I Co 3.11-15
INTRODUÇÃO
O Tribunal de
Cristo é o julgamento dos servos de Deus quanto às suas obras na Terra (II Co
5.10; Rm 14.10). Analisaremos que neste julgamento não seremos julgados quanto
à nossa posição e condição de salvos, e sim, quanto ao nosso desempenho como
servos do Senhor. Pontuaremos ainda que nesse grande julgamento da Igreja,
todos hão de prestar contas de sua administração (Lc 16.2; 19.13), e que
naquele dia, o Senhor requererá o nosso “relatório” (Ml 3.16-18). E, por fim,
concluiremos mostrando que o Senhor nos julgará quanto à mordomia daquilo que
nos entregou (Lc 12.16-20; I Co 6.12; Ef 5.16; I Pe 4.10).
I. O SIGNIFICADO DO TERMO
“TRIBUNAL DE CRISTO”
Tribunal de
Cristo é o primeiro dos eventos depois do Arrebatamento da Igreja. Paulo
refere-se ao Tribunal como o “bema” (II Co 5.10). O bema era um
estrado ou plataforma, utilizado por oradores (púlpito) e atletas (pódio). Os
bemas históricos eram plataformas elevadas em que governantes ou juízes se
sentavam para fazer discursos (At 12.21) ou julgar casos (At 18.12-17). O
Tribunal de Cristo é visto por alguns apenas como um lugar de recompensas
(LAHAYE, 2009, p. 462). Paulo, entretanto, chama-o de um lugar de compensação
do grego “komizo”. O Senhor atenta para o que fazemos, seja bom “aghathos”
ou mau “phaulos” e seremos compensados de acordo com
nossas obras (I Co 3.10-15) (Ídem, 2009, pp. 204, 205).
II. DIFERENÇA ENTRE O TRIBUNAL DE
CRISTO E O GRANDE TRONO BRANCO
A Bíblia diz que
Jesus é o “justo juiz”, de modo que todos os julgamentos serão justos e
irrecorríveis (II Tm 4-8; I Pe 1.17) Deus julgará
tanto crentes quanto ímpios. O julgamento dos ímpios será diante do
Grande Trono Branco um evento descrito em Apocalipse 20.15, o qual ocorre após
o reino milenial de Cristo que será o último julgamento antes da eternidade
futura. O julgamento dos iníquos levará a um sofrimento proporcional à
sua iniquidade (Mt 10.15; 11.23-24; Lc 19.27). Já o julgamento dos justos
levará a recompensas maiores ou menores, em proporção à fidelidade de cada um
(Lc 19.11-27). Os ímpios comparecerão perante o Grande Trono Branco que se dará
depois do Milênio, os crentes comparecerão perante o Tribunal de Cristo que se
dará antes do Milênio. E, neste Tribunal, os crentes serão recompensados
tomando-se por base o quão fielmente serviram a Cristo (Mt 28.18-20; Rm 6.1-4; I
Co 9.4-27; II Tm 2.4-8; Tg 1.12; 3.1-9; I Pe 5.4; Ap 2.10) (LAHAYE, 2009, p.
462).
III. QUEM SERÁ JULGADO NO
TRIBUNAL DE CRISTO
A doutrina do
julgamento do crente trata-se do Tribunal de Cristo, isto é, o julgamento da
igreja após o seu arrebatamento (II Co 5.10; Rm 14.10; I Jo 4.17). É o dia da
prestação de conta da nossa vida; da nossa mordomia cristã, da nossa diaconia. Segundo
a Palavra de Deus, o julgamento do crente é tríplice. No passado,
o crente foi julgado em Cristo, no Calvário, como pecador (II Co 5.21). No presente,
ele é julgado como filho de Deus, durante a sua vida (I Co 11.31). No futuro,
será julgado como servo de Deus, quanto à sua fidelidade no serviço prestado a
Deus (I Co 4.2-6; II Co 5.10). Não será um julgamento de pecados do crente (Rm
8.1; Jo 5.24), mas das obras do crente (Ap 22.12; 14.13). Todos os salvos serão
julgados, e não apenas alguns (Rm 14.10; II Co 5.10). Neste contexto, está
claro que se referem aos cristãos, não aos não crentes. O Tribunal de Cristo,
desta forma, envolve crentes dando contas de suas vidas a Cristo. Não devemos
olhar para o Tribunal de Cristo como Deus julgando nossos pecados, mas sim como
Deus nos galardoando por nossas obras (GILBERTO, 2009, p. 376 – acréscimo
nosso).
IV. QUANDO E ONDE SERÁ ESSE JULGAMENTO
O Tribunal de
Cristo acontecerá depois do arrebatamento da Igreja. Será
realizado nos céus. A Bíblia ensina que este julgamento será
exclusivamente para os salvos arrebatados na vinda de Jesus. A questão da
salvação já foi resolvida. Não será um julgamento para condenação ou salvação,
será um julgamento para receber galardão conforme o que prometeu o Senhor
Jesus: “E eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo para dar a cada um
segundo a sua obra” (Ap 22.12).Se Jesus virá com o galardão, o
julgamento se dará logo após o Arrebatamento, ainda nos ares (I Ts 4.16,17; II Ts
2.1; Mt 16.27; Ap 22.12; I Pe 5.4), antes das Bodas do Cordeiro — nesta Ceia, a
Igreja já estará coroada (I Pe 5.4), vestida de linho fino, puro e
resplandecente (Ap 19.7-9). Os salvos de todas as épocas participarão dessa
reunião nos ares. Jesus disse que haverá recompensa na ressurreição dos justos
(Lc 14.14). Os heróis do AT que, tendo o testemunho pela fé, morreram sem
alcançar a promessa (Hb 11.39), ressuscitarão (I Co 15.51,52) para receber de
Cristo, o Justo Juiz, a coroa da justiça, pois, como Paulo, combateram o bom
combate, acabaram a carreira e guardaram a fé (II Tm 4.7,8). Todos os salvos
arrebatados serão julgados pelas suas obras, para receber ou não galardão (II Co
5.9,10; Rm 14.10-12; I Jo 4.17) (LAHAYE, 2009, p. 463).
V. O QUE SERÁ JULGADO
As más ações do
cristão, quando ele arrepende-se, são perdoadas no que diz respeito ao castigo
eterno (Rm 8.1), mas são levados em conta quanto a sua recompensa (II Co 5.10;
Ap 14.13); isto é, tudo o que fizemos fica registrado no Céu (Ml 3.16-18). No
Arrebatamento, Jesus que conhece as nossas obras (Ap 2.2,9,13,19; 3.8,15),
trará consigo o resultado, a avaliação de nosso trabalho. Existem cinco
critérios deste julgamento que envolve: 1º) a “lei da liberdade cristã”
(Tg 2.12); 2º) a qualidade do trabalho que fazemos para Deus (Mt
20.1-16); 3º) o “material” empregado no trabalho feito para Deus (I Co
3.8,12-15); 4º) a conduta do crente por meio do seu corpo (II Co 5.10) e
5º) os motivos secretos do nosso coração (I Co 4.5; Rm 2.16) (GILBERTO, 2009,
p. 376). O propósito do julgamento dos crentes diante do Tribunal de Cristo é
determinar se as obras de cada um foram dignas ou não. A avaliação incluirá as
obras em si, o zelo com que foram realizadas e o que as motivou (LAHAYE, 2009, p.
464). Vejamos:
v As Obras. Aquilo que uma
pessoa faz por Deus é registrado em um memorial diante do Senhor dos Exércitos
(Ml 3.16-18). As Escrituras prometem recompensas específicas para obras
específicas (Mt 5.11-12; Lc 6.21-22; 14.12-14). Deus recompensará os crentes
por todas as ações que tiverem mérito ou valor eterno.
v Boas obras. Boas obras do
grego “agathos” podem ser definidas como aquelas que têm sido
“manifestas, porque feitas em Deus” (Jo 3.21; Ef 6.7-8; I Ts 1.3). As boas
obras são representadas por ouro, prata e pedras preciosas. As boas obras também
são chamadas de “fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a
glória e louvor de Deus” (Fp 1.11; 2.13).
v Obras más. Paulo falou
sobre a possibilidade de ser “reprovado” ao não conseguir viver
fielmente (I Co 9.24-27). Más ações do grego “phaulos” são
desprezíveis aos olhos de Deus. Podem ser chamadas de “obras mortas” ou “obras
da carne”. O perigo de produzir obras da carne reside no fato de que o trabalho
do crente acaba sendo em vão, inútil ou vazio (I Co 15.58; I Tm 6.20; II Tm
2.16; G1 4.9; Tt 3.9; Tg 1.26). Obras más não possuem qualidade, por isso são
caracterizadas como madeira, feno e palha materiais de pouco valor ou
durabilidade. Estas são as ações produzidas a partir de motivações erradas (I
Jo 2.28 versão atualizada).
v A Motivação. Deus sonda a
nossa mente e o nosso coração a fim de nos determinar a recompensa. A motivação
de nossas obras também será revelada no Tribunal de Cristo (Lc 12.2-3). O
propósito ou motivação de um coração legitima ou invalida os atos de uma vida
(Mt 5.16; 6.1-21). Quando as obras são feitas para que outros as vejam,
perdem-se as recompensas, pois, os desígnios do coração do homem serão
manifestos. (I Co 4-5; Ap 2.23). Embora um serviço exercido por motivos errados
possa resultar na perda de recompensas, ele ainda pode ter efeitos eternos (Fp
1.14-19).
VI. QUAIS SERÃO OS CRITÉRIOS
DESSE JULGAMENTO
Jesus não galardoará
apenas o crente apóstolo, pastor, bispo, missionário, reverendo, teólogo,
cantor etc. O prêmio da soberana vocação (Fp 3.14) será dado aos “servos
bons e fiéis” (Mt 25.21,23). A base do julgamento serão “as
obras”, e não “os títulos” (I Co 3.10-15; Rm 14.12; Ap
22.12). Este texto mostra que as obras aprovadas são as realizadas em Cristo, o
fundamento. Os elementos ouro, prata e pedras preciosas representam o
trabalho feito com humildade, amor e temor, para a glória do Senhor (1 Co
10.31). Já os materiais madeira, feno e palha facilmente
consumíveis pelo fogo, falam das obras feitas por vaidade, motivações erradas e
egoísmo, para receber glória e ser visto apenas pelos homens (Mt 6.2,5).
Somente serão galardoados aqueles cujas obras resistirem ao fogo da presença do
Senhor (Hb 12.29). Não existe aqui nenhuma margem para o falso ensinamento romanista
do purgatório, visto que, após a morte, segue-se o juízo (Hb 9.27). A expressão
“o tal será salvo” não denota que a salvação só acontecerá após
esse julgamento, pois, existirem obras que, apesar de inconvenientes, não
interferem, até certo ponto, na salvação (I Co 6.12; 10.23; Hb 12.1; I Ts
5.22). Este julgamento será baseado em tudo o que tivermos feito por meio do
corpo (Rm 14.10; II Co 5.10; Hb 4.13; Mt 10.26).
VII. AS RECOMPENSAS DESSE
JULGAMENTO
Precisamos saber
de antemão que o nosso primeiro julgamento já ocorreu no Calvário. Neste
julgamento Jesus foi julgado em nosso lugar, sofrendo o castigo do nosso
pecado, a morte, para que pudéssemos ser salvos. Agora, no Tribunal de Cristo,
o crente será julgado como servo, isto é, quanto ao seu serviço prestado a Deus
e o seu testemunho (Ap 22.12). Não se trata de julgamento dos pecados do
crente, pois, nossos pecados já foram julgados em Cristo (II Co 5.21; Gl 3.13).
A nossa salvação é pela graça e pela obra redentora que Jesus consumou por nós
(Hb 7.27). Haverá diferentes tipos de galardões simbolizados por coroas e as
Escrituras mencionam três dessas coroas. Vejamos:
v A Coroa da Vida.
Esta
coroa é concedida àqueles que perseveram em meio às provações (Tg 1.2-3,12; Ap
2.10; 3.11). Os crentes devem alegremente perceber as provações como
oportunidades dadas pelo Senhor para que cresçam e amadureçam. Sua motivação
deve também proceder do amor que sentem por Deus.
v A Coroa da
Justiça.
Esta coroa está reservada àqueles que ansiosamente aguardam o retorno do Senhor
(II Tm 4.6-8). Amar a vinda do Senhor supõe uma vida de obediência. Tamanha
fidelidade proporciona certo grau de segurança enquanto o fiel aguarda o breve
retomo do Senhor.
v A Coroa da
Glória. Esta
coroa é prometida àqueles que apascentam o rebanho do Senhor pelos motivos
certos (I Pe 5.2- 4; Fp 4.1; Dn 12.3; I Ts 2.19; Pv 11.30). Os obreiros
piedosos, dignos de recompensa, são aqueles que servem de coração, e não por
obrigação. São exemplos de uma vida piedosa para o rebanho. Reconhecem a
obrigação pela qual prestarão contas ao supremo Pastor (Ez 34-2-4).
CONCLUSÃO
No Tribunal de
Cristo haverá muitas surpresas. Coisas encobertas, positivas ou negativas,
virão à tona naquele grande Dia (I Co 4.5; II Co 10.17,18; Pv 25.27; 27.2). As
obras que ninguém vê aqui serão expostas pelo Senhor, naquele Dia, para que
todos tomem conhecimento (Hb 4.13). Sejamos fiéis a Jesus Cristo até ao fim (Ap
2.10; 3.11), para que tenhamos confiança no dia do juízo (I Jo 4.17) e
recebamos a coroa incorruptível (I Co 9.25).
REFERÊNCIAS
Ø CHAMPLIN,
R. N. O Antigo Testamento Interpretado – Gênesis a Números. HAGNOS.
Ø GILBERTO,
et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
Ø HOWARD,
Rick. O Tribunal de Cristo. CPAD.
Ø PENTECOST,
J. Dwight. Manual de Escatologia. VIDA.
Ø ZUCK,
Roy B. Teologia do Novo Testamento. CPAD.
Por Rede Brasil
de Comunicação.
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