Jo 16.20,21,25-33
INTRODUÇÃO
A queda e a degeneração da raça humana são as chaves para se compreender a realidade do sofrimento (Gn 3. 13- 19). Através da história, as pessoas vem lutando contra uma aparente contradição: Se Deus é absolutamente bom, então por que o mal existe? Se Deus é tanto “Bom” como “Poderoso”, Ele não permitiria que o mal e o sofrimento existissem em sua Criação. Então, ou Deus não é “Bom” (e por isso tolera o mal) ou não é “Poderoso” (e por isso não pode livra-nos do mal, mesmo que queira). Esse visível problema de séculos de história é chamado na Teologia e na Filosofia de Teodicéia, palavra derivada do grego “Theos (Deus) + Dikes (Justiça)” que significa “A justiça de Deus”, ideia que gerou a discussão do “Posicionamento teológico e filosófico para justificar a bondade de Deus em vista da existência do mal no mundo”. Este será o assunto que permeará a primeira lição como também todo este trimestre.
I – QUAL A DEFINIÇÃO DE AFLIÇÃO?
A palavra aflição no grego é “Kakoucheõ” que significa: “sofrer infortúnio, ser maltratado” (Hb 11.25; 11.37; 13.3) e a palavra “Kakopatheõ” que quer dizer: “sofrimento, adversidade, padecer” (2Tm 1.8; 2.9; 4.5; Tg 5.13). A palavra “Kakopatheia” também poder ser definida como: “aflição, maltrato, angústia” (At 7.34; Rm 8.18; 1Pe 1.11; 5.1; Hb 2.9; 2Co1.5; Fp 3.10; 1Pe 4.13; 5.1). O Mestre amado falou sobre isso quando disse: “[...]no mundo tereis aflições, mas tendes bom ânimo[...]” (Jo 16.33c).
1.1. O justo e o ímpio sofrem igualmente. A fidelidade a Deus não é garantia de que o crente não passará por aflições, dores e sofrimentos nesta vida (Jo 16.33; 2Tm 3.12; Sl 34.19). Podemos perceber esta verdade nas palavras de Jesus: “Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos” (Mt 5.45). Também nas palavras do sábio Salomão: “Tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao puro, como ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento” (Ec 9.2).
II – QUAL A ORIGEM DO MAL?
Durante muito tempo se procurou respostas a seguinte pergunta: O Deus absolutamente BOM não poderia ter criado o MAL. Então, de onde veio o mal? Podemos responder da seguinte forma:
• Deus é ABSOLUTAMENTE perfeito (Sl 145.17; Mt 19.17; Mc 10.8; Lc 18.19);
• Deus criou apenas criaturas PERFEITAS ( Gn 1.31; Ec 7.29 );
• Deus concedeu o LIVRE-ARBÍTRIO a suas criaturas (Dt 30.11-20; Ec 12.14; Mt 7.13-14; Lc 13.24; Hb 11.24-25 );
• Algumas dessas criaturas ESCOLHERAM LIVREMENTE FAZER O MAL (Gn 3. 13-19; Is 14.12-16; Ez 28.4-7 );
• Portanto, UMA CRIATURA PERFEITA, E NÃO DEUS, CAUSOU O MAL (Gn 3. 13-19; Is 14.12-16; Ez 28.4-7 ).
III – QUEM CRIOU O MAL?
Se existe um Deus Todo Poderoso e cheio da amor, que conhece todas as coisas, por que Ele permite que tanta agonia e sofrimentos existam no mundo? Esta é uma das muitas perguntas que perturbam a humanidade. A experiência humana tem atestado universalmente a realidade do mal. A face sombria da realidade mostra-se concretamente por meio da dor, da morte, da angústia da injustiça, de epidemias, da fome, de guerras injustas, da opressão política, e da morte de inocentes. Tudo isso são algumas das manifestações específicas do que é normalmente chamado de MAL. A Bíblia é o único livro que tem condições de responder a essa pergunta. Vejamos:
• O Sofrimento é fruto diretamente do pecado (Gn 3. 13-19; Rm 5.12; 3.23; 8.20);
• Deus não é o culpado pelo sofrimento do povo. (Pv 26.2; Lm 1.8,9,14,18,20,22);
• Existe a Lei da semeadura (Gn 37.20-28; 42.21-22; 2Sm 16.22; Mt 7.1-2; 2Tm 3.13; Gl 6.7-8; 2Co 9.6; Mt 6.19-20; Tg 5.24; Ec 8.11-13; Os 5.7-8; 10.13; Pv 22.8; Jó 4.8; Et 3.6,8,9; 5.14; 10.8);
• Tudo que Deus criou era bom (Gn 1.31; Ec 7.29);
• A situação trágica de Judá foi causa dos seus próprios pecados. (Jr 26.7-11,16; Lm 4.13; Jr 42.14; Lm 4.17);
• O homem queixa-se dos seus próprios pecados. (Gn 50.20; Lm 3.39; Pv 19.3; Mq 7.9).
III – POR QUE OS JUSTOS SOFREM?
Orlando Boyer define sofrimento por: “Padecimento, dor, amargura” (BOYER, 2008, p. 712). No grego é a palavra “Pathema” que significa: “Aflição” (2Tm 3.11; Hb 10.32; 1Pe 5.9;) e pode ser também a palavra “Paschõ” que quer dizer: “Sofrer” (Mt 16.21; 17.12; 1Pe 2.23; Hb 9.26; 13.12; 1Pe 2.21; 3.18; 4.1). A Bíblia nos mostra que a origem dos sofrimentos reside no primeiro ato de desobediência contra Deus (Gn 3. 13-19). São diversas as razões por que os crentes sofrem.
Vejamos algumas:
• Pela decorrência da herança do pecado de Adão e Eva (Gn 3.16-19; Gn 25.21-34; Rm 5.12; 8.20-23; 2Pe 3.10-13);
• Pelos seus atos (Sl 42.7; Jó 34.11; Jr 17.10; Pv 6.27; Mt 16.17; 1Co 3.8; 2Co 5.10; Gl 6.7; Rm 2.6; Ap 2.23);
• Por habitar num mundo pecaminoso e corrompido (Ez 9.4; At 17.16; 2Pe 2.8);
• Por correção de Deus (Is 26.16; Jó 5.17; Pv 3.11-12; Sl 119.67, 71; Hb 12.6-8; 1Co 11.31-32; Ap 3.19);
• Por enfrentar ataques do inimigo (Jó 1.12; 2.6; Mt 5.10-11; 1Pe 5.8-9; 1Jo 5.19; Ef 6.12; Gl 1.4; 2Tm 4.6,8);
• Por ter a natureza de Cristo (Mt 16.24; Jo 17.14; 1Co 2.16; 2Co 4.8; 2Tm 3.12; 1Pe 2.21; Lc 19.41; 2Co 11.23-32);
• Por perseguição religiosa (Mt 5.10-12; Mt 10.22; 24.9; Jo 15.19; At 5.41; 2Tm 2.11-13; 1Pe 4.12-14; Ap 3.1-4);
• Por “provação” da fé (Dt 8.3; Jó 19.25-27; Sl 23.4; Is 43.2; Rm 5.3-5; 1Co 10.13; 2Co 1.4; 12.9; Tg 1.3; 1Pe 1.7).
IV – QUAIS OS EXEMPLOS DE ALGUNS JUSTOS QUE SOFRERAM POR PERMISSÃO DE DEUS?
Há quem diga que as feridas abertas em nossas almas, são portas por onde Deus opera. Muitos sofrimentos que enfrentamos aqui nesta vida, têm como finalidade a manifestação do poder da glória de Deus. O Senhor NUNCA falou que “nos livraria DA fornalha, mas sim NA fornalha”. Existem alguns exemplos na Bíblia de justos que sofreram por permissão de Deus para um propósito determinado. Analisemos alguns destes exemplos:
• José o governador do Egito (Gn 37-45);
• O profeta Daniel na cova dos leões (Dn 6.1-28);
• Os companheiros de Daniel na fornalha de fogo ardente (Dn 3.28-30);
• O salmista (Sl 119.67, 71);
• O patriarca Jó (Jó 42.117);
• O homem cego de nascença. (Jo 9.1-38);
• Lázaro, o amigo de Jesus.(Jo 11.1-45);
• O mártir Estêvão (At 7.55-60; 1Pe 4.14; 2Co 12.9; Tg 4.6; 1Pe 2.20);
• O apóstolo Paulo (2Co 4.8-9; 11.16-33; Fp 3.7-11);
• O apóstolo Pedro (1Pe 2.20);
• O próprio Jesus (Is 53.1-12; Jo 15.18-21; Mc 15.3-5; Lc 23.9; Jo 19.9; At 8.32-33; 1Pe 2.20-24; Ap 5.6).
V – COMO O JUSTO DEVE ENCARAR O SOFRIMENTO?
Se conhecêssemos como Deus conhece as glórias ocultas que ele tem para cada um de nós na vida futura, saudaríamos com alegria por cada quebrantamento e prova, e o agradeceríamos por tudo! Deus é o melhor professor Primeiro dá a prova e depois a bênção (Tg. 1.2-4). Como devemos encarar o sofrimento mesmo em tempos de crises?
Vejamos alguns exemplos:
• Tendo Esperança (Jr 17.7-8; Is 64.4; Jó 13.15; Pv 14.32; Lm 3.18-22, 26; Nm 13.14; Fl 4.13; Rm 8.24-25; 37).
• Tendo alegria (Jo 16.20-21; Mt 5.11-12; 1Pe 4.13; Rm 8.28; Gl 6.17; Fl 1.29; Cl 1.24);
• Através da Fé (Jó 42.5; 1Jo 5.4; Ef 6.10-18; Hb 11.1, 6, 33-38);
• Em oração (Sl 55.17; Dn 6.10; Lc 3.21-22; 4.1-13; 5.15-16; 6.12; 9.18-29; Hb 5.7; At 2.42; Ef 6.18; Fl 4.6);
• Enfrentando as “fraquezas” da vida (Pv 24.10; Ap 3.10);
• Enfrentando o luto (2Sm 12.18-20; Jó 1.20-21);
• Enfrentando as enfermidades (Is 38.9-22);
• Enfrentando as necessidades (Hc 3.17-19);
• Enfrentando as perseguições (Mt 5.10-11; At 7.55-60; 20.24-25);
• Enfrentando as angústias (Sl 50.15; 1Co 11 16-31).
CONCLUSÃO
Podemos concluir com as palavras do Mestre amado: “Eu conheço as tuas obras” (Ap 2.9). Lembremo-nos do profeta messiânico: “Quando passares pelas águas estarei contigo, e quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti” (Is 43.2). “Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento. Dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os moços certamente cairão; Mas os que esperam no SENHOR renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão (Is 40. 28-31). E do salmista quando falou: “DEUS é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia” (Sl 46.1).
REFERÊNCIAS
• BOYER, Orlando. Pequena enciclopédia bíblica. CPAD.
• CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento Interpretado versículo por Versículo. HAGNOS.
• MACARTHUR JR, John. O poder do sofrimento. CPAD.
• RIBEIRO, Hélio. Bênçãos e frutos do sofrimento.
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD
• VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.
Por Rede Brasil de Comunicação