sábado, 2 de junho de 2018

LIÇÃO 10 – ÉTICA CRISTÃ E VIDA FINANCEIRA (SUBSÍDIO)


  


1 Cr 29.10-14; 1 Tm 6.8-10




INTRODUÇÃO
A Bíblia deixa claro que o dinheiro não é mau, mas adverte quanto ao uso correto que devemos fazer dele. Nesta lição trataremos um pouco deste assunto; destacando ainda o que Jesus falou a respeito do dinheiro e das posses; pontuaremos sobre a importância da economia; e, ainda como fazermos uso do dinheiro de forma sábia.


I. A BÍBLIA E O DINHEIRO
O dinheiro em si não representa pecado algum, pois todas as coisas pertencem a Deus, inclusive as riquezas (Ag 2.8). Ele mesmo pode enriquecer alguém (1 Sm 2.7; Pv 10.22). A questão é o uso que se faz do dinheiro ou a perspectiva que o crente tem em relação a ele. Vejamos:

1. A Bíblia adverte quanto à fonte do dinheiro.
Todos necessitamos de dinheiro para nos mantermos. No entanto, a Bíblia faz severas exortações quanto a forma correta de obtê-lo. Vivemos em dias extremamente difíceis, onde a corrupção tem sido a prática mais comum entre as pessoas. No Brasil, o “jeitinho brasileiro” é uma frase que alude a desonestidade, e tem sido praticado com o intuito de utilizar de meios desonestos para obter lucros ou vantagens. Devemos ter cuidado quanto à fonte daquilo que pode nos proporcionar dinheiro, riquezas e bens (Pv 11.1; 20.10; Am 2.6). A Bíblia condena, por exemplo: o furto (Êx 20.15; Dt 5.19); o suborno (Pv 17.23; Dt 16.19; Mt 26.15); a prostituição (Dt 23.18); mercadejar com os dons ou com o evangelho (2 Rs 5.15,16; At 8.18-22; 1 Tm 6.5; 2 Pe 2.3). O proverbista nos diz: “a riqueza de procedência vã diminuirá, mas quem a ajunta com o próprio trabalho a aumentará” (Pv 13.11). Não vale tudo para se possuir algo. Lembremo-nos dos princípios cristãos da licitude (1 Co 6.12a), conveniência (1 Co 6.12b), edificação (1 Co 10.23), e da glorificação a Deus (1 Co 10.31). Devemos ajuntar pelo trabalho honesto e digno que não viole nenhum princípio bíblico (Sl 128.2; Ec 2.24; 5.18; Ef 4.28).

2. A Bíblia adverte quanto ao uso do dinheiro.
Possuir bens e ter dinheiro é bom, e a riqueza em si não é má. O que fazemos com ela pode sim transformar-se em algo danoso. Os ensinamentos de Jesus e dos apóstolos deixam claro que os bens materiais se não forem administrados com sabedoria, para benefício próprio, da obra de Deus e do próximo se constituem num tropeço que poderá impedir o possuidor de entrar no Reino dos Céus (Mc 10.23; Lc 6.24; 1 Jo 2.15; Tg 5.1). Nabal, um rico fazendeiro do AT, negou-se ajudar a Davi quando este precisou (1 Sm 25.8-12); o filho pródigo gastou a herança do Pai com o pecado (Lc 15.14,30); outro rico que vestia-se de púrpura, enquanto Lázaro jazia a sua porta comendo migalhas (Lc 16.19-21); o rico insensato se preocupou apenas com o seu bem-estar material e esqueceu da sua alma (Lc 12.16-20). Jó foi um exemplo de alguém que procurou aliviar o sofrimento alheio com suas posses (Jó 29.13).

3. A Bíblia adverte quanto ao apego ao dinheiro.
De fato, a Bíblia condena o amor ao dinheiro, dizendo que é a “raiz de toda espécie de males” (1 Tm 6.10) e não a aquisição dele (Ef 4.28; 1 Ts 4.11). Condena também a confiança nas riquezas (Sl 49.6,7; 52.7; 62.10; Pv 11.28; Jr 9.23; Mc 10.24; 1 Tm 6.17). Vejamos algumas práticas nocivas em relação às riquezas:

MALES
SIGNIFICADO
REFERÊNCIAS

Avareza

Excessivo e sórdido apego ao dinheiro

Pv 15.27; Lc 12.15; Rm 1.29; Ef 5.3; Cl 3.5; Hb 13.5

Orgulho

Conceito elevado ou exagerado de si próprio; amor-próprio demasiado; soberba

Dt 32.15; Pv 21.4; Jr 9.23; Dn 4.29,30


Egoísmo

Amor excessivo ao bem próprio, sem consideração aos interesses alheios


1 Sm 25.1-11; Lc 12.16-21;
2 Tm 3.4



II. JESUS E O DINHEIRO
A cultura judaica dos dias de Jesus acreditava que riqueza era um sinal de um favor especial de Deus, e que aqueles que a possuíam deveriam ser tratados com deferência (GONÇALVES, 2011, p. 76). Todavia, Jesus explicou que é difícil entrar um rico no Reino dos Céus (não impossível, mas difícil) (Mt 19.24). Abaixo destacaremos alguns ensinamentos de Cristo sobre as riquezas:
·     Não devemos buscar as riquezas como prioridade, mas o reino dos céus (Mt 6.33);
·     Não devemos colocar o coração nas coisas materiais, mas nas espirituais (Mt 6.19-21; Lc 12.34);
·     Não devemos ganhar o mundo às custas da alma (Mt 16.26; Mc 8.36);
·     Devemos manter uma perspectiva eterna e juntar tesouros no céu “onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam” (Mt 6.19-21);
·     Devemos ser ricos para com Deus e não apenas financeiramente (Lc 12.21);
·     Devemos ter cuidado com a sedução das riquezas, pois elas podem sufocar a palavra semeada no coração (Mt 13.22; Mc 4.19; Lc 8.14);
·     Devemos ter a nossa vida centrada em Deus e não nas coisas (Mt 6.25-34);
·     Devemos estar satisfeitos com aquilo que temos (Pv 30.7-9; 1 Tm 6.8).


III. A BÍBLIA E A ECONOMIA
A palavra “economia” segundo o Houaiss significa: “gerenciamento de uma casa, especificamente das despesas domésticas” (HOUAISS, 2001, p. 1097). Um dos aspectos do fruto do Espírito é o domínio próprio (Gl 5.22) que também pode ser traduzido por equilíbrio. Este equilíbrio deve estar presente em todas as áreas da nossa vida, inclusive na financeira. Batista (2018, p. 148) nos diz que: “a saúde financeira não depende de quanto ganhamos, mas de como gastamos o que ganhamos”. Notemos o que a Bíblia nos orienta quanto à economia:

1. Evitemos o desperdício.
Nunca devemos comprar o que não necessitamos, e nem gastar além do que ganhamos. Deus não se alegra com o desperdício. Quando Deus mandou que sacrificassem o cordeiro da Páscoa, se a família fosse pequena deveria agregar-se a outra, para que comessem juntas, a fim de não estragar comida (Êx 12.1-4). Na ocasião que enviou o maná para o povo de Israel, os orientou, através de Moisés, que apenas recolhessem a porção diária, o tanto quanto podia comer (Êx 16.14-18). Jesus quando multiplicou pães e peixes, ordenou depois que a multidão comeu que as sobras fossem recolhidas: “Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca” (Jo 6.12).

2. Planejemos os nossos gastos.
Jesus deixou claro que o crente só deve iniciar um empreendimento depois de planejar e ter a certeza de que vai conseguir concluí-lo (Lc 14.28-32). Ainda que neste texto ele estivesse falando sobre a responsabilidade em segui-lo, tal princípio é perfeitamente útil para as demais áreas da vida, inclusive a financeira.

3. Economizemos o máximo.
Dentro das possibilidades, o crente deve ter uma reserva financeira, visando dias maus que possam lhe sobrevir. Esse princípio fica evidente na administração de José na terra do Egito (Gn 41.33-35). Para que se consiga isso, são necessários equilíbrio e sabedoria por parte do servo de Deus (Pv 12.24; 25.28).


IV. FAZENDO USO DO DINHEIRO DE FORMA SÁBIA
1. Provisão familiar.
É responsabilidade do pai ser o provedor do lar (Gn 3.19; Sl 128.1,2), podendo, se necessário, ser auxiliado pela esposa (Gn 2.18; Pv 31.24). A Bíblia também orienta que os pais devem preocupar-se com o futuro dos filhos (Pv 19.14); como também com o bem estar dos demais parentes, quando necessário (Êx 20.12; Mt 15.3-6; 1 Tm 5.8).

2. Contribuir com a obra de Deus.
A palavra dízimo significa: “décima parte de uma importância ou quantia”. O Dízimo, então, é uma oferta entregue voluntariamente à obra de Deus, constituindo-se da décima parte da renda do adorador. É um ato de fé, amor e devoção àquele que tudo nos concede. A prática do dízimo está registrada antes da Lei (Gn 14.18-20; 28.18-22); na Lei (Nm 18.21-32; Dt 12.1-14; 14.22-29); nos livros poéticos (Pv 3.9); proféticos (Ml 3.10); nos evangelhos (Mt 23.23); e, nas epístolas (1 Co 9.9-14).

3. Pagar as contas pontualmente.
É necessário que sejamos cumpridores dos nossos compromissos financeiros. Comprar e não pagar é um ato típico daqueles que não temem a Deus (Hc 2.6,7; Rm 1.31). Fomos chamados para fazer a diferença como sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13,14). Nossas atitudes honestas levam os homens a glorificar a Deus: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5.16).

4. Ajudar ao próximo.
Atender ao pobre e ao necessitado é um preceito bíblico (Lv 23.22; Dt 15.11; Sl 41.1; 82.3). Nos dias da igreja primitiva, a igreja não só pregava o evangelho, mas também, atendia aqueles que necessitavam de socorro material (Gl 2.9,10). Paulo ensinou claramente que além do sustento pessoal devemos nos preocupar em aliviar o sofrimento alheio “[...] trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade” (Ef 4.28). Ser generoso e solidário também é um dever do cristão (Hb 13.2; Tg 2.14-17; 1 Jo 3.17,18).


CONCLUSÃO
A Bíblia não condena a aquisição de dinheiro e bens, desde que seja de forma lícita. Ela nos instrui também que tudo aquilo que possuímos deve honrar a Deus, deve ser para nosso sustento e para aliviar o sofrimento do próximo.



REFERÊNCIAS
ü  CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
ü  GONÇALVES, José. A prosperidade à luz da Bíblia. CPAD.
ü  HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
ü  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.




Por Rede Brasil de Comunicação.




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