sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

LIÇÃO 10 – PRECISAMOS DE VIGILÂNCIA ESPIRITUAL


  




Mt 24.45-51





INTRODUÇÃO
A presente lição tratará da parábola dos “dois servos” registrada em dois evangelhos sinóticos: o de Mateus e o de Lucas; destacaremos desta narrativa o seu contexto e objetivo; veremos quais os personagens que a compõe e o que eles significam; pontuaremos a palavra-chave desta parábola que é a vigilância; e, concluiremos pontuando pelo menos três motivos pelos quais devemos vigiar para aguardar a vinda do Senhor.


 I. A PARÁBOLA DE MATEUS 24.45-51
Sobre esta parábola é interessante destacar que ela: a) consta no evangelho conforme Mateus 24.45-51 e Lucas 12.42-46; b) foi intitulada de parábola dos “dois servos” o “fiel e o infiel”; c) é uma parábola de cunho escatológico; d) é extremamente exortativa quanto a necessidade da vigilância para o retorno de Cristo. Vejamos mais algumas informações a respeito desta parábola:

1. Contexto.
O contexto que levou a Jesus a contar esta parábola, foi quando saindo do templo profetizou a queda deste (Mt 24.1,2); e, quando interrogado pelos discípulos acerca dos acontecimentos futuros, o Mestre lhes falou da Sua segunda vinda a terra (Mt 24.3-44).

2. Objetivo.
Quando contou esta parábola aos seus discípulos, Jesus tinha como propósito exortá-los a aguardar o Seu retorno a terra em vigilância, visto que será em um dia e em uma hora em que eles não imaginam (Mt 24.36,42). Daí porque contou uma parábola enfatizando a importância da fidelidade e da vigilância.


II. OS PERSONAGENS DA PARÁBOLA
Abaixo destacaremos algumas informações sobre os personagens desta parábola. Vejamos:

1. O senhor (Mt 24.45).
Este senhor da parábola trata-se provavelmente de um fazendeiro ou de um grande empresário que tinha servos a sua disposição (Mt 24.45-47). Para termos uma noção, ele pode ser comparado a Potifar, o superintendente de Faraó, que tinha servos sob o seu domínio (Gn 39.4,5). Este senhor precisou ausentar-se um pouco de sua casa, para uma viagem. Quanto ao dia e a hora do seu retorno são incertos (Mt 24.50; Lc 12.46).

2. O servo (Mt 24.42,45).
Mateus usa da palavra “servo” no grego “doulos” que quer dizer: “escravo” para falar do funcionário do senhor desta parábola. Já Lucas usa a palavra “mordomo” no grego “oikonomos” que significa: “pessoa que administra os assuntos domésticos de uma família” (VINE, 2001, p. 447). Existe a possibilidade nesta parábola de Jesus estar falando de apenas um servo e não de dois, pois a administração geral das posses estava nas mãos de um funcionário especial” (VAUX, 2003, p. 155). Via de regra, havia apenas um mordomo na casa (Gn 15.2; 41.40; 45.8; 1 Rs 18.3; Lc 16.1; At 8.27). O texto diz que o senhor nomeou “um servo” para ser “mordomo” dos outros servos, que foram chamados de “conservos” (Mt 24.49). O registro de Lucas também dá margem a essa interpretação quando diz que este servo poderia ser “fiel e prudente” (Lc 12.42) ou infiel: “Mas, se aquele servo” uma referência hipotética ao mesmo servo do início da parábola (Lc 12.45). Diante disto, fica mais claro no texto, a possibilidade de que a narrativa esteja falando apenas de um servo, que poderá ter uma atitude positiva ou negativa. No entanto, a maioria dos intérpretes prefere a ideia de se tratarem de dois servos. Sob esta perspectiva, analisaremos abaixo o comportamento de ambos. Notemos:

a) O servo fiel (Mt 24.45).
É dito que, se este servo ou mordomo foi fiel e prudente no exercício da função que lhe foi confiada até ao retorno do seu patrão. A fidelidade e a prudência são virtudes destacadas na Bíblia (Pv 12.22; 14.33; 14.35; 28.20; Mt 7.24; 25.23; 1 Co 4.2; Ef 5.15). O servo que agir assim será tido por “bem-aventurado” e, como recompensa, receberá privilégios e responsabilidades aumentados: “Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens” (Mt 24.47).

b) O servo infiel (Mt 24.48).
Com a partida de seu senhor, este servo, em seu coração, imaginou que, porque o seu patrão estava ausente e ia demorar a voltar, decidiu comportar-se de forma violenta e pecaminosa. Sua deficiência se mostrou tanto doutrinária “o meu senhor tarde virá” (Mt 24.48-b); quanto moral, pois começou a “espancar os seus conservos, e a comer e a beber com ébrios” (Mt 24.49). Tal atitude revela-o como um “mau servo” (Mt 24.48). Quando da volta do seu senhor, este servo infiel será punido severamente: “e separá-lo-á, e destinará a sua parte com os hipócritas; ali haverá pranto e ranger de dentes” (Mt 24.51).


III. EXPLICANDO A PARÁBOLA
1. O senhor da parábola.
O senhor desta parábola é uma figura utilizada por Jesus para referir a si mesmo. A ausência deste senhor e seu retorno repentino para seus servos (Mt 24.50), ilustra perfeitamente o retorno imprevisível de Cristo para buscar o seu povo: “porque o Filho do homem há de vir à hora em que não penseis” (Mt 24.44). Na linguagem bíblica, a surpresa da volta de Cristo é ilustrada como o ataque de um ladrão (Mt 24.43,44; 1 Ts 5.2,4; 2 Pd 3.10; Ap 3.3; 16.15). O Senhor espera encontrar os seus servos aptos para recebê-lo, como consideração por Sua pessoa (Lc 21.36).

2. Os servos da parábola.
Todos aqueles que aceitaram a Cristo como Salvador são chamados de servos (Rm 1.1; 6.22; 1 Co 7.22; 1 Pd 2.16). A estes o Senhor chamou, justificou, regenerou e santificou (1 Co 6.11). Portanto, se exige dos tais que aguardem o Seu retorno em fidelidade e vigilância (Mt 25.21; 1 Tm 4.10). Aos que procederem impiamente ainda que professem-no como Senhor (Mt 7.21,22), ouvirão dEle, naquele dia, a seguinte frase: “Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt 7.23); e serão condenados por sua rebeldia, ao castigo eterno (Mt 8.12; 13.42,50; 22.13; 25.30; Lc 13.28). No entanto, será bem-aventurado aquele que for achado fiel e vigilante: “Bem-aventurado aquele servo que o seu senhor, quando vier, achar servindo assim” (Mt 24.46). Segue o alerta para todos nós que “se cremos em Sua vinda, devemos nos portar de acordo com o que acreditamos. Essa esperança deve governar a nossa vida no lar e impedir-nos de viver uma vida sem moderação e sem disciplina. Se nos conscientizarmos da volta do Mestre, e deixarmos que essa conscientização impere em todos os aspectos da nossa vida, então viveremos” (LOCKYER, 2006, p. 300).


IV. VIGILÂNCIA: A PALAVRA CHAVE DA PARÁBOLA
A palavra-chave desta parábola é “vigiar”. Maclaren (apud Beacon, 2008, p. 169) observa que: a) A ordem de vigiar, é reforçada pela nossa ignorância da ocasião da Sua vinda (Mt 24.42-44); b) a imagem e a recompensa de vigiar (Mt 24.45-47); e, c) a imagem e a condenação do servo que não vigiou (Mt 24.48-51). O verbo “vigiar” quer dizer: “observar com atenção; estar atento a; velar” (HOUAISS, 2001, p. 2860). No hebraico o verbo é “shamar” que significa: “vigiar, guardar”. No grego o termo é “gregoreo” que significa literalmente “vigiar” e é encontrado em 1 Ts 5.6,10 e em mais 21 outros lugares nos quais ocorre no Novo Testamento (por exemplo, em 1 Pe 5.8). É usado acerca de: a) “manter-se acordado” (Mt 24.43; 26.38.40.41): b) “vigilância espiritual” (At 20.31; 1 Co 16.13; Cl 4.2; 1 Ts 5.6.10; 1 Pe 5.8; Ap 3.2.3; 16.15) (VINE, 2002, p. 323 – acréscimo nosso). A palavra “vigiar” tem conotação exortativa, visando chamar a atenção dos ouvintes a estarem prontos para o retorno do Messias (Mt 24.42; 25.13; Mc 13.33-35; Lc 21.36; 1 Pe 4.7).


V. QUAIS AS CAUSAS DA EXORTAÇÃO A VIGILÂNCIA PARA A VOLTA DE JESUS
A Bíblia nos exorta a prática da vigilância por, pelo menos, três motivos. Vejamos:

1. A fragilidade humana.
Sabendo da fragilidade humana, Jesus exortou os apóstolos a estarem vigilantes, para vencerem as tentações (Mt 26.41; Mc 14.38). Fomos perdoados e libertos dos nossos pecados (1 Jo 2.12; Rm 6.22), todavia, ainda não estamos livres da presença do pecado na nossa natureza humana. Isto somente se dará quando nosso corpo for glorificado, por ocasião do arrebatamento da Igreja (1 Co 15.51-54). Até este acontecimento, precisamos viver vigilantes, a fim de não sermos vencidos pelo pecado (Rm 6.11,12; 1 Co 15.34). “Quem quiser ter um discipulado produtivo, precisa disciplinar o corpo para não ceder às paixões” (ADEYEMO, 2010, p. 1192).

2. A astúcia do Diabo.
Além da fragilidade humana, o crente precisa vigiar também porque “[...] o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pe 5.8). Toda tentação é proveniente da própria natureza humana (1 Co 10.13; Tg 1.13-15), todavia, o principal agente da tentação é Satanás (Mt 4.3; Lc 4.2; 1 Ts 3.5; Tg 4.7). Precisamos estar vigilantes e fortalecermo-nos no Senhor a fim de vencer as batalhas espirituais, que somos submetidos (Ef 6.10-18). Jesus exortou os crentes de Esmirna a serem fiéis até a morte, mesmo diante das tentações do diabo (Ap 2.10). Da mesma forma, falou aos crentes de Filadélfia, dizendo: “Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3.11).

3. A vinda do Senhor será repentina.
A necessidade da vigilância para o retorno de Cristo se dá também pelo fato de ser um evento repentino. Diversas vezes, Jesus exortou os seus discípulos sobre isso (Mt 24.36,42,44; 25.13; Mc 13.33; Lc 12.46). Infelizmente, não são poucos aqueles que têm a promessa do Senhor como tardia, ao ponto de desacreditarem dela (2 Pe 3.4). Todavia, Jesus nos assegurou que viria sem demora (Ap 3.11; 22.12,20). Estejamos vigilantes para não sermos pegos de surpresa e sermos achados dormindo naquele dia (Mc 13.36; Lc 21.34).


CONCLUSÃO
A vinda do Senhor é certa. Devemos, portanto, aguardá-la vigiando em todo tempo, demonstrando a nossa fé em obediência e prudência, afastando-nos do pecado que antes praticávamos, a fim de não mancharmos as nossas vestes espirituais. Vigiemos pois aquele dia e hora ninguém sabe.




REFERÊNCIAS
Ø  ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø  HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
Ø  LOCKYER, John. Todas as Parábolas da Bíblia. VIDA.
Ø  TOKUMBOH, Adeyemo. Comentário Bíblico Africano. MUNDO CRISTÃO.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø  VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.



Por Rede Brasil de Comunicação.



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