Pv 28.1-10
INTRODUÇÃO
Nesta lição,
veremos uma breve abordagem sobre os jogos de azar na história e na legislação
brasileira, bem como qual é o posicionamento do crente face a ética cristã
diante desta prática; pontuaremos quais os princípios bíblicos que são
contrários ao uso das drogas; e por fim, analisaremos qual a orientação bíblica
quanto ao uso da bebida alcoólica no AT e no NT.
I. OS “JOGOS DE AZAR” NA HISTÓRIA
E NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
Uma definição
genérica para vício é: “um hábito, ou prática, imoral ou mau; conduta
imoral; comportamento depravado e degradante” (HENRY, 2007, p. 596). A
expressão “jogos de azar”, para os efeitos penais, é definida
como sendo o jogo em que o ganho e a perda dependem exclusiva ou principalmente
da sorte. O décimo mandamento do Decálogo condena a cobiça, que é a raiz de
todos os jogos de azar (Êx 20.17) […] Depositar a esperança na sorte é pecado e
implica não confiar na providência divina (Jr 17.5-7) […], pois “o amor
ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males” (1Tm 6.10). Para livrar
o cristão do sofrimento de tais males, o Senhor nos orienta a ajuntar tesouros
nos céus (Mt 6.21) (BAPTISTA, 2018, pp. 127,128). A propaganda das loterias,
dos bingos e outros meios da jogatina, ilude os incautos, prometendo-lhes
riqueza fácil.
1. Os jogos de
azar na história.
“De acordo com a
definição mais comum, um jogo é um risco que envolve dinheiro, que se pode
ganhar ou perder mediante uma aposta […]” (CHAMPLIN, 2010, pp. 568-9). A
arqueologia registra que a origem dos “jogos de azar” remontam à Suméria
por volta do século III a.C. Os sumérios implantaram um jogo que
consistia em um grupo de dados fabricado em ossos de animais com símbolos
cunhados nas faces, com valores determinados e específicos. Nesse jogo, o
vencedor era aquele que alcançasse uma maior pontuação, arremessando os dados.
Essa cultura de jogatina também foi encontrada no Egito com
tabuleiros (séc. II a.C.), e na Roma Antiga com o jogo de
dados e outros (séc. I a.C.). Historiadores afirmam que esses jogos
somente terminavam após um dos participantes perder todos os seus bens, muitos,
inclusive, perdiam a liberdade, tornando-se escravos (FERNANDES, 2012
apud BAPTISTA, 2018, p. 124). Todo e qualquer tipo de vício escraviza o ser
humano, e com o viciado em jogos não é diferente. Um incontável número de
jogadores perdeu tudo o que tinha em apostas variadas; eles não perderam apenas
dinheiro, perderam a dignidade, a confiança, o respeito e até a moral.
2. Os jogos de
azar e legislação brasileira.
Os jogos de azar
são classificados como contravenções penais (Art. 50, Decreto- Lei nº
3.688/1941), ou seja, quem joga, presencialmente ou online,
ou ainda administra tal serviço está sujeito às penalidades legais
[…] Existem dois projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional que visam à
legalização desses jogos: o projeto de lei nº 442/1991 e o projeto de
lei nº 186/2016 (Senado Federal), que deseja legalizar o funcionamento de
cassinos, bingos, jogo do bicho e jogos em vídeo (BAPTISTA, 2018, p. 129). Os
jogos de azar, assim como o álcool, o cigarro e as demais drogas causam dependência
química e psíquica. A Organização Mundial de Saúde concluiu que jogar
faz mal à saúde e incluiu o jogo compulsivo no Código Internacional de
Doenças […] Tal como os outros viciados, os jogadores compulsivos
tendem ao desenvolvimento de doenças psiquiátricas […] A doença denominada de “ludopatia”
refere-se o jogo compulsivo ou patológico, que leva uma pessoa a não
poder resistir ao impulso de jogar mais e mais, provocando graves
problemas econômicos, psicológicos e familiares (BAPTISTA, 2018, p. 130
– grifo nosso).
3. O crente e os
jogos de azar.
O cristão
precisa adotar uma postura ética contrária a qualquer tipo de jogo de azar.
Pelas seguintes razoes: a) O jogo de azar incentiva a ambição, a
avareza ou o amor ao dinheiro (Ec 5.10; 1 Tm 6.10; Pv 28.22); b) O
jogador acaba envolvendo-se em outras práticas ilícitas e passa a confiar mais
na “sorte” do que em Deus (Pv 10.22; 13.11; 23.5); c) O jogador é
tentado a continuar na jogatina e deixar de se interessar pelo trabalho e a
Bíblia manda trabalhar com afinco (Gn 3.19; Pv 21.25,26; 2Ts 3.10-12; Ef 4.28;
1Co 10.23; Gl 5.13,14; Mt 22.37; 1Ts 5.22; Rm 12.9); d) O vício
aprisiona a mente e leva a pessoa a uma compulsão, que a obriga a jogar mais e
mais, na esperança de superar as perdas e torna o homem escravo do jogo (Cl
3.5); e) O jogo conduz à exploração; f) O jogo
associa-se a praticas ilícitas, pois os impostos arrecadados não justificam os
males sociais decorrentes da jogatina, que se associa a bebidas, drogas,
prostituição e outros vícios; e, g) O jogo de azar prejudica a
mordomia familiar trazendo desajustes financeiros (Is 55.2; Jr 17.11; 1Tm
6.9,10).
II. PRINCÍPIOS BÍBLICOS CONTRA OS
VÍCIOS
A Bíblia nos diz
que: “[…] Ele (Deus) conhece os homens vãos e vê o vício […]” (Jó
11.11). Procuraram algum vício que manchasse a índole de Daniel, mas não
acharam: “[…] procuravam achar ocasião contra Daniel […] mas não podiam achar
[…] porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum vício nem culpa” (Dn
6.4). Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam o alcoolismo como a
terceira causa de morte no mundo e define como droga toda a substância que,
sendo introduzida no organismo, pode modificar uma ou mais funções,
alterando o sistema nervoso com a introdução da dependência física e/ou
psíquica do indivíduo (BAPTISTA, 2018, p. 124). A Bíblia é categórica e
irredutível: “Não vos embriagueis com vinho em que há contenda […]” (Ef
5.18), Paulo, aqui, não se refere apenas ao efeito entorpecente do vinho, mas a
embriaguez provocada por qualquer tipo de bebida (ver ainda Lv 10.9-11; Jz
13.4-7; Pv 31.4; Nm 6.3; Pv 23.29-35; Lc 12.45,46; 1Ts 5.6; Tt 2.2).
1. A bebida
alcoólica no Antigo Testamento.
A Bíblia vê o
alcoolismo de modo diferente do mundo. Nela, verificamos que o alcoolismo, a
bebedeira e outros vícios, são vistos como atos pecaminosos (Is 5.11,12;
28.1,7). Apreende-se com tal afirmação que o uso do álcool resulta em situações
danosas e constrangedoras para a família (Pv 20.1; 23.21,31,32; 31.4,5; Os
4.11; Lc 21.34; Ef 5.18; 1Co 6.10). De acordo com a Bíblia Pentecostal (STAMPS,
1995, p. 241), no AT existem diversas palavras para designar “vinho”. Uma delas
é “yayin”, termo usado cerca de 141 vezes, indicando “vários
tipos de vinhos fermentados” (Gn 9.20,21; 19.32,33). A expressão “yayin”
também se aplica ao “suco doce não-fermentado da uva”. O
uso do vinho fermentado sempre foi motivação para praticas ilícitas (Gn 9.20-29;
19.31-38). Por isso, o sacerdote deveria afastar-se da bebida alcoólica (Lv
10.9-11). O “yayin” fermentado é sempre relacionado à embriaguez,
“é escarnecedor” (Pv 20.1; 23.31). Outra palavra é “tirosh”, com
o significado de “vinho novo”, refere-se à bebida extraída da
vide, não-fermentada, ou o suco doce da uva (Dt 11.14; Pv 3.10; Jl 2.24). A
palavra “tirosh” aparece cerca de 38 vezes no AT sempre
referindo-se ao vinho não-fermentado, onde “tem benção nele” (Is
65.8). A Bíblia faz uma referência quanto ao uso do vinho pelos sacerdotes (Is
28.7-8). O posicionamento do crente a respeito da bebida alcoólica deve
ser taxativo, é pecado usar bebida alcoólica, pois a Bíblia não faz concessão à
bebedice (Pv 6.27,28; Is 5.11-12).
2. A bebida
alcoólica no Novo Testamento.
Paulo colocou no
mesmo nível de condenação os bêbados, os devassos, os idolatras, os
homossexuais e os ladrões, os quais não herdarão o Reino de Deus (1 Co 6.9-10;
Rm 13.13; 1 Pe 3.3-5). Nosso posicionamento deve ser o de total condenação ao álcool.
À luz da Palavra, podemos dizer que o alcoolismo é um pecado grave contra o
Senhor e contra o corpo que é o templo do Espírito Santo (1 Co 6.19-20). O
consumo do álcool é tanto um vício como um pecado (Ef 5.18). O apóstolo Paulo
ainda recomendou ser: “não dado ao vinho […]” (1 Tm 3.3 ver ainda
1 Tm 3.8; Tt 1.7, 2.3). Na Santa Ceia Jesus não tomou vinho embriagante (Mt
26.29), Ele tomou “do fruto da vide” do grego “guenematos
tês ampelou”, indicando tratar-se do “suco fresco da uva” (Mt
26.29; Mc 14.25; Lc 22.18). Se fosse vinho fermentado (alcoólico) a palavra
seria “guenematos tês oinos”. O cristão não deve ingerir
vinho, cerveja com ou sem álcool, champanhe ou qualquer outra bebida mesmo que
seja considerada “leve”, mas, deve “afastar-se da aparência do mal” (1
Ts 5.22; 1Pe 3.11 ver Jó 28.28; Sl 34.14; 42.7a; Pv 4.27; 14.16; 27.12). A
Bíblia condena a embriaguez e o alcoolismo com veemência. O posicionamento do crente
a respeito da bebida alcoólica deve ser taxativo, é pecado usar bebida
alcoólica, e a Bíblia não faz concessão à bebedice. O vício é um tipo de
suicídio a prestação, onde a pessoa se auto-destroi.
3. As drogas
ilícitas e lícitas.
O termo “droga”
vem do grego “pharmakeia”, de onde vem a palavra
farmácia. As drogas podem ser ingeridas, inaladas ou injetadas e quase sempre
conduzem o indivíduo à dependência. Existem, pelo menos, dois tipos de drogas:
As drogas lícitas que se comercializam livremente,
tais como álcool, cigarros e alguns medicamentos; e as drogas ilícitas
que são proibidas e são comercializadas clandestinamente, como cocaína,
crack, heroína, maconha, etc. Há nas Escrituras várias referências que condenam
os vícios e seus funestos resultados (Pv 20.1; 21.7; 31.4; Is 5.22; 28.7; Ef
5.18). Deus condena terminantemente todo tipo de vício, inclusive as drogas. A
legislação brasileira se posiciona contra o uso e contra a venda de entorpecentes
(Lei nº 11.343/2006). […] o uso de entorpecentes é imoral,
antiético, bem como prejudicial à saúde do usuário e das pessoas do seu
convívio social (BAPTISTA, 2018, p. 126 – grifo nosso). O fato de não
haver de maneira explícita alguma orientação a respeito do fumo (cigarro), a
Bíblia não permite, em absoluto, considerar que seu uso seja permitido embora
seja uma droga “lícita”. Nem tudo que é lícito convém ao crente
mesmo que seja algo legalizado pela legislação (1 Co 10.23; 6.12).
III. POR QUE A BÍBLIA CONDENA O
USO DE DROGAS ILÍCITAS?
A palavra vício
significa: “condição de ser fisiologicamente ou psicologicamente
dependente de uma substância viciosa”. As drogas afetam a vida escolar,
financeira, profissional, familiar e, principalmente, espiritual. Apesar de a
Bíblia não falar especificamente sobre entorpecentes, podemos
observar que as Escrituras são contrárias ao seu uso. Vejamos porque:
3.1 Porque as
drogas escravizam e causam sofrimento.
As drogas
conduzem o ser humano à dependência química e ao vício. Deus não criou o homem
para viver dominado pelo vício (Rm 8.5,6). Por isso, o apóstolo Paulo diz que o
cristão não deve se deixar dominar por coisa alguma (1Co 6.12). Milhares de
pessoas sofrem no mundo por causa das drogas. Salomão diz que a bebida
fermentada provoca: brigas (Pv 20.1), pobreza (Pv
23.20,21), contenda (Pv 23.29,30), e injustiça (Pv
31.4,5).
3.2 Porque as
drogas conduzem o homem a perdição.
Se não houver o
arrependimento e o abandono do vício, os viciados em drogas não herdarão o
reino de Deus “[…] bebedices […] os que cometem tais coisas não herdarão
o reino de Deus” (Gl 5.21). O apóstolo Paulo ainda diz: “bêbados
[…] não herdarão o reino de Deus” (1 Co 6.9,10 ver ainda Rm 13.13; 1Pe
4.3-5).
3.4 Porque as
drogas destroem o corpo.
Assim como a
prostituição é um pecado deliberado contra o corpo (1 Co 6.18-20), também o são
as drogas (1Co 3.17). Nosso corpo é propriedade do Criador, e não podemos
violar os padrões de vida estabelecidos por Ele, nosso corpo, é templo do
Espírito Santo (1 Co 6.19). Deus considerava qualquer quantidade de bebida embriagante
incompatível com seus elevados padrões de piedade (Pv 23.29-35; 1Tm 3.3; Tt
2.2).
3.5 Porque as
drogas causam sofrimento ao usuário e ao próximo.
Apesar de o
viciado ser o principal prejudicado pelas drogas (Pv 5.22,23), os familiares
sofrem bastante com a situação (Pv 4.17; 23.29-35). É incontestável o fato de
que as drogas afastam o homem dos caminhos do Senhor (1 Co 6.10; Gl 5.21; 1Pe
4.3). Por trás dos vícios, existe uma influência maligna, com o intuito de
escravizar o ser humano e distanciá-lo de Deus. A Bíblia descreve claramente a
ação do diabo na humanidade (Jo 10.10; Ef 2.1,2; 1 Pe 5.8). A Bíblia adverte a
fugir dos desejos da mocidade (2 Tm 2.22).
CONCLUSÃO
Concluímos que a
Bíblia enaltece a vida moderada, o trabalho honesto e a boa administração da
família. Desse modo, as Escrituras
eliminam qualquer possibilidade de o cristão envolver-se na prática dos vícios
ou jogos de azar. De igual modo o cristão deve abster-se da prática de todo e
qualquer envolvimento com o uso de qualquer droga.
REFERÊNCIAS
ü
HENRY,
Carl (Org). Dicionário de Ética Cristã. Editora Cultura Cristã.
ü
BURNS,
J. Uma palavra sobre sexo, drogas & rock'n' roll. CPAD.
ü
BAPTISTA,
Douglas. Valores cristãos. CPAD.
ü STAMPS, Donald C.
Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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