Êx 19.1-6; Nm 11.1-3
INTRODUÇÃO
Na lição passada, vimos como o
Senhor livrou Israel da ira de Faraó e de seu exército abrindo o mar Vermelho
para seu povo passar. Na lição de hoje, veremos como Israel se portou no
deserto em sua peregrinação até o monte Sinai. Assim, abordaremos as
dificuldades enfrentadas por eles no deserto, as intervenções do Senhor durante
a jornada em favor de seu povo e, por fim, a duração e como se deu a chegada
deles ao Sinai. Que todos tenham uma excelente aula!
I. A PEREGRINAÇÃO DE ISRAEL NO DESERTO
Agora, já tendo atravessado o mar
Vermelho, os israelitas marcharam pelo deserto de Sur rumo ao monte Sinai. O
texto de Êxodo 15.22 diz: “Depois fez Moisés partir os israelitas do
mar Vermelho, e saíram para o deserto de Sur. Caminharam três dias no deserto,
e não acharam água”. Na verdade, o deserto de Sur (que significa “muro”, está localizado a leste do Golfo
de Suez) seria o primeiro deserto que eles enfrentariam até chegarem ao
monte Sinai; porquanto, teriam que passar também por mais dois desertos: o
deserto de Sim (Êx 16.1; 17.1) e o deserto do Sinai (Êx 19.1,2). Assim sendo, Deus
conduziu Israel ao deserto, um lugar muito quente, estéril e vazio. Não havia
água nem alimentos suficientes. Ali estiveram os israelitas em perigo de morrer
de fome (Êx 16.3) e de sede (Êx 15.24; 17.2); em perigo de ser atacados pelas
tribos aguerridas e ferozes (Êx 17.8). As dificuldades da caminhada no deserto
são maiores do que podemos imaginar.
Um pequeno exemplo desta verdade é o clima
do deserto da Árabia, demasiadamente seco, e oscila entre temperaturas externas
de calor e seca sazonais. As temperaturas variam de 40 a 50ºC no verão, com uma
temperatura média de 5 a 15ºC no inverno, podendo atingir 0ºC. Então, surge a
indagação: Por que Deus os guiou por semelhante região? Deus tinha vários
propósitos que concretizar:
ü
Deus
colocou os israelitas na escola preparatória do deserto, a fim de que as
provações os disciplinassem e adestrassem para conquistarem a terra prometida. Ainda não estavam em condições
de enfrentar as hostes de Canaã, nem desenvolvidos espiritualmente para servir
ao Senhor uma vez que entrassem nela. Embora tenham sido libertados da
escravidão, ainda tinham espírito de escravos, isto é, demonstravam traços de covardia,
murmuração e rebeldia (Êx 15.24).
ü
Deus
desejava que os israelitas aprendessem a depender inteiramente dele. Desde o momento em que Israel
partiu do Egito, Deus começou a submetê-lo a uma série de provas, tendo em
vista desenvolver e fortalecer a sua fé. Não havia água nem alimentos. A única
maneira de conseguir estas coisas era recebê-las do Senhor. O deserto era uma modalidade
de esportes onde se podia desenvolver os músculos espirituais.
ü
Deus
conduziu-os ao deserto para prová-los e trazer à luz o que havia em seus
corações (Dt
8.2,3). Obedecer-lhe-iam ou não? As provas e aflições no deserto demonstrariam
se os hebreus creriam ou não na onipotência, no cuidado e no amor de Deus. O
apóstolo Paulo referiu-se às experiências de Israel no deserto como elementos
que nos servem de exemplo e de advertência a fim de que não caiamos nos mesmos
erros (1 Co 10.1-13).
II.
A INTERVENÇÃO DIVINA EM FAVOR DE ISRAEL
Decorridos três dias de viagem pelo deserto de Sur, os israelitas chegaram
finalmente às fontes de Mara (que em hebraico significa “amarga”).
Todavia, quão grande foi sua desilusão! Porquanto, como seu próprio nome
define, as águas de Mara eram amargas (Êx 15.23). Imediatamente o povo começou
a queixar-se, pois não perceberam que Deus "ali os provou"; ou
seja, a falta
de água potável era um teste para sua confiança em Deus de que Ele supriria as
necessidades materiais. Isso, por sua vez, tornou-se a base dos estatutos que
dizem que a obediência confiante à vontade de Deus é a condição básica para o
suprimento de saúde física e espiritual (Êx 15.25). Desta forma, não existe nenhuma
prova de que árvore que foi lançada nas fontes tivesse a propriedade de tornar
potáveis as águas. Assim, este milagre não somente mostrou que Deus tinha
cuidado de seu povo, mas também simbolizou no começo desta viagem que o Senhor
adoçaria as amargas experiências futuras se os israelitas buscassem sua ajuda. Portanto,
várias lições podem ser encontradas no referido episódio em Mara:
ü
Às
vezes, depois de alcançar grandes vitórias, como na travessia do mar Vermelho,
vêm as experiências amargas.
ü
De
igual modo, assim como há épocas de severas provações, também há "tempos de refrigério" na presença
do Senhor (Atos 3:19). Após a saída de Mara chegaram a Elim onde havia água em
abundância e também palmeiras (Êx 15.27).
ü
As
provas oferecem uma solução muito acessível. Que significa a árvore lançada na
água? Assemelha-se ao poder da cruz, não só porque redime, mas porque tem
semelhança de uma vontade submissa a Deus. Ao aceitar as provas como permitidas por
Deus, as amargas experiências tornam-se doces.
ü
A
experiência de Mara deu a oportunidade de revelar-se outro aspecto do caráter
de Deus por meio de um novo nome: Jeová
Rafa, ou seja, "o
Senhor que te sara". Deus prove cura. Deus é a saúde de seu povo. Se
lhe obedecessem, o Senhor não traria nenhuma das enfermidades mediante as quais
julgou os egípcios (Êx 15.26).
Depois do incidente em Mara, já
tendo eles passado por Elim, os israelitas chegaram ao deserto de Sim e (Êx
16.1), sentindo fome, começaram a expressar de novo seus queixosos lamentos. O
texto de Êxodo 16.3 diz: “Disseram-lhes os filhos de Israel: Quem nos
dera tivéssemos morrido pela mão do Senhor na terra do Egito, quando estávamos
sentados junto às panelas de carne, quando comíamos pão a fartar! Tu nos
trouxestes a este deserto, para matardes de fome a toda a esta multidão”.
No Egito, provavelmente a alimentação
dos hebreus não tinha sido tão abundante como diziam, mas o
espírito de murmuração ampliava a comparação entre a presente fome no deserto e
o passado de fatura no Egito, e obscurecia a memória deles de toda a aflição sofrida
no Egito. Assim, suas queixas
não eram dirigidas contra Moisés, mas, na verdade, murmuravam contra o Senhor (Êx
16.8). No entanto, Deus retribuiu-lhes o mal com o bem (2 Tm 2.13), e proveu
codornizes e maná para o povo. Grandes bandos de codornizes em suas viagens
migratórias atravessam com frequência o mar Vermelho e a península do Sinai.
Esgotadas pelo longo vôo sobre o mar, às vezes grandes quantidades delas caem e
são fáceis de caçar. Deus levou-as ao acampamento dos israelitas nesta ocasião
e somente uma vez mais na marcha através do deserto ocorreu este fato (Nm
11.31,32).
De modo natural Deus providenciou
as codornizes (neste fato, o milagre consistiu-se em sua vinda
exatamente no tempo predito por
Deus), porém a
provisão do maná foi um fato completamente milagroso. O termo “Maná” que em hebraico é “Man hu” e significa “que é isto?”. É a tradução mais aceita, mas melhor
seria "é um presente". Porquanto, todas as circunstâncias da
doação e do uso do maná demonstram que se tratava de uma substância sem igual,
completamente diferente de qualquer produto natural, provida pelo Criador para
um propósito especial e numa ocasião especial. Durante
a peregrinação no deserto o maná caía todas as noites, juntamente com o
orvalho. Era moído em moinhos ou em grais e cozido em panelas para fazer pão. A
porção diária era de um gômer (3,7
litros) por pessoa. Assim, o maná destaca-nos alguns ensinos:
ü
Deus
deseja ensinar a seu povo, por meio do maná, a confiar nele como provedor de
seu sustento diário
e a não se preocupar com o dia de amanhã. Deus provia cada vez para apenas um
dia, exceto na véspera do sábado (Êx 16.4,5). Nunca falhou com seu povo nos
quarenta anos de peregrinação.
ü
Por
meio do maná Deus quis ensinar a seu povo a não ser preguiçoso nem a varo. Embora o maná fosse uma dádiva
do céu, cada família tinha de fazer sua parte recolhendo o maná todas as
manhãs. Ao avaro que recolhia muito mais do que necessitava, nada lhe sobrava (Êx
16.18).
ü
Deus
desejava ensinar os hebreus a obedecer-lhe, por isso lhes deu normas para
recolher o maná (Êx
16.4,5,16). Se por incredulidade ou avareza um hebreu guardava maná para
o dia seguinte, o pão do céu bichava e apodrecia. Ou se passava por alto a
ordem de recolher uma porção dobrada na sexta-feira, jejuava forçosamente no
dia de descanso porque nesse dia não caía maná do céu. Desse modo, Deus provou
a seu povo (Êx 16.4) e o preparou para receber a lei.
ü
O
maná é um símbolo profético de Cristo, o pão verdadeiro (João 6.32-35). Assim como o
maná, Cristo, que veio do céu, tem de ser recolhido ou recebido cedo na vida
(Êxodo 16.21; II Coríntios 6.2), tem de ser comido ou recebido pela fé para
tornar-se parte da pessoa que o come. O maná era branco e doce; da mesma
maneira Cristo é doce e puro para a alma (Salmo 34.8). Por sua vez, Cristo não
dá vida a uma nação durante quarenta anos somente, mas a todos os que crêem ele
dá a vida eterna (Jo 3.16; 10.10; 1 Jo 2.25).
III. OS HEBREUS CHEGAM AO MONTE
SINAI
Do deserto de Sim os israelitas
seguiram viagem em direção ao monte Sinai e chegaram a Refidim (Êx 17.1).
Todavia, em vez de aprenderem a suportarem as dificuldades, os israelitas
murmuravam ainda mais. Os perigos, as adversidades e desconfortos parecem
aumentar a irritação, a agitação e a ira deles. Assim, ao chegarem a Refidim
onde esperavam encontrar um grande manancial, desiludiram-se como em Mara. O
texto de Êxodo 17.3 diz: “Tendo aí o povo sede de água, murmurou
contra Moisés, e disse: Por que nos fizeste subir do Egito, para nos matardes
de sede, a nós e a nossos filhos, e a nosso gado?”. A falta de água
causou sofrimento cuja severidade podemos avaliar, mas isto não pode justificar
a reação dos israelitas. Estavam prestes a apedrejar Moisés, e em sua
incredulidade tentaram a Deus. Em português moderno tentar significa
"incitar ao mal". A palavra
aqui tem o sentido de "testar", isto é, provar se
realmente Deus faria conforme tinha dito que faria. Desta forma, desconfiavam do cuidado
do Senhor e com sarcasmo falaram a respeito da presença do Senhor no meio deles
(Êx 17.7) a qual se manifestara a eles de modo tão patente na coluna de nuvem e
na coluna de fogo e em seus livramentos no passado (Êx 13.21,22). Por isto se deu
ao lugar o nome de Massá (Tentação) e Meribá (Contenda).
Diante de tal atitude do povo, em
contender, e principalmente de tentar ao Senhor, o milagre não foi operado
naquele lugar. Mas, sim, em Hobere como diz o texto: “Eu estarei ali diante de ti sobre
a rocha, em Horebe. Ferirás a rocha, e dela sairá água, e o povo beberá. Moisés
assim o fez, na presença dos anciãos de Israel” (Êx 17.6). Percebe-se,
então, que eles não estavam tão distantes do monte Sinai (Horebe). Porquanto,
Moisés levou consigo os anciãos de Israel a fim de que presenciassem a fonte
milagrosa e dela dessem testemunho. O apóstolo Paulo disse: "e a
pedra era Cristo" (I Co 10.4). A rocha de Horebe é uma figura profética
de Cristo ferido no Calvário, e a água é o Espírito Santo que foi dado depois
que Jesus foi crucificado e glorificado (Jo 7.37-39). Como Moisés teve de ferir
a rocha só uma vez e a água continuava manando, assim a ira de Deus feriu a
Cristo uma vez e a corrente
do Espírito ainda flui. Após os eventos ocorridos em Refidim, eles finalmente
chegaram ao objetivo desta primeira etapa de sua jornada – O Monte Sinai (Êx
19.2). Esta jornada até o monte Sinai (Horebe)
levou dois meses (Êx 12.2,41 cf Êx 19.1). O Acampamento no Sinai durou mais ou
menos dez meses, até o recebimento da revelação de Deus (A Lei). A peregrinação
no deserto durou 40 anos, até a entrada em Canaã.
CONCLUSÃO
Diante
do exposto, aprendemos que verdadeiramente “sem fé é impossível agradar a
Deus” (Hb 11.6). Por isso, atentemos para o ensino do Mestre Jesus: “Não
andeis ansiosos pela vossa vida, quando ao que haveis de comer ou beber; nem
pelo que haveis de vestir” (Mt 6.25a). Embora Israel tenha presenciado
tão grandes maravilhas realizadas pelo Senhor, ainda assim, duvidou do cuidado
divino durante sua jornada pelo deserto. Portanto, não duvide do cuidado do
Senhor, nem de seu amor, pois Ele disse: “Mas o meu justo viverá da fé. E, se
ele recuar, a minha alma não tem prazer nele” (Hb 10.38). O deserto e as
adversidades presentes nele não são concedidos pelo Senhor para nossa
destruição, mas para o aperfeiçoamento de nosso caráter (Ef 4.13; I Co 10.6-11).
E, de nosso amadurecimento, crescimento e fortalecimento da nossa fé Nele. Que
Deus em Cristo vos abençoe a todos!
REFERENCIAS
Ø HOFF,
Paul. O Pentateuco. VIDA.
Ø DAVISON,
Francis. O Novo Comentário da Bíblia.
Vida Nova.
Ø Bíblia
de Estudo da Mulher.
Mundo Cristão.
Ø Sites:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Deserto_da_Ar%C3%A1bia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Deserto
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sur_(deserto)
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