sábado, 13 de julho de 2013

LIÇÃO 02 – ESPERANÇA EM MEIO À ADVERSIDADE



 Fp 1.12-21



INTRODUÇÃO
Na primeira aula, que foi introdutória do trimestre, tratamos de assuntos como: a cidade de Filipos, a fundação da igreja de Filipos, a autoria, data, local, proposito e destinatários da carta. Na nossa segunda lição, abordaremos assuntos como: a cidade de Roma, local da prisão de Paulo; a adversidade e testemunho do Apóstolo; as motivações para se pregar o evangelho, bem como o dilema vivido por Paulo. Que tenhamos todos uma excelente aula!


I. ADVERSIDADE: CONTRIBUIÇÃO PARA A PROCLAMAÇÃO DO EVANGELHO.
1. A Cidade de Roma
A cidade de Roma, hoje, a capital da Itália, foi fundada em 753 a.C. na região do Lácio à 25 km de distância da foz do rio Tibre sobre sete montes. Após conquistar toda a Itália, Roma passou a ser senhora do mundo, pois era a capital política, econômica e cultural do mundo e que, permaneceu com tal posição, por muitos séculos (At 19.21; Rm 1.7; 2 Tm 1.17). Nos dias do Novo Testamento, Roma tinha 1.500.000 habitantes, sendo a metade escravos. Os limites do Império compreendiam 4.800 km de leste a oeste, e 3.200 km de norte a sul. Sua população total era de 120. 000.000 de habitantes. Esta metrópole do grande Império Romano teve doze césares, sendo o pior Nero (Nero Cláudio César Augusto Germânico), pois foi ele que incendiou Roma em 64 a.C. lançando a culpa sobre os cristãos. Milhares deles foram queimados vivos ou jogados na arena para serem comidos pelos animais famintos. Esta arena era o Coliseu! Um magnífico anfiteatro de capacidade para 80.000 pessoas, onde se faziam os combates dos gladiadores. Nos Dias do Imperador Cláudio, em 49 a.C., foi feito um decreto para que todos os judeus se retirassem de Roma (At 18.2) por causa dos tumultos relacionados com a pregação do Evangelho. Todavia, havia ainda muitos judeus em Roma por ocasião da visita de Paulo (At 28.17). Aí, escreveu Paulo várias de suas epístolas entre os anos de 61 a 63 a.C., por ocasião de seu primeiro encarceramento. 
  
2. A Luz do Evangelho ante as trevas de Roma
Apesar de sua grandeza e não obstante a sua importância, a cidade de Roma fizera-se notória pela lassidão moral e pela degenerescência de seus costumes. Em seus termos, os cultos mais extravagantes e as mais exóticas religiões. E os deuses encontradiços em cada praça e logradouro? Haja vista as deferências cultuais que recebiam imperadores como Nero e Calígula. Não há palavras para descrever o luxo, a devassidão e os crimes desta época. Era esta a cidade em que Paulo estava aguardando seu julgamento. Ele próprio fez menção da lassidão moral de Roma em Romanos 1.18-32. Paulo esteve preso pelo espaço de dois anos, habitando na sua casa alugada, com um soldado a guardá-lo (At 28.16, 30). A esse soldado estava ele ligado com cadeias, segundo o costume romano (At 28.20; Ef 6.20; Fp 1.13). Nero governava, quando Paulo apelou para César (At 25.11). E, em seu governo, era crime ser cristão (tornou-se crime a partir de 64 a.C.). No entanto, a história da igreja nos conta que Paulo foi inocentado e continuou a ministrar por algum tempo, mas, depois, foi novamente preso e executado em Roma. Todavia, ali estava um poder que haveria de sobrepor-se sobre a todos os mais afamados símbolos e potentados romanos: o Evangelho de Jesus Cristo. Por essa razão, Paulo foi enfático, ao dizer aos romanos: “Não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16). Aos coríntios afirmou: “Pois a palavra da cruz é loucura para os que perecem, mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus” (1 Co 1.18). Como diz o hino 322: “Nunca mais vai ser ouvido outro conto de amor; Que converta um perdido, e rebelde pecador; Como o santo evangelho, que nos fala de perdão, e transforma o homem velho numa nova criação”. Essa luz brilhou, também, em Roma! Porquanto, nem mesmo Roma com todo seu poder bélico, político e cultural foi capaz de conter a força do evangelho.


II. O TESTEMUNHO DE PAULO NA ADVERSIDADE ( 1.12,13).
Diante da presente situação do Apóstolo Paulo, os irmãos de Filipos encontravam-se bastante preocupados com Paulo devido o conhecimento que tinham de Roma. Aliás, como já explicamos na lição 01, Filipos era, por assim dizer, uma Roma em menor estatura. Os irmãos de Filipos tinham tão grande amor e estima por Paulo, que pensavam que a sua prisão prejudicaria a expansão do evangelho. No entanto, Paulo era um missionário muito experiente, pois ele diz: “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos. mas não desanimados; perseguidos, mas não destruídos” (2 Co 4.8,9). Paulo entendia que o sofrimento na vida do cristão é o ingrediente que nos amadurece a fé, pois disse: “Não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Ora, a esperança não traz confusão, porque o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5.3-5). Por essa razão, foi que disse aos filipenses: “E quero, irmãos, que saibais que as coisas que me aconteceram contribuíram para maior avanço do evangelho. De maneira que as minhas cadeias, em Cristo, se tornaram conhecidas de toda a guarda pretoriana e de todos os demais” (Fp 1.12,13). O Doutor dos Gentios ainda asseverou aos irmãos de Filipos que a verdadeira fé requer o devido preço de autenticidade: o sofrimento (Fp 1.29).


III. MOTIVAÇÕES PARA A PREGAÇÃO DO EVANGELHO (1.14-18).
Antes de falar dos dois tipos de motivações, observemos o que diz o versículo 14: “e muitos dos irmãos no Senhor, tomando ânimo com as minhas prisões, ousam falar a palavra mais confiadamente, sem temor”. De quem Paulo está se referindo? De todos os irmãos que estão na Ásia Menor (como diz o comentarista da revista), ou dos irmãos que viviam na grande metrópole do mundo: a cidade de Roma? Por certo, e não querendo depreciar o estimado comentarista (do qual tenho muito respeito), mas Paulo estava em Roma (Fp 1.13; 4.22), escrevendo para os irmãos de Filipos (Fp 1.1) e falando de sua situação, e da dos irmãos de Roma (Fp 1.14). Lembremos que quem governava neste tempo era o terrível Nero! Todavia, tratando da questão das motivações, sabemos que tudo que fazemos nesta vida gira em torno de alguma motivação. E, que essa motivação pode ser positiva ou negativa, como exemplifica Paulo: “... alguns pregam a Cristo por injeva e porfia (contenda de palavra), mas outros de boa mente; uns por amor... mas outros, na verdade, anunciam a Cristo por contenção, não puramente, julgando acrescentar aflição as minhas prisões” (Fp 1.15,16). Infelizmente, isto também acontece em nossos dias, mas ainda de forma pior. Pois Paulo está condenando apenas a motivação de como se pregar o evangelho, mas não a teologia da mensagem que é Cristo (Fp 1.15). No entanto, hoje, além das motivações mais diversas, temos também o mais diversificado tipos de teologia pra todo tipo de gosto. Eis o que diz Vicent Cheung em seu comentário:

“Agora, muitas pessoas hoje parecem estar dizendo a mesma coisa, mas o que elas dizem difere grandemente do que Paulo está dizendo. Elas podem dizer que nossas diferenças em nossa teologia não importam, conquanto que Cristo seja pregado. Mas se há diferenças em nossa teologia, todos nós estamos pregando a Cristo? Isso depende de sobre o que estamos discordando, e isso é precisamente o porquê devemos argumentar sobre os pontos nos quais discordamos, com respeito à verdade e relevância deles. Paulo nunca diz que nossa teologia não importa conquanto que Cristo seja pregado, visto que o fato de estarmos pregando realmente a Cristo depende, antes de tudo, de nossa teologia ser correta.

O que Paulo diz é que pessoas pregando com motivos errados – não teologia errada – podem, todavia, promover o evangelho, e por isso ele se regozija. Hoje em dia, as pessoas tendem a fazer o contrário – elas desejam parar aqueles que pregam a partir de motivos errados, mas não aqueles que pregam uma teologia errada. Certamente, isso não significa que Paulo aprove os motivos errados deles, mas ele está dizendo que ele se regozija, a despeito dos motivos errados deles, pois eles ainda estão pregando uma mensagem correta, por meio da qual Deus ainda pode salvar seus eleitos. Gordon Clark relata o seguinte incidente:

Na Universidade da Pensilvânia, um professor de história leu para os seus alunos o sermão “Pecadores nas Mãos de um Deus Irado” de Jonathan Edwards. O objetivo do professor era mostrar quão rudes, desagradáveis e rabugentos os Puritanos da Nova Inglaterra eram. Por causa de sua leitura, contudo, pelo menos um estudante foi convertido ao Cristianismo.

Esse professor estava obviamente lendo o sermão a partir de uma razão imoral, mas o que ele estava lendo, todavia, apresentou uma mensagem bíblica, por meio da qual Deus converteu pelo menos uma pessoa na sala de aula. Embora desaprovemos o motivo do professor para ler o sermão, e ele era mui provavelmente um não-cristão, nós, todavia, nos regozijamos em sua ação má-intencionada por causa de seu efeito. Isso é o que Paulo está tentando transmitir. Mas quando diz respeito à teologia, Paulo nunca abre mão, e nem nós deveríamos”.

Portanto, que nós tenhamos não apenas uma teologia correta, mas também, uma motivação igualmente correta para que, como disse Paulo aos filipenses: “retendo a palavra da vida, para que no dia de Cristo possa gloriar-me de não ter corrido nem trabalhado em vão” (Fp 2.16). Você não quer correr, nem muito menos trabalhar em vão...quer? Eu não! Então, comecemos cuidando das nossas motivações!


IV. O DILEMA DE PAULO (1.19-22ss.)
Segundo o dicionário Aurélio dilema é “uma situação embaraçosa com duas saídas difíceis ou penosas”. Era esta a situação em que Paulo encontrava-se agora: “estar com Cristo” ou “permanecer na carne”. Para Paulo, a morte cumpriria o desejo de toda a sua vida, isto é, encontrar a Cristo. Contudo, seria mais benéfico para os crentes se Paulo permanecesse. Paulo é enfático ao dizer: “...não sei, então, o que deva escolher” (Fp 1.22). Estando preso em Roma, sujeito a ser absolvido ou condenado, Paulo fala de escolha? Na verdade, Paulo era um homem de fé, ao afirmar no versículo 25: “E, tendo esta confiança, sei que ficarei, e permanecerei com todos vos para o vosso progresso e gozo na fé”. Para Paulo, o que mais importava era a glória de Deus, o avanço do evangelho no mundo e o progresso da fé dos crentes. A obsessão de Paulo era o evangelho. Qual é a sua?


CONCLUSÃO
Diante do exposto, que guardemos as grandes lições não só ensinadas por Paulo, mas especialmente, vividas pelo Apóstolo. Aprendamos que crê requer padecer por aquele que padeceu por nós (Fp 1.29). Paulo entendia muito bem essa verdade, por isso, muito sofreu para levar o evangelho até os confins da terra. O que motivava Paulo era o amor pelas almas perdidas e o forte desejo de cumprir a vontade do Senhor em sua vida. Que sigamos-lhe o exemplo! Deus abençoe a todos!!


REFERÊNCIAS

  •   Richards, Lawrence. Guia do Leitor da Bíblia. CPAD. 
  •   Boyer, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. CPAD.
  •   Gilberto, Antônio. A Bíblia através dos Séculos. CPAD.
  •   Cheung, Vincent. Comentário sobre Filipenses. Editora Vida.
  •   Andrade, Claudionor Corrêa de. Lições Bíblicas. CPAD.
 

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