Jo
7.16-18,37,38; 8.31-36
INTRODUÇÃO
I. DEFINIÇÃO DO TERMO “VERDADE”.
1.
Definição do termo “verdade” na Bíblia.
Por
definição, a “verdade” na Bíblia carrega um peso muito mais profundo do que a
simples conformidade com os fatos. A verdade, nas Escrituras, está diretamente relacionada
ao caráter de Deus, à Sua Palavra, e à revelação plena em Jesus Cristo. No
Antigo Testamento, a palavra hebraica para “verdade” é [’emet], que
também significa “fidelidade, constância”. Deus é a fonte absoluta da verdade,
e tudo que dEle emana é verdadeiro: “Ele é a Rocha, suas obras são perfeitas, e
todos os seus caminhos são justos. É Deus fiel, que não comete erros; justo e
reto é Ele” (Dt 32.4), “Nas tuas mãos entrego o meu espírito; tu me redimiste,
SENHOR, Deus da verdade” (Sl 31.5); “Porque o SENHOR é bom, e eterna é a sua
misericórdia; e a sua verdade dura de geração em geração” (Sl 100.5), “De modo
que aquele que se abençoar na terra será abençoado pelo Deus da verdade...” (Is
65.16). A verdade em Jesus não é apenas um conceito, mas uma realidade viva e
divina. Ele é a manifestação visível do Deus verdadeiro (Jo 1.18; Cl 1.15). A
verdade deixou de ser abstrata e se tornou relacional, acessível, salvadora.
“Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). O conhecimento
da verdade não é apenas intelectual, mas transformador. O termo grego para
“conhecer” [ginosko] implica em experiência íntima. Jesus não apenas
fala a verdade — Ele é a Verdade. Ele nos liberta da culpa, do pecado, da
escravidão espiritual, da ignorância, e nos conduz a uma vida plena com Deus.
II. A BÍBLIA E A DIMENSÃO DA VERDADE
1.
A Verdade como Palavra de Deus.
A
Palavra de Deus é descrita como verdadeira porque reflete a realidade conforme
a mente divina: “A tua justiça é justiça eterna, e a tua lei é a verdade” (Sl
119.142), “A soma da tua palavra é a verdade, e cada uma das tuas justas
ordenanças dura para sempre” (Sl 119.160), “Toda palavra de Deus é pura; ele é
escudo para os que nele confiam” (Pv 30.5). A verdade de Deus está relacionada
com sua imutabilidade. Ele é verdadeiro porque é confiável e fiel à sua aliança
(Sl 89.14).
2.
A verdade revelada em Jesus Cristo.
A
verdade em Jesus não é apenas um conceito, mas uma realidade viva e divina. Ele
é a manifestação visível do Deus verdadeiro (Jo 1.18; Cl 1.15). A verdade
deixou de ser abstrata e se tornou relacional, acessível, salvadora. No Novo
Testamento, a palavra grega para “verdade” é [aletheia], significando
aquilo que é real, autêntico e revelado plenamente em Jesus Cristo: “E o Verbo
se fez carne, e habitou entre nós... cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14),
“Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo”
(Jo 1.17), “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém
vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6), “E conhecereis a verdade, e a verdade vos
libertará” (Jo 8.32), “Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade”
(Jo 17.17), “Se é que de fato o ouvistes, e nele fostes ensinados, conforme é a
verdade em Jesus” (Ef 4.21). Cristo não apenas fala a verdade, Ele é a própria
verdade encarnada. Conhecer Jesus é entrar em contato com a verdade última da
realidade espiritual e do propósito eterno de Deus.
3.
A Verdade como Obra do Espírito Santo.
O
Espírito Santo é chamado de “Espírito da Verdade”, pois conduz os crentes ao
entendimento pleno da vontade de Deus: “O Espírito da verdade, que o mundo não
pode receber, porque não o vê nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita
convosco e estará em vós” (Jo 14.17), “Mas, quando vier aquele Espírito da
verdade, ele vos guiará em toda a verdade...” (Jo 16.13), “Este é aquele que
veio por água e sangue, Jesus Cristo... e o Espírito é o que dá testemunho,
porque o Espírito é a verdade” (1Jo 5.6). O Espírito Santo ilumina a mente e o
coração do crente para compreender e viver na verdade revelada em Cristo.
4.
A Verdade como Conduta do Crente.
A
verdade não é apenas algo que se conhece, mas algo que se vive. Os seguidores
de Cristo devem andar em verdade: “Pelo que deixai a mentira, e falai a verdade
cada um com o seu próximo...” (Ef 4.5), “Porque muito me alegrei quando os
irmãos vieram e testificaram da tua verdade... Não tenho maior gozo do que
este: o de ouvir que os meus filhos andam na verdade” (3Jo 1.3-4), “Tendo
purificado as vossas almas na obediência à verdade...” (1Pe 1.22). A verdade
deve moldar a vida moral e ética do cristão, refletindo o caráter do próprio
Deus.
5.
As dimensões da verdade.
A
verdade Ontológica: Deus é a verdade
absoluta (Dt 32.4; Sl 31.5), a verdade revelacional: A Palavra é a
verdade escrita (Sl 119.142,160), a verdade cristológica: Jesus é a
Verdade encarnada (Jo 14.6; 1.14), a verdade pneumatológica: O Espírito
conduz à verdade (Jo 16.13), e, a verdade é praticada: A verdade deve
ser vivida (Ef 4.25; 3Jo 1.3). Vivemos em uma sociedade em que a palavra
"liberdade" é exaltada, mas muitas vezes mal compreendida. Para
muitos, ser livre é poder fazer o que quiser; para outros, é ser independente
de qualquer autoridade. No entanto, Jesus Cristo apresenta uma visão totalmente
diferente: a verdadeira liberdade está em conhecer e viver na verdade — e essa
verdade é Ele mesmo.
III. JESUS, A VERDADE QUE LIBERTA: A
QUESTÃO DA MULHER ADULTERA E A VERDADE
“E
conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8.32). Em um mundo
marcado por meias-verdades, enganos sutis e ideologias contraditórias, a
pergunta de Pilatos continua ecoando nos séculos: “Que é a verdade?” (Jo
18.38). A resposta não está em sistemas filosóficos, nem em teorias humanas,
mas em uma Pessoa: Jesus Cristo. Ele mesmo declarou: “Eu sou o caminho, e a
verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6). Jesus viu-se
novamente em conflito com os líderes religiosos judeus; dessa vez, porém,
prepararam uma armadilha para ele na esperança de conseguir provas suficientes
para prendê-lo e se livrar dele. Sua conspiração não deu certo, mas foi seguida
de uma controvérsia. No capítulo 8 de João, há uma série de contrastes que
revelam a bondade de Cristo e a perversidade humana.
1.
Um projeto contra Jesus.
Jesus
não apenas frequentava o templo, como ensinava publicamente naquele local (ver
Lc 21.37), no pátio das mulheres, onde ficava a tesouraria do templo (Jo 8:20).
Os escribas e fariseus sabiam onde ele estaria, de modo que se uniram para
tramar contra ele. Dificilmente um casal era pego no ato de adultério.
Imaginamos se o homem (que, em momento algum, foi acusado!) fazia parte da
conspiração. De acordo com a Lei, ambas as partes culpadas deveriam ser
apedrejadas (Lv 20.10; Dt 22.22) e não apenas a mulher. E um tanto suspeito que
o homem tenha sido liberado. Os escribas e fariseus trataram a questão de
maneira brutal, interrompendo Jesus enquanto ensinava e empurrando a mulher
para o meio do povo.
2.
Pecadores exigindo justiça.
É
evidente que os líderes judeus tentavam colocar Jesus em uma situação sem
saída. Se ele dissesse que a mulher deveria ser apedrejada, perderia sua
reputação de "amigo dos publicanos e pecadores". Sem dúvida, o povo o
abandonaria e não aceitaria sua mensagem bondosa de perdão. Mas, se dissesse
que a mulher não deveria ser apedrejada, estaria transgredindo a Lei
abertamente e poderia ser preso. Em mais de uma ocasião, os líderes religiosos
tentaram jogar Jesus contra Moisés e, nessa situação, pareciam ter encontrado
uma provocação perfeita (Jo 5.39-47; 6.32; 7.40).
3.
Jesus ensina como se deve aplicar a lei.
Em
vez de julgar a mulher, Jesus julgou os juízes! Certamente se indignou com a
maneira como a trataram e com o fato de esses hipócritas condenarem outra
pessoa em lugar de julgarem a si mesmos. Não sabemos o que estava escrevendo no
chão de terra do templo. Será que simplesmente lembrava àqueles homens que os
Dez Mandamentos haviam sido escritos "pelo dedo de Deus" (Êx 31.18),
e que ele era Deus? Ou, quem sabe, os lembrava da advertência em Jeremias 1
7.13?
4.
Uma lição e uma nova chance.
De
acordo com a Lei judaica, os acusadores deveriam atirar as primeiras pedras (Dt
17.7). Jesus não pedia que homens sem pecado julgassem a mulher, pois ele era a
única Pessoa sem pecado ali presente. Se nossos juízes tivessem de ser
perfeitos, os bancos dos tribunais estariam vazios. Antes se referia ao pecado
específico da mulher, que poderia ser cometido tanto com o corpo quanto com o
coração (Mt 5.27-30). Condenados pela própria consciência, os acusadores saíram
de cena em silêncio, deixando Jesus a sós com a mulher. Ele a perdoou e
advertiu a que não pecasse mais (Jo 5.14) (Wiersbe, 2007, pp. 411-412).
IV. JESUS A VERDADE QUE LIBERTA DO
JULGO DA LEI
1.
Conhecendo a verdade.
Jesus
quer dizer com conhecer a “verdade” não o mero saber de fatos e a constatação
de acertos, mas refere-se à verdade essencial, viva, que nos mostra quem Deus é
realmente e quem nós seres humanos somos de fato. Ela nos revela como chegamos
à vida eônica, que alvos gloriosos Deus tem com toda criação, e como Deus
concretiza esses seus alvos. Toda essa verdade não pode ser apreendida com a
força do próprio intelecto, mas é revelada cada vez mais pelo Espírito Santo
(Jo 16.13) àqueles que permanecem na palavra de Jesus. Jesus mais tarde dirá a
seus discípulos que ele em pessoa é essa verdade (Jo 14.6). Permanecendo na
palavra dele, portanto, eles entram em conexão essencial com a verdade viva de
Deus (Boor, 1997, p. 410).
2.
Libertados pela verdade.
A
pior escravidão é aquela em que o cativo não reconhece sua situação. Pensa ser
livre, quando, na verdade, é escravo. Os fariseus e outros líderes religiosos
acreditavam ser livres, mas, na verdade, estavam sujeitos a uma terrível
escravidão espiritual, servindo ao pecado e a Satanás. Negavam-se a encarar a
verdade e, no entanto, somente a verdade poderia libertá-los. É o que Jesus
está oferecendo a eles e a todos nós. Somente a verdade tem o poder de
libertar. Os Fariseus e Escribas não aceitaram a verdade, mas Ela continua
sendo verdade.
CONCLUSÃO
A
verdade para nós transcende o físico. Não se limita a conceitos, ideias ou
fatos que correspondem à realidade. A verdade é uma pessoa: Jesus Cristo. Ele é
a revelação visível do Deus invisível, a expressão perfeita da vontade, do
caráter e do amor divinos. Em Cristo, a verdade deixou de ser apenas conhecida
e passou a ser vista, tocada, ouvida. Ele mesmo declarou: "Eu sou o
caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim" (Jo
14.6).
REFERÊNCIAS
Ø BOOR, Werner. Comentário
Esperança, evangelho de João. ESPERANÇA
Ø GEISLER, Norman. Teologia
Sistemática. CPAD.
Ø GEISLER, Norman. TUREK, Frank. Não
tenho fé suficiente para ser ateu. VIDA.
Ø WIERSBE, Warren W. Comentário
Bíblico Expositivo do Novo Testamento. GEOGRAFICA.
Por Rede Brasil de Comunicação.
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