sábado, 20 de setembro de 2014

LIÇÃO 10 – O PERIGO DA BUSCA PELA AUTORREALIZAÇÃO HUMANA




Tg 4.1-10.



INTRODUÇÃO
Todo ser humano almeja se realizar profissionalmente, no ministério, em família e nas diversas áreas da vida. Esta busca é normal e legítima. Ela faz com que venhamos a trabalhar, estudar, casar, ter filhos, nos leva a correr em busca dos nossos sonhos e projetos. Todavia, a realização pessoal se torna pecado quando ela é colocada acima de Deus. A Palavra de Deus é bem clara quanto a isto: “Mas buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33). Deus deseja que venhamos ter uma vida abundante, de realizações, mas não podemos deixar de levar e apresentar a Ele todos os nossos projetos. Este é o assunto de que trata esta lição. Desejo a todos uma excelente aula!!  



I.  PAIXÕES HUMANAS – A ORIGEM DE GUERRAS E PELEJAS NA IGREJA (Tg 4.1-3).
O presente capítulo é iniciado por Tiago com um pleonasmo retórico: “De onde vêm as guerras e pelejas entre vós?” (v.1). Se observarmos bem, ele termina o capítulo anterior (cap. 3) falando de ‘justiça e paz’. Porém, ao iniciar o presente capítulo (cap. 4) fala sobre ‘guerras e pelejas’. Ao invés dessa justiça e paz, as pessoas a quem Tiago escrevia tinham guerras e pelejas. Este aparente paradoxo pode, sim, ser explicado visto que, Tiago primeiro menciona a solução ou efeito para, só então, citar o motivo ou causa do remédio receitado por ele. Assim, fica evidente que o presente capítulo é uma continuação do capítulo anterior. 

1. Tiago denuncia energicamente a falsa sabedoria. 
Ao mencionar o pleonasmo retórico “guerras e pelejas”, o escritor sacro quis indicar toda a contenda, dissensão e espírito faccioso que há na igreja (Tg 2.14,16), apontando para os líderes egoístas que atraem os discípulos após si, e que eventualmente se defrontam com outros de igual natureza, que se opõem a eles e a seus alvos egoístas (Fp 2.3,4). O termo “guerras” no grego é “polemos” e, no contexto original, que talvez fosse uma obra estóica, significava, literalmente, “guerra”, conforme é indicado no segundo versículo. Porém, segundo o uso pleonástico do escritor sacro, devemos entender aqui “queixas”, “rixas”. Quanto ao termo “contendas” no grego é “machoi” e significa “conflitos”, “batalhas”. Essas palavras, juntamente consideradas, indicam hostilidades agudas e crônicas na comunidade religiosa. Quão moderno é tudo isso! 
Todavia, respondendo Tiago a seu próprio pleonasmo retórico, diz: “Não vêm disto, dos prazeres que nos vossos membros guerreiam?” (v.1). Parafraseando, Tiago está dizendo que todas as vossas lutas e contendas e todos os vossos esforços por satisfazer vossos desejos são todo inúteis e acabam apenas infrutíferos e em insatisfação. No grego, o termo “prazeres” é o substantivo abstrato “edone”, palavra comumente usada para indicar “prazer”. Entretanto, algumas traduções preferem o termo “concupiscências”, outras preferem “paixões”. O vocábulo pode incorporar ambas as ideias, pois se trata de um perverso desejo pelo prazer, às custas de qualquer coisa. O problema é criado quando os homens fazem dos “prazeres” o “alvo” mesmo de sua vida, tornando-se “hedonistas” (1Tm 3.4). Ao invés de se submeterem a Deus, eles se submetem a desejos incontroláveis, acatando seus prazeres (Gl 5.16). Esses prazeres são corporais, mentais e sociais, e residem na inquirição pelo domínio, pela fama, pela posição e pelas ações imorais. Portanto, as contendas mencionadas por Tiago referem-se, neste caso, a disputas acerca de doutrina (Tg 3.1,13). Suas alterações e controvérsias causavam desordem nas reuniões, originando-se as guerras e contendas, de paixões (prazeres) ‘que nos vossos membros guerreiam’. Assim, as disputas nem sempre são causadas por circunstâncias exteriores, muitas vezes são o resultado de paixões íntimas (Gl 5.24-26).

2. Tiago combate o hedonismo daqueles irmãos.
No versículo 2, além de explicar detalhadamente a conexão entre a busca pelos prazeres e as lutas subsequentes do versículo anterior, Tiago também combate tanto a posição quanto as ações hedonistas daqueles irmãos, dizendo: “Cobiçais e nada tendes; sois invejosos e cobiçosos e não podeis alcançar; combateis e guerreais e nada tendes, porque não pedis”. Como asseverou o Pr. Eliezer, a cobiça e a inveja são as predisposições básicas da nossa natureza para desenvolver uma atitude combativa e de guerra contra as pessoas, até em nome de Deus (Jo 16.2). Tal guerra começa, antes de tudo, no homem interior; o conflito da consciência contra os maus desejos; em seguida a personalidade é vencida, à proporção em que a consciência é enfraquecida. E o conflito íntimo não tarda a afetar outras pessoas, que são seduzidas a tomar parte no excesso. Finalmente, a igreja inteira é engolfada nas contendas (1 Co 3.3,4). Isso acontece quando aqueles cujo grande alvo na vida é o prazer, entram em choque uns com os outros, porquanto seus interesses são opostos. Seu grande intuito é a autossatisfação, e isso quase sempre infringe sobre os direitos alheios (1 Co 10.32,33). Entretanto, obter para si mesmo não é satisfatório; a alma, que reconhece intuitivamente a natureza da verdadeira inquirição na vida, não aceita a satisfação falsa derivada do egoísmo. Por isso, o resultado líquido do egoísmo é a insatisfação.
A emulação também não é satisfatória; até mesmo quando se obtém aquilo que se deseja, a porção nobre do homem rejeita isso como digno. O desejo cumprido conduz meramente a uma maior multiplicidade de desejos; e a grande multiplicidade dos desejos conduz à frustração; e a frustração leva à futilidade. O amor é o oposto da emulação (1 Co 13.4-6). O amor constrói; a inveja e a emulação destroem. Em contraste violento com tudo isso, posta-se Deus. Tiago comenta que é impossível dominar a busca pela satisfação dada pelo prazer, exceto mediante a submissão a Deus (v.7). Somente na comunhão com Deus, através do seu Santo Espírito, que forma a imagem de Cristo no íntimo (Rm 8.9-11), podemos esperar receber as forças necessárias para vencermos as nossas paixões, os nossos desejos egoístas (Rm 5.20; Gl 5.24). A maioria dos homens se deixa governar por esses elementos, conforme a observação mais casual o demonstra. O homem de Deus, entretanto, deve viver acima desse tipo de vida (Gl 5.25; Ef 5.2).
 
3. As razões de nossas orações não serem respondidas.
No versículo anterior, Tiago menciona o motivo daqueles irmãos não alcançarem o que almejavam ao dizer: “nada tendes, porque não pedis”. Todavia, agora, o irmão do Senhor aprofunda o assunto mostrando porque eles pediam, mas não recebiam, e diz: “Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites”. Para eles, orar era apenas um meio de fomentar a ganância (Mt 6.19-21;23.14). Tinham perdido completamente o conceito do uso apropriado da oração (Mt 6.9-13). Tinham-na transformado em um instrumento de carnalidade. Em que eles se importavam acerca da oração como um avanço na santidade e no bem-estar espiritual? Na verdade, agiam como se houvesse apenas a dimensão terrena na existência, sem céu e sem Deus. Do “eu” e seus prazeres tinham feito os seus deuses (Fp 3.18,19). Eram idólatras da pior espécie. Nada há de errado nas orações que pedem a prosperidade e o bem-estar físico (Mt 7.7,8; 21.22; Fp 4.6), mas é mal fazer dessas coisas a finalidade central de nossas vidas (Mt 6.33; 1 Co 15.19). Assim, tinham substituído a dimensão eterna pela dimensão temporal; tinham feito da autoindulgência algo mais importante do que cumprir a vontade de Deus (Mc 7.13), sendo transformados a imagem de Cristo, o que é e deverá ser sempre o alvo de toda a existência (Ef 1.10). Todavia, além do ‘pedir mal’ (Tg 4.3), existem outras razões pelas quais impedem que nossas orações sejam respondidas, das quais citaremos algumas, como:

ü Pecado no coração, Sl 66.18
ü Duvidar da Palavra de Deus, Tg 1.6,7
ü Vãs repetições, Mt 6.7
ü Desobediência a Palavra, Pv 28.9
ü Procedimento irrefletido nas relações conjugais, 1 Pe 3.7

Assim, devemos entender que a oração é um ato criativo que pode fazer qualquer coisa, até mesmo os labores mais fantásticos e prodigiosos (Tg 5.16b). Porém, precisa mover-se acompanhando com a vontade divina (1 Jo 5.14); caso contrário, pode-se pedir o que bem se entender, que nada sucederá (Is 59.2). Entretanto, se pudéssemos ver nossas vidas conforme Deus as vê, assim observando seu curso inteiro, do princípio ao fim, perceberíamos aqueles acontecimentos que terão de ocorrer, a bem de nosso desenvolvimento espiritual (Gn 45.5-7). Então perceberíamos quão errada e prejudicial é qualquer oração que nos leva a evitar tais ocorrências. E também veríamos como, antes de qualquer acontecimento valioso, nossas almas são inspiradas a orar com intensidade (Lc 22.44). E assim oramos; e depois dizemos: “A oração fez isso”. Talvez fosse mais correto dizermos: “Deus fez isto. Isso fazia parte de seu plano para mim, e minha oração foi um exercício espiritual que me preparou para buscar e aceitar o que Deus tencionava para mim”. Seja como for, a oração é um importante exercício espiritual, e não consiste meramente de “pedir e receber”. A oração nos serve de treinamento espiritual. Portanto, é um de nossos meios de desenvolvimento espiritual (1 Ts 5.17).


II.   MUNDANISMO – UMA POSIÇÃO HOSTIL A DEUS (Tg 4.4,5).
Além de combater a posição e as ações hedonistas daqueles irmãos, Tiago, de forma mais enfática e veemente, condena a postura hostil deles em relação a Deus, ao dizer: “Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (v.4). Segundo Dr. F. Davidson, os melhores Manuscritos trazem apenas “vós adúlteras”, como se Deus quisesse acusar-nos de ser iguais a esposas infiéis. Assim, o escritor sacro retrata nestes termos impressionantes a infidelidade da alma para com Deus. O termo “mundo” aqui empregado por Tiago é “kosmos”, palavra essa algumas vezes usada para indicar o mundo físico, os seus habitantes, ou o universo; mas também era frequentemente empregada em sentido ético, para indicar uma sociedade corrupta, ou o princípio do mal, que opera sobre os homens neste plano terreno (2 Co 4.4; Ef 2.2; 1 Jo 2.15; 4.19). Logo, não há dúvida que esse seja seu uso por Tiago. Sendo assim, o irmão do Senhor classifica o mundanismo como adultério espiritual (Jr 3.8; 13.27; Ez 16.32; Os 2.2; Ap 2.22). Mas, que é mundanismo? Segundo o Pastor Claudionor de Andrade, o mundanismo é a conformação ideológica e emocional ao sistema implantado por Satanás, cujo principal objetivo é levar o ser humano a deificar o material em detrimento do espiritual. O apelo básico do mundanismo é realçar o que se vê, o que se pega e o que se sente. É, portanto, um sistema diametralmente oposto ao Reino de Deus (Rm 14.17), cuja maior virtude acha-se na fé que devotamos ao Senhor Nosso Deus (1 Jo 5.4). Ainda segundo o Pr. Claudionor, três iniquidades básicas caracterizam o mundanismo: a concupiscência dos olhos, a concupiscência da carne e a soberba da vida (1 Jo 2.16). Esta última é a tônica de todos os que fazem do mundanismo a norma de sua vida. Desse modo, o mundano é governado pelos desejos da carne, ou pelas maneiras e costumes que o cercam, e recusa reconhecer o direito que Deus tem de governar. É claro, então, que o procedimento do mundo e seus objetivos estão fundamentalmente em desacordo com o caráter de Deus e Sua vontade revelada com relação aos Seus filhos (Jo 17.14,16; Rm 12.2). Tiago é claro em afirmar que há duas amizades, a de Deus e a do mundo. Elas são incompatíveis e irreconciliáveis, e temos, portanto, de escolher para nós uma das duas. O Senhor Jesus em seu ilustre Sermão do Monte, disse: “Ninguém pode servir a dois senhores. Ou há de odiar a um e amar o outro, ou se devotará a um e desprezará o outro. Não se pode servir a Deus a as riquezas” (Mt 6.24). No texto em estudo, não se pode servir a Deus e ao mundo! Observe a frase de Tiago “aquele que quiser...”. No mundo espiritual a escolha que fizermos de amigos determinará quem será nosso inimigo. A pessoa que deseja ser amigo de mundo constitui-se inimigo de Deus. Além de Tiago, o profeta Amós está a indagar: “Andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” (Am 3.3).
Diante de uma admoestação tão relevante como esta, Tiago acrescenta: “Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que nós habita tem ciúmes?” (v.5). Este versículo tem, pelos menos, quatro tipos de interpretações dos quais não trataremos aqui. Mas, quero sim, chamar sua atenção para uma dessas interpretações pela gravidade do equivoco por ela cometido. Tal interpretação afirma que Deus tem ciúme de nós. Você está realmente certo disto? Em primeiro lugar, o uso de tais termos emocionais como “ciúmes”, “ira” e “prazer”, referindo-se às atitudes divinas, naturalmente é um toque antropomórfico, isto é, expressa as realidades divinas com a linguagem humana inexata, não querendo isso dizer que Deus realmente possua essas formas de “emoção”. Trata-se de mera tentativa de expressarmos certas verdades espirituais, mediante o uso débil da linguagem humana. Isso é o melhor que podemos fazer. Não asseveramos que Deus tenha as emoções que conhecemos. A “ira de Deus”, por exemplo, não é uma emoção, e, sim, um termo técnico que indica “julgamento” (Cl 3.6). Em segundo lugar, a ideia de um Deus ciumento é plenamente incompatível com a Sua natureza (1 Jo 1.5), além de envolvê-lo no pecado de ciúmes (Gl 5.20). Em terceiro lugar, Tiago utiliza apenas o presente versículo para enfatizar o anterior, pois no versículo 4, ele trata do adultério espiritual. Assim, ao fala sobre o amor anelante e zeloso de Deus, para com aqueles que ele uniu consigo mesmo, através dos laços do matrimônio espiritual (Ef 5.31,32). O escritor sacro busca mostrar que qualquer lealdade para com o mundo é uma ofensa e um adultério. Ser amigo do mundo é cometer adultério espiritual. Portanto, o verso 4, ao falar sobre o adultério espiritual, prepara-nos para entender Deus como um marido ciumento, figuradamente,  no versículo 5.


III. HUMILDADE – A VEREDA QUE NOS CONDUZ A GRAÇA DIVINA (Tg 4.6-10).
Agora, a partir do versículo 6, Tiago cita uma série de conselhos práticos cuja finalidade é trazer àqueles irmãos novamente para as realidades espirituais. Desse modo, diz o apóstolo: “Antes, dá maior graça. Portanto, diz: Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes”. O escritor sacro faz citação de Provérbios 3.34, para advertir os tais de que o espírito mundano deles tinha sido a causa fundamental de Deus negar-lhes o que pediam (v.3). Porém, Deus nunca recusa Sua graça aos que pedem. No entanto, o obstinado orgulhoso recusa entregar-se a Deus; se sente suficiente em si mesmo para enfrentar a guerra moral, e não vê necessidade em se aproximar do trono da graça, como suplicante, confessando que os atrativos do mundo são muito fortes e que somente a graça divina pode neutralizá-los. Tal atitude não pode ter a aceitação de Deus. Pelo contrário, Deus resiste a ela (1 Pe 5.5). Todavia, aos que são bastante humildes para reconhecê-Lo, sabendo que são fracos e inclinados ao mal, Deus Se debita em lhes dar livremente de Sua graça (Rm 5.20).
Havendo contrastado o soberbo com o humilde, e a atitude divina em resistir a um e em conceder Sua graça ao outro, Tiago prossegue apresentando o permanente segredo da vitória na guerra contra o mundanismo e o pecado. Ele diz: “Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (v.7). Segundo Tiago, tal vitória consiste em duas atividades, sujeição a Deus e resistência ao diabo. Nisto estão combinadas perfeitamente as verdadeiras atividades da fé e das obras. Pela fé sujeitamo-nos a Deus numa entrega mais completa e mais profunda, e deixamos do combater contra Ele (At 7.51; Hb 3.15). No ato da sujeição preparamo-nos para o conflito com o maligno; e ao mesmo tempo nossos poderes de resistência se fortalecem e multiplicam.  Assim, no versículo seguinte, Tiago exorta-os para que se aproximem mais de Deus ao dizer: “Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Limpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai o coração” (v.8). Aqui, segue-se uma série de injunções práticas, que têm especial aplicação àqueles que procuram o caminho de Deus mais perfeitamente e que não mais combatem contra Ele. Deus nunca recusa ir ao encontro daqueles que sinceramente buscam Sua face (2 Cr 15.2; Is 55.6,7). O caso aqui significa mais do que o aproximar-se de Deus pela oração. Quer dizer uma comunhão íntima, um andar com Ele, tal como no caso de Enoque (Gn 5.22-24). A última injunção dirige-se, principalmente, aos que eram de ânimo dobre (Ver Tg 1.8), isto é, os que porfiavam por manter-se leais ao Senhor e ao mundo. 
Posteriormente, Tiago acrescenta dizendo: “Senti as vossas misérias, e lamentai, e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo, em tristeza” (v.9). O escritor sacro lança um convite ao arrependimento (Mt 3.8,9; Mc 1.15; At 3.19). A lembrança do comprometimento anterior com o mundo frisava a necessidade de um profundo e verdadeiro arrependimento. O riso, a alegria impensada, egoística e voluptuosa do mundo, o divertimento dos insensatos, de que fala Provérbios 10.23, devem ceder lugar ao ‘choro’, e o semblante carregado deve tomar o lugar do gozo. O termo grego “choro” no original é “katepheia” e denota o rosto deprimido, expressão de sofrimento. É essa a admoestação de Tiago pra eles, pois o verdadeiro penitente não se atreve “a levantar os olhos ao céu” (Lc 18.13). Neste momento, Tiago chega ao ápice do seu ensino, embora retornando ao inicio de sua exortação (v.6), e diz: “Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará” (v.10).  Ele mostra que quando nos humilhamos e diante dEle ficamos contritos, Ele se deleita em nos abrir os tesouros de Sua graça.  Logo, para que se obtenha essa atitude de humilhação conforme nos diz o autor, há necessidade de vários estágios ou atos: sujeição a Deus, resistência ao diabo (v.7), aproximação de Deus, purificação de atos e do homem interior (v8), aflição, lamentação, choro e tristeza de coração (v.9). Todos esses elementos fazem parte necessária de nossa humilhação diante do Senhor. Portanto, para que sejamos aceitos por Ele, faz-nos necessário a busca da libertação da alma de seus liames com o que é terreno, absorvendo-nos na contemplação das realidades divinas (Cl 2.20; 3.2).


CONCLUSÃO
Diante do exposto, aprendemos que não devemos priorizar nossos sonhos e projetos em detrimento da vontade de Deus, pois tal atitude é própria dos homens que não conhecem a Deus (Mt 6.31,32; Pv 16.1,3). Logo, devemos sim, sermos amigos de Deus e não do mundo (Jo 15.14; 1 Jo 2.17). Porquanto, como servos de Deus, devemos confiar no plano que Ele já preparou para as nossas vidas (Jó 42.2; Rm 8.28). Portanto, guardemos o sábio ensino do Senhor: “Não andeis ansiosos pelo dia de amanhã, pois o amanhã se preocupará consigo mesmo. Basta a cada dia o seu próprio mal” (Mt 6.34). Sendo assim, o melhor que podemos fazer é seguir o conselho apostólico: “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte” (1 Pe 5.6). Que Deus em Cristo vos Abençoe! Amém!! 
 


REFERÊNCIAS
Ø  CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. HAGNOS.
Ø  DAVIDSON, Francis. O Novo Comentário da Bíblia. VIDA NOVA.
Ø  ANDRADE, Claudionor Côrrea de. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø  SILVA, Eliezer de Lira e. Lições Bíblicas. (3º Trimestre de 2014). CPAD.
Ø  LIMA, Elinaldo Renovato de. Lições Bíblicas. (1º Trimestre de 1999). CPAD.


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