domingo, 9 de março de 2025

LIÇÃO 10 – O PECADO CORROMPEU A NATUREZA HUMANA


 


Gn 3.1,6,7; Rm 5.12-14 
 


INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos que Deus não é o autor do pecado; pontuaremos a origem do pecado à luz da Bíblia no mundo espiritual e físico; falaremos sobre o pecado herdado, onde será pontuado que ele afetou todo o ser do homem, mas não destruiu completamente a imagem de Deus, e nem anulou a capacidade de escolha humana; estudaremos que a salvação é uma iniciativa divina, mas, exige a responsabilidade do homem, e que ela está acessível a todos sem distinção. E por fim, relataremos algumas bençãos provenientes da restauração a Deus com sendo a paz com Ele, o acesso ao pai e a filiação divina.
 
 
I. DEUS NÃO É O AUTOR DO PECADO
A palavra hebraica “hatah” e a grega “hamartia” originalmente significam: “errar o alvo, falhar no dever” (Rm 3.23). Existem outras várias designações bíblicas para o pecado, muito mais do que há para o bem. Cada palavra apresenta a sua contribuição para formar a descrição completa desta ação horrenda contra um Deus santo. Em um sentido básico pecado é: “a falta de conformidade com a lei moral de Deus, quer em ato, disposição ou estado” (Chaves, 2015, p. 128). Podemos afirmar ainda que: “O pecado é a transgressão da Lei de Deus” (1Jo 3.4). Quanto a origem do pecado, vejamos:
 
1. Deus não é o autor do pecado.
Precisamos destacar que de modo algum Deus pode ser responsabilizado pela entrada do pecado no universo. Atribuir a culpa a Deus, torna-se uma blasfêmia contra o seu caráter moral, que é absolutamente perfeito (Dt 32.4; 2Sm 22.31; Jó 34.10; Sl 18.30), sendo um erro gravíssimo afirmar como fazem alguns, que o Senhor decretou o pecado. Pois afirma Tiago: “[…] Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta(Tg 1.13-ARA).
 
 
II. A ORIGEM DO PECADO NO MUNDO ESPIRITUAL E FÍSICO
1. O pecado no mundo espiritual.
De acordo com a Bíblia um número incontável de anjos foram criados por Deus (Hb 12.22), e estes eram bons por natureza, assim como tudo o que Senhor criou (Gn 1.31). Mas ocorreu uma Queda no mundo angélico, no qual, vários anjos se apartaram de Deus (Jd 6). Pouco se diz sobre o que ocasionou essa Queda, mas pelo que encontramos em alguns textos, podemos concluir que foi o orgulho e a cobiça de desejar ser semelhante a Deus, fez com que Lúcifer (nome tradicional dado a este arcanjo tirado de Is 14.12, da expressão ‘estrela da manhã’, na tradução latina da Bíblia – Vulgata Latina) fosse banido e destinado ao inferno (1Tm 3.6; Is 14.11-23; Ez 28.11-19; Lc 10.18; Ap 12.9). Como alguém acertadamente ressalta: “Deus criou Lúcifer, mas, Lúcifer fez-se Satanás” (Chaves, 2015, p. 133).
 
2. O pecado no mundo físico.
No que diz respeito à origem do pecado na história da humanidade, a Bíblia nos informa que se deu pelo ato deliberado, perfeitamente voluntário de Adão e Eva (Gn 3; Rm 5.12,19). Sobre a causa que levou ao pecado, diz Geisler: “[…] Deus não fez com que Adão pecasse, pois, como já analisamos, Deus não pode pecar, nem tentar ninguém nessa direção. Tampouco Satanás fez com que Adão pecasse, pois o tentador fez somente aquilo que o seu nome sugere, ele não o forçou, nem fez nada no seu lugar […] Deus criou criaturas livres, e se é bom que sejamos livres, então a origem do mal é o mal-uso da liberdade” (2010, p. 70,75). A resposta real é que Adão pecou porque escolheu pecar. No entanto, não se pode afirmar que Satanás não teve nenhuma participação na Queda do homem, tanto é que, ele também foi alvo da punição divina porque teve sua participação (Gn 3.14,15).
 
 
III. O PECADO NO HOMEM
Tudo o que Deus criou, o fez perfeitamente (Gn 1.31; Ec 7.29). Contudo, por causa do mal uso do livre-arbítrio, o pecado teve o seu lugar na humanidade, manchando (não destruindo) a imagem de Deus (imago Dei) no homem. Sobre alguns efeitos ou consequências do pecado no homem, podemos destacar:
 
1. O pecado herdado.
Uma controvérsia gerada no século V, foi a que a raça humana não teria sido afetada pela transgressão de Adão, ou seja, que o homem não herda o pecado original de seu primeiro pai. No entanto, o que a Bíblia afirma é que, pelo fato de Adão ser o cabeça e o representante de toda a raça humana, seu pecado afetou a todos (Rm 3.23; 5.12-19), por isso que todos possuímos a “natureza pecaminosa”, herança que recebemos de nossos pais Adão e Eva (Rm 6.6,12, 19; 7.5,18; 2 Co 1.17; Gl 5.13; Ef 2.3; Cl 2.11,18), dessa forma todos somos por natureza, culpados diante de Deus (Ef 2.1-3). Até um bebê recém-nascido (Sl 51.5), antes mesmo de cometer o seu primeiro pecado, já é pecador (Sl 58.3; Pv 22.15); no entanto, as crianças apesar de nascerem com natureza pecaminosa ainda não conhecem experimentalmente o pecado. Elas não são responsabilizadas por seus atos antes de terem condições morais e intelectuais para discernir entre o bem e o mal, o certo e o errado (Is 7.15; Jn 4.11; Rm 9.11). O sacrifício de Jesus proveu salvação a todas as pessoas, até mesmo às crianças que falecerem na fase da inocência (Soares, 2017, p. 92 – grifo nosso).
 
2. O pecado afetou todo o ser do homem.
O pecado no homem não é meramente um hábito adquirido, ele é uma herança natural do ser humano, ninguém precisa ser ensinado a pecar, mas, o faz naturalmente (Rm 3.10; Gl 5.19-21; Ef 2.3). A relação com Deus e com o próximo foram afetadas pelo pecado (Gn 3.7-10), além de trazer a morte física, espiritual e eterna (Gn 2.16,17; Rm 6.23; Ef 2.1-3; Ap 20.14,15). A Declaração de Fé das AD (2017, p. 101) nos diz: “A corrupção do gênero humano atingiu o homem em toda a sua composição: corpo (Rm 8.10), alma (Rm 2.9) e espírito (2Co 7.1). Isso prejudicou todas as suas faculdades, quais sejam: intelecto (Is 1.3), emoção (Jr 17.9), vontade (Ef 4.18), consciência (1Co 8.7), razão (Tt 1.15) e liberdade (Tt 3.3)”.
 
3. O pecado não destruiu a imagem de Deus.
Embora o homem tenha sido afetado extensivamente pelo pecado, isto não significa dizer que a imagem de Deus no homem tenha sido destruída completamente (Rm 2.12-14). Encontramos um mandamento para não amaldiçoar outras pessoas, pois elas também foram criadas a imagem de Deus, e isto seria o mesmo que amaldiçoar a representação do próprio Deus (Tg 3.9,10) (Geisler, 2010, p. 125). Veja também: (Gn 9.6).
 
4. O pecado não anulou a capacidade de escolha.
Embora tenha pecado e se tornado espiritualmente morto (Gn 2.17; Ef 2.1), passando a ter a natureza pecaminosa (Ef 2.3), Adão não perdeu totalmente a capacidade de ouvir a voz de Deus e também de responder (Gn 3.9-10); a imagem de Deus, que inclui o livre arbítrio permanece, ainda que desfigurada nos seres humanos. As Escrituras afirmam claramente que mesmo o homem tendo sua volição (vontade) afetada pelo pecado, não foi anulada (Dt 30.19; Js 24.15; Rm 1.18-20; 2.14,15) (Declaração de Fé das Assembleias de Deus, 2017, p. 101 – acréscimo nosso).
 
 
IV. A RESTAURAÇÃO DO HOMEM A DEUS
Devido à pecaminosidade do homem, este estava destinado a condenação eterna (Jo 3.18; Rm 3.23; Ef 2.3). Mas, apesar dessa condição, Deus por sua graça e misericórdia (Ef 2.4,5) estabeleceu um projeto salvífico para restaurar o homem (Jo 3.16). Segundo Houaiss, restauração é: “ato ou efeito de restaurar; conserto de coisa desgastada pelo uso; recomposição de algo” (2001, p. 2442). Vejamos algumas verdades sobre a restauração do homem a Deus:
 
1. Uma iniciativa divina.
O projeto de restauração do homem, tem como fonte a pessoa de Deus (Is 45.22; Jn 2.9; Tt 2.11). Na condição de pecador, o homem jamais por si só produziria a sua salvação (Rm 3.10,11; Tt 3.5), por essa razão vemos partindo sempre de Deus a iniciativa de restauração humana (Gn 3.9;15,21). A Bíblia diz que “Deus amou”; “Deus deu”; “Deus enviou” (Jo 3.16,17). Paulo diz ainda que “[...] a graça de Deus se manifestou [...] (Tt 2.11); e que: “tudo isto provém de Deus” (2Co 5.18a); e ainda: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo […]” (2Co 5.19).
 
2. Exige a responsabilidade humana.
No plano da salvação, Deus em sua soberania incluiu a responsabilidade do homem em crer no seu Filho (Mc 16.15,16; Jo 3.16-18; Rm 10.11-14). De acordo com Hunt: “há uma confusão que surge por meio da falha em reconhecer a distinção óbvia entre a incapacidade do homem de fazer qualquer coisa para sua salvação (o que é bíblico) e uma suposta incapacidade de crer no evangelho (o que não é bíblico)” (2015, p. 218). Fé e arrependimento são necessários para a salvação, precedendo a regeneração, ou seja, cremos para ser regenerados e não o inverso (Mc 1.15; Jo 20.31; At 2.38; 10.43; Rm 1.16; 10.9; 1Co 1.21; Ef 1.13,14). A fonte da salvação humana é a graça de Deus e o meio de recebê-la é a fé nele, como afirma o apóstolo Paulo: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós (salvação), é dom de Deus” (Ef 2.8 – acréscimo nosso).
 
3. Possível a todos os homens.
Assim como a extensão do pecado (Rm 5.12), a Bíblia também trata sobre o alcance da graça divina Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida(Rm 5.18). A graça salvífica não é apresentada de forma limitada nas Escrituras, mas sim, que se revela a todos os homens “[...] para exercer misericórdia para com todos” (Rm 11.32; ver Is 45.22; Mt 11.28; Tt 2.11; Jo 1.7,9; 1Jo 2.2), até mesmo àqueles que a rejeitam “Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam(Jo 1.11). A Bíblia nos mostra que o homem pode por seu livre arbítrio aceitar ou rejeitar o plano divino para a sua salvação (At 4.4; 9.42; 17.4; Hb 3.15; 4.7). Jesus declarou: “Jerusalém, Jerusalém, [...] quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos […] e tu não quiseste!(Mt 23.37 ver ainda At 7.51; 18.6).
 
 
V. ALGUMAS BENÇÃOS PROVENIENTES DA RESTAURAÇÃO A DEUS
1. Paz com Deus.
Em pecado o homem encontra-se na condição de inimigo de Deus: “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus [...]” (Rm 8.7); mas através da fé na morte de Cristo, temos paz com Deus, como resultado da justificação: “[...] justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo(Rm 5.1; ver Ef 2.14-17).

2. Acesso ao Pai.
O homem caído em pecado encontra-se distante de Deus (Ef 2.13a), devido a parede de separação que é resultado da transgressão humana: “Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça” (Is 59.2). Mas Cristo, ao se oferecer como sacrífico expiatório, nos garante acesso a presença de Deus (Jo 14.6; Ef 2.18; Hb 10.19-22).
 
3. Filiação divina.
Após a queda, todos por natureza são filhos da ira (Ef 2.3), sob a influência do mundo e escravos dos desejos da carne (Ef 2.2), tendo como pai o diabo (Jo 8.40,41,44). No entanto, quando cremos no Evangelho e confessamos a Cristo como Senhor das nossas vidas, fomos selados com o Espírito Santo (Ef 1.13,14), e esse nos introduziu à família de Deus (Ef 2.19), testificando com nosso espírito que somos filhos de Deus e co herdeiro com Cristo (Rm 8.14-17).
 
 
CONCLUSÃO
Apesar da queda da raça humana, Deus, por sua maravilhosa graça decidiu soberanamente salvar o homem caído em pecado, por meio de Jesus Cristo. Esta graça alcança a todos os homens indistintamente, e que apesar de nos salvar independente das obras, nos impele a uma vida de santificação que é a evidência visível da salvação. Tendo sido justificados pela graça, mediante a fé, experimentamos grandes benefícios de agora em diante: “temos paz com Deus” (Rm 5.1) e temos a certeza da “glorificação final” (Rm 8.30) e a libertação presente e futura da “condenação” (Rm 8.1,33,34).
    
 
 
 
REFERÊNCIAS
Ø  CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Ø CHAVES, Gilmar, Vieira. Temas Centrais da Fé Cristã. CENTRAL GOSPEL.
Ø  GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
Ø  GILBERTO, Antônio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
 
 
Por Rede Brasil de Comunicação.





Nenhum comentário:

Postar um comentário