Jo
10.1-16
INTRODUÇÃO
Nesta
lição estudaremos o uso da palavra “pastor” no Antigo Testamento; falaremos
sobre a metáfora do pastor na Bíblia; notaremos o contexto de Ezequiel em
relação aos pastores e as ovelhas; veremos Jesus como exemplo de pastor; e por
fim; concluiremos falando sobre o dom ministerial de pastor.
I. O USO DA PALAVRA PASTOR NO AT
No
hebraico, “raah”, palavra que figura por setenta e sete vezes,
onde tem o sentido de pastor (Gn 49.24; Êx 2.17,19; Nm 27.17; 1Sm 17.40; Sl
23.1; Is 13.20; Jr 6.3; Ez 34.12,23; Am 1.2; 3.1; Zc 10.2,3). No seu sentido
literal, “um pastor” é alguém que cuida dos rebanhos de ovelhas. Os pastores
eram conhecidos como profissionais que alimentavam e protegiam os rebanhos (Jr
31.10; Ez 34.2,12) e que livravam dos animais ferozes as ovelhas (Am 3.12)”
(Champlin, 2004, p. 104).
1.
Deus como pastor.
Com
base na ideia de que o pastor é um protetor e líder do rebanho, surgiu o
conceito de Deus como o Pastor de Israel. Os próprios pastores antigos foram os
primeiros a salientar essa similaridade. Assim Jacó se dirigiu a Deus, nos dias
que antecederam a sua morte (Gn 49.24). E Davi chamou Deus de seu Pasto (Sl
23.1), o que Asafe também fez (Sl 80.1).
2.
Profetas, sacerdotes e reis.
Podemos
encontrar também muitas passagens, no AT, que se referem aos líderes e
governantes do povo de Deus como pastores (Nm 27.17; 1Rs 22.17).
Posteriormente, os profetas, os sacerdotes e os reis de Israel, que haviam
falhado em seu encargo, diante de Deus e de seu povo, foram condenados como
pastores que haviam desertado o rebanho ou que haviam enganado as ovelhas (Jr
2.8; 10.21; 23.1; Ez 34.2). Enquanto o profeta é chamado de atalaia, os
governantes de Israel são aqui chamados de pastores (COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON,
vol. 4, 2014, p. 476).
II. A METÁFORA DO PASTOR DE OVELHAS
NA BÍBLIA
As
Escrituras revelam Deus como pastor do seu povo, mas isso se aplica também aos
líderes civis e reis em Israel. No livro de Ezequiel, há uma alegoria com
linguagem metafórica sobre uma atividade, no caso a de pastor de ovelhas.
Embora Ezequiel descreva as ações reais da atividade pastoril, o foco não é
esse, pois, os “pastores” referem-se aos governantes, e as “ovelhas”, ao povo
de Israel. Vejamos então:
1.
A linguagem metafórica do profeta Ezequiel compara os líderes de Israel a
“pastores”.
Em
diversos textos bíblicos encontramos referências metafóricas do povo de Deus
como ovelhas (Sl 23; Is 53.6; Ez 34.31; Jo 10). A expressão “pastores de
Israel” é uma metáfora para os líderes políticos de Israel, mas também pode
incluir líderes espirituais. Os líderes foram acusados de esquecer as
principais características de um guia temente a Deus. “O discurso profético do
capítulo 34 está estruturado da seguinte maneira: a) os pastores infiéis
e as ovelhas (vv. 1-10); b) Deus como o futuro bom pastor (vv. 11-16); c)
o julgamento entre as próprias ovelhas (vv. 17-22); e d) o Messias
como o pastor de Deus (vv. 23-31). O capítulo 34 de Ezequiel, estão em
julgamento, os reis Jeoaquim e Zedequias e os assessores e oficiais (Soares;
Soares, 2022, pp. 93,94,95).
2.
A metáfora do “pastor” na Bíblia.
Em
toda a Escritura, líderes são comparados a “pastores”, mesmo aqueles que não
serviam a Deus. Vejamos alguns exemplos: a) Hamurabi, rei da
Babilônia, século 18 a.C., aparece nas transcrições como “pastor”;
b) Nabucodonosor é apresentado assim também (Jr 25.9; 27.6); c)
No texto bíblico, além de Ezequiel capítulo 34 e em 2Samuel 5.2, Deus
disse que Davi (como pastor) apascentaria o seu povo; d)
O profeta Isaías 44.28 da mesma forma, apresenta Ciro como “pastor”;
e; e) No capítulo 36, verso 37, Ezequiel compara a casa de Israel, que
consiste em governantes e povo, a um rebanho. Até no NT, essa imagem de líderes
aparece (Mt 25.31-33) (Soares; Soares, 2022, p. 95).
III. JESUS COMO EXEMPLO DE PASTOR
A
palavra pastor no grego é “poimén” e é usada em seu significado
natural (Mt 9.36; 25.32; Mc 6.34); metaforicamente acerca de Jesus (Mt 26.31;
Mc 14.27; Jo 10.11,14,16) e acerca dos que atuam como nas igrejas (Ef 4.11)
(Vine, 2002, p. 856). Jesus é o maior exemplo de verdadeiro pastor (Jo
10.1-16). Ele é o Pastor e bispo das almas (1Pd 2.25); o grande pastor das
ovelhas (Hb 13.20); e o supremo pastor (1Pd 5.4). Neste ofício, Ele se
distingue por vários qualificativos. Vejamos:
1.
Jesus como pastor dá a vida pelas suas ovelhas (Jo 10.11).
Nos
tempos bíblicos, era comum o bom pastor expor a sua vida na luta contra as
feras que assaltavam o rebanho (1Sm 17.34-36). Jesus para proteger as suas
ovelhas do “ladrão” que vem para: “matar, roubar e destruir” (Jo
10.10). Somos “rebanho do seu pastoreio” (Sl 100.3).
2.
Jesus como pastor conhece as suas ovelhas (Jo 10.14).
Julgamos
quase impossível que um pastor conheça cada ovelha distintamente, pois todas
parecem idênticas. Todavia, o contato com as ovelhas lhe proporciona tal
conhecimento. Cristo Jesus, muito mais conhece aqueles que lhe servem com um
coração puro e se sujeitam a sua vontade.
3.
Jesus como pastor guia as suas ovelhas (Jo 10.3,4).
O
pastor à frente do rebanho era a garantia de ser conduzido aos bons pastos e de
preservá-lo da emboscada das feras. Era o motivo da expressão confiante de
Davi, com a sua própria experiência de pastor (Sl 23.1). Essa deve ser a nossa
confiança pois nosso Bom Pastor nos garante a provisão (Fp 4.6,7,19; 1Pe 5.7).
4.
Jesus como pastor busca as ovelhas perdidas (Jo 10.16).
Em
Lucas 15.1-7 encontramos a famosa parábola da “ovelha perdida” que nos mostra o
que o pastor é capaz de fazer para buscar a ovelha que se perde do rebanho.
Essa analogia é usada pelo Mestre Jesus a fim de retratar o interesse que Ele
tem de restaurar os pecadores a comunhão com Deus.
IV. OS INIMIGOS DO REBANHO
Na
parábola do Bom Pastor, Jesus fez menção sobre os inimigos do rebanho; aqueles
que querem dispersar e destruir as ovelhas. No enredo, esses são os mercenários
e os lobos vorazes. Vejamos o cada um representa deles representam:
1.
Os mercenários.
O
mercenário pouco se interessa pelas ovelhas. É apenas um profissional que
trabalha visando vantagem material. Jesus compara aqueles sacerdotes e líderes
religiosos aos mercenários que visavam tão somente aos dízimos e ofertas do
povo que eram entregues no Templo. No campo pastoril de ovelhas, o mercenário
era alguém contratado para cuidar do rebanho quando o pastor não estivesse
presente, mas não era capaz de enfrentar as ameaças como os ladrões e os
salteadores, nem os animais carnívoros (Cabral, 2025, p. 76).
2.
Lobos vorazes.
No
entendimento do apóstolo Paulo, esses lobos vorazes (Jo 10.12) representam os
falsos mestres que ensinam falsas doutrinas e que destroem a fé recebida do
evangelho, levando atrás de si as ovelhas incautas e descuidadas (At 20.29.30).
Esses lobos podem representar falsos cristãos que se dizem experientes, mas que
se intrometem no meio do rebanho com intenções destruidoras (2Co 2.17). São
tipos que pervertem a verdade das Escrituras, que falsificam a Palavra de Deus.
São pessoas que semeiam divisões no meio do rebanho (Tt 3.10) e que dispersam
as ovelhas do Senhor (1Jo 2.18,19; 4.1-3) (Cabral, 2025, p. 77).
V. O DOM MINISTERIAL DE PASTOR
Entre
os dons ministeriais concedidos a igreja, encontra-se o dom de pastor (Ef
4.11). O pastor é “o anjo da igreja” (Ap 2.1). Serve sob a
direção do Bom Pastor, a quem pertence a Igreja (1Pd 5.2,4), e deve andar nas
suas pisadas (Jr 17.16) e sob a sua direção (Jr 3.15). O pastor vela pelas
ovelhas, como quem tem de dar conta delas (Hb 13.17) (Bergstén, 2007, p. 116).
1.
A necessidade de um pastor para a igreja.
“O
pastor é essencial ao propósito de Deus para sua igreja. A igreja que deixar de
ter pastores piedosos e fiéis não será pastoreada segundo a mente do Espírito
(1Tm 3.1-7). Será uma igreja vulnerável às forças destrutivas de Satanás e do
mundo (At 20.28-31). Haverá distorção da Palavra de Deus, e os padrões do
evangelho serão abandonados (2Tm 1.13,14). Membros da igreja e seus familiares
não serão doutrinados conforme o propósito de Deus (1Tm 4.6,14-16; 6.20,21).
Muitos se desviarão da verdade e se voltarão às fábulas (2Tm 4.4)” (Stamps,
1995, p. 1816).
2.
O pastor e as suas muitas atribuições.
“Sua
missão é múltipla e polivalente. Ele tem que agir como ensinador, conselheiro,
pregador, evangelizador, missionário, profeta, juiz, fazer as vezes de
psicólogo, conciliador, administrador dos bens espirituais e de recursos
humanos. É administrador de bens materiais ou patrimoniais; gestor de finanças
e recursos monetários” (Renovato, 2014, p. 114). Ele cuidar da sã doutrina e
refutar a heresia (Tt 1.9-11); ensinar a Palavra e exercer a direção da igreja
(1Ts 5.12; 1Tm 3.1-5); é um exemplo da pureza e da sã doutrina (Tt 2.7,8) e,
esforçar-se no sentido de que todos os crentes permaneçam na graça divina (At
20.28-31; Hb 12.15; 13.17; 1Pd 5.2)” (Stamps, 1995, p. 1815).
CONCLUSÃO
Ser
pastor sempre foi uma tarefa árdua. Muitas são as demandas internas e externas
da igreja local. O dia a dia pastoral é desafiador a quem é vocacionado por
Deus para apascentar. Somente pela graça e o amor do Pai é possível encarar tão
grande responsabilidade. Oremos pelos pastores, compreendamos as suas lutas e
os apoiemos com amor, obediência e respeito.
REFERÊNCIAS
Ø CABRAL. Elienai. E o Verbo se Fez
Carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do Amor. CPAD.
Ø CHAMPLIN, R. N. Dicionário de
Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia de
Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø VINE, W. E. Dicionário Vine.
CPAD.
Ø COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON: Isaías
a Daniel. vol. 4. CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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