Gn
21.1-8
INTRODUÇÃO
Veremos nesta
lição, a definição da palavra “promessa” e pontuaremos a diferença entre a
promessa incondicional e a condicional. Estudaremos sobre a Aliança que Deus
fez com o patriarca Abraão prometendo-lhe um filho em sua velhice. Veremos
Isaque e Ismael como um tipo da natureza espiritual e carnal e concluiremos
analisando a tipologia que existe entre o “filho unigênito” de
Abraão e o “filho unigênito” de Deus.
I. DEFINIÇÃO DE PROMESSA
A palavra
promessa deriva do latim “promittere” que significa: “obrigar-se
verbalmente ou por escrito a fazer ou dar alguma coisa; comprometer-se; dar
esperanças ou probabilidades; fazer promessa” (FERREIRA, 2004, p. 1640). Já no
grego é a palavra “epangelia” que significa: “empreendimento para
fazer ou dar algo, presente dado graciosamente” (VINE, 2002, p. 905). No
contexto desta lição trata-se da promessa de Deus ao patriarca Abraão em lhe
dar um filho com Sara.
II. DIFERENÇA ENTRE AS PROMESSAS
CONDICIONAIS E INCONDICIONAIS
O Senhor prova a
sua soberania ao ser fiel no cumprimento de suas promessas (Dt 7.9). Ele é
absolutamente digno de confiança, pois suas promessas são infalíveis, portanto,
o seu povo pode descansar nele. A fidedignidade de Deus é absoluta por causa
daquilo que Ele é (Dt 32.4; Sl 89.8; 1 Ts 5.23,24; Hb 10.23). Quando Deus faz
uma aliança com alguém, a sua promessa é um selo e garantia suficiente de sua
imutável natureza e propósitos (Hb 6.17; 10.23). No entanto, precisamos
entender que existem promessas condicionais e incondicionais. As
promessas condicionais são aquelas que o seu cumprimento depende da
participação humana, e que estão baseadas em determinadas condições ou
pré-requisitos estabelecidos por Deus. As promessas condicionais, geralmente,
aparecem na Bíblia com a conjunção “se” (Êx 19.5; 2Cr 7.14; Dt
28.1,2; Rm 10.9). As promessas incondicionais são aquelas que
independem da participação humana, ou seja, que dependem unicamente da
soberania de Deus para a sua realização (1 Ts 4.17; Hb 9.28; 1Co 15; 1 Ts
4.16; Jo 3.16,36; 1 Jo 2.25).
III. ABRAÃO, ISAQUE E A PROMESSA
O Senhor
recompensou grandemente a fé que Abraão demonstrou durante os vinte e cinco
anos de sua peregrinação a Canaã. Também interveio milagrosamente para dar-lhe
um filho. Deus escolheu o nome específico: Isaque “ele riu” (Gn 17.15-19),
em alusão aos risos de incredulidade de Abraão (Gn 17.17) e de Sara (Gn
18.12,15) e da alegria posterior pelo nascimento de Isaque (Gn 21.6-7). Deus
determinou a época exata: “na primavera” (Gn 18.10-15; 21.1-3) do cumprimento desta
promessa. Vejamos:
3.1 O nascimento
de Isaque mostra que Deus é fiel nas suas promessas.
Durante muitos
anos Sara havia carregado consigo um fardo extremamente pesado, pois, naquela
cultura e época, era o da esterilidade. As pessoas deviam sorrir quando ouviam
que o nome de seu marido era Abraão que significa: "pai de uma
grande multidão", pois Deus já havia lhe feito uma promessa há 25
anos e até aquele momento era pai de apenas um filho, Ismael (Gn 12.4; 21.5) e
Sara jamais havia dado à luz. Mas, agora, toda a sua vergonha havia se
extinguido, e Abraão e Sara estavam se regozijando com a chegada de seu filho,
Isaque do hebraico “riso; ele riu” (Gn 21.6), nome esse dado pelo
próprio Deus (Gn 17.19). O nascimento de Isaque envolvia muito mais do que a
alegria dos pais, pois significava o cumprimento da promessa de Deus (Gn 12.2,
13.16; 15.4; 17.1-7; 21.1,2). O nascimento deste filho lembra que, a seu modo e
a seu tempo (Gn 18.10, 14; 21.1), Deus sempre cumpre suas promessas (Hb
11.8-11) (WIERSBE, 2010, p. 128).
3.2 O nascimento
de Isaque mostra que há recompensa pela paciência.
Abraão e Sara
tiveram de esperar vinte e cinco anos pelo nascimento do filho, pois, "pela
fé e pela longanimidade, [herdamos] as promessas" (Hb 6.12;
10.36). Confiar nas promessas de Deus não apenas nos propicia uma bênção no
final, mas também nos concede uma bênção enquanto esperamos. A fé é uma
jornada, e cada destino feliz é o início de uma nova caminhada. Quando Deus
deseja desenvolver nossa paciência, ele nos dá promessas, nos manda provações e
nos diz para confiar nele (Tg 1.1-8).
3.3 O nascimento
de Isaque mostra a revelação do poder de Deus.
Esse foi um dos motivos pelos
quais Deus deu tanto tempo. Ele queria que Abraão e Sara estivessem
"amortecidos" (sem forças) para que o nascimento de seu filho fosse
um milagre de Deus e não algum tipo de maravilha da natureza humana (Rm
4.17-21). Abraão e Sara experimentaram o poder de ressurreição de Deus em sua
vida, pois se entregaram a ele e creram em sua Palavra. A fé nas promessas de
Deus libera o poder divino (Ef 3.20, 21). Porque para Deus não haverá
impossíveis em todas as suas promessas (Gn 18.14; Lc 1.37).
3.4 O nascimento
de Isaque mostra o plano de Deus para redenção do mundo.
A futura
redenção de um mundo perdido encontrava-se no nascimento de Isaque, que geraria
Jacó; Jacó daria ao mundo as doze tribos de Israel; e de Israel nasceria o Messias
prometido (Gn 12.1-4; Mt 1,2; Lc 3.34). Deus cumpre suas promessas não importa
quanto tempo demore (WIERSBE, 2010, p. 128).
IV. ISAQUE E ISMAEL - UM TIPO DA
NATUREZA ESPIRITUAL E CARNAL
A vida de Abraão
é uma história da dádiva da aliança numa série de seis encontros com o
patriarca e Deus. Vejamos: 1º) Deus estabeleceu a aliança (Gn
12.1-3); 2º) Deus confirmou a aliança (Gn 12.7); 3º) Deus
ampliou a aliança (Gn 13.14-17); 4º) Deus ratificou a aliança (Gn
15.8-18); 5º) Deus simbolizou a aliança (Gn 17.10); e 6º) Deus
acrescentou o juramento da aliança (Gn 22.16-18). Apesar de parcialmente
cumprida esta promessa na história de Israel, e espiritualmente na primeira
vinda de Cristo, o cumprimento absoluto de todos os seus elementos aguarda a
segunda vinda do Senhor, que é o “descendente” de Abraão (Gl
3.16). Analisemos os símbolos desta aliança:
4.1 Isaque e
Ismael como símbolos da natureza carnal e espiritual.
Em Gálatas 4.28,
29, Paulo deixa claro que Ismael representa o primeiro nascimento do cristão (a
carne) e que Isaque representa o novo nascimento (o Espírito). Ismael foi "nascido
da carne", pois Abraão ainda não estava "amortecido" e
ainda podia gerar filhos. Isaque foi "nascido do Espírito",
pois, quando foi concebido, seus pais estavam "amortecidos", e só o
poder de Deus seria capaz de concretizar sua concepção e nascimento. Isaque não
nasceu pelo poder da providência comum, mas pelo poder de uma promessa
especial.
4.2 Isaque e
Ismael como símbolos da natureza carnal vindo antes da espiritual (1 Co 15.46).
Quando
se crê em Jesus Cristo, passa-se por um nascimento miraculoso que vem de Deus
(Jo 1.11-13; 3.1-8). Abraão representa a fé e Sara representa a graça (Gl
4.24-26), de modo que Isaque nasceu "pela graça […] mediante a fé"
(Ef 2.8, 9). Essa é a única maneira de um pecador entrar para a família de Deus
(Jo 3.16-18). Ao que parece, Ismael era um filho obediente até que Isaque
entrou na família. Então, a "carne" começou a opor-se ao
"Espírito" (WIERSBE, 2010, p. 129).
4.3 Isaque e
Ismael como símbolos da natureza livre e da natureza escrava (Gl 4.22).
A liberdade é um
dos principais temas de Gálatas (5.1) e uma das maiores bênçãos da vida cristã
(Gl 4.31). É claro que a liberdade cristã não é sinônimo de anarquia, uma vez
que esse é o pior tipo de escravidão. A lição é, simplesmente, que os filhos de
Deus devem viver sob as bênçãos da liberdade da graça e não sob a escravidão da
Lei. Agar deu à luz um escravo, e quando se decide viver sob a Lei, torna-se
filho de Agar, um escravo, pois ela gera escravidão e não liberdade (WIERSBE,
2010, p. 131).
4.4 Isaque e
Ismael como símbolos da escolha de Deus.
Assim como aconteceu com de
Ismael (Gn 16.11), o nome de Isaque foi dado pelo próprio Deus (Gn 17.19). É
importante observar que, no registro bíblico, em várias ocasiões, Deus rejeitou
o primogênito e aceitou aquele que nasceu depois. Rejeitou Caim e escolheu Abel
(Gn 4.1-15); Ismael, o primogênito de Abraão, e escolheu Isaque (Gn 21.1-21).
Deixou de lado Esaú, o primogênito de Isaque, e escolheu Jacó (Rm 9.8-13).
Escolheu também Efraim em vez de Manassés (Gn 48.16-20) (WIERSBE, 2010, p.
129).
4.5 Isaque como
símbolo que Deus cumpre as promessas que faz. Os quatro
elementos da promessa feita a Abraão (Gn 12.1-3) começam a cumprir-se em
Isaque: 1º) A terra – Isaque permanece em Canaã após a morte de
seu pai aprofundando ali as raízes familiares em obediência a Deus; 2º) A
descendência – Isaque continua a linhagem através de Jacó, após o qual a
multiplicação de descendentes acelerou; 3º) A relação especial
com Deus – Isaque foi temente a Deus e por ele grandemente abençoado; 4º)
A bênção às nações – Isaque durante o tempo que viveu em Gerar surgiram
pequenos sinais de bênção para as nações. Enfim, embora não tão proeminente
quanto seu pai Abraão ou seu filho Jacó na narrativa de Gênesis, Isaque foi um
elo fundamental no desenvolvimento da nação de Israel e no cumprimento da
aliança de Deus com Abraão e seus descendentes.
V. ABRAÃO, ISAQUE E CRISTO
No AT são poucos
os que vieram ao mundo com tantas expectativas como Isaque. Nesse aspecto ele
foi um modelo de Cristo, a “semente” que o Santo Deus prometera
há muito tempo. Essa promessa é chamada de “aliança abraâmica”, e
é o fundamento de todo o futuro programa divino para a humanidade. Deus
prometeu a Abraão que traria bênçãos pessoais, nacionais, territoriais e
espirituais através da sua “semente” que começou com Isaque e tem seu pleno
comprimento na pessoa de Cristo (Gl 3.7-9, 16; At 3.25). Isaque é um
tipo de Cristo em sua morte, pois, como ele carregou em seus ombros a lenha
para o holocausto até o Monte Moriá; Cristo carregou a sua cruz ao Calvário,
local próximo a Moriá. Orígenes comentou que levar a lenha para o holocausto
era dever do sacerdote. Portanto, Isaque foi ao mesmo tempo vítima e sacerdote,
prefigurando o trabalho de Cristo na cruz. Embora Abraão tenha tido um filho
com a serva Agar (Ismael), encontramos em Gn 22.15-16 uma alusão a “um
único filho”, assim como, também, o autor do livro de Hebreus se refere
a Isaque como o “filho unigênito”, que significa único filho
gerado por seus pais (Hb 11.17). Da mesma forma, Cristo é chamado de “filho
unigênito” de Deus (Jo 3.16; 1Jo 4.9) (ELLISEN, 1993, p. 23).
CONCLUSÃO
As Escrituras
descrevem centenas de promessas divinas, algumas já se cumpriram no passado, outras
estão se cumprindo nos dias atuais, e outras, hão de se cumprir no futuro. Em
se tratando das promessas divinas, podemos confiar em sua veracidade, pois
Deus, não promete com falsidade, nem promete qualquer coisa que não possa
cumprir (Is 55.11). Deus é fiel para cumprir suas promessas (Hb 10.23); Ele
nunca se esquece de suas promessas (Sl 105.42; Lc 1.54,55); Suas promessas não
hão de falhar (Js 23.14; Is 40.8) e elas se cumprem no devido tempo (Jr 33.14;
At 7.7; Gl 4.4).
REFERÊNCIAS
CHAMPLIN, R. N. Dicionário
de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
KELLY, J.N.D. Introdução
e Comentário. MUNDO CRISTÃO.
ELLISEN, Stanley
A. Conheça Melhor o Antigo Testamento. VIDA
Por Rede Brasil de Comunicação.
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