Todo ser humano almeja se realizar profissionalmente, no ministério, em
família e nas diversas áreas da vida. Esta busca é normal e legítima. Ela faz
com que venhamos a trabalhar, estudar, casar, ter filhos, nos leva a correr em
busca dos nossos sonhos e projetos. Todavia, a realização pessoal se torna
pecado quando ela é colocada acima de Deus. A Palavra de Deus é bem clara
quanto a isto: “Mas buscai
primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão
acrescentadas” (Mt 6.33). Deus deseja que venhamos ter uma vida abundante, de
realizações, mas não podemos deixar de levar e apresentar a Ele todos os nossos
projetos. Este é o assunto de que trata esta lição. Desejo
a todos uma excelente aula!!
I. PAIXÕES HUMANAS – A ORIGEM DE GUERRAS E
PELEJAS NA IGREJA (Tg 4.1-3).
O
presente capítulo é iniciado por Tiago com um pleonasmo retórico: “De onde vêm as guerras e pelejas entre vós?”
(v.1). Se observarmos bem, ele termina o capítulo anterior (cap. 3) falando de ‘justiça e paz’. Porém, ao iniciar o presente capítulo (cap. 4) fala sobre ‘guerras e pelejas’. Ao invés dessa justiça e paz, as pessoas a quem Tiago
escrevia tinham guerras e pelejas. Este aparente paradoxo pode, sim, ser
explicado visto que, Tiago primeiro menciona a solução ou efeito para, só
então, citar o motivo ou causa do remédio receitado por ele. Assim, fica
evidente que o presente capítulo é uma continuação do capítulo anterior.
1. Tiago denuncia energicamente a
falsa sabedoria.
Ao
mencionar o pleonasmo retórico “guerras e
pelejas”, o escritor sacro quis indicar toda a contenda, dissensão e
espírito faccioso que há na igreja (Tg 2.14,16), apontando para os líderes
egoístas que atraem os discípulos após si, e que eventualmente se defrontam com
outros de igual natureza, que se opõem a eles e a seus alvos egoístas (Fp
2.3,4). O termo “guerras” no
grego é “polemos” e, no
contexto original, que talvez fosse uma obra estóica, significava,
literalmente, “guerra”, conforme é
indicado no segundo versículo. Porém, segundo o uso pleonástico do escritor
sacro, devemos entender aqui “queixas”,
“rixas”. Quanto ao termo “contendas” no grego é “machoi” e significa “conflitos”, “batalhas”. Essas palavras, juntamente consideradas, indicam
hostilidades agudas e crônicas na comunidade religiosa. Quão moderno é tudo
isso!
Todavia,
respondendo Tiago a seu próprio pleonasmo retórico, diz: “Não vêm disto, dos prazeres que nos vossos
membros guerreiam?” (v.1). Parafraseando, Tiago está dizendo que todas as vossas lutas e contendas e todos os vossos esforços por
satisfazer vossos desejos são todo inúteis e acabam apenas infrutíferos e em
insatisfação. No grego, o termo “prazeres” é o substantivo abstrato “edone”,
palavra comumente usada para indicar “prazer”.
Entretanto, algumas traduções preferem o termo “concupiscências”, outras preferem “paixões”. O vocábulo pode incorporar ambas as ideias, pois se trata
de um perverso desejo pelo prazer, às custas de qualquer coisa. O problema é
criado quando os homens fazem dos “prazeres”
o “alvo” mesmo de sua vida,
tornando-se “hedonistas” (1Tm 3.4). Ao invés de se submeterem a Deus, eles
se submetem a desejos incontroláveis, acatando seus prazeres (Gl 5.16). Esses
prazeres são corporais, mentais e sociais, e residem na inquirição pelo
domínio, pela fama, pela posição e pelas ações imorais. Portanto, as
contendas mencionadas por Tiago referem-se, neste caso, a disputas acerca de
doutrina (Tg 3.1,13). Suas alterações e controvérsias causavam desordem nas
reuniões, originando-se as guerras e contendas, de paixões (prazeres) ‘que nos
vossos membros guerreiam’. Assim, as disputas nem sempre são causadas por circunstâncias
exteriores, muitas vezes são o resultado de paixões íntimas (Gl 5.24-26).
2. Tiago combate o hedonismo
daqueles irmãos.
No
versículo 2, além de explicar detalhadamente a conexão entre a busca pelos
prazeres e as lutas subsequentes do versículo anterior, Tiago também combate
tanto a posição quanto as ações hedonistas daqueles irmãos, dizendo: “Cobiçais e nada tendes; sois invejosos e cobiçosos
e não podeis alcançar; combateis e guerreais e nada tendes, porque não pedis”.
Como asseverou o Pr. Eliezer, a cobiça e a inveja são as predisposições básicas
da nossa natureza para desenvolver uma atitude combativa e de guerra contra as
pessoas, até em nome de Deus (Jo 16.2). Tal guerra começa, antes de tudo, no
homem interior; o conflito da consciência contra os maus desejos; em seguida a
personalidade é vencida, à proporção em que a consciência é enfraquecida. E o
conflito íntimo não tarda a afetar outras pessoas, que são seduzidas a tomar
parte no excesso. Finalmente, a igreja inteira é engolfada nas contendas (1 Co 3.3,4). Isso acontece quando aqueles cujo grande alvo na
vida é o prazer, entram em choque uns com os outros, porquanto seus interesses
são opostos. Seu grande intuito é a autossatisfação, e isso quase sempre
infringe sobre os direitos alheios (1 Co 10.32,33). Entretanto, obter para si
mesmo não é satisfatório; a alma, que reconhece intuitivamente a natureza da
verdadeira inquirição na vida, não aceita a satisfação falsa derivada do
egoísmo. Por isso, o resultado líquido do egoísmo é a insatisfação.
A
emulação também não é satisfatória; até mesmo quando se obtém aquilo que se
deseja, a porção nobre do homem rejeita isso como digno. O desejo cumprido
conduz meramente a uma maior multiplicidade de desejos; e a grande
multiplicidade dos desejos conduz à frustração; e a frustração leva à
futilidade. O amor é o oposto da emulação (1 Co 13.4-6). O amor constrói; a
inveja e a emulação destroem. Em contraste violento com tudo isso, posta-se
Deus. Tiago comenta que é impossível dominar a busca pela satisfação dada pelo
prazer, exceto mediante a submissão a Deus (v.7). Somente na comunhão com Deus,
através do seu Santo Espírito, que forma a imagem de Cristo no íntimo (Rm
8.9-11), podemos esperar receber as forças necessárias para vencermos as nossas
paixões, os nossos desejos egoístas (Rm 5.20; Gl 5.24). A maioria dos homens se
deixa governar por esses elementos, conforme a observação mais casual o
demonstra. O homem de Deus, entretanto, deve viver acima desse tipo de vida (Gl
5.25; Ef 5.2).
3. As razões de nossas orações
não serem respondidas.
No
versículo anterior, Tiago menciona o motivo daqueles irmãos não alcançarem o
que almejavam ao dizer: “nada tendes,
porque não pedis”. Todavia, agora, o irmão do Senhor aprofunda o
assunto mostrando porque eles pediam, mas não recebiam, e diz: “Pedis e não recebeis, porque pedis mal,
para o gastardes em vossos deleites”. Para eles, orar era apenas um
meio de fomentar a ganância (Mt 6.19-21;23.14). Tinham perdido completamente o
conceito do uso apropriado da oração (Mt 6.9-13). Tinham-na transformado em um
instrumento de carnalidade. Em que eles se importavam acerca da oração como um
avanço na santidade e no bem-estar espiritual? Na verdade, agiam como se
houvesse apenas a dimensão terrena na existência, sem céu e sem Deus. Do “eu” e
seus prazeres tinham feito os seus deuses (Fp 3.18,19). Eram idólatras da pior
espécie. Nada há de errado nas orações que pedem a prosperidade e o bem-estar
físico (Mt 7.7,8; 21.22; Fp 4.6), mas é mal fazer dessas coisas a finalidade
central de nossas vidas (Mt 6.33; 1 Co 15.19). Assim, tinham substituído a
dimensão eterna pela dimensão temporal; tinham feito da autoindulgência algo
mais importante do que cumprir a vontade de Deus (Mc 7.13), sendo transformados
a imagem de Cristo, o que é e deverá ser sempre o alvo de toda a existência (Ef
1.10). Todavia, além do ‘pedir mal’
(Tg 4.3), existem outras razões pelas quais impedem que nossas orações sejam
respondidas, das quais citaremos algumas, como:
ü
Pecado
no coração, Sl 66.18
ü
Duvidar
da Palavra de Deus, Tg 1.6,7
ü
Vãs
repetições, Mt 6.7
ü
Desobediência
a Palavra, Pv 28.9
ü Procedimento irrefletido nas
relações conjugais, 1 Pe 3.7
Assim,
devemos entender que a oração é um ato criativo que pode fazer qualquer coisa,
até mesmo os labores mais fantásticos e prodigiosos (Tg 5.16b). Porém, precisa
mover-se acompanhando com a vontade divina (1 Jo 5.14); caso contrário, pode-se
pedir o que bem se entender, que nada sucederá (Is 59.2). Entretanto, se
pudéssemos ver nossas vidas conforme Deus as vê, assim observando seu curso
inteiro, do princípio ao fim, perceberíamos aqueles acontecimentos que terão de ocorrer, a bem de nosso
desenvolvimento espiritual (Gn 45.5-7). Então perceberíamos quão errada e
prejudicial é qualquer oração que nos leva a evitar tais ocorrências. E também
veríamos como, antes de qualquer acontecimento valioso, nossas almas são
inspiradas a orar com intensidade (Lc 22.44). E assim oramos; e depois dizemos:
“A oração fez isso”. Talvez fosse
mais correto dizermos: “Deus fez isto.
Isso fazia parte de seu plano para mim, e minha oração foi um exercício
espiritual que me preparou para buscar e aceitar o que Deus tencionava para mim”.
Seja como for, a oração é um importante exercício espiritual, e não consiste
meramente de “pedir e receber”. A
oração nos serve de treinamento espiritual. Portanto, é um de nossos meios de
desenvolvimento espiritual (1 Ts 5.17).
II. MUNDANISMO – UMA POSIÇÃO HOSTIL A DEUS (Tg 4.4,5).
Além de combater a posição e as ações hedonistas
daqueles irmãos, Tiago, de forma mais enfática e veemente, condena a postura
hostil deles em relação a Deus, ao dizer: “Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é
inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo
constitui-se inimigo de Deus” (v.4). Segundo Dr. F. Davidson, os
melhores Manuscritos trazem apenas “vós
adúlteras”, como se Deus quisesse acusar-nos de ser iguais a esposas
infiéis. Assim, o escritor sacro retrata nestes termos impressionantes a
infidelidade da alma para com Deus. O termo “mundo” aqui empregado por Tiago é “kosmos”, palavra essa algumas vezes usada para indicar o mundo
físico, os seus habitantes, ou o universo; mas também era frequentemente
empregada em sentido ético, para indicar uma sociedade corrupta, ou o princípio
do mal, que opera sobre os homens neste plano terreno (2 Co 4.4; Ef 2.2; 1 Jo
2.15; 4.19). Logo, não há dúvida que esse seja seu uso por Tiago. Sendo assim,
o irmão do Senhor classifica o mundanismo como adultério espiritual (Jr 3.8;
13.27; Ez 16.32; Os 2.2; Ap 2.22). Mas, que é mundanismo? Segundo o Pastor
Claudionor de Andrade, o mundanismo é a conformação ideológica e emocional ao
sistema implantado por Satanás, cujo principal objetivo é levar o ser humano a
deificar o material em detrimento do espiritual. O apelo básico do mundanismo é
realçar o que se vê, o que se pega e o que se sente. É, portanto, um sistema
diametralmente oposto ao Reino de Deus (Rm 14.17), cuja maior virtude acha-se
na fé que devotamos ao Senhor Nosso Deus (1 Jo 5.4). Ainda segundo o Pr.
Claudionor, três iniquidades básicas caracterizam o mundanismo: a
concupiscência dos olhos, a concupiscência da carne e a soberba da vida (1 Jo
2.16). Esta última é a tônica de todos os que fazem do mundanismo a norma de
sua vida. Desse modo, o mundano é governado pelos desejos da carne, ou pelas
maneiras e costumes que o cercam, e recusa reconhecer o direito que Deus tem de
governar. É claro, então, que o procedimento do mundo e seus objetivos estão
fundamentalmente em desacordo com o caráter de Deus e Sua vontade revelada com
relação aos Seus filhos (Jo 17.14,16; Rm 12.2). Tiago é claro em afirmar que há
duas amizades, a de Deus e a do mundo. Elas são incompatíveis e
irreconciliáveis, e temos, portanto, de escolher para nós uma das duas. O
Senhor Jesus em seu ilustre Sermão do Monte, disse: “Ninguém pode servir a dois senhores. Ou há de odiar a um e amar o
outro, ou se devotará a um e desprezará o outro. Não se pode servir a Deus a as
riquezas” (Mt 6.24). No texto em estudo, não se pode servir a Deus e ao
mundo! Observe a frase de Tiago “aquele
que quiser...”. No mundo espiritual a escolha que fizermos de amigos
determinará quem será nosso inimigo. A pessoa que deseja ser amigo de mundo
constitui-se inimigo de Deus. Além de Tiago, o profeta Amós está a indagar: “Andarão dois juntos, se não estiverem de
acordo?” (Am 3.3).
Diante de uma admoestação tão relevante como esta,
Tiago acrescenta: “Ou cuidais vós que
em vão diz a Escritura: O Espírito que nós habita tem ciúmes?” (v.5).
Este versículo tem, pelos menos, quatro tipos de interpretações dos quais não
trataremos aqui. Mas, quero sim, chamar sua atenção para uma dessas
interpretações pela gravidade do equivoco por ela cometido. Tal interpretação
afirma que Deus tem ciúme de nós. Você está realmente certo disto? Em primeiro
lugar, o uso de tais termos emocionais como “ciúmes”, “ira” e “prazer”, referindo-se às atitudes
divinas, naturalmente é um toque antropomórfico,
isto é, expressa as realidades divinas com a linguagem humana inexata, não
querendo isso dizer que Deus realmente possua essas formas de “emoção”.
Trata-se de mera tentativa de expressarmos certas verdades espirituais,
mediante o uso débil da linguagem humana. Isso é o melhor que podemos fazer.
Não asseveramos que Deus tenha as emoções que conhecemos. A “ira de Deus”, por
exemplo, não é uma emoção, e, sim, um termo técnico que indica “julgamento” (Cl
3.6). Em segundo lugar, a ideia de um Deus ciumento é plenamente incompatível
com a Sua natureza (1 Jo 1.5), além de envolvê-lo no pecado de ciúmes (Gl
5.20). Em terceiro lugar, Tiago utiliza apenas o presente versículo para
enfatizar o anterior, pois no versículo 4, ele trata do adultério espiritual.
Assim, ao fala sobre o amor anelante e zeloso de Deus, para com aqueles que ele
uniu consigo mesmo, através dos laços do matrimônio espiritual (Ef 5.31,32). O
escritor sacro busca mostrar que qualquer lealdade para com o mundo é uma
ofensa e um adultério. Ser amigo do mundo é cometer adultério espiritual.
Portanto, o verso 4, ao falar sobre o adultério espiritual, prepara-nos para
entender Deus como um marido ciumento, figuradamente, no versículo 5.
III.
HUMILDADE – A VEREDA QUE NOS CONDUZ A GRAÇA DIVINA (Tg 4.6-10).
Agora,
a partir do versículo 6, Tiago cita uma série de conselhos práticos cuja
finalidade é trazer àqueles irmãos novamente para as realidades espirituais.
Desse modo, diz o apóstolo: “Antes, dá
maior graça. Portanto, diz: Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos
humildes”. O escritor sacro faz citação de Provérbios 3.34, para
advertir os tais de que o espírito mundano deles tinha sido a causa fundamental
de Deus negar-lhes o que pediam (v.3). Porém, Deus nunca recusa Sua graça aos
que pedem. No entanto, o obstinado orgulhoso recusa entregar-se a Deus; se
sente suficiente em si mesmo para enfrentar a guerra moral, e não vê
necessidade em se aproximar do trono da graça, como suplicante, confessando que
os atrativos do mundo são muito fortes e que somente a graça divina pode
neutralizá-los. Tal atitude não pode ter a aceitação de Deus. Pelo contrário,
Deus resiste a ela (1 Pe 5.5). Todavia, aos que são bastante humildes para
reconhecê-Lo, sabendo que são fracos e inclinados ao mal, Deus Se debita em
lhes dar livremente de Sua graça (Rm 5.20).
Havendo
contrastado o soberbo com o humilde, e a atitude divina em resistir a um e em
conceder Sua graça ao outro, Tiago prossegue apresentando o permanente segredo
da vitória na guerra contra o mundanismo e o pecado. Ele diz: “Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao
diabo, e ele fugirá de vós” (v.7). Segundo Tiago, tal vitória consiste
em duas atividades, sujeição a Deus e resistência ao diabo. Nisto estão
combinadas perfeitamente as verdadeiras atividades da fé e das obras. Pela fé
sujeitamo-nos a Deus numa entrega mais completa e mais profunda, e deixamos do
combater contra Ele (At 7.51; Hb 3.15). No ato da sujeição preparamo-nos para o
conflito com o maligno; e ao mesmo tempo nossos poderes de resistência se fortalecem
e multiplicam. Assim, no versículo
seguinte, Tiago exorta-os para que se aproximem mais de Deus ao dizer: “Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós.
Limpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai o coração”
(v.8). Aqui, segue-se uma série de injunções
práticas, que têm especial aplicação àqueles que procuram o caminho de Deus
mais perfeitamente e que não mais combatem contra Ele. Deus nunca recusa ir ao encontro daqueles que sinceramente buscam Sua
face (2 Cr 15.2; Is 55.6,7). O caso aqui significa mais do que o aproximar-se
de Deus pela oração. Quer dizer uma comunhão íntima, um andar com Ele, tal como
no caso de Enoque (Gn 5.22-24). A última injunção dirige-se, principalmente,
aos que eram de ânimo dobre (Ver Tg 1.8), isto é, os que porfiavam por
manter-se leais ao Senhor e ao mundo.
Posteriormente, Tiago acrescenta dizendo:
“Senti
as vossas misérias, e lamentai, e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e
o vosso gozo, em tristeza” (v.9). O escritor sacro lança um convite ao
arrependimento (Mt 3.8,9; Mc 1.15; At 3.19). A lembrança do comprometimento
anterior com o mundo frisava a necessidade de um profundo e verdadeiro
arrependimento. O riso, a alegria impensada, egoística e voluptuosa do mundo, o
divertimento dos insensatos, de que fala Provérbios 10.23, devem ceder lugar ao
‘choro’, e o semblante carregado deve
tomar o lugar do gozo. O termo grego “choro” no original é “katepheia”
e denota o rosto deprimido, expressão de sofrimento. É essa a admoestação de
Tiago pra eles, pois o verdadeiro penitente não se atreve “a levantar os olhos
ao céu” (Lc 18.13). Neste momento, Tiago chega ao ápice do seu ensino, embora
retornando ao inicio de sua exortação (v.6), e diz: “Humilhai-vos perante o Senhor, e
ele vos exaltará” (v.10). Ele mostra
que quando nos humilhamos e diante dEle ficamos contritos, Ele se deleita em
nos abrir os tesouros de Sua graça.
Logo, para que se obtenha essa atitude de humilhação conforme nos diz o
autor, há necessidade de vários estágios ou atos: sujeição a Deus, resistência
ao diabo (v.7), aproximação de Deus, purificação de atos e do homem interior
(v8), aflição, lamentação, choro e tristeza de coração (v.9). Todos esses
elementos fazem parte necessária de nossa humilhação diante do Senhor.
Portanto, para que sejamos aceitos por Ele, faz-nos necessário a busca da
libertação da alma de seus liames com o que é terreno, absorvendo-nos na
contemplação das realidades divinas (Cl 2.20; 3.2).
CONCLUSÃO
Diante do
exposto, aprendemos que não devemos priorizar nossos sonhos e projetos em
detrimento da vontade de Deus, pois tal atitude é própria dos homens que não
conhecem a Deus (Mt 6.31,32; Pv 16.1,3). Logo, devemos sim, sermos amigos de
Deus e não do mundo (Jo 15.14; 1 Jo 2.17). Porquanto, como servos de Deus, devemos
confiar no plano que Ele já preparou para as nossas vidas (Jó 42.2; Rm 8.28).
Portanto, guardemos o sábio ensino do Senhor: “Não andeis ansiosos pelo dia de
amanhã, pois o amanhã se preocupará consigo mesmo. Basta a cada dia o seu
próprio mal” (Mt 6.34). Sendo assim, o melhor que podemos fazer é seguir
o conselho apostólico: “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus,
para que a seu tempo vos exalte” (1 Pe 5.6). Que Deus em Cristo vos
Abençoe! Amém!!
REFERÊNCIAS
Ø CHAMPLIN,
Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. HAGNOS.
Ø DAVIDSON, Francis. O Novo Comentário da Bíblia.
VIDA NOVA.
Ø ANDRADE, Claudionor Côrrea de. Dicionário
Teológico. CPAD.
Ø SILVA, Eliezer de Lira e. Lições Bíblicas.
(3º Trimestre de 2014). CPAD.
Ø LIMA, Elinaldo Renovato de. Lições Bíblicas.
(1º Trimestre de 1999). CPAD.