Ez 8.5,6,9-12,14,16
INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos a definição da palavra “abominação”;
pontuaremos as abominações do templo no período do profeta Ezequiel;
estudaremos a perigo da prática da idolatria; e por fim; notaremos porque não
devemos adorar os ídolos.
I. DEFINIÇÃO DA PALAVRA ABOMINAÇÃO
1. Definição do termo
abominação.
Segundo o dicionário Houaiss significa: “ato ou efeito de abominar;
repulsa, aversão, execração” (2001, p. 22). Quatro vocábulos hebraicos
são assim traduzidos. Assim, os termos hebraicos envolvidos refletiam tais
usos, como: “hegez” (carnes de animais proibidos); “shigguz” (ódio à
idolatria); “piggul” (repugnância à carne sacrificial estragada). A mais
comum dessas palavras, “to'ebah”, era usada para indicar
qualquer tipo de abominação, o que se aplica ao contexto do capítulo oito do
Livro de Ezequiel. A idolatria repele a ordem própria das coisas e perverte a
ideia da divindade, substituindo-a por uma variedade qualquer das simulações
humanas, deixando de lado a adoração ao Deus único (Dt 17.4,5; 2Rs 23.13; Dn
9.27; 11.31; 12.11). A idolatria não apenas perverte a ideia de divindade, mas
também é uma irresponsabilidade moral, porque, através dela, o homem é iludido
acerca de quem ele tem responsabilidade. Outrossim, a prática da idolatria tem
produzido muitas práticas desumanas, violentas e corruptas” (CHAMPLIN, 2004, p.
16 – acréscimo nosso).
II. AS ABOMINAÇÕES DO TEMPLO NO PERÍODO DO PROFETA
EZEQUIEL
Com frequência, Deus dava visões ao profeta Ezequiel pelo
Espírito Santo (Ez 1.1; 8.3; 40.2; 43.3). No capítulo oito do seu livro, ele
diz que no sexto ano, no sexto mês, no quinto dia do mês, estando em casa, no
momento em que os anciãos estavam diante dele, a mão do Senhor veio sobre ele e
o transportou em visões, da terra de Babilônia a Jerusalém (Ez 8.1-3). Ali o profeta
viu as abominações que estavam dentro do templo. Notemos:
1. Abominação no pátio
do templo: adoração a deusa da fertilidade (Ez 8.1-6).
A porta do norte era uma das três que davam acesso do átrio
externo do Templo para o átrio in-terno, as outras duas olhavam para o leste e
o sul, respectivamente (Ez 8.3). O registro bíblico nos mostra que Manassés
tinha colocado uma imagem de madeira de Aserá, a deusa cananita, na casa do
Senhor (2Rs 21.7), e embora 2Crônicas 33.15 narre como ele subsequentemente a
removeu, deve ter reaparecido, porque o rei Josias mais tarde mandou retirá-la
para ser queimada ao lado do ribeiro Cedrom (2Rs 23.6). “As palavras de Ezequiel
dão a impressão de que um dos sucessores de Josias tinha feito outra, colocando-a
ao lado do porte do norte” (TAYLOR, 1984, p. 90).
2. Abominação na porta
do átrio: adoração a animais (Ez 8.7-13).
Na segunda parte, a visão segue, o profeta aos poucos é impelido
pelo Senhor a seguir em frente a parte mais interior do templo, porque coisas
maiores veria (Ez 8.6-b). A localidade exata disto não pode ser identificada.
Percebe-se que al-go estava sendo praticado em segredo, e o profeta é informado
como obter acesso a es-ta câmara e ali ele é surpreendido com os anciãos em
flagrante idolatria. Um dos anciãos é identificado pelo profeta como: “Jazanias
filho de Safã” (Ez 8.11). Safã foi o escrivão que ajudou Josias a
purificar e renovar a religião nacional (2Rs 22.8-10). Seu filho no caso estava
em apostasia. Eles estavam queimando incenso as pinturas na parede, que segundo
o profeta tinha imagem de répteis e de animais (Ez 8.10). Taylor nos informa
que “as divindades-serpentes conhecidas nas religiões egípcias, cananitas e
babilônicas dão motivo para supor que este incidente reflete a influência
generalizada das seitas estrangeiras sobre o culto israelita, cultivadas, sem
dúvida, por motivos mais políticos do que puramente religiosos” (1984, p. 91).
3. Abominação na porta
da entrada: adoração a natureza (Ez 8.14-15).
Provavelmente imediatamente fora do recinto sagrado, à
entrada da porta do norte que dava para o átrio exterior do Templo e Ezequiel
viu as mulheres chorando ao deus pagão Tamuz. Tamuz era um deus babilônico da
vegetação. Acreditava-se que “quando a vegetação morria no outono, o povo
lamentava, julgando ser aquilo a morte do ídolo” (STAMPS, 2012, p. 1180).
Acrescenta-se ainda que parte da lenda diz que o grande dilúvio de lágrimas de
seus devotos o trazia de volta à vida, como as chuvas da primavera dão vida
nova à terra” (CHAMPLIN, 2001, p. 3220). Taylor também afirma que: “o culto
associado a ele era parcialmente um ritual de luto, mas também incorporava
ritos de fertilidade. Tomou-se extremamente popular no Oriente Próximo antigo e
no Mediterrâneo Oriental, onde assumiu formas gregas e se ligava com os nomes
de Adônis e de Afrodite. As indicações da sua influência nos tempos do Antigo
Testamento são poucas, mas uma delas pode ser achada em Isaías 17.10-11, o
plantio de ‘jardins de Tamuz’” (1984, p. 92).
4. Abominação no átrio
interior: adoração aos astros (Ez 8.16).
A abominação suprema estava para ser praticada na própria
entrada do templo do Senhor, conforme a descrição de Ezequiel. Ali, no lugar em
que deveriam estar chorando e clamando a Deus, no entanto, os sacerdotes
estavam deliberadamente virando as costas a Ele. Russel Shedd (2008, p. 1161), nos
diz que “era natural para os povos antigos adorar o mais poderoso objeto que
lhes era visível, mas que ficava fora do seu alcance, que o nome ‘sol’ soava
como um nome próprio, divino. É por isso que a palavra não consta na história
da criação, sendo substituída por luzeiro” (Gn 1.14-19).
III. O PERIGO DA IDOLATRIA
A palavra idolatria no latim, “eidolon” que significa “ídolo”, e “latreuein” que quer dizer
“adorar”. Esse termo refere-se à
adoração ou veneração a ídolos ou imagens, quando usado em seu sentido
primário. Porém, em um sentido mais lato, pode indicar a veneração ou adoração
a qualquer objeto, pessoa, instituição, ambição, etc., que tome o lugar de
Deus, ou que lhe diminua a honra que lhe devemos (CHAMPLIN, 2004, p. 206).
Vejamos o que nos diz a Bíblia sobre esse pecado:
1. A idolatria no
Antigo Testamento.
Quando os israelitas saíram do Egito, com destino a Canaã,
Deus lhes deu a Lei (Êx 20; Dt 5), que lhes advertia para que não aprendessem
as práticas idólatras dos povos de Canaã (Êx 20.2-4,23; 23.13,24,32; Lv 19.4;
26.1; Dt 7.5,25; 12.3). Após a conquista da Terra prometida, os hebreus não
expulsaram completamente os pagãos como Deus havia ordenado (Jz 2.1-3). Isto se
tornou um laço para eles, pois aderiram facilmente ao culto idólatra (Jz 2.11; 3.7,12;
4.1; 6.1; 10.6; 13.1). Nos períodos de apostasia, os profetas foram levantados
por Deus para advertirem aos israelitas que se abstivessem do paganismo (1Rs
14.9; Is 2.8,9; 57.5; Jr 1.16). Porém, o povo de Deus não os ouviu, e, por
isso, experimentaram, o amargo cativeiro (2Rs 17.1-23; 2 Cr 36.11-21).
2. A idolatria no Novo
Testamento.
Se a idolatria era combatida com rigor no AT, não foi
diferente no NT. O Senhor Jesus condenou o amor à riqueza, que é uma forma de
idolatria (Mt 6.24). A recomendação apostólica feita no Concílio de Jerusalém
condenou severamente a adoração a ídolos (At 15.28,29). Os apóstolos combateram
veementemente o envolvimento dos cristãos com essa prática pagã. Paulo, por
exemplo, exortou aos cristãos de Corinto a fugirem da idolatria (1Co 10.14); e
condenou a avareza, que também é uma forma de idolatria (Cl 3.5). O apóstolo
Pedro e João também condenaram as práticas idólatras (1Pe 4.3; 1Jo 5.21).
IV. PORQUE NÃO DEVEMOS ADORAR A ÍDOLOS
1. Porque Deus é uno.
Apesar de a Bíblia mencionar a existência de deuses estranhos
(Gn 35.2); novos deuses (Dt 32.1); e deuses fundidos (Êx 34.17); ela é enfática
em revelar o monoteísmo, ou seja, a existência de um Único Deus verdadeiro, que
subsiste em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Mt 3.16,17); e que
deve ser o objeto exclusivo do amor e obediência (Dt 6.4; Is 42.8; Mc 12.29,32;
Jo 17.3; 1Co 8.4,6). Estes e outros textos das Sagradas Escrituras também
tornam-se a base da proibição da adoração a outros deuses (Êx 20.2; Dt 5.6-9).
2. Porque Deus é
espírito.
Sendo Deus um ser espiritual (Jo 4.24), Ele não está sujeito
as limitações às quais estão sujeitos os seres humanos dotados de corpo físico.
Ele não possui partes corporais e não está sujeito às condições de existência natural.
Logo, é impossível que uma imagem possa representar sua glória e majestade.
Além disso, Deus é transcendente e insondável, ou seja, Ele ultrapassa a
compreensão humana, e, por isso, não pode ser representado por um ídolo feito
de madeira, prata ou ouro (Is 40.18,25; 46.5). Por isso, Deus proibiu
terminantemente que os israelitas fizessem imagem de escultura (Êx 20.4; Dt
4.15,16; 23-28; 5.8,9).
3. Porque adorar a
ídolos é cultuar aos demônios.
A Palavra de Deus nos revela que quem oferece sacrifícios aos
ídolos, oferece aos demônios (Lv 17.7; Dt 32.17; 2 Cr 11.15; Sl 106.37; 1Co
10.20,21). Por trás das imagens de escultura existem entidades demoníacas que
ouvem as preces dos fiéis, e até operam favoravelmente por eles, com o intuito
de aprisioná-los cada vez mais na idolatria. Eis o porquê de tantas pessoas
pagarem promessas nos denominados “dias santos” e nas festividades dos
padroeiros. Satanás, como “deus deste século” (2Co 4.4) tem
poder para realizar benefícios físicos e materiais com intuito de enganar as
pessoas (Ap 13.2-8,13; 16.13,14).
CONCLUSÃO
Aprendemos, com as quatro cenas do pecado cúltico, que um
Deus santo não tolera o pecado. Deus exige fidelidade de seu povo. O que
aconteceu com Israel nos ensina sobre a responsabilidade na santidade com a
adoração e o estilo de vida também para os dias atuais pelos crentes em Jesus.
REFERÊNCIAS
Ø ANDRADE, Claudionor
de. Dicionário
Teológico. CPAD.
Ø CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia
de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Ø CHAMPLIN, R. N. O
Antigo Testamento Interpretado. HAGNOS.
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia
de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø SHEDD, Russel. Bíblia
de Estudo SHEDD. VIDA NOVA.
Ø TAYLOR, John B. Ezequiel
Introdução e Comentário. VIDA NOVA.
Por Rede Brasil de Comunicação.
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