Lc 24.44-53
O ser humano foi constituído por
duas dimensões (material e imaterial) em sua própria natureza e precisa ser
compreendido holisticamente pela Igreja para que uma prática bíblica e
teologicamente adequada na evangelização. Aqui podemos remontar uma postulação
do teólogo John Stott, um dos maiores pregadores do século XX, quando ele
observa a natureza global do ser humano. Para Stott, pela Palavra de Deus o
nosso próximo é uma pessoa humana criada por Deus. Essa pessoa humana não é uma
alma sem corpo, nem corpo sem alma, muito menos corpo-alma em isolamento. Ora,
Deus criou o ser humano como ser espiritual, físico e social, isto é, integral.
E segundo esta integralidade é que devemos pensar a nossa prática de
evangelização.
Assim, é possível compreender
John Stott quando diz que a sentença "Pregarás o Evangelho" não
substitui a "Amarás o teu próximo". Ambas as sentenças se
complementam e sustentam-se por si mesmas, denotando suas autonomias teológicas
para fazer cumprir a "doutrina" sistematizada em dois pilares por
Jesus de Nazaré: a primeira "Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu
coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento"; a segunda
"Amarás o teu próximo como a ti mesmo".
A Missão da Igreja Cristã
permeará esses dois eixos, apontando que o homem precisa de salvação para o
porvir (restauração da comunhão do homem com o Deus eterno), mas também de
redenção para o presente. O ser humano inserido num contexto de um mundo
injusto e mal, precisa ser compreendido pela Igreja numa perspectiva global. Onde
ele entenda a sua função de existir para Deus e servir o próximo (Mc 12.30,31).
Segundo Nancy Pearcy, essa
mensagem denota "o nosso valor e dignidade [...] fundamentados no fato de
que somos criados à imagem de Deus, chamados para sermos seus representantes na
terra". Numa perspectiva profundamente bíblica, a Igreja é chamada por
Deus à resgata a dignidade humana
perdida no Éden após a Queda, mas estabelecida pelo Altíssimo desde a fundação
do mundo (Gn 1.26). A salvação em Cristo recupera a imagem de Deus em nós.
Então, agora podemos exercer o modelo bíblico de uma ação evangelizadora
integral para mundo. Entretanto, precisamos confessar que muitas vezes
enfatizamos mais o "ide" que o "amai". Estas duas ordens
não podem ser encaradas de maneira excludentes entre si. Necessitamos de
resgatar a verdade bíblica que denota dois mandamentos que independem um do
outro.
REFERÊNCIAS
·
CRISTÃO, Revista Ensinador. nº 67 – CPAD.
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