1 Cr 29.10-14; 1 Tm
6.8-10
INTRODUÇÃO
A Bíblia deixa
claro que o dinheiro não é mau, mas adverte quanto ao uso correto que devemos
fazer dele. Nesta lição trataremos um pouco deste assunto; destacando ainda o
que Jesus falou a respeito do dinheiro e das posses; pontuaremos sobre a
importância da economia; e, ainda como fazermos uso do dinheiro de forma sábia.
I. A BÍBLIA E O DINHEIRO
O dinheiro em si
não representa pecado algum, pois todas as coisas pertencem a Deus, inclusive
as riquezas (Ag 2.8). Ele mesmo pode enriquecer alguém (1 Sm 2.7; Pv 10.22). A
questão é o uso que se faz do dinheiro ou a perspectiva que o crente tem em
relação a ele. Vejamos:
1. A Bíblia
adverte quanto à fonte do dinheiro.
Todos
necessitamos de dinheiro para nos mantermos. No entanto, a Bíblia faz severas
exortações quanto a forma correta de obtê-lo. Vivemos em dias extremamente
difíceis, onde a corrupção tem sido a prática mais comum entre as pessoas. No
Brasil, o “jeitinho brasileiro” é uma frase que alude a
desonestidade, e tem sido praticado com o intuito de utilizar de meios
desonestos para obter lucros ou vantagens. Devemos ter cuidado quanto à fonte
daquilo que pode nos proporcionar dinheiro, riquezas e bens (Pv 11.1; 20.10; Am
2.6). A Bíblia condena, por exemplo: o furto (Êx 20.15; Dt 5.19); o suborno (Pv
17.23; Dt 16.19; Mt 26.15); a prostituição (Dt 23.18); mercadejar com os dons
ou com o evangelho (2 Rs 5.15,16; At 8.18-22; 1 Tm 6.5; 2 Pe 2.3). O
proverbista nos diz: “a riqueza de procedência vã diminuirá, mas quem a
ajunta com o próprio trabalho a aumentará” (Pv 13.11). Não vale tudo
para se possuir algo. Lembremo-nos dos princípios cristãos da licitude (1
Co 6.12a), conveniência (1 Co 6.12b), edificação (1
Co 10.23), e da glorificação a Deus (1 Co 10.31). Devemos ajuntar
pelo trabalho honesto e digno que não viole nenhum princípio bíblico (Sl 128.2;
Ec 2.24; 5.18; Ef 4.28).
2. A Bíblia
adverte quanto ao uso do dinheiro.
Possuir bens e
ter dinheiro é bom, e a riqueza em si não é má. O que fazemos com ela pode sim
transformar-se em algo danoso. Os ensinamentos de Jesus e dos apóstolos deixam
claro que os bens materiais se não forem administrados com sabedoria, para benefício
próprio, da obra de Deus e do próximo se constituem num tropeço que poderá
impedir o possuidor de entrar no Reino dos Céus (Mc 10.23; Lc 6.24; 1 Jo 2.15;
Tg 5.1). Nabal, um rico fazendeiro do AT, negou-se ajudar a Davi quando este
precisou (1 Sm 25.8-12); o filho pródigo gastou a herança do Pai com o pecado
(Lc 15.14,30); outro rico que vestia-se de púrpura, enquanto Lázaro jazia a sua
porta comendo migalhas (Lc 16.19-21); o rico insensato se preocupou apenas com
o seu bem-estar material e esqueceu da sua alma (Lc 12.16-20). Jó foi um
exemplo de alguém que procurou aliviar o sofrimento alheio com suas posses (Jó
29.13).
3. A Bíblia
adverte quanto ao apego ao dinheiro.
De fato, a
Bíblia condena o amor ao dinheiro, dizendo que é a “raiz de toda espécie de
males” (1 Tm 6.10) e não a aquisição dele (Ef 4.28; 1 Ts 4.11). Condena
também a confiança nas riquezas (Sl 49.6,7; 52.7; 62.10; Pv 11.28; Jr 9.23; Mc
10.24; 1 Tm 6.17). Vejamos algumas práticas nocivas em relação às riquezas:
MALES
|
SIGNIFICADO
|
REFERÊNCIAS
|
Avareza
|
Excessivo e
sórdido apego ao dinheiro
|
Pv 15.27; Lc
12.15; Rm 1.29; Ef 5.3; Cl 3.5; Hb 13.5
|
Orgulho
|
Conceito
elevado ou exagerado de si próprio; amor-próprio demasiado; soberba
|
Dt 32.15; Pv
21.4; Jr 9.23; Dn 4.29,30
|
Egoísmo
|
Amor excessivo
ao bem próprio, sem consideração aos interesses alheios
|
1 Sm 25.1-11;
Lc 12.16-21;
2 Tm 3.4
|
II. JESUS E O DINHEIRO
A cultura
judaica dos dias de Jesus acreditava que riqueza era um sinal de um favor
especial de Deus, e que aqueles que a possuíam deveriam ser tratados com
deferência (GONÇALVES, 2011, p. 76). Todavia, Jesus explicou que é difícil
entrar um rico no Reino dos Céus (não impossível, mas difícil) (Mt
19.24). Abaixo destacaremos alguns ensinamentos de Cristo sobre as riquezas:
· Não devemos buscar as
riquezas como prioridade, mas o reino dos céus (Mt 6.33);
· Não devemos colocar o
coração nas coisas materiais, mas nas espirituais (Mt 6.19-21; Lc 12.34);
· Não devemos ganhar o mundo
às custas da alma (Mt 16.26; Mc 8.36);
· Devemos manter uma
perspectiva eterna e juntar tesouros no céu “onde traça nem ferrugem
corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam” (Mt 6.19-21);
· Devemos ser ricos para
com Deus e não apenas financeiramente (Lc 12.21);
· Devemos ter cuidado com
a sedução das riquezas, pois elas podem sufocar a palavra semeada no coração (Mt
13.22; Mc 4.19; Lc 8.14);
· Devemos ter a nossa vida
centrada em Deus e não nas coisas (Mt 6.25-34);
· Devemos estar
satisfeitos com aquilo que temos (Pv 30.7-9; 1 Tm 6.8).
III. A BÍBLIA E A ECONOMIA
A palavra “economia”
segundo o Houaiss significa: “gerenciamento de uma casa,
especificamente das despesas domésticas” (HOUAISS, 2001, p. 1097). Um
dos aspectos do fruto do Espírito é o domínio próprio (Gl 5.22) que também pode
ser traduzido por equilíbrio. Este equilíbrio deve estar presente em todas as
áreas da nossa vida, inclusive na financeira. Batista (2018, p. 148) nos diz
que: “a saúde financeira não depende de quanto ganhamos, mas de como gastamos
o que ganhamos”. Notemos o que a Bíblia nos orienta quanto à economia:
1. Evitemos o
desperdício.
Nunca devemos
comprar o que não necessitamos, e nem gastar além do que ganhamos. Deus não se
alegra com o desperdício. Quando Deus mandou que sacrificassem o cordeiro da
Páscoa, se a família fosse pequena deveria agregar-se a outra, para que
comessem juntas, a fim de não estragar comida (Êx 12.1-4). Na ocasião que
enviou o maná para o povo de Israel, os orientou, através de Moisés, que apenas
recolhessem a porção diária, o tanto quanto podia comer (Êx 16.14-18). Jesus
quando multiplicou pães e peixes, ordenou depois que a multidão comeu que as
sobras fossem recolhidas: “Recolhei os pedaços que sobejaram, para que
nada se perca” (Jo 6.12).
2. Planejemos os
nossos gastos.
Jesus deixou
claro que o crente só deve iniciar um empreendimento depois de planejar e ter a
certeza de que vai conseguir concluí-lo (Lc 14.28-32). Ainda que neste texto
ele estivesse falando sobre a responsabilidade em segui-lo, tal princípio é
perfeitamente útil para as demais áreas da vida, inclusive a financeira.
3. Economizemos
o máximo.
Dentro das
possibilidades, o crente deve ter uma reserva financeira, visando dias maus que
possam lhe sobrevir. Esse princípio fica evidente na administração de José na
terra do Egito (Gn 41.33-35). Para que se consiga isso, são necessários
equilíbrio e sabedoria por parte do servo de Deus (Pv 12.24; 25.28).
IV. FAZENDO USO DO DINHEIRO DE
FORMA SÁBIA
1. Provisão
familiar.
É
responsabilidade do pai ser o provedor do lar (Gn 3.19; Sl 128.1,2), podendo,
se necessário, ser auxiliado pela esposa (Gn 2.18; Pv 31.24). A Bíblia também
orienta que os pais devem preocupar-se com o futuro dos filhos (Pv 19.14); como
também com o bem estar dos demais parentes, quando necessário (Êx 20.12; Mt
15.3-6; 1 Tm 5.8).
2. Contribuir
com a obra de Deus.
A palavra dízimo
significa: “décima parte de uma importância ou quantia”. O Dízimo,
então, é uma oferta entregue voluntariamente à obra de Deus, constituindo-se da
décima parte da renda do adorador. É um ato de fé, amor e devoção àquele que
tudo nos concede. A prática do dízimo está registrada antes da Lei (Gn
14.18-20; 28.18-22); na Lei (Nm 18.21-32; Dt 12.1-14; 14.22-29); nos livros
poéticos (Pv 3.9); proféticos (Ml 3.10); nos evangelhos (Mt 23.23); e, nas
epístolas (1 Co 9.9-14).
3. Pagar as
contas pontualmente.
É necessário que
sejamos cumpridores dos nossos compromissos financeiros. Comprar e não pagar é
um ato típico daqueles que não temem a Deus (Hc 2.6,7; Rm 1.31). Fomos chamados
para fazer a diferença como sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13,14). Nossas
atitudes honestas levam os homens a glorificar a Deus: “Assim resplandeça
a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e
glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5.16).
4. Ajudar ao
próximo.
Atender ao pobre
e ao necessitado é um preceito bíblico (Lv 23.22; Dt 15.11; Sl 41.1; 82.3). Nos
dias da igreja primitiva, a igreja não só pregava o evangelho, mas também,
atendia aqueles que necessitavam de socorro material (Gl 2.9,10). Paulo ensinou
claramente que além do sustento pessoal devemos nos preocupar em aliviar o sofrimento
alheio “[...] trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o
que repartir com o que tiver necessidade” (Ef 4.28). Ser generoso e
solidário também é um dever do cristão (Hb 13.2; Tg 2.14-17; 1 Jo 3.17,18).
CONCLUSÃO
A Bíblia não
condena a aquisição de dinheiro e bens, desde que seja de forma lícita. Ela nos
instrui também que tudo aquilo que possuímos deve honrar a Deus, deve ser para
nosso sustento e para aliviar o sofrimento do próximo.
REFERÊNCIAS
ü CHAMPLIN,
R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
ü GONÇALVES,
José. A prosperidade à luz da Bíblia. CPAD.
ü HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
ü STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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