Gn 1.26-30
INTRODUÇÃO
Nesta lição
aprenderemos sobre o significado do termo “terra” à luz das Escrituras; veremos
também, que o universo foi criado por Deus e quais os seus propósitos em
relação aos homens; destacaremos os princípios do cuidado com a criação,
partindo do exemplo de Adão e Eva; e por fim, veremos os deveres cristãos no
exercício da mordomia do cuidado com a terra.
I.
DEFINIÇÃO DA PALAVRA TERRA
No Antigo
Testamento duas palavras são frequentemente usadas para terra; o termo: “érets”
que denota: o planeta inteiro, como também algumas partes que compõem a terra; país
(Gn 1.1,2,10-12; 2.1; 4.12; Êx 8.17; 10.5; Lv 11.2,21; Jó 1.7; 2.2); como
também a palavra: “adamah” que aponta mais diretamente para o solo cultivável (Gn
1.25; 2.6; Êx 10.6; Dt 4.10; 1Sm 4.12). Já no Novo Testamento, temos a
expressão grega: “gê”, podendo indicar: “o próprio globo terrestre, como o solo, uma
região, um país, os habitantes da terra” (Mt 5.5,13,18; 10.34; João
17.4; At 1.8; Rm 10.18; 1 Co 8.5; Ef 1.10; Ap 1.5,7,10; 5.3; 10.2; 21.1,24)
(CHAMPLIN, 2004, p. 388 – acréscimo nosso).
II.
DEUS CRIOU A TERRA
A Bíblia não da
suporte para a teoria da evolução, pois inicia afirmando o criacionismo: “No
princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1 ver Sl 104.5). O que
evoluiria seria a ciência, as pesquisas, o saber (Dn 12.4). Notemos então, os
propósitos de Deus na criação em relação a terra:
1. Para que o homem pudesse viver de forma saudável.
Assim nos
informa o escritor sagrado: “E plantou o SENHOR Deus um jardim no Éden,
da banda do Oriente, e pôs ali o homem que tinha formado” (Gn 2.8). A
palavra Éden significa: “deleite” ou “lugar de muita água”,
indica que esse jardim era um paraíso vindo das mãos de Deus, criado para
proporcionar o melhor ambiente possível para o primeiro casal. Neste sossegado
lugar de indescritível beleza, o homem devia desfrutar da comunhão e do
companheirismo do Criador, e trabalhar de acordo com o esquema divino para a
realização de Sua vontade perfeita. Um adequado suprimento de água era
fornecido por um vasto sistema de irrigação, um emaranhado de rios que brotavam
dentro e à volta do jardim, dando-lhe vida (Gn 2.9,10-14).
2. Para que o homem pudesse desfrutar dela.
As árvores que
Deus plantou no jardim não eram apenas para mostrar a beleza de Sua criação (Gn
1.31; Ec 3.11), mas para a provisão diária de suas criaturas: “E o
SENHOR Deus fez brotar da terra toda árvore agradável à vista e boa para
comida […]” (Gn 2.9). Deus, portanto, criou a terra para que o
homem pudesse desfrutar dela de forma equilibrada (Gn 2.16), para seu
mantimento e deleite pessoal (Gn 1.29,30; Sl 104.14,15).
3. Para que o
homem pudesse cuidar dela.
Os homens foram
criados para ter domínio sobre a Terra (Gn 1.26,28). Adão e Eva foram os
primeiros regentes da criação de Deus (Sl 8.6-8). Assim declara o salmista: “Os
céus são os céus do Senhor, mas a terra deu-a ele aos filhos dos homens”
(Sl 115.16), de modo que dentro desta administração inclui o cuidado necessário
com a terra: “E tomou o SENHOR Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o
lavrar e o guardar” (Gn 2.15). Entre as responsabilidades de Adão
quanto a sua mordomia do cuidado com a terra, destacamos: a) deveria estabelecer-se no Éden e cuidar especialmente desse
lindo jardim paradisíaco (Gn 2.15); b)
deveria dar nomes a todas as criaturas (Gn 2.19,20); c) deveria reproduzir-se e popular a terra com sua espécie (Gn
1.28); e, d) deveria deleitar-se dos
frutos de diversas árvores (exceto uma, a árvore do conhecimento do bem e do
mal) (Gn 2.16).
III.
ADÃO E O CUIDADO COM A TERRA
1. A elevada posição do ser humano na criação.
Ao criar o
homem, o Senhor lhe deu uma elevada posição diante de toda a criação (Gn 1.28;
Sl 8.6). Segundo Berkof (2000, p. 174): “O homem é descrito como alguém que
está no ápice de todas as ordens criadas. Foi coroado como rei da criação
inferior e recebeu domínio sobre todas as criaturas inferiores. Como tal, foi seu
dever e privilégio tornar toda natureza e todos os seres criados, que foram
colocados sob seu governo, subservientes à sua vontade a o seu propósito, para
que ele e todos os seus gloriosos domínios magnificassem o onipotente Criador e
Senhor do universo”. Sua posição destacada fica evidente quando lemos que: “[…]
Deus
os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra,
e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos
céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra” (Gn 1.28).
2. Os deveres de Adão e Eva na mordomia da terra.
Deus ao criar o
ser humano segundo a sua imagem (Gn 1.27), tinha como propósito, entre outras
razões, permitir que Adão governasse a terra: “[…] e domine sobre os peixes
do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra,
e sobre todo o réptil que se move sobre a terra (Gn 1.26). O homem
deveria exercer autoridade sobre toda a natureza (Sl 8.6-8). O Novo Testamento
deixa claro que o homem foi feito para exercer domínio, sobre toda a criação
(Hb 2.5-8). O escritor bíblico informa: “E tomou o SENHOR Deus o homem e o pôs no
jardim do Éden para o lavrar e o guardar” (Gn 2.15). A
palavra guardar denota a ideia de manter, Deus estava ensinando a Adão sobre a
necessidade de trabalhar para preservar o jardim, a fim de que não se tornasse
um ambiente desordenado. Desde o princípio do mundo, Deus teve a preocupação de
conservar a ecologia da terra.
3. O pecado de Adão e as suas consequências sobre a
terra.
Por ocasião da entrada
do pecado no mundo através de Adão (Gn 3; Rm 5.12; 1Co 15.22), sobrevieram
consequências físicas e espirituais (Gn 3.14-16; Rm 3.23). A Queda não atingiu
apenas o homem, mas também toda natureza, é o que fica claro quando lemos: “E a
Adão disse: […] maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela
todos os dias da tua vida. Espinhos e cardos também te produzirá [...]”
(Gn 3.17,18), de modo que além da terra passar a produzir espinhos e cardos, a
realidade do pecado na esfera humana, também mudou a relação entre homens e
animais: “E será o vosso temor e o vosso pavor sobre todo animal da terra
e sobre toda ave dos céus […]” (Gn 9.2), os animais passaram a possuir
ferocidade (Is 65.25), e estes passaram a pertencer a dieta alimentícia do
homem (Gn 1.29,30; 9.3; Dt 12.15; Rm 14.2,3,6). O apóstolo Paulo retrata a
condição da terra após o pecado como: a)
sujeita a vaidade (Rm 8.20); b)
gemendo como dores de parto (Rm 8.22); e, c)
em expectativa de restauração (Rm 8.19,21).
IV.
A MORDOMIA CRISTÃ NO CUIDADO COM A TERRA
Desde a Queda, o
homem deixou de tratar da terra como deveria, e até incorrendo no outro extremo
de divinizar
a natureza, como alguns chamam de “mãe terra ou mãe natureza” (Rm 1.25). No
entanto, Deus deu ordens para que ela fosse devidamente administrada. Vejamos:
1. No trato com o solo.
Deus deixou
estabelecido em Sua Palavra, o princípio de preservação do solo (Gn 2.15;
8.22), de modo que a terra não deveria ser usada demasiadamente, sem o devido
descanso: “Também seis anos semearás tua terra e recolherás os seus frutos;
mas, ao sétimo, a soltarás e deixarás descansar […] (Êx 23.10,11
ver Lv 25.1-5; 26.34,35). Apesar deste princípio ser claro, há alguns hoje que
pensam só nos seus lucros, não na saúde da terra; priorizam o sucesso imediato
e presente, e desconsideram as consequências futuras dessa má administração (Is
24.1-12; Jr 12.4; Jl 1.10,20). A quebra desse princípio foi uma das razões que
levou Judá ao cativeiro babilônico (Lv 26.43; 2Cr 36.21). A ideia de sujeitar a
terra (Gn 1.28), não significa que devemos escravizá-la para satisfação de
nossos desejos de lucros, dando vazão a uma exploração ilimitada dos seus
recursos. Como cristãos, devemos ter zelo pela criação divina, tendo preocupação
ecológica, uma vez que, a ira de Deus será derramada sobre os que
destroem a terra (Ap 11.18).
2. No trato com as árvores.
O princípio do
cuidado com a flora fica evidente também na narrativa de Gênesis: “E
tomou o SENHOR Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar”
(Gn 2.15). Esse cuidado era necessário para a manutenção do jardim do Éden, uma
vez que a deterioração é própria das coisas finitas que vieram a existência,
não há nada na terra que não exija manutenção. Sobre o trato com as árvores
Deus diz: “Quando sitiares uma cidade por muitos dias, pelejando contra ela para a
tomar, não destruirás o seu arvoredo, metendo nele o machado, porque
dele comerás; pelo que o não cortarás (pois o arvoredo do campo é o mantimento
do homem), para que sirva de tranqueira diante de ti” (Dt 20.19). Num
contexto de guerra, onde a ética dos homens muda, e o que tem valor pode vir a
perdê-lo; Deus ressalta a importância de se tratar corretamente do arvoredo ou
das florestas, visto que é fundamental para a existência humana. Se antes da Queda
a flora precisava de cultivo e proteção, quanto mais agora, quando a maldição
está sobre o habitat humano (Gn 3.17; Rm 8.19-22).
3. No trato com os animais.
O domínio do
homem sobre os animais, também fica evidente no relato da criação: “E
disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e
domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e
sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra” (Gn
1.26). O cuidado com a fauna, também é visto nas Escrituras de forma
abrangente: a) a lei de descanso
para os animais (Êx 20.10; 23.12); b)
o cuidado com a sua alimentação (Êx 23.11; Dt 25.4; Jó 38.39-41; Sl 147.9); c) na preservação das espécies (Gn
6.19; Dt 22.6,7; Sl 36.6; Jn 4.11); e, d)
contra os maus tratos (Êx 23.4,5,12; Nm 22.27-31; Dt 22.10; Pv 12.10; Sl 11.5;
Lc 14.5). Pelo texto bíblico, aprendemos que, Deus nunca autorizou tratar os
animais com crueldade. Ele se preocupa e cuida até do mais simples animal (Sl
104.24-30; 145.16; Is 56.8,9; 2 Rs 3.17). Salientamos porém, que apesar de toda
a preocupação de Deus em relação aos animais, eles não foram criados com a
capacidade de raciocinar ou ter espiritualidade (2Pd 2.12; Jd 19), sendo assim,
não devem ser tratados como pessoas, ou seja, humanizados (Lc 13.15;
14.1-5; Mt 6.26; 10.31; Lc 12.7). Afinal, a Bíblia descreve o tempo em que, sob
o Reino de Cristo no Milênio, entre outros efeitos, virá a administração
correta do planeta, prevalecendo a harmonia entre o homem e os animais como era
no princípio (Is 11.6-8).
CONCLUSÃO
Deus quer que
nós preservemos a criação, que é a sua propriedade (Sl 24.1). Como mordomos do
Senhor, cuidemos bem daquilo que Deus nos deu para o nosso deleite.
REFERÊNCIAS
Ø CAMPOS,
Heber Carlos. O Habitat Humano: O paraíso criado. SP: HAGNOS, 2011.
Ø CAMPOS,
Heber Carlos. O Habitat Humano: O paraíso perdido. SP: HAGNOS, 2012.
Ø CHAMPLIN,
R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. vl 06. SP:
HAGNOS, 2004.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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