Ez 9.3;10.4,18,19;
11. 22-25
INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos uma definição exegética do termo glória;
pontuaremos o que causou o afastamento da glória de Deus; estudaremos o
histórico do afastamento da glória de Deus e a consequente destruição do
templo; analisaremos a restauração do templo e o retorno da glória de Deus; e
por fim, elencaremos a santidade como um veículo da glória de Deus na vida do
crente.
I. DEFINIÇÃO DO
TERMO GLÓRIA NAS ESCRITURAS
1. Definição exegética do termo glória.
O vocábulo mais comum para glória é “kavôd” que
significa: “glória, peso, esplendor, copiosidade, majestade, riqueza” dando
a ideia de alguma coisa muito importante (Ez 1.28). A glória de Deus é a
revelação de Seu próprio ser, da natureza e da Sua presença para a humanidade e
leva o homem a reconhecer a grandeza de Deus e a sua pequenez e indignidade (Is
42.8; 48.9-11; 60.2). Na Bíblia, a glória de Deus está muitas vezes associada
a: “brilho, esplendor e a majestade do Todo-Poderoso” (Ez 1.28;
Lc 2.9; Mt 17.5). Ela descreve a presença visível de Deus como uma nuvem
escura, trovões, relâmpagos (Êx 19.9,16,18; 20.18). A manifestação física de
que a presença de Deus estava chegando (a glória de Deus) poderia ser a
aparência de um fogo consumidor (Êx 24.17; Dt 4.24; Hb 12.29), no caso de Sua
autoridade e Seu poder serem vistos. Em outros casos, quando Seu propósito era
outro e Ele desejava mostrar outro aspecto do Seu caráter, ao invés de fogo (Êx
13.21; Nm 9.15-16) aparecia nuvem, fumaça, vento ou, então, o cicio suave
(BÍBLIA DE ESTUDO PALAVRAS CHAVES, 2011, p. 1700).
II. O QUE CAUSOU O
AFASTAMENTO DA GLÓRIA DE DEUS?
Para entendermos as consequências; “perca da glória de Deus”,
precisamos antes analisar as causas que levaram a perca dela, podemos afirmar
que foram “cinco princípios quebrados” que levaram a glória a se
retirar, e consequentemente a ruína espiritual do templo e sua destruição:
1. A quebra do princípio da confiança e dependência em Deus
(Ez 7.19).
Israel foi colocado na terra de Deus, para depender Dele,
porém ao longo dos anos passou a confiar em si mesmo (Jr 17.5) e em suas
alianças políticas (2Rs 16.7-9) neste caso com a Assíria e Egito.
2. A quebra do princípio do zelo (Ez 7.9; 9.6).
Israel precisava manter um padrão de excelência em relação a
sua vida, mas preferiu beber em fontes rachadas (Jr 2.13), por onde entrava
tudo. Isso fala da falta de zelo, de cuidado, de aceitação de padrões
distintos.
3. A quebra do princípio da justiça (Ez 9.4-10).
Um Deus justo e Santo não pode aceitar que seu povo cometa
injustiça, e Israel como as demais nações estavam vivendo de uma forma tão
terrível que a justiça não era algo real, e Deus precisava intervir (Hc 1.3-4).
4. A quebra do princípio do conhecimento da palavra (Ez
11.12).
Conhecer a Deus, esse deve ser o objetivo de todos nós, porém
ao longo dos séculos Israel se afastou da Palavra, houve grande apostasia ao
ponto de o povo perderem sua Bíblia (2Rs 22.8), toda destruição inicia-se com a
perca da Bíblia, por isso Oseias disse que o povo foi destruído por falta de
conhecimento: “Uma vez que vocês rejeitaram o conhecimento, eu também os
rejeito como meus sacerdotes; uma vez que vocês ignoraram a lei do seu Deus, eu
também ignorarei seus filhos” (Os 4.6 versão NVI).
5. A quebra do princípio da adoração (Ez 11.19-21).
Adoração é rendição, prostar-se, reverenciar. E Israel passou
a fazer tudo isso, mas não para Deus, mas para os ídolos. Havia altares para
baal, azera e até mesmo para moloque. Para entender melhor o tema é necessário
rever o conceito de idolatria: “O que é o ídolo? Qualquer coisa mais
importante que Deus para você, que domine seu coração e sua imaginação mais do
que Deus. Qualquer coisa que você busque a fim de receber o que só Deus pode
dar” (KELLER, 2021, p. 20). E a consequência de todo idolatra é a
insensibilidade espiritual (Sl 115.8).
III. ETAPAS DO
AFASTAMENTO DA GLÓRIA DE DEUS E A DESTRUIÇÃO DO TEMPLO
Ezequiel viu a glória de Deus ir embora aos poucos (Ez.
10.18; 11.22-25), ela saiu dos Santos dos Santos, para a porta, da porta para o
pátio, depois para os montes, e por fim, tornou ao trono. Vejamos
detalhadamente esta cena dolorosa que levou a ruína do templo.
1. A glória de Deus saiu do lugar santíssimo para a porta (Ez
10.4).
Os líderes deveriam ser os primeiros a perceber que a glória
não estava mais no templo, mas estes, também estavam distantes de Deus e
envolvidos em idolatria (Ez 8.5-12), sua insensibilidade espiritual não os
permitiu perceber que Deus estava indo embora, da mesma forma que Sansão não
percebeu (Jz 16.20).
2. A glória de
Deus saiu da porta para o pátio (Ez 10.18).
O povo que ficava
no pátio também não percebeu que a glória estava indo embora, a idolatria tem
esse poder, esfriar e destruir. A Bíblia já alertava: “Tornem-se
semelhantes a eles os que os fazem e todos os que neles confiam” (Sl
115.8). Essa é a dura realidade, muitos incessíveis a presença de Deus hoje.
3. A glória de
Deus saiu do pátio e foi para os montes (Ez 11.23).
Na visão, a glória
não se movimenta pelo recinto, mas o deixa. Ela para sobre os querubins e as
rodas e os acompanha até a entrada do portão leste do templo (v. 19). E é o
terceiro estágio da retirada da glória de Deus que se completará no capítulo 11
com o final da visão (SOARES, 2022 p. 56).
4. A glória de
Deus saiu e veio a destruição (Ez 12.10-16).
Ezequiel, e não o
remanescente do povo em Judá, vê a destruição do templo. Imaginemos a reação
dos exilados ao ouvir sobre o que era esperado acontecer em Jerusalém por meio
dessa linguagem simbólica. O templo de Salomão foi destruído pelos caldeus em
587 a.C., “no mês quarto, aos nove do mês” (2Rs 25.3-10; Jr 39.2;
52.6) [...]. O cerco de Jerusalém durou dezessete meses, os muros foram
violados em 9 de Tamuz, que é o quarto mês. A violação do muro é relembrada com
um dia de jejum no 17 de Tamuz. A diferença das datas se dá pelo fato de os
babilônios terem demorado para passar pelas brechas do muro e entrar em
Jerusalém. O templo, os palácios e grande parte da cidade foram incendiados em
7 de Av, que é o quinto mês, em 586 a.C., correspondente a 16 de agosto. O
Talmud explica que no dia 7 os babilônios ganharam acesso à cidade e só no dia
9 a incendiaram (SOARES, 2022 p. 59).
IV. A RESTAURAÇÃO DO TEMPLO E O
RETORNO DA GLÓRIA DE DEUS
1. A glória do
Senhor retornaria para o templo (Ez 43.1-5).
Após o retorno do
cativeiro babilônico, os judeus tinham uma importantíssima tarefa: reconstruir
o Templo e restaurar o culto ao Senhor. Mas, além das dificuldades, a obra foi
embargada por determinação do rei Artaxerxes, da Pérsia, por causa de uma denúncia
acusatória dos vizinhos e inimigos do povo judeu (Ed 3.8,9; 4.7,8,17-24). Por
causa disso, a obra arrastou-se, o povo perdeu ânimo e tornou-se egoísta
cuidando apenas de suas moradias (Ag 1.4).
2. A glória
retornaria com a mensagem do profeta Ageu.
Enquanto o povo
edificava, novo desânimo apoderou-se deles, foi nesta ocasião que Deus levantou
o profeta Ageu (Ag 2.1-9). Os mais velhos, lembrando-se do esplendor do Templo
de Salomão, mostravam-se decepcionados com o novo Templo, pois era inferior no
tamanho e na suntuosidade da alvenaria. Os próprios alicerces eram bem menores
em extensão e os recursos eram muito limitados. Mas Ageu veio com uma palavra
de ânimo, dizendo que Deus derramaria seus recursos naquele edifício e estaria
no meio do novo templo: “E encherei de glória esta casa, diz o Senhor dos
Exércitos” (Ag 2.7). O profeta afirmou que: “A glória desta
última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor dos Exércitos; e
neste lugar darei a paz, diz o Senhor dos Exércitos” (Ag 2.9).
V. A SANTIDADE COMO UM MEIO DA
GLÓRIA DE DEUS NA VIDA DO CRENTE
A Bíblia mostra
claramente a necessidade de vivermos uma vida santa por meio de várias
exortações (Rm 13.13,14; Ef 4.17-24; Fp 4.8,9; Cl 3.5-10). A responsabilidade
do crente quanto à santificação, é destacada pelo escritor aos Hebreus (Hb
12.14-a) (CHAMPLIN, 2002, p. 647). Sobretudo, a necessidade de uma vida santa é
vista ao afirmar que: “[…] sem a santificação ninguém verá ao Senhor” (Hb
12.14b). A vontade de Deus tem sido sempre de que seus filhos reflitam seu
caráter (Tt 2.14). A palavra “santo” tem os seguintes sentidos. Notemos:
1. Santidade é uma
ordem divina.
Sendo Deus Santo
exige dos seus filhos a santificação (Lv 11.44; Lv 19.1,2; Lv 20.6; 1Pe 1.16).
Santidade significa ser semelhante a Deus, ser dedicado a Deus e viver para
agradar a Deus (Rm 12. Ef 1.4; 2.10). A perfeita obra de Deus realiza uma
santidade real que conforma ao padrão de Deus (Rm 8.3-4; 1Pe 1.15-16).
2. Santidade é
separação.
A palavra
descritiva da natureza divina é santidade, e seu significado primordial é “separação”
(Lv 20.24,26; Is 52.11; Ml 3.18); portanto, a santidade representa
aquilo que está em Deus, que o torna separado de tudo quanto seja imundo ou
pecaminoso. Quando Ele deseja usar uma pessoa ou um objeto para seu serviço,
ele separa essa pessoa ou objeto e em virtude dessa separação tomam-se “santo”
(2Co 6.14,15; 2Tm 2.21).
3. Santidade é
consagração.
No sentido de
viver uma vida santa e justa, em conformidade com a palavra de Deus e dedicada
ao serviço divino; o cristão passa a viver em busca da remoção de qualquer
impureza que impossibilite esse serviço. Entendemos então que o padrão de vida
de um povo que busca a santificação é viver uma vida de consagração (2Co 6.16b).
A santificação é praticada e aplicada ao viver diário do crente (Pv 4.18; 2Co
3.18; 7.1; 2Pe 3.18), é a santificação vivencial (2Co 7.1; Hb 12.14).
4. Santidade é
purificação.
Embora o
sentimento primordial de “santo” seja separação para serviço,
inclui também a ideia de purificação. O caráter de Deus age sobre tudo que lhe
é consagrado. Portanto, os homens consagrados a ele participam de Sua natureza.
As coisas que lhe são dedicadas devem ser puras (2Co 7.1), pois a pureza é uma
condição de santidade (1Jo 3.3).
REFERÊNCIAS
Ø CHAMPLIN,
R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Ø ELISSEN,
Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
Ø KELLER,
Timothy. Deuses Falsos. Vida Nova
Ø SOARES,
Esequias. A Justiça Divina. CPAD
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Por Rede Brasil de Comunicação.
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