Tt 1.1-9
INTRODUÇÃO
Nesta
lição, abordaremos o conceito de igreja e suas definições como organismo e
organização. Veremos que as Escrituras nos apresentam essas verdades de maneira
inconteste, pois não se pode existir um organismo, sem que ele venha
precedido de uma organização. Esta lição vem esclarecer àqueles que
ignoram o aspecto organizacional da igreja, relegando-o ao conceito de
inovação, apontando de que o Novo Testamento nos mostra uma igreja organizada,
norteada por princípios administrativos-eclesiásticos, que foram sendo
constituídos à medida que a igreja crescia e tomava forma.
I. DEFINIÇÕES DOS TERMOS: IGREJA,
ORGANISMO E ORGANIZAÇÃO
1.Igreja.
Eclesiologia
é a disciplina da Teologia que estuda a igreja, sua fundação, símbolos e
missão, conforme as Escrituras. A Declaração de Fé das Assembleias de Deus
(2017, p. 120) define que: “A palavra ‘igreja’ significa, literalmente,
‘chamados para fora’ e era usada para designar ‘assembleia’ ou ‘ajuntamento’
dos cidadãos de uma localidade na antiguidade grega”. O vocábulo igreja é
formado por duas palavras gregas: pelo prefixo “ek”, “a partir de, dentro de”
ou “para fora de”; e, “klesis”, que significa: “chamada, convocação, convite”.
Literalmente quer dizer “chamados para fora”. O termo ainda é usado para
designar um “grupo local de cristãos” (Mt 18.17; At 5.11; Rm 16.1,5); ou a
Igreja universal à qual todos os servos de Cristo em todos os tempos estão ligados
(At 9.31; 1Co 12.28; Ef 1.22). Podemos dizer que a Igreja do Senhor Jesus foi
fundada durante o seu ministério (Mt 16.18), e inaugurada no dia de Pentecoste
(At 2) (Bergstén, 2005, p. 214).
2.
Organismo.
Segundo
o dicionário da língua portuguesa, o termo “organismo” refere-se a: Forma
individual de vida [...] qualquer corpo constituído por órgãos, organelas ou
outras estruturas que interagem fisiologicamente, executando os diversos
processos necessários à vida” (Houaiss, 2001, p. 2079).
3.
Organização.
Segundo
o dicionário da língua portuguesa, o termo “organismo” refere-se ao: “ato
ou efeito de organizar, composição, estrutura, inter-relacionamento regular das
partes que constituem um ser vivo. Entidade que serve à realização de ações de
interesse social, político, administrativo etc.; instituição, órgão, organismo,
sociedade”. Segundo Chiavenato (2011, p. 26), um dos autores nacionais
mais conhecidos e respeitados na área da administração de empresas e recursos
humanos, organização “é uma entidade social composta de pessoas e de
recursos, deliberadamente estruturada e orientada para alcançar um objetivo
comum”.
II. A IGREJA COMO ORGANISMO
1.
Como organismo, a Igreja é o “Corpo de Cristo”.
Segundo
Stanley Horton (2021, p, 544), a figura bíblica de máxima relevância para
apresentar a Igreja é o “Corpo de Cristo”. Era a expressão predileta de Paulo,
que frequentemente comparava os inter-relacionamentos e funções dos membros da
igreja como partes do corpo. Como corpo, Paulo nos lembra a verdadeira união,
que é essencial na igreja (1Co 12.12). Da mesma forma que o Corpo de Cristo tem
o propósito de funcionar eficazmente como uma só unidade, também os dons do
Espírito Santo são dados para equipar o corpo “pelo Espírito... o mesmo
Senhor... o mesmo Deus que opera tudo em todos... para o que for útil (1Co
12.4-7). Por esta razão, os membros do corpo de Cristo devem agir com grande
cautela “para que não haja divisão no corpo, mas, antes, tenham os
membros igual cuidado um dos outros” (1Co 12.25; Rm 12.5). Embora deva
existir união no corpo de Cristo, não se constitui antítese enfatizar que é
necessária a diversidade para o bom funcionamento do corpo. No mesmo contexto
em que Paulo enfatiza a união, também declara: “Porque também o corpo não
é um só membro, mas muitos” (1Co 12.14). Referindo-se a mesma analogia,
em outra epistola ele declara: “Assim como em um corpo temos muitos
membros, e nem todos os membros têm a mesma operação...” (Rm 12.4).
Dessa maneira, há uma “unidade na diversidade” dentro do corpo de Cristo.
2.
Como organismo, a Igreja é “universal”.
A
igreja universal ou invisível consiste em todos os discípulos de Cristo, quer
estejam vivos ou mortos em todo o mundo e em todos os tempos. Algumas vezes a
Bíblia usa a palavra “igreja” no sentido universal para falar de todo o povo
que pertence a Cristo, não importa de onde ele possa ser. A Igreja invisível
não é um edifício construído com blocos e cimento, mas, um edifício construído
com pedras vivas (1Pe 2.5). Estas “pedras vivas” são chamadas os santos e
membros da família de Deus (Ef 2.19-22).
3.
Como organismo, a Igreja é conhecida por sua “unidade e dons”.
Como
um organismo vivo, a Igreja Primitiva era conhecida, por exemplo, pela comunhão
dos seus membros (At 2.42-46) e pelo exercício dos seus carismas (1Co 12-14). Essa
era a estrutura mística do Corpo de Cristo. O apóstolo Paulo mostra esse fato
quando faz a analogia da igreja com um corpo humano (1Co 12). Por outro lado, a
organização é um processo natural em tudo o que é humano. Todos nós sentimos a
necessidade, de alguma forma, de estarmos organizados (Gonçalves, 2023, p. 65).
A IGREJA COMO ORGANIZAÇÃO
|
A IGREJA COMO ORGANISMO
|
A
Igreja como organização é visível, local, humana, imperfeita
(tem defeitos, problemas e pode até cometer erros), é temporária (pode vir a
desaparecer).
|
A
Igreja como organismo, enquanto organismo vivo, é dirigida pelo
Espírito Santo, enviado por Jesus. Como organismo, a igreja é a noiva, a
lavoura e o edifício santo.
|
É
visível
|
É
invisível
|
É
local
|
É
universal
|
É
humana
|
É
divina
|
É
temporária
|
É
perpétua
|
É
imperfeita
|
É
perfeita
|
III. A IGREJA COMO ORGANIZAÇÃO
1.
Como organização, a Igreja é “local e organizada”.
As
Escrituras apresentam o modelo bíblico para os cultos: “Por que isto?
Deus não é Deus de confusão, mas de paz, na igreja dos santos” (1Co
14.33). A Bíblia nos ensina que: “Não abandonando a nossa congregação,
como é costume de alguns […]” (Hb 10.25). A igreja de Cristo é composta
por crentes de todas as eras e tempos que se reúnem com cultos, liturgias,
ministérios, lideranças, coletas, contribuições etc. (Lc 11.42; At 2.46,47; 1Co
14.6; 6:1-6; 13.1-2; 16.1; Ef 4.11-12; Rm 15.26; 2Co 9.1-13; Hb 7.8; Hb 13.17).
2.
Como organização, a Igreja possui liderança humana para administrá-la.
Desde
o AT o Senhor instituiu homens para liderar (Êx 18.25,26; Ne 8.4-6; Jr 3.15). A
hierarquia ministerial não existe com a pretensão de um ser melhor que o outro,
mas para o Altíssimo manter a ordem: “Lembrai-vos dos vossos pastores,
que vos falaram a palavra de Deus […]” (Hb 13.7). Paulo falou: “E
rogamo-vos, irmãos, que reconheceis os que trabalham entre vós e que presidem
sobre vós no Senhor, e vos admoestam” (1Ts 5.12). Ainda podemos ver: “Os
presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra,
principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina” (1Tm 5.17). O
próprio Jesus constitui homens para a liderança do ministério: “E Ele
mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para
evangelistas, e outros para pastores e doutores […]” (Ef 4.11-13 ver At
20.24,28, Jo 21.17). Paulo ainda disse: “Ora, vós sois o corpo de Cristo,
e seus membros em particular. E a uns pôs Deus na igreja […]” (1Co
12.27,28). Segundo o modelo do NT os pastores representam os fiéis e hão de dar
conta do rebanho: “Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles […]”
(Hb 13.17). Seguir ao Senhor Jesus presume-se em pertencer ao seu
rebanho e conquanto tenhamos pastores (Ef 4.11; Hb 13.7; Jr 3.15).
3.
Como organização, a Igreja uma “organização formal”.
O
Novo Testamento nos apresenta a igreja como uma organização formal. Ela possuía
dias de cultos estabelecidos (At. 207; Hb 10.25); tinha uma liderança
era centralizada (At 16.4); as igrejas locais estavam subordinadas
a igreja mãe (At 16.4); os apóstolos doutrinavam a igreja (At
2.42); havia instituição de lideranças (At 6.6; 14.23; Tt 1.5),
verificava-se as qualificações dos candidatos ao ministério (1Tm
3.2-13), reunia-se em concílio (At 15. 1-6), enviava
missionários (At 13.2). Os missionários prestavam relatório das
atividades (At 14.26-28), havia disciplina na igreja (1 Cor
5.4,5,13); ordenanças (At. 2.41; 1 Co 11.23-26); cartas de
recomendação (At. 18.27; 2Co 3.1) e contribuições (Rm
15.26; 1Co 16.1,2). Assim, como toda organização, a Igreja possuía
membros (At 2.47; 5.15; 1Co 1.2); tinha um objetivo: a
glória de Deus (Hb 10.25; 1Ts 5.11; Hb 3.13; Mt 28.19; 2Co 8.5; At. 8.4); e era
regida por leis: a lei de Cristo (2Co 5.17; Cl 3.1-5; At 2.42-46;
Rm 8.1-4; 6.11-14; Ef. 4.17-5.1).
CONCLUSÃO
Aprendemos
que a igreja do Senhor Jesus, é tanto um organismo como uma organização. Como
organismo, a igreja é universal ou invisível, e consiste em todos os discípulos
de Cristo, quer estejam vivos ou mortos em todo o mundo e em todos os tempos.
Como organização, é composta por crentes de todas as eras e tempos, que se
reúnem com cultos, liturgias, ministérios, lideranças, coletas, contribuições
etc.
REFERÊNCIAS
Ø ANDRADE, Claudionor Correa. Dicionário
Teológico. CPAD.
Ø BERGSTEN, Eurico. Teologia
Sistemática. CPAD.
Ø CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à
Teoria Geral da Administração. CAMPUS.
Ø GONÇALVES, José. O Corpo de Cristo:
Origem, Natureza e Vocação da Igreja no Mundo. CPAD.
Ø HORTON, Stanley. Teologia
Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. CPAD.
Ø CHAMPLIM, R. N. Enciclopédia de
Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo
Pentecostal. CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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