Lc 10.25-37
INTRODUÇÃO
Nesta lição
veremos o contexto e o objetivo que o Mestre amado contou esta parábola;
pontuaremos seus personagens e quem eles representam; analisaremos qual o
contraste entre os dois filhos; e por fim, estudaremos o que Jesus quis ensinar
com esta parábola.
I. UMA PARÁBOLA
DISTINTA
Em Mateus
21.28-32 encontramos a “parábola dos dois filhos”. Esta
parábola possui as seguintes características: a) Ela consta somente no evangelho conforme Mateus; b) têm apenas três versículos; c) foi pronunciada na última visita de
Cristo a Jerusalém, antes de Sua morte; e, d)
tem o intuito de enfatizar que Deus chama a todos os homens para a salvação, no
entanto, cabe aos homens aceitarem tal chamado (Mt 21.32). Vejamos algumas
outras informações sobre esta parábola:
1. Contexto.
Em Mateus 21
encontramos o registro da entrada triunfal de Jesus sobre um jumentinho, na
famosa cidade de Jerusalém, para cumprir o que dele estava escrito (Zc 9.9; Mt
21.4,5). A multidão louvou ao Mestre trazendo consigo ramos de árvores que espalhavam
pelo chão junto com as suas próprias vestes e diziam: “[…] Hosana ao Filho de Davi;
bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas!” (Mt 21.9b).
Esta parábola está estreitamente conectada com o relato imediatamente
precedente em relação a atitude das autoridades para com João Batista (Mt
21.23-27). Jesus questionou porque eles não reagiram a mensagem de
arrependimento pregada pelo profeta (Mt 21.32).
2. Objetivo.
O principal
objetivo da parábola é mostrar como os publicanos e as meretrizes, que não
professavam crê no Messias e do Seu reino, ainda assim aceitavam a doutrina e
se sujeitavam à disciplina de João Batista, o precursor de Jesus (Mt 3.5,6), ao
passo que os sacerdotes e os anciãos, que estavam cheios de expectativas do
Messias, e pareciam muito dispostos a estar de acordo com o que Ele
determinava, desprezaram João Batista, e foram contrários aos desígnios da
missão de Jesus (Mt 3.7-10; 21.32; Mc 1.5). A parábola tem um outro alcance; os
gentios, que eram desobedientes, tendo sido, por muito tempo, filhos da ira (Ef
2.3); porém, quando o Evangelho lhes foi pregado, eles se tornaram obedientes à
fé, enquanto os judeus, que diziam: “eu vou, Senhor”, faziam boas
promessas (Êx 24.7; Js 24.24), mas não iam; eles somente “lisonjeavam a Deus com os seus
lábios” (Sl 78.36,37).
II.
OS PERSONAGENS DA PARÁBOLA
1. O Pai (Mt 21.28).
O pai desta
parábola é uma representação perfeita da pessoa de Deus como nosso amado Pai
(Sl 103.13; Ef 1.5; Gl 4.4,5; Rm 8.15-17; Jo 1.12; 2 Co 6. 18; Rm 8.15; 23; Gl
4.6; Hb 12.6; Hb 6.12; 1Pe 1.3,4; Hb 1.14). O status de filhos traz-nos
privilégios como: a) tratar a Deus
como Pai nas nossas orações: “Pai nosso, que estás nos céus […]”
(Mt 6.9); b) ter o testemunho do
Espírito acerca da nossa salvação, o qual clama “Aba, Pai” (Rm 8.15,16);
e, c) sermos amados por ele: “Vede
quão grande amor nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus
[…]” (1Jo 3.1); “Amados, agora somos filhos de Deus…”
(1Jo 3.2).
2. O primeiro filho (Mt 21.28,29).
Os publicanos e
as meretrizes de quem se esperava pouca religiosidade são representados pelo
primeiro filho na parábola (Mt 21.31,32). Eles não prometiam nenhum bem, e
aqueles que os conheciam não esperavam deles nada de bom; ainda assim, muitos
deles foram transformados: “Mas, depois, arrependendo-se, foi”
(Mt 21.29-b ver ainda Lc 7.29,30). Estes impuros representavam também o mundo
gentílico; pois, os judeus, em geral, classificavam os publicanos junto com os
pagãos; e os pagãos eram representados, pelos judeus, como meretrizes, e homens
nascidos de prostituição (Jo 8.41).
3. O segundo filho (Mt 21.30).
O segundo filho
é representado por muitos da nação judaica quando ao ser proclamada a Lei no
monte Sinai, pela voz de Deus, se comprometeu a obedecer e disseram: “Tudo
o que o Senhor tem falado faremos […]”, porém não fizeram (Êx 19.8;
24.3,7; Dt 5.27). Eles faziam uma profissão especial da religião; ainda assim,
quando o reino do Messias lhes foi trazido, pelo batismo de João, eles o
desprezaram (Mt 3.7-10), deram-lhe as costas e lhe rejeitaram (Jo 1.11; Lc
19.14; At 13.46). Por causa do seu orgulho, eles não procuravam seguir a Deus e
a Cristo. Por isso, o filho que disse: “Eu vou, senhor”, e não foi, revelou
perfeitamente o caráter dos judeus fariseus (Lv 26.41; Dt 10.16; Jr 4.4; 6.10;
Ez 44.9; At 7.51; Hb 4.7).
III. CONTRASTES
ENTRE OS DOIS FILHOS
É digno de nota,
nesse contexto, que esses publicanos e prostitutas arrependidos haviam dito: “não
queremos”, mas depois se arrependeram, e então creram. Ao contrário, os
líderes religiosos dos judeus, homens considerados como bem familiarizados com
a Lei de Deus e que exteriormente se conduziam de uma forma tal como se
estivessem dizendo constantemente: “sim, Senhor, fazemos tudo quanto requeres de
nós, e faremos tudo quanto queres que façamos”, porém não faziam. Era
acerca deles que Jesus declararia: “Dizem sim, e não fazem” (Mt 23.3 ver
Êx 19.8; 32.1; Is 29.13). Notemos então alguns aspectos representados por estes
dois filhos. Vejamos:
O PRIMEIRO FILHO
|
O SEGUNDO FILHO
|
Foi
convocado pelo pai para trabalhar (Mt 21.28)
|
Foi
convocado pelo pai para trabalhar (Mt 21.30a)
|
Disse
ao pai que não ia, mas foi (Mt 21.29)
|
Disse
ao pai que ia, mas não foi (Mt 21.30b)
|
Mostrou-se
rude, mas foi sincero (Mt 21.29b)
|
Mostrou-se
flexível, mas foi falso (Mt 21.30b)
|
Mostrou
arrependimento (Mt 21.29c)
|
Não
mostrou arrependimento (Mt 21.32)
|
IV.
O QUE JESUS QUIS ENSINAR COM ESTA PARÁBOLA
1. Dizer “não” e viver o “sim” é uma prova de
arrependimento (Mt 21.29).
Quanto ao
primeiro filho as suas ações foram melhores que as suas palavras, e o seu
final, melhor que o seu começo. Vemos aqui a feliz mudança de ideia, e da
conduta do primeiro filho, depois de pensar um pouco: “Mas, depois, arrependendo-se, foi”.
Observemos que há muitas pessoas que no início dizem “não”, são teimosas, e
pouco promissoras, mas que posteriormente se arrependem e se corrigem, “e
caem em si” (Lc 15.15.17), como diz o provérbio popular: “Antes tarde do que nunca”. Observemos
que quando ele se arrependeu, ele foi; este é um “fruto digno de arrependimento”
(Mt 3.8). A única evidência do arrependimento da nossa resistência anterior é
concordar imediatamente e partir para o contrário; e então, o que passou será
perdoado, e tudo ficará bem. Aquele que disse ao seu pai, face a face, que “não
faria o que ele lhe pedia”, merecia ser atirado para fora de casa e
deserdado; mas o nosso Pai “espera para
ter misericórdia”, e, apesar das nossas antigas tolices, se nos
arrependermos e nos corrigirmos, Ele irá nos aceitar de uma forma bastante
favorável (Pv 28.13). É muito melhor lidar com alguém que, na prática, será
melhor que a sua palavra, do que com alguém que não será capaz de cumprir o que
prometeu.
2. Dizer “sim” e viver o “não” é uma prova de
hipocrisia (Mt 21.30).
É impressionante
a quantidade de pessoas que dizem “sim” e vive o “não” (Tt 1.16). Existe
uma abissal distância entre o discurso e a prática: “Não procedais em conformidade com
as suas obras, porque dizem e não praticam” (Mt 23.3). O segundo filho
mencionado disse melhor do que fez, prometeu ser melhor do que provou ser; a
sua resposta foi boa, mas as suas ações, más. Ele professou uma obediência imediata:
“eu
vou”; ele não disse: “eu irei daqui a pouco”, mas
infelizmente ele ficou apenas na teoria e não partiu para prática. Existem
muitos que proferem boas palavras, e fazem boas promessas, que se originam de
boas motivações; porém, ficam apenas nisso, não vão mais além. Dizer e fazer
são duas coisas diametralmente diferentes e distintas, e há muitos que dizem e
nunca fazem o que prometem (Is 29.13; Ez 33.31). Muitos, com a sua boca, até
confessam, mas os seus corações vão em outra direção (Mt 15.8; Mc 7.6). A
prova de sinceridade não está nas palavras, mas nos atos (Mt 7.21). As
palavras não são de valor algum se não forem acompanhadas de atos equivalentes:
“Se
sabeis essas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes” (Jo 13.17).
Existe uma diferença categórica entre arrependimento (2 Co 7.9), e remorso como
no caso de Judas (Mt 27.3).
3. O “sim” e o “não” é uma prova do nosso caráter.
O tempo vai
dizer quem é quem e revelará se o que dissemos condiz com o que somos. Às vezes
o “não”
honesto hoje pode colocar o homem em uma posição de reflexão, de arrependimento
e mais tarde gerar mudanças movendo-o a prática de atitudes coerente com o “sim”.
O verdadeiro “sim” é aquele marcado pela consciência profunda do pecado,
arrependimento e conversão (Mt 21.31-32). Os publicanos e as meretrizes eram os
que inicialmente haviam virado as costas para Deus, mas se arrependeram e
creram; ao passo que os judeus fariseus que haviam pretensamente crido, no
fundo endureceram o coração e rejeitaram a oferta do Evangelho. Intenções
precisam ser acompanhadas por ações, pois a fé sem obras é morta (Tg 2.26), e o
arrependimento sem frutos não agrada a Deus (Mt 3.8).
4. O “sim” e o “não” é uma questão de
livre-arbítrio.
Na história, os
dois filhos mudaram de ideia, um para pior e outro para melhor. O pecador pode
se arrepender e ser perdoado, e o justo pode se desviar e ser condenado (Ez
18.21-24). Por isso, é imprescindível permanecer firmes até ao fim (Hb 3.12-13;
4.11). O chamado do Evangelho, é, na realidade, o mesmo para todos, e nos é
transmitido com o mesmo teor. Na parábola, o pai falou a mesma coisa para os
dois filhos e sua vontade para os dois foi a mesma. Deus deseja a salvação de
todos (1Tm 2.3-4). Como cada filho na parábola tomou sua própria decisão, nós
decidimos obedecer a Deus ou não. Os dois filhos receberam a mesma
oportunidade: “[…] Filho, vai trabalhar […] E, dirigindo-se ao segundo,
falou-lhe de igual modo” (Mt 21.28,29). Jesus não lhes disse: “vós não
podeis entrar no reino do céu”; porém, mostrou que eles mesmos
criavam o obstáculo que lhes embargava a entrada (Mt 23.37-38). A porta ainda
estava aberta para esses guias judeus; o convite ainda era mantido.
CONCLUSÃO
Reino de Deus é
formado por pessoas que vão além das palavras, que entenderam seu pecado, sua
inadequação, arrependeram-se e se colocaram na direção do caminho correto. De
pessoas que aprenderam que o “não” não é o melhor caminho e se prontificaram a
viver o “sim”. Gente que aprendeu que o que agrada a Deus de verdade é vida e
não discurso; é ação e não promessas; é verdade prática e não mentira poética:
“A
minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a Sua obra”
(Jo 4.34), assim devemos servir ao Senhor.
REFERÊNCIAS
Ø GILBERTO,
Antônio. Lições Bíblicas Maturidade Cristã.
CPAD
Ø HOWARD,
R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon.
CPAD.
Ø LOCKYER,
Herbert. Todas as Parábolas da Bíblia.
VIDA
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
Ø WIERSBE,
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo
Novo Testamento. GEOGRÁFICA.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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