At 16.25-34
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje
traremos a definição de família; destacaremos o interesse de Deus pela
evangelização no seio familiar a fim de que a fé nEle fosse preservada e
propagada. Veremos também que o nosso lar deve ser uma extensão da igreja,
refletindo acerca da importância do ensino e adoração no lar, bem como a
importância do culto doméstico como um meio de evangelização da família e
parentes; e, por fim, como devemos proceder com os familiares e parentes, que ainda
não são crentes.
I. DEFINIÇÃO DE FAMÍLIA
A família é uma
instituição criada por Deus, imprescindível à existência, formação e realização
integral do ser humano, sendo composta de pai, mãe e filhos - quando houver -
pois o Criador, ao formar o homem e a mulher, declarou solenemente: “Portanto,
deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos
uma carne” (Gn 2.24). Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança
e os fez macho e fêmea: “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de
Deus o criou; macho e fêmea os criou” (Gn 1.27), demonstrando a sua
conformação heterossexual. A diferenciação dos sexos visa à complementaridade
mútua na união conjugal: “Todavia, nem o varão é sem a mulher, nem a
mulher, sem o varão, no Senhor” (1 Co 11.11), necessária à formação do
casal e à procriação. Reconhecemos preservada a família, quando, na ausência do
pai e da mãe, os filhos permanecerem sob os cuidados de parentes próximos (Et
2.7,15; I Tm 5.16). Rejeitamos, no entanto, qualquer configuração social, que
se denomine família, cuja existência se fundamente em prática, união ou
qualquer conduta que atente contra a monogamia e a heterossexualidade consoante
o modelo estabelecido pelo Criador e ensinado por Jesus.
II. O INTERESSE DE DEUS PELA
EVANGELIZAÇÃO NO SEIO FAMILIAR
2.1 Na chamada
de Abraão.
Quando chamou
Abrão para ser o pai de uma grande nação da qual viria o Messias, Deus lhe fez
diversas promessas, e a principal delas revela-nos o interesse divino pela
salvação das famílias “[...] e em ti serão benditas todas as famílias da
terra” (Gn 12.3-a). Após o chamado, Deus falou acerca de Abrão que este
cumpriria o seu propósito quanto à
perpetuação da fé em relação aos seus descendentes “Porque eu o tenho
conhecido, e sei que ele há de ordenar a seus filhos e à sua casa depois dele,
para que guardem o caminho do SENHOR [...]” (Gn 18.19).
2.2 Nas famílias
dos hebreus.
O lar era a
unidade básica da sociedade bem como a primeira escola que um menino judeu conhecia.
O Antigo Testamento mostra o grande valor dado às crianças e a grande
responsabilidade que pesava sobre os ombros dos pais, porquanto os filhos eram
tidos como dons de Deus (Jó 5.25; Sl 127.3; 128.3,4). As crianças eram treinadas
em seus deveres religiosos ou outros (I Sm 16.11; II Rs 4.18). Porém, o
elemento religioso ocupava sempre o primeiro plano, seguindo a orientação
divina (Dt 6.4-9; Sl 78.3-6; Pv 4.3).
2.3.1 A parte
pedagógica das festas e dos memoriais.
O próprio Deus
determinou por meio de Moisés, e depois a Josué, servos do Senhor, que era
dever dos pais usarem as festas religiosas para ensinarem os seus filhos, a fim
de que eles soubessem o sentido que estava por trás de todo cerimonial da
Páscoa e assim entendessem o porquê da celebração (Êx 12.26,27; Js 4.1-7).
2.3.2 Onde
deveriam ensinar.
A incumbência
dos pais incluía ensinar os filhos a adorarem somente ao Senhor (Dt 6.4); a
amá-lo de todo coração, alma e força (Dt 6.5); e falar-lhes as Escrituras, e
isso deveria ser aplicado principalmente no lar (Dt 6.7-9). A palavra “casa”
nesse texto vem do hebraico “bayth”, e significa “casa,
habitação ou edificação na qual vive uma família” (Dt 20.5), mas também
“pode se referir à própria família” (Gn 15.2; Js 7.14; 24.15). O
que Deus estava transmitindo é que o principal local de ensinamento das
verdades espirituais e morais aos filhos é no seio familiar, pois é no lar onde
os filhos gastam a maior parte do seu tempo.
III. O LAR COMO EXTENSÃO DA
IGREJA
3.1.A
importância do ensino no lar.
A Igreja é o
ambiente propício para o louvor, adoração e pregação da Palavra de Deus (Sl
27.4; II Cr 7.15,16), mas, não é o único lugar onde a Palavra deve ser ensinada
(At 5.42). O lar do cristão deve ser uma extensão da igreja onde os pais
reproduzem a sã doutrina para os filhos (II Tm 3.14,15). Os pais cristãos têm a
incumbência e séria obrigação de transmitir sua herança espiritual e moral aos
filhos (Ef 6.4). Esse legado gira em torno da experiência pessoal do livramento
divino do pecado (Rm 6.23); da revelação de Deus em Jesus Cristo (Jo 14.6; Hb 1.1);
e, da sua morte por nós na cruz (Jo 3.16-18; Tt 2.11-14). Ainda que a criança
tenha na igreja professores da Escola Dominical e outros mestres importantes em
sua vida, os pais não devem jamais se omitir da responsabilidade que receberam
de Deus de ser a fonte principal de instrução espiritual e moral dos seus
filhos (Pv 22.6).
3.2. O Culto
doméstico na evangelização e formação dos filhos e parentes.
O lar é o local
onde os conceitos mais importantes da vida são ensinados e o caráter cristão da
criança é formado, por isso a importância do culto doméstico. Através
deste, os pais podem transmitir aos filhos os preceitos divinos, a fim de que
eles jamais os esqueçam. Em Dt 6.6- 7, o Senhor intimou os israelitas a
repassar aos seus filhos, com toda a diligência, os princípios da Palavra de
Deus: “E estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; E as
intimarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo
caminho, e deitando-te e levantando-te.” Observe que a orientação divina é
que a Palavra de Deus deve ser ensinada primeiramente “em casa”.
Na Bíblia encontramos vários exemplos de pais que colocaram em prática esta
exortação, tais como: Adão, que certamente ensinou seus filhos a
oferecerem sacrifícios ao Senhor (Gn 4.3,4); Abraão (Gn 18.19); os
pais de Moisés (Hb 11.24-27); os pais de Gideão (Jz 6.13); Eunice
e Lóide (2 Tm 3.15), dentre outros que influenciaram na vida espiritual de
seus filhos. O que poderia ser melhor do que adorar a Deus e estudar a sua Palavra?
Fazer isso em família! O culto doméstico é imprescindível à estabilidade
espiritual desta instituição, porque é o momento em que todos se reúnem para
juntos louvar ao Criador da família e aprender como servi-lo.
IV. EVANGELIZANDO OS FAMILIARES E
PARENTES NÃO CRENTES
Nem sempre o
cristão tem a alegria de ter os seus familiares e parentes convertidos. Há
casos em que os pais são crentes e os filhos não; os filhos são crentes e os
pais não. Há outros casos em que o marido é crente e a esposa não e vice versa,
e há ainda os casos de parentes que não são cristãos. Nestes e em outros
exemplos, a Bíblia dá algumas orientações, a fim que o convívio seja harmonioso
e para que estes possam ser alcançados pelo Evangelho. Abaixo destacaremos algumas
estratégias que contribuem nessa evangelização:
4.1 Evangelismo
silencioso.
Nem todo
familiar e parente não crente, aceita de bom grado a conversão de um dos membros
da família. Muitas vezes existe resistência, perseguição, sofrimentos e
angústia dentro do lar e entre a parentela. Isto fora profetizado por Jesus (Mt
10.34). No entanto, é preciso entender que a melhor e mais eficaz forma de evangelizar
nossos entes, é o nosso testemunho pessoal (Mt 5.14,16; Jo 13. 34,35;2 Cor.
2.17; 3.2,3; Cl 2.6; 1 Jo 2.6). Se o marido, por exemplo, resiste ouvir o
evangelho, ele não deixará de ver o testemunho vivido na prática por sua
esposa, o que poderá resultar na sua conversão “...para que também, se
alguns não obedecem à palavra, pelo procedimento [...] seja ganho sem palavra” (I
Pe 3.1). O mesmo princípio se aplica ao esposo não crente, aos filhos e toda a
parentela.
4.2 Evangelismo
sábio.
De acordo com o
Aurélio (2004, p. 1784) a palavra “sábio” significa: “prudência,
sensatez, reflexão”. É necessário sabedoria para evangelizarmos nossos
parentes, principalmente quando há diversidade religiosa (Tg 1.5; 3.17). Há
infelizmente aqueles que em vez de contribuírem para a conversão da família,
acabam atrapalhando. Devemos lembrar que a conversão é uma obra do Espírito que
revela ao homem o seu estado de pecado, e este no uso do seu livre arbítrio,
quando se arrepende é regenerado (Jo 3.5; 16.8).
4.3 Evangelismo
equilibrado.
De acordo com o
Aurélio (2004, p. 1784) a palavra “equilíbrio” quer dizer: “moderação,
prudência, comedimento; autocontrole, autodomínio, controle”. O autocontrole
no grego “enkrateia” é o “controle ou domínio sobre os
impulsos”. Esta virtude é um aspecto do fruto do Espírito também
chamado de temperança e domínio próprio (Gl 5.22), que capacita o crente a não
revidar as retaliações sofridas (Mt 5.39; Rm 12.17,21). Pedro orienta-nos sobre
a forma como devemos falar a cerca do que cremos (I Pe 3.15).
Segundo ele, devemos dar razão da nossa esperança com mansidão, reverência e
piedade, pois o propósito não é ganhar uma discussão, mas conduzir as almas
para Cristo.
V. O PODER DA INTERCESSÃO PELOS
PARENTES
De acordo com o
Aurélio (2004, p. 1118), a palavra “interceder” significa: “pedir,
rogar, suplicar (por outrem); intervir (a favor de alguém ou de algo)”.
No sentido bíblico do Novo Testamento é orar em favor de outros, na direção e no
poder do Espírito Santo. Na intercessão, o intercessor põe-se diante de Deus no
lugar da outra pessoa. Eis alguns personagens bíblicos que intercederam pelos
seus parentes e viram Deus livrá-los: Abraão intercedeu por Ló (Gn
18.20-33; 19.12-16); Raabe rogou pela sua parentela para que não fosse
destruída com os demais habitantes de Jericó (Js 2.12-14; 6.17); Jó
intercedia pela saúde espiritual dos seus filhos (Jó 1.4,5); Neemias
rogou pelo seu povo, quando soube da situação decadente deles (Ne
1.1-11). Da mesma forma, devemos rogar a Deus pelos nossos entes queridos, a
fim de que venham ser alcançados pela imensurável graça divina (Tt 2.11).
CONCLUSÃO
É do interesse
divino que a Sua Palavra seja semeada dentro dos lares a fim de conduzir nossos
parentes a Sua graça. Todavia, precisamos entender que esse evangelismo precisa
ser anunciado com testemunho pessoal, sabedoria e equilíbrio, e ainda
acompanhado de muita oração intercessória, a fim de que estes tomem a decisão
de seguir a Cristo.
REFERÊNCIAS
·
ANDRADE, Claudionor Correa de. Dicionário
Teológico. CPAD.
·
BOYER, Orlando. Toda a Família: como
preservar a família em tempos de crise. CPAD.
·
CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de Bíblia
Teologia e Filosofia. Vol Vol. 2. HAGNOS.
·
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo
Pentecostal. CPAD.
Por Rede Brasil de
Comunicação.