Lc 12.36-38; 42-46
INTRODUÇÃO
Nesta lição
definiremos o termo mordomo e o termo fidelidade; destacaremos a parábola de
Lucas 12.42-46 onde Jesus exorta quanto a importância da fidelidade na mordomia
do que recebemos de Deus; falaremos da importância de sermos fieis em todos os
sentidos; e por fim, trataremos a respeito do Tribunal de Cristo onde o Mestre
Jesus recompensará a cada mordomo fiel segundo a sua obra.
I.
DEFINIÇÕES
1. Definição secular e exegética de mordomo. O dicionário
diz que mordomo: “é um indivíduo encarregado de administrar, em residência alheia, as
tarefas domésticas cotidianas, distribuindo-as entre os demais empregados”
(HOUAISS, 2001, p. 1960). A palavra grega mais comum, frequentemente no NT, é “oikonomos”
(TENNEY, 2008, p. 377). O “oikonomos” denotava primariamente “o
administrador de uma casa ou propriedade”, formado de “oikos”,
denotando “casa”, e “nemo” que significa: “arranjar,
organizar” (VINE, 2002, p. 800). Essa palavra é mais traduzida como “despenseiro”.
A ideia de despenseiro aparece somente no Novo Testamento, quando o original
grego usa a palavra “oikonomos”, que significa: “gerente
da casa” (Lc 12.42; 16.1,3,8; Rm 16.23; 1 Co 4.1,2; Gl 4.2; Tt 1.7; 1 Pe
4.10); ou quando usa a palavra “epitropos”, que quer dizer: “encarregado”,
que aparece por três vezes (Mt 20.8; Lc 8.3; Gl 4.2).
2. Fidelidade. O dicionarista Houaiss diz que:
“fidelidade”
significa: “respeito quase venerável por alguém ou algo; lealdade; constância nos
compromissos assumidos com outrem; compromisso que pressupõe dedicação amorosa
à pessoa com quem se estabelece um vínculo afetivo de alguma natureza”
(2001, p. 1337). O dicionário de Strong diz que a palavra “fidelidade” no grego “pistis”
significa: “verdadeiro; pessoas que mostram-se fiéis na transação de negócios, na
execução de comandos, ou no desempenho de obrigações oficiais; alguém que
manteve a fé com a qual se comprometeu, digno de confiança”.
II.
A IMPORTÂNCIA DA FIDELIDADE NA MORDOMIA
Em Lucas
12.42-46, Jesus contou a parábola acerca da fidelidade. Esta é uma parábola de
cunho escatológico e é extremamente exortativa quanto a necessidade de sermos
fieis mordomos até o retorno de Cristo. Abaixo destacaremos algumas informações
sobre esta parábola. Vejamos:
1. O senhor da parábola (Lc 12.42).
Este senhor da
parábola trata-se provavelmente de um fazendeiro ou de um grande empresário que
tinha servos a sua disposição (Lc 12.42.46). Este senhor precisou ausentar-se
um pouco de sua casa, para uma viagem. A Bíblia nos mostra que quanto ao dia e
a hora do seu retorno são incertos (Lc 12.46).
2. Os servos da parábola (Lc 12.42,45).
Lucas usa a
palavra “mordomo” no grego “oikonomos” que significa: “pessoa
que administra os assuntos domésticos de uma família” (VINE, 2001, p.
447). Via de regra, havia apenas um mordomo na casa (Gn 15.2; 41.40; 45.8; 1 Rs
18.3; Lc 16.1; At 8.27). O texto diz que o senhor nomeou “um servo” para ser “mordomo”
dos outros servos (Lc 12.42). O texto deixa entender este servo poderia ser “fiel
e prudente” (Lc 12.42) ou infiel: “Mas, se aquele servo” uma
referência hipotética ao mesmo servo do início da parábola (Lc 12.45). Diante
disto, fica mais claro no texto, a possibilidade de que a narrativa esteja
falando apenas de um servo, que poderá ter uma atitude positiva ou negativa. No
entanto, a maioria dos intérpretes preferem a ideia de se tratarem de dois
servos. Sob esta perspectiva, analisaremos abaixo o comportamento de ambos. Notemos:
A) O servo fiel da parábola (Lc 12.42,43).
É dito que, se
este servo ou mordomo foi fiel e prudente no exercício da função que lhe foi
confiada até ao retorno do seu patrão. A fidelidade e a prudência são virtudes
destacadas na Bíblia (Pv 12.22; 14.33; 14.35; 28.20; Mt 7.24; 25.23; 1 Co 4.2;
Ef 5.15). O servo que agir assim será tido por “bem-aventurado” e, como
recompensa, receberá privilégios e responsabilidades aumentados: “Em
verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens” (Lc 12.44). 2.3 O
servo infiel da parábola (Lc 12.45). Com a partida de seu senhor, este servo,
em seu coração, imaginou que, porque o seu patrão estava ausente e ia demorar a
voltar, decidiu comportar-se de forma violenta e pecaminosa. Sua deficiência se
mostrou tanto doutrinária “O meu senhor tarda em vir” (Lc 12.45a);
quanto moral, pois começou a “a espancar os criados e criadas, e a comer,
e a beber, e a embriagar-se” (Lc 12.45b). Quando da volta do seu
senhor, este servo infiel será punido severamente: “e separá-lo-á, e lhe dará a sua
parte com os hipócritas” (Lc 12.46).
III.
FIDELIDADE EM TRÊS DIREÇÕES
A fidelidade é
de uma importância vital para a vida cristã em três aspectos, vejamos:
1. Fidelidade a Deus.
Deus sempre
exigiu fidelidade no relacionamento das suas criaturas. Exigiu de Abraão (Gn
17.1); de Isaque (Gn 26.1-5); de Jacó (Gn 35.1-4); do povo de Israel (Dt
28.1-14). Jesus, exigiu fidelidade daqueles que desejavam segui-lo (Jo 8.31). A
fidelidade é uma prova de amor (Jo 14.15,21).
2. Fidelidade ao próximo.
O crente deve
agir com fidelidade aos que estão à sua volta, tendo algumas atitudes, tais
como: a) mantendo sempre sua palavra
(Mt 5.37;1 Tm 3.8); b) assumindo as
responsabilidades no lar (Ef 5.22-28; 6.1-4; 1 Tm 5.8); c) cooperando na obra de Deus (1Co 4.1,17; 6.21); d) sendo fiel com o que é alheio (Mt
24.45,46; Lc 16.1-12); como empregado (Ef 6.5-8; Cl 3.22-25); ou como
empregador (Ef 6.9; Cl 4.1).
3. Fidelidade a si mesmo.
Nesse aspecto a
fidelidade é vista quando somos aquilo que dizemos ser. Davi em um de seus
Salmos afirma: “Aborreço a duplicidade, porém amo a tua lei” (Sl 119.113). Quem
vive uma vida dúbia, é inconstante, não há firmeza nem resistência (Tg 1.8).
Deus quer que sejamos o que dizemos que somos, não mostrando duplicidade ou falsidade
quanto a nossa devoção a Ele (1 Sm 12.24).
IV.
O TRIBUNAL DE CRISTO: O DIA DO JULGAMENTO DA NOSSA MORDOMIA
Tribunal de
Cristo é o primeiro dos eventos depois do Arrebatamento da Igreja. Paulo
refere-se ao Tribunal como o “bema” (2 Co 5.10). O bema era um
estrado ou plataforma, utilizado por oradores (púlpito) e atletas (pódio). Os
bemas históricos eram plataformas elevadas em que governantes ou juízes se
sentavam para fazer discursos (At 12.21) ou julgar casos (At 18.12-17). O
Tribunal de Cristo é visto por alguns apenas como um lugar de recompensas
(LAHAYE, 2009, p. 462). Paulo, entretanto, chama-o de um lugar de compensação.
O Senhor atenta para o que fazemos, seja bom ou mau e seremos compensados de
acordo com nossas obras (1 Co 3.10-15) (Ídem, 2009, pp. 204, 205).
V.
O QUE SERÁ JULGADO DA NOSSA MORDOMIA
No
Arrebatamento, Jesus, que conhece as nossas obras (Ap 2.2,9,13,19; 3.8,15),
trará consigo o resultado, a avaliação de nosso trabalho. Existem cinco
critérios deste julgamento que envolvem: a)
a “lei
da liberdade cristã” (Tg 2.12); b)
a qualidade do trabalho que fazemos para Deus (Mt 20.1-16); c) o “material” empregado no
trabalho feito para Deus (1Co 3.8,12-15); d)
a conduta do crente por meio do seu corpo (2 Co 5.10); e, e) os motivos secretos do nosso coração (1 Co 4.5; Rm 2.16)
(GILBERTO, 2009, p. 376). O propósito do julgamento dos crentes diante do
Tribunal de Cristo é determinar se as obras de cada um foram dignas ou não. A
avaliação incluirá as obras em si, o zelo com que foram realizadas e o que as
motivou. Vejamos:
1. As obras.
Aquilo que uma
pessoa faz por Deus é registrado em um memorial diante do Senhor dos Exércitos
(Ml 3.16- 18). As Escrituras prometem recompensas específicas para obras
específicas (Mt 5.11-12; Lc 6.21-22; 14.12-14). Deus recompensará os crentes
por todas as ações que tiverem mérito ou valor eterno.
A) As boas obras.
Boas obras do
grego “agathos” podem ser definidas como aquelas que têm sido “manifestas,
porque feitas em Deus” (Jo 3.21; Ef 6.7-8; 1 Ts 1.3). As boas obras são
representadas por ouro, prata e pedras preciosas. As boas obras também são
chamadas de “fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e
louvor de Deus” (Fp 1.11; 2.13).
B) As más obras.
Paulo falou
sobre a possibilidade de ser “reprovado” ao não conseguir viver
fielmente (1Co 9.24-27). Más ações do grego “phaulos” são desprezíveis
aos olhos de Deus. Podem ser chamadas de “obras mortas” ou “obras
da carne”. O perigo de produzir obras da carne reside no fato de que o
trabalho do crente acaba sendo em vão, inútil ou vazio (1 Co 15.58; 1 Tm 6.20;
2 Tm 2.16; G1 4.9; Tt 3.9; Tg 1.26). Obras más não possuem qualidade, por isso
são caracterizadas como madeira, feno e palha
que são materiais de pouco valor ou durabilidade. Estas são as ações produzidas
a partir de motivações erradas (1 Jo 2.28).
2. A Motivação.
Deus sonda a
nossa mente e o nosso coração a fim de nos determinar a recompensa. A motivação
de nossas obras também será revelada no Tribunal de Cristo (Lc 12.2-3). O
propósito ou motivação de um coração legitima ou invalida os atos de uma vida
(Mt 5.16; 6.1-21). Quando as obras são feitas para que outros as vejam,
perdem-se as recompensas, pois, os desígnios do coração do homem serão
manifestos. (1 Co 4-5; Ap 2.23). Embora um serviço exercido por motivos errados
possa resultar na perda de recompensas, ele ainda pode ter efeitos eternos (Fp
1.14-19).
CONCLUSÃO
Deus exige
fidelidade de todos aqueles que professam ser seus servos; para os que assim
procedem, Ele tem reservado um dia, em que por meio de Seu Filho, Jesus Cristo,
recompensará a cada mordomo.
REFERÊNCIAS
Ø GILBERTO, et al. Teologia
Sistemática Pentecostal. CPAD.
Ø LOCKYER, John. Todas
as Parábolas da Bíblia. VIDA.
Ø PENTECOST, J.
Dwight. Manual de Escatologia. VIDA.
Ø STAMPS, Donald C.
Bíblia
de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø VINE, W.E, et al.
Dicionário
Vine. CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.