Fp 1.12-21
INTRODUÇÃO
Na primeira aula, que foi introdutória
do trimestre, tratamos de assuntos como: a cidade de Filipos, a fundação da
igreja de Filipos, a autoria, data, local, proposito e destinatários da carta.
Na nossa segunda lição, abordaremos assuntos como: a cidade de Roma, local da prisão
de Paulo; a adversidade e testemunho do Apóstolo; as motivações para se pregar
o evangelho, bem como o dilema vivido por Paulo. Que tenhamos todos uma
excelente aula!
I.
ADVERSIDADE: CONTRIBUIÇÃO PARA A PROCLAMAÇÃO DO EVANGELHO.
1. A Cidade de Roma
A
cidade de Roma, hoje, a capital da Itália, foi fundada em 753 a.C. na região do
Lácio à 25 km de distância da foz do rio Tibre sobre sete montes. Após
conquistar toda a Itália, Roma passou a ser senhora do mundo, pois era a capital
política, econômica e cultural do mundo e que, permaneceu com tal posição, por
muitos séculos (At 19.21; Rm 1.7; 2 Tm 1.17). Nos dias do Novo Testamento, Roma
tinha 1.500.000 habitantes, sendo a metade escravos. Os limites do Império
compreendiam 4.800 km de leste a oeste, e 3.200 km de norte a sul. Sua
população total era de 120. 000.000 de habitantes. Esta metrópole do grande
Império Romano teve doze césares, sendo o pior Nero (Nero Cláudio César Augusto Germânico), pois foi ele que incendiou
Roma em 64 a.C. lançando a culpa sobre os cristãos. Milhares deles foram
queimados vivos ou jogados na arena para serem comidos pelos animais famintos.
Esta arena era o Coliseu! Um magnífico anfiteatro de capacidade para 80.000
pessoas, onde se faziam os combates dos gladiadores. Nos Dias do Imperador
Cláudio, em 49 a.C., foi feito um decreto para que todos os judeus se
retirassem de Roma (At 18.2) por causa dos tumultos relacionados com a pregação
do Evangelho. Todavia, havia ainda muitos judeus em Roma por ocasião da visita
de Paulo (At 28.17). Aí, escreveu Paulo várias de suas epístolas entre os anos
de 61 a 63 a.C., por ocasião de seu primeiro encarceramento.
2.
A Luz do Evangelho ante as trevas de Roma
Apesar de sua grandeza e não obstante a
sua importância, a cidade de Roma fizera-se notória pela lassidão moral e pela
degenerescência de seus costumes. Em seus termos, os cultos mais extravagantes
e as mais exóticas religiões. E os deuses encontradiços em cada praça e
logradouro? Haja vista as deferências cultuais que recebiam imperadores como
Nero e Calígula. Não há palavras para descrever o luxo, a devassidão e os
crimes desta época. Era esta a cidade em que Paulo estava aguardando seu
julgamento. Ele próprio fez menção da lassidão moral de Roma em Romanos
1.18-32. Paulo esteve preso pelo espaço de dois anos, habitando na sua casa
alugada, com um soldado a guardá-lo (At 28.16, 30). A esse soldado estava ele
ligado com cadeias, segundo o costume romano (At 28.20; Ef 6.20; Fp 1.13). Nero
governava, quando Paulo apelou para César (At 25.11). E, em seu governo, era
crime ser cristão (tornou-se crime a
partir de 64 a.C.). No entanto, a história da igreja nos conta que Paulo
foi inocentado e continuou a ministrar por algum tempo, mas, depois, foi
novamente preso e executado em Roma. Todavia, ali estava um poder que haveria
de sobrepor-se sobre a todos os mais afamados símbolos e potentados romanos: o
Evangelho de Jesus Cristo. Por essa razão, Paulo foi enfático, ao dizer aos
romanos: “Não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para a salvação
de todo aquele que crê” (Rm 1.16). Aos coríntios afirmou: “Pois
a palavra da cruz é loucura para os que perecem, mas para nós, que somos
salvos, é o poder de Deus” (1 Co 1.18). Como diz o hino 322: “Nunca
mais vai ser ouvido outro conto de amor; Que converta um perdido, e rebelde
pecador; Como o santo evangelho, que nos fala de perdão, e transforma o homem
velho numa nova criação”. Essa luz brilhou, também, em Roma! Porquanto, nem
mesmo Roma com todo seu poder bélico, político e cultural foi capaz de conter a
força do evangelho.
II.
O TESTEMUNHO DE PAULO NA ADVERSIDADE ( 1.12,13).
Diante da presente situação do Apóstolo
Paulo, os irmãos de Filipos encontravam-se bastante preocupados com Paulo
devido o conhecimento que tinham de Roma. Aliás, como já explicamos na lição
01, Filipos era, por assim dizer, uma Roma em menor estatura. Os irmãos de
Filipos tinham tão grande amor e estima por Paulo, que pensavam que a sua
prisão prejudicaria a expansão do evangelho. No entanto, Paulo era um
missionário muito experiente, pois ele diz: “Em tudo somos atribulados, mas
não angustiados; perplexos. mas não desanimados; perseguidos, mas não
destruídos” (2 Co 4.8,9). Paulo entendia que o sofrimento na vida do
cristão é o ingrediente que nos amadurece a fé, pois disse: “Não
somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a
tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência,
esperança. Ora, a esperança não traz confusão, porque o amor de Deus está
derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm
5.3-5). Por essa razão, foi que disse aos filipenses: “E quero, irmãos, que saibais que
as coisas que me aconteceram contribuíram para maior avanço do evangelho. De
maneira que as minhas cadeias, em Cristo, se tornaram conhecidas de toda a
guarda pretoriana e de todos os demais” (Fp 1.12,13). O Doutor dos Gentios
ainda asseverou aos irmãos de Filipos que a verdadeira fé requer o devido preço
de autenticidade: o sofrimento (Fp
1.29).
III.
MOTIVAÇÕES PARA A PREGAÇÃO DO EVANGELHO (1.14-18).
Antes de falar dos dois tipos de
motivações, observemos o que diz o versículo 14: “e muitos dos irmãos no
Senhor, tomando ânimo com as minhas prisões, ousam falar a
palavra mais confiadamente, sem temor”. De quem Paulo está se
referindo? De todos os irmãos que estão na Ásia Menor (como diz o comentarista da revista), ou dos irmãos que viviam na
grande metrópole do mundo: a cidade de Roma? Por certo, e não querendo
depreciar o estimado comentarista (do qual tenho muito respeito), mas Paulo
estava em Roma (Fp 1.13; 4.22), escrevendo para os irmãos de Filipos (Fp 1.1) e
falando de sua situação, e da dos irmãos de Roma (Fp 1.14). Lembremos que quem
governava neste tempo era o terrível Nero! Todavia, tratando da questão das
motivações, sabemos que tudo que fazemos nesta vida gira em torno de alguma
motivação. E, que essa motivação pode ser positiva ou negativa, como
exemplifica Paulo: “... alguns pregam a Cristo por injeva e porfia (contenda
de palavra), mas outros de boa mente; uns por amor... mas outros, na verdade,
anunciam a Cristo por contenção, não puramente, julgando acrescentar
aflição as minhas prisões” (Fp 1.15,16). Infelizmente, isto também
acontece em nossos dias, mas ainda de forma pior. Pois Paulo está condenando
apenas a motivação de como se pregar o evangelho, mas não a teologia da
mensagem que é Cristo (Fp 1.15). No entanto, hoje, além das motivações mais diversas,
temos também o mais diversificado tipos de teologia pra todo tipo de gosto. Eis
o que diz Vicent Cheung em seu comentário:
“Agora, muitas pessoas hoje parecem
estar dizendo a mesma coisa, mas o que elas dizem difere grandemente do que
Paulo está dizendo. Elas podem dizer que nossas diferenças em nossa teologia
não importam, conquanto que Cristo seja pregado. Mas se há diferenças em nossa
teologia, todos nós estamos pregando a Cristo? Isso depende de sobre o que
estamos discordando, e isso é precisamente o porquê devemos argumentar sobre os
pontos nos quais discordamos, com respeito à verdade e relevância deles. Paulo
nunca diz que nossa teologia não importa conquanto que Cristo seja pregado,
visto que o fato de estarmos pregando realmente a Cristo depende, antes de
tudo, de nossa teologia ser correta.
O que Paulo diz é que pessoas pregando
com motivos errados – não teologia errada – podem, todavia,
promover o evangelho, e por isso ele se regozija. Hoje em dia, as pessoas
tendem a fazer o contrário – elas desejam parar aqueles que pregam a partir de
motivos errados, mas não aqueles que pregam uma teologia errada. Certamente,
isso não significa que Paulo aprove os motivos errados deles, mas ele está
dizendo que ele se regozija, a despeito dos motivos errados deles, pois eles
ainda estão pregando uma mensagem correta, por meio da qual Deus ainda pode
salvar seus eleitos. Gordon Clark relata o seguinte incidente:
Na
Universidade da Pensilvânia, um professor de história leu para os seus alunos o
sermão “Pecadores nas Mãos de um Deus
Irado” de Jonathan Edwards. O objetivo do professor era mostrar quão rudes,
desagradáveis e rabugentos os Puritanos da Nova Inglaterra eram. Por causa de
sua leitura, contudo, pelo menos um estudante foi convertido ao Cristianismo.
Esse professor estava obviamente lendo o
sermão a partir de uma razão imoral, mas o que ele estava lendo, todavia,
apresentou uma mensagem bíblica, por meio da qual Deus converteu pelo menos uma
pessoa na sala de aula. Embora desaprovemos o motivo do professor para ler o
sermão, e ele era mui provavelmente um não-cristão, nós, todavia, nos
regozijamos em sua ação má-intencionada por causa de seu efeito. Isso é o que
Paulo está tentando transmitir. Mas quando diz respeito à teologia, Paulo nunca
abre mão, e nem nós deveríamos”.
Portanto, que nós tenhamos não apenas
uma teologia correta, mas também, uma motivação igualmente correta para que,
como disse Paulo aos filipenses: “retendo a palavra da vida, para que no dia
de Cristo possa gloriar-me de não ter corrido nem trabalhado em vão”
(Fp 2.16). Você não quer correr, nem muito menos trabalhar em vão...quer? Eu
não! Então, comecemos cuidando das nossas motivações!
IV.
O DILEMA DE PAULO (1.19-22ss.)
Segundo o
dicionário Aurélio dilema é “uma
situação embaraçosa com duas saídas difíceis ou penosas”. Era esta a
situação em que Paulo encontrava-se agora: “estar
com Cristo” ou “permanecer na carne”.
Para Paulo, a morte cumpriria o desejo de toda a sua vida, isto é, encontrar a
Cristo. Contudo, seria mais benéfico para os crentes se Paulo permanecesse.
Paulo é enfático ao dizer: “...não sei, então, o que deva escolher”
(Fp 1.22). Estando preso em Roma, sujeito a ser absolvido ou condenado, Paulo
fala de escolha? Na verdade, Paulo era um homem de fé, ao afirmar no versículo
25: “E,
tendo esta confiança, sei que ficarei, e permanecerei com todos
vos para o vosso progresso e gozo na fé”. Para Paulo, o que mais
importava era a glória de Deus, o avanço do evangelho no mundo e o progresso da
fé dos crentes. A obsessão de Paulo era o evangelho. Qual é a sua?
CONCLUSÃO
Diante do exposto,
que guardemos as grandes lições não só ensinadas por Paulo, mas especialmente,
vividas pelo Apóstolo. Aprendamos que crê requer padecer por aquele que padeceu
por nós (Fp 1.29). Paulo entendia muito bem essa verdade, por isso, muito
sofreu para levar o evangelho até os confins da terra. O que motivava Paulo era
o amor pelas almas perdidas e o forte desejo de cumprir a vontade do Senhor em
sua vida. Que sigamos-lhe o exemplo! Deus abençoe a todos!!
REFERÊNCIAS
- Richards, Lawrence. Guia do Leitor da Bíblia. CPAD.
- Boyer, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. CPAD.
- Gilberto, Antônio. A Bíblia através dos Séculos. CPAD.
- Cheung, Vincent. Comentário sobre Filipenses. Editora Vida.
- Andrade, Claudionor Corrêa de. Lições Bíblicas. CPAD.
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