Jo 3.1-9,16
INTRODUÇÃO
Na
aula de hoje teremos a oportunidade de observar uma belíssima conversa entre o
Mestre Jesus e Nicodemos, um homem sábio concernente a Lei de Deus, mas que não
compreendia a extensão deste projeto. Conheceremos este personagem e sua
importância na religião judaica, trataremos do tema central desta lição que é o
novo nascimento e por fim veremos por quais meios Deus promove a Regeneração
que é a doutrina bíblica do novo nascimento.
I. DEFINIÇÃO REGENERAÇÃO (NOVO
NASCIMENTO.
O
Pastor Claudionor correia de Andrade define “novo nascimento” ou “regeneração”
é: “o milagre que se dá na vida de quem aceita a Cristo,
tornando-o participante da vida e da natureza divina. Através da regeneração o
homem passa a desfrutar de uma nova realidade espiritual” (ANDRADE,
2006, p. 317). A palavra regeneração no grego é “palinginésia” formada
da expressão “pálin”, 'novamente', e “génesis”, 'nascimento',
significa, portanto, “novo nascimento”. O novo nascimento é
a operação sobrenatural do Espírito Santo no âmago do ser humano, por meio da
qual sua natureza é transformada e ele é regenerado segundo a imagem e
semelhança de Deus. Trata-se de um ato da graça divina, pelo qual o homem é
introduzido na esfera do Reino de Deus (Jo 3.1–6). Assim como ninguém pode
possuir cidadania antes de nascer fisicamente, também ninguém pode fazer parte
do Reino espiritual sem experimentar o nascimento do alto. Na revelação
bíblica, essa realidade é descrita sob diversas expressões teológicas, como:
nascer da água e do Espírito (Jo 3.5–6); ser criado em Cristo (Ef 4.24; Cl
3.10); tornar-se nova criatura (2Co 5.17); ser regenerado para uma viva
esperança (1Pe 1.3); e nascer de Deus (1Jo 2.29; 3.9; 4.7; 5.18). Todas essas
expressões apontam para a obra regeneradora do Espírito, que concede nova vida
àquele que crê, unindo-o vitalmente a Cristo e inserindo-o na comunhão dos
santos.
II. NICODEMUS, UM FARISEU.
1.
Os Fariseus.
O
nome “fariseu”, no grego farisaios, vem do adjetivo aramaico que
significa “separado”, “dividido”. Talvez seus inimigos tenham cunhado esse
nome, pois os fariseus viviam separados do povo temendo a imundície. Eles
gostavam de chamar-se haberin, “companheiros”, ou qedosim,
“santos”. (...) Esdras entregou-se à pesada tarefa de ensinar a Lei ao povo.
Ele teve legítimos continuadores de seu importante trabalho. Aqueles que
continuaram ensinando a Lei ao povo foram chamados hasidhim, que
significa “leais a Deus”. (TOGNINI, p. 152, 2023). Era este grupo seleto que
Nicodemos fazia parte, embora muitos ao longo dos anos se tornaram hipócritas
como o próprio Jesus disse (Mt. 23).
2.
O que Jesus falou sobre os fariseus.
Precisamos
entender que este é um dos grupos mais complexos e materialistas dos dias de
Jesus. Eram bastante rigorosos quanto ao cumprimento da Lei, mas infelizmente
não viviam o que ensinavam. Vejamos o que Jesus afirmou sobre eles: Eram
presunçosos. (Lc 18.10-13), guias de cegos. (Mt 15.14), hipócritas. (Mt 15.7;
23.23) que adoravam ser vistos. (Mt 23.1-7), que viviam de aparências. (Lc
10.25-37) e principalmente. não aceitavam a reconciliação com os judeus
“pecadores e Publicanos” (Lc 15). Diferentemente de seu grupo este homem
está muito interessado em conhecer verdadeiramente quem é Jesus. Ele sabe que
sua “religiosidade” não o completa e que ele precisa de algo que só Jesus
poderia oferecer e vai em busca disso, e ele encontra.
3.
Nicodemos.
Tudo
indica que Nicodemos foi extremamente sincero em sua busca pela verdade. Foi
procurar Jesus à noite, não porque temesse ser visto, mas provavelmente porque
desejava ter uma conversa tranquila e sem interrupções com o novo Mestre
"vindo da parte de Deus". O fato de Nicodemos usar o plural
("sabemos") e de Jesus responder com "importa-vos" (Jo 3:7)
pode indicar que Nicodemos representasse os líderes religiosos. Era um homem de
altíssimo caráter moral e de profundo anseio espiritual, mas que sofria de grande
cegueira espiritual (WIERSBE, p. 379, 2007).
III. A NECESSIDADE DA REGENERAÇÃO
Deus criou os seres humanos em um estado de
perfeição: “Deus fez ao homem reto” (Ec 7.29a). Uma das
características que Deus concedeu ao homem foi o poder do livre arbítrio (Gn
2.16). O primeiro casal fez uso da liberdade e quis desobedecer a Deus (Gn
3.1-6). O que seguiu-se a este mau uso da liberdade humana foi um estado de
pecaminosidade, do qual não podemos escapar e reverter sem o auxílio divino.
Dentre as consequências que o pecado trouxe ao homem, a principal delas, foi a
morte espiritual (Gn 2.16,17; 3.2,3; Rm 6.23). A morte espiritual é a separação
espiritual de Deus (Is 59.2). Como toda a humanidade estava representada em
Adão, quando ele caiu em transgressão, também toda a humanidade caiu com ele. O
apóstolo Paulo deixa isso bem claro quando assevera: “por um homem entrou
o pecado [...] por isso que todos pecaram” (Rm 5.12). Confira também:
(Rm 2.10-12; 3.23; 5.13-16). Geisler (2010, p. 104) acrescenta dizendo: “todo descendente
de Adão — toda pessoa nascida de pais naturais desde o tempo da Queda — também
está espiritualmente morto”. Diante de tal situação espiritual de morte,
faz-se necessário o homem nascer espiritualmente de novo. Portanto, a
regeneração é uma necessidade a todos os homens (Jo 3.3,5). Vejamos:
1.
Sem o novo nascimento o homem permanece morto espiritualmente.
Paulo
diz que o homem não regenerado “está morto em delitos e pecados” (Ef
2.1,5). Vale salientar que essa “morte” não é a incapacidade de
corresponder ao chamado de Deus, mas a separação espiritual da presença dEle
(Is 59.2; Rm 3.23). Paulo disse que o homem nessa condição não compreende as
coisas de Deus (1Co 2.14). O pecador é iluminado, quando exposto a pregação da
Palavra que esclarece seu entendimento (Ef 1.18; 6.4; 2Co 6.4), até então
obscurecido pelo pecado (Ef 4.18) e pelo diabo (2Co 4.4), e, ao crer no
evangelho este é então vivificado (Ef 1.13; 2.1,5). No entanto, mesmo
sendo iluminado, a pessoa pode optar por aceitar ou rejeitar o plano da
salvação (Mt 16.24; Jo 7.37; Ap 22.17).
2.
Sem o novo nascimento, o homem não tem acesso ao Reino de Deus.
Por
melhor que seja uma pessoa, ela não pode produzir sua salvação (Is 64.6; Tt
3.5). Jesus declarou ao religioso Nicodemos três vezes que “é necessário
nascer de novo” (Jo 3.3,5,7). Moody (sd, p. 18) diz que esta “não
é simplesmente uma exigência pessoal, mas universal”. Segundo o Mestre
Jesus, o novo nascimento é necessário porque: (a) sem ele o homem não
pode ver o Reino de Deus (Jo 3.3); e, (b) tampouco entrar nele (Jo 3.5).
O homem do jeito que está não pode ter acesso ao Reino de Deus, pois é “filho
da ira por natureza” (Ef 2.3); e, andando na carne não pode agradar a
Deus (Rm 8.8). Somente quando nasce de novo, este homem é criado em verdadeira
justiça e santidade requeridas por Deus para que tenha acesso ao Reino (Ef
4.24).
IV. COMPREENDENDO COMO SE DÁ A OBRA
DA REGENERAÇÃO.
1.
É um ato espiritual.
A
desobediência humana recebeu como sentença a morte, tanto física quanto
espiritual (Gn 2.16,17; Ez 18.4; Rm 6.23; Ef 2.1,5). Essa morte espiritual
implica na separação da presença de Deus (Rm 3.23). Portanto, “morto
espiritualmente” o homem necessita “nascer de novo” espiritualmente
para ter comunhão com Deus. Por isso, no discurso de Jesus com Nicodemos o
Mestre lhe diz: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer
de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo 3.3). Segundo Beacon (2006,
p. 49 – acréscimo nosso) a palavra traduzida como “de novo” é “anothen”,
que tem vários significados e um deles é: “de cima”. Acerca
disso Wilmington (2015, pp. 362,363) diz que: “o Messias estaria, então,
dizendo que o único requisito para viver nesta terra é ter um nascimento
físico; igualmente, o único requisito para viver um dia nos céus é ter um
nascimento espiritual”. Esse “nascer do Espírito” em nada tem a
ver com a reencarnação, que é um ensinamento que não encontra apoio nas
Escrituras (2 Sm 12.21-23; Hb 9.27). Aliás, Nicodemos perguntou se a
regeneração era vir de novo a vida fisicamente, voltando ao ventre materno (Jo
3.4). Jesus respondeu dizendo “o que é nascido da carne é carne, e o que
é nascido do Espírito é espírito” (Jo 3.6).
2.
É um ato interior.
Os
profetas predisseram este ato sobrenatural (Dt 30.6; Jr 24.7; Ez 11.19;
36.26,27). Embora o Antigo Testamento tenha em vista a nação de Israel,
a Bíblia emprega várias figuras de linguagem para descrever o que acontece no
novo nascimento. Nestas passagens bíblicas o novo nascimento é comparado a uma “cirurgia
interior”. Deixando claro que a regeneração é um ato divino operado
pelo Espírito Santo no espírito do homem. Segundo Macgrath (2010, p. 525) “a
regeneração altera a natureza interior do pecador” (Gl 5.16,17; Cl 3.5;
1Pe 2.11; 2Pe 1.4; 1Jo 3.9; 5.18).
3.
Um ato instantâneo e distinto.
Diferente
da santificação que é um processo, a regeneração é um ato instantâneo. A
palavra “instantâneo” segundo o Aurélio significa: “que se
dá num instante; rápido; súbito” (2004, p. 1113). O apóstolo Paulo nos
diz: “assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é [...]” (2Co
5.17). É bom destacar também que a regeneração é uma etapa da salvação distinta
da justificação, da santificação e da glorificação. A ordem segue-se assim:
primeiro “o pecador é declarado justo” (justificação); em seguida
“ele é feito justo” (regeneração); depois “ele vai se
tornando justo” (santificação); e, por fim, ele “será
perfeitamente justo” (glorificação).
CONCLUSÃO
Através
do processo do novo nascimento temos a oportunidade de voltar a ser o que Deus
sempre planejou para todos nós, podemos ser novamente seus filhos. É a partir
da Regeneração que todos podemos alcançar as demais bençãos advindas do
sacrifício vicário de Cristo, e ter a esperança de um dia estar com ele para
sempre. O pecado atingiu o homem e o destituiu da glória de Deus. Todavia, Deus
tomou a iniciativa de restaurar a comunhão outrora perdida com o homem, através
do evangelho, que iluminando o entendimento humano, pode vivificá-lo,
transformar o seu interior e levá-lo a ser participante da natureza divina.
REFERÊNCIAS
Ø ANDRADE, Claudionor de. Dicionário
Teológico. CPAD.
Ø GEISLER, Norman. Teologia
Sistemática. CPAD.
Ø HORTON, Stanley. Teologia Sistemática:
uma perspectiva pentecostal. CPAD.
Ø MCGRATH, Alister E. Teologia
sistemática, Histórica e Filosófica. SHEDD.
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia de
Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø WIERSBE, Warren W. Comentário
Bíblico Expositivo do Novo Testamento. GEOGRAFICA.
Ø TOGNINI, Enéas. O Período
Interbíblico. HAGNOS.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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