parecer de que aquele alguém merece ser elogiado. Nosso Criador espera
que reconheçamos a grandeza dos seus feitos e entreguemos a Ele o nosso laudo
de louvor (Êx 15.11; Lv 22.29). No Evangelho de Lucas encontramos importantes
cânticos como: a) O cântico de Maria “magnificat” (Lc
1.46-55); b) O cântico de Zacaria “benedictus” (Lc
1.68-79); c) O cântico dos anjos “Glória in excelsis Deo” (Lc
2.13,14); e, d) O cântico de Simeão “nunc dimittis” (Lc
2.29-32). O louvor é a expressão, a verbalização, a exteriorização, do que
pensamos e sentimos acerca do Senhor (Sl 108.1). O louvor não se limita ao
cântico, mas abarca tudo o que há em nós (Sl 103.1,2; 149.1) (Wiersbe 2010, pp.
226-227).
3.
A confissão de pecados é um elemento da adoração.
A
Igreja tem um papel relevante no que diz respeito à obra redentora de Jesus. A
Igreja não salva, mas é através dela que a salvação é difundida e recebida
através da confissão de pecados e arrependimento sincero. O crente, que foi
salvo da condenação do pecado, deve aqui viver em santidade prática, liberto do
poder do pecado, e vencedor por Cristo, mediante a fé (Hb 11.17-39).
4.
A pregação da Palavra é um elemento da adoração.
Em
toda a Bíblia e principalmente no livro dos Salmos encontramos belos hinos de
adoração a Deus (Êx 15.1-19; Is 6.3; 12.1-6; Sl 23; 91; 139; Rm 11.33-36; Fp
2.6-11; 1Tm 3.16; Ap 4.8; 5.9,10). Na adoração e ministração da Palavra de
Deus, a ignomínia do pecado é revelada e a necessidade de salvação é
demonstrada (Sl 51.10-12,17; 32.5-7). O homem sob o poder do pecado não é capaz
de avaliar o perigo eterno que aguarda aquele que é escravo do pecado. Mas, uma
vez remido e salvo do pecado, o crente deseja adorar ao Senhor que o salvou (Sl
32.1,2; 34.15-22).
IV. CARACTERÍSTICAS DA VERDADEIRA
ADORAÇÃO
1.
A verdadeira adoração é sincera.
A
verdadeira adoração deve partir do nosso desejo de fazer tudo para que Deus
seja glorificado (Sl 103.1-2). Uma das verdades mais impressionantes que
encontramos na Bíblia é que Deus procura os verdadeiros adoradores (Jo 4.23),
pois, existem aqueles que o adoram desinteressadamente, na maioria das vezes
estão em busca de algo de Deus e não em busca da presença de Deus. Muitos
cantam, mas não louvam nem adoram ao Senhor (Am 5.23; Is 29.13). Adoração não
deve ser mecanizada, ela deve ser do mais íntimo do coração (Is 1.11-14).
Adoração que não é sincera não é adoração, só é apenas um ritual sem valor (Is
1.11; Jo 4.23). A adoração se inicia no coração. É o amor a Deus expressado em
louvor e agradecimento. Adoração não é um sentimento sem expressão ou uma
formalidade vazia (Is 29.13; Mc 7.6,7).
2.
A verdadeira adoração é teocêntrica.
Como
a Bíblia nos ensina a verdadeira adoração é teocêntrica, pois, na verdadeira
adoração não há espaço para o espelho. O verdadeiro louvor não pode ser
antropocêntrico (homem no centro), mas teocêntrico (Deus no
centro) (Sl 115.1; 2Cr 20.18,19,21; Mt 4.10), pois ela prioriza Deus e
não as nossas necessidades (Jó 1.20-22; Mt 15.25). De acordo com o AT, a
adoração tem uma característica marcante que é a prostração reverente diante do
Senhor (Gn 24.26; Êx 12.27; 34.8,9; 2Cr 20.18; 29.29; Ne 8.6; Jó 1.20: Sl 95.6).
Essa mesma característica distintiva, a prostração referente, é reafirmada no
NT (Mt 2.11; At 10.45; 1Co 14.25; Ap 1.17; 19.1-4). Até no céu a marca da
verdadeira adoração permanece (Ap 19.4). Deus convida-nos a adorá-lo,
reconhecê-lo como único Senhor (Sl 29.2; 150.6; Is 55.6). Logo, a adoração
concentra-se em Deus e não no homem ou qualquer outro ser (Is 42.8; Mt 4.10; Ap
19.10; 22.9).
3.
A verdadeira adoração é cristocêntrica.
A
adoração ao Pai está centrada na pessoa bendita de Jesus Cristo (Rm 11.33-36).
Nesse sentido, não é o ritualismo ou o simbolismo que pauta a adoração, mas a
pessoa de Jesus. Ele é o centro. Ele é o tudo. Ele é o nosso Salvador. O louvor
para o cristão só terá um verdadeiro sentido se este for endereçado a Cristo,
não existe outro que tenha esta preeminência. O louvor cristocêntrico é aquele
que reconhece em Cristo Jesus o centro da adoração. O Senhor Jesus revelou ao
apóstolo João que o conteúdo da adoração deve ser cristocêntrico (Ap 4.8-11;
5.9-14; 7.9-12). Em Filipenses 3.17 o apóstolo “Paulo trata agora de
motivações; seja em ação, seja por palavras, tudo precisa ser feito em nome de
Cristo, com atitude”. Quando Cristo é o centro de nossa adoração o louvor é
utilizado para expressar exatamente isto. A Igreja primitiva aprendeu logo cedo
a exaltá-lo, e usar o momento de louvor no culto para evidenciar a soberania de
Cristo (BRUCE, 2010, p. 2026).
4.
A verdadeira adoração é ultracircunstancial.
A
verdadeira adoração vem do coração, não é só um ato exterior. A adoração ao
Senhor deve brotar de um coração pronto e agradecido (Sl 57.7) que não adora
apenas nos momentos de abundância e felicidade, mas também nas horas de
escassez e tristeza (2Cr 20.3,4; At 16.25; Fp. 4.12,13). A adoração genuína é
ultracircunstancial (2Cr 20.2,12,15; Hc 3.17,18); ou seja, não se limita às
circunstâncias favoráveis. A adoração ultracircunstancial é um estado de
consciência onde se reconhece simultaneamente a grandiosidade de Deus e a
efemeridade da condição humana (Jo 4.23). É a busca insaciável por mais da
pessoa de Deus, sem nenhum interesse alheio a esse fim. Não é fácil esquecer-se
das lutas e dificuldades que enfrentamos no nosso dia a dia, em que muitas
delas são embates tenebrosos contra o inimigo. Porém, crente que confia e
obedece ao Senhor aproveita estes momentos difíceis para adorar ao Senhor em
gratidão pelos grandes livramentos alcançados (Sl 18.3).
CONCLUSÃO
Na
mordomia da adoração, precisamos saber que Deus não vê apenas o gesto exterior
como expressão de louvor, mas também a motivação do coração (1Sm 16.7). Com
base no Antigo e no Novo Testamento, a adoração é a veneração elevada que se
presta ao Deus único e Criador.
REFERÊNCIAS
Ø CHAMPLIN, R. N. Dicionário de
Bíblia, Teologia e Filosofia. SP: HAGNOS. 2002.
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia de
Estudo Pentecostal. RJ: CPAD. 1997.
Ø JONES, Landon. O Deus de Israel.
Na teologia do Antigo Testamento. SP: HAGNOS. 2018.
Ø VINE, W. E.; UNGER, Merril F.; WHITE
JR., William. Dicionário Vine. RJ: CPAD, 2007.
Ø JEREMIAH, D. O Desejo do Meu
Coração. RJ: CPAD, 2006.
ØWIERSBE, Warren W. Comentário
Bíblico Expositivo. vol. 5. SP: GEOGRÁFICA, 2010.
Ø BRUCE, F.F. Comentário Bíblico NVI.
SP: VIDA, 2010.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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