1 Co 14.26-32
INTRODUÇÃO
Nesta
lição destacaremos princípios que são indispensáveis ao modelo de culto aceito
por Deus; elencaremos elementos que devem existir na liturgia da adoração
oferecida ao Senhor; e por fim, pontuaremos características do verdadeiro culto
pentecostal.
I. PRINCÍPIOS BÍBLICOS INDISPENSÁVEIS AO CULTO
Devemos
lembrar que o culto não é espetáculo nem um show caracterizado por som alto e
dançante, gelo seco, roupas extravagantes, músicas carregadas de agressividade
e barulho, nos mais diversos ritmos, tais como rock, funk, rap, e axé, onde os
participantes estão mais interessados em euforia, gritaria, diversão e autossatisfação.
Todo elemento que intervém nesta relação, desviando a atenção para si, não
atende à finalidade do culto, que é elevar o homem a Deus (Sl 73 25-28; 1Co
10.31). Como veremos, o culto é importante porque Deus atribui a ele um valor
espiritual e singular. Notemos:
1. O culto deve ser
teocêntrico.
“...
preste culto somente a Ele” (Mt 4.10;
Dt 6.13; Êx 20.4; Lv 26.1; Sl 97.7; Lc 4.8). Deus é zeloso da adoração e do
culto oferecido a Ele. “Não adore essas coisas, nem preste culto a elas,
porque eu, o Senhor, ... sou Deus zeloso...” (Dt 5.9 – NAA; Sl 78.58;
1Co 10.20-22). Deus quer ser adorado pelos seus filhos: “...Assim diz o
Senhor: Israel é meu filho... deixe meu filho ir para que me adore...” (Êx
3.12 - NAA). Percebamos que a adoração precede ao culto: “Adore ... e
preste culto somente a Ele” (Mt 4.10 - NAA); “Temam ... e sirvam
a Ele...” (Dt 6.13 - NAA).
2. O culto deve ser
espiritual.
A
primeira característica da adoração é que ela deve ser de adoradores que “... adorem em espírito ...” (Jo 4.23).
Somente uma adoração espiritual pode gerar um culto espiritual e verdadeiro.
Por isso, os sacrifícios no culto cristão são espirituais: a) o corpo
(Rm 12.1,2); b) o louvor (Hb 13.15); c) a prática do bem (Hb
13.16); e, d) a mútua cooperação (Hb 13.16; Fp 4.18).
3. O culto deve ser
verdadeiro e reverente.
A
Bíblia nos ensina que o verdadeiro culto ao Senhor deve ser verdadeiro (Is
29.13; 1Sm 15.22; Is 1.10-17; Dt 10.12; Ez 33.31; Jo 4.23). Nossa liturgia é
simples e pentecostal, conforme o modelo do Novo Testamento: “Que fareis,
pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem
revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação” (1Co
14.26). Ela consiste em oração, louvor, leitura bíblica, exposição das
Escrituras Sagradas ou testemunho e contribuição financeira, ou seja, ofertas e
dízimos. Entendemos que a adoração está incompleta na falta de pelo menos um
desses elementos, exceto se as circunstâncias forem desfavoráveis ou contrárias
(SOARES (Org.), 2017, p. 145). É preciso ter reverência nos cultos ao Senhor
(Êx 19.16-25; 20.18-19; Ec 5.1; Hb 10.19-22; 1Co 14.40 Hb 12.28).
4. O culto deve ser
espontâneo e alegre (Êx 35.5,21,29;
2Cr 5.12-14).
No
NT há espontaneidade para orar e interceder: “Quero, pois, que os homens
orem em todo lugar, levantando mãos santas” (1Tm 2.8). A espontaneidade
chegou a tal ponto que houve necessidade de estabelecer ordem e limites na
igreja primitiva (1Co 12.3;14).
II. O CULTO CRISTÃO E A LITURGICA NA BÍBLIA
Nos diversos atos litúrgicos
registrados na Bíblia estão traçados os elementos do culto cristão. Notemos:
1. Elementos litúrgicos do
Tabernáculo e do Templo.
Fazia
parte da liturgia judaica: a) oração (2Cr 7.1); b) sacrifício
(1Sm 1.3); c) oferta (Dt 26.10; 1Cr 16.29); d) louvor e cântico
(2Cr 7.3); e) a oração antífona do Shema, “ouve Israel”, a confissão de
fé dos judeus (Dt 6.4); f) a leitura bíblica (Ne 8.1-8; Lc 4.16,17); e, g)
e a exortação (At 13.15) (SOARES (Org.), 2017, p. 145 – grifo nosso). Os
sacrifícios, apontavam de forma tipológica a Cristo e se cumpriram nEle, não
sendo mais praticados pela Igreja (Hb 9;10).
2. Elementos litúrgicos de
Esdras (Ne 8.1-12).
Após
a reconstrução do Templo o povo se congregou oferecendo um culto na seguinte
ordem: a) proclamação - leitura da Lei de Moisés; b) pregação -
interpretação da leitura; c) adoração - tempo para oração e adoração
coletiva; e, d) comunhão - compartilhamento de alimentos e festejos.
3. Elementos litúrgicos de
Jesus (Jo 14-17; Mt 26).
Nos
últimos atos de Jesus, ao instituir a Ceia, são claros os elementos litúrgicos:
a) pregação (Jo 14-16); b) oração e intercessão (Jo 17); c) instituição
dos símbolos do Pão e do vinho; e, d) cântico de hino.
4. Elementos litúrgicos no
culto da Igreja Primitiva (At 2.42).
Na
Igreja Primitiva também havia uma liturgia bem definida: a) ensino da
Palavra; b) comunhão através do comer juntos e das coletas (ofertas ou
contribuições); c) partir do Pão – Ceia do Senhor; d) orações
tanto na vida pessoal como comunitária ou congregacional. O apóstolo Paulo
instruiu a igreja a preservar com: hinos, sempre eram cantados os Salmos; exposição
da Palavra; manifestação dos dons espirituais - profecia e mensagem em línguas
quando houvesse interpretação; e ofertas – denominadas de coletas (1Co 14.26;
1Co 16.1-3).
III. DISTORÇÕES NO CULTO E NA LITURGIA DA IGREJA
O
culto em algumas igrejas, infelizmente, tem se desviado dos padrões bíblicos e
históricos, chegando-se a uma situação em que, em nome da liberdade e da
espontaneidade, o culto se desvirtuou em muitas igrejas, sendo marcado pela
irreverência, superficialidade e preocupação prioritária com as necessidades
humanas, e não com a presença e a glória de Deus. Notemos algumas mudanças no
culto e liturgia da igreja ao longo da história:
1. O
culto e liturgia na Igreja primitiva.
O
culto da igreja primitiva inspirou-se na liturgia das sinagogas. Nos cultos
eram lidas passagens do Pentateuco e dos Profetas, seguindo-se uma exposição do
texto. Também eram cantados salmos, especialmente o “Hallel” (Sl 113-118). O
culto cristão foi extremamente simples (não simplório), constando de orações, cânticos,
leituras do AT e dos livros dos apóstolos. Eram feitas exortações pelo
dirigente, ensinamentos das verdades bíblicas, coletas (ofertório) e celebração
da Ceia do Senhor (COUTO, 2016, pp. 47,48 – grifo nosso). Até o século III, o
culto transcorria com a seguinte ordem litúrgica: a) Leitura da Palavra;
b) Cântico de hinos; c) Oração em pé com a participação coletiva;
d) celebração da Ceia do Senhor; e, e) Coleta para ajudar viúvas,
enfermos, encarcerados (RODRIGUEZ, 1999. p. 43).
2. O
culto e liturgia na Igreja da contemporaneidade.
Infelizmente
têm surgido muitas formas estranhas e até exageros nos cultos e liturgias em
algumas igrejas em nossos dias: a) regressão espiritual. Uma espécie de
“segunda conversão”, algo que a Bíblia condena veementemente (Nm 23.23; Jo
8.32; Gl 3.13; 2Co 5.17); b) dança no espírito. Davi dançou
patrioticamente, mas, nunca no Templo, pois o templo é o local de adoração e
reverência (2Sm 6.14-16; 1Cr 15.29); no NT não há menção a este comportamento
entre os elementos do culto e a manifestação do Espírito; c) entrevista
espiritual. Caracterizada por ênfase desordenada na atuação de satanás no
mundo e na igreja, com conversações e entrevistas com demônios; d) maldição
hereditária. Consiste em pactos ascendentes da família feitos com demônios
que trazem maldição. A Bíblia é clara ao mostrar que tal doutrina é herética
(Jr 31.29,30; Ez 18.2-4,20; Rm 8.1); e) riso no espírito. Propagado no
Brasil, principalmente pelos grupos neopentecostais, onde as pessoas caem rindo
no chão, histéricas e dando gargalhadas sem nenhum controle de suas ações; e, g)
outras inovações. Introdução de elementos judaicos (judaização) no culto
cristão etc.
3.
Desafios quanto ao culto e a liturgia na atualidade.
Diante
do crescimento de outros movimentos denominados pentecostais e neopentecostais,
bem como a comunicação global pela internet, a igreja tem vivenciado uma
influência de modismos, substituindo, em alguns lugares, os elementos bíblicos
que marcam o seu culto e liturgia como: Perda do costume da oração coletiva (Jz
21.2; Jz 2.4; 2 Cr 5.13; At 2.14; 4.24); diminuição de tempo para exposição da
Palavra (Cl 3.16); perda da adoração cristocêntrica; perda da adoração
ultracircunstancial; ênfase em mensagens de auto-ajuda; hinos, sem adoração,
centrada apenas no homem e suas experiências (antropocentrismo); utilização de
símbolos judaizantes (estrela de Davi, menorá, talit, kipá, shophar); aplausos
substituindo a glorificação espontânea (Rm 15.9; Ap 4.9); e, danças e teatro
nos cultos que retiram a centralidade da palavra, transferindo-a à estética.
IV. OS ELEMENTOS DO GENUÍNO CULTO PENTECOSTAL
Os principais elementos
do culto pentecostal são:
1.
Oração.
Oração
é uma prece dirigida pelo homem ao seu Criador, com o objetivo de adorá-Lo e
lhe pedir perdão pelas faltas cometidas, agradecer-Lhe pelos favores recebidos,
buscar proteção e, acima de tudo, uma comunhão mais íntima com Ele (1Cr 16.11;
Sl 105.4; Is 55.6; Am 5.4,6; Mt 26.41; Lc 18.1; Jo 16.24; Ef 6.17,18; Cl 4.2;
1Ts 5.17).
2.
Hinos.
Um dos
principais elementos do culto é o louvor a Deus. Louvar a Deus significa
servi-lo em espírito e em verdade. A música esteve presente no culto de Israel
e da Igreja primitiva (Nm 10.1-10; Jz 7.22; Jó 38.7; Ef. 5.19; 1Tm 3.16; At
16.25).
3.
Leitura Bíblica.
A
leitura da Bíblia é indispensável em um culto cristão e deve ser um momento de
profunda reverência, onde os verdadeiros adoradores deverão acompanhar a
leitura do texto. Encontramos diversos exemplos da leitura das Sagradas
Escrituras, tanto no Antigo como no Novo testamento (Nm 24.7; Dt 31.26; Js
8.34,35; 2Cr 34.14-21; Ne 8.8; 9.3; Lc 4.14-21; At 17.11).
4.
Contribuição.
As
ofertas representam a expressão de gratidão do cultuador (Êx 35.29; 36.3; Lv
7.16; 22.18), bem como os dízimos (Ml 3.10). Devemos dar a Deus parte daquilo
que dEle recebemos (Êx 23.15; 2Co 9.7). A contribuição no culto é bíblica e
deve ser oferecida tanto pelos ricos como pelos pobres (Mc 12.41-44).
5.
Pregação.
A
pregação é a parte central do culto cristão e sem ela o culto fica sem brilho e
objetivo, pois é através dela que a fé é gerada (Rm 10:14-17; Gl 3:2); é a
vontade de Deus, que todos se arrependam e cheguem ao pleno conhecimento da
verdade (Ez 18:23; At 17:30; 1Tm 2:4).
6.
Dons espirituais.
Não se
pode pensar em Culto Pentecostal sem a manifestação dos dons espiritais, pois
ele é caracterizado não apenas pela verdadeira adoração ao Criador, mas também
pelas manifestações espirituais e sobrenaturais do Espírito Santo entre os
adoradores (1Co 14.26). Além da adoração “Salmos”, e do ensino “doutrina”, no
culto pentecostal a manifestação dos dons é comum. Paulo faz menção a diversos
dons, tais como: revelação, língua, interpretação, profecia e outros (1Co
14.26-40).
CONCLUSÃO
O culto verdadeiramente
pentecostal é baseado no que Deus determinou por meio de sua Palavra. De modo
que, os cultos que não possuem tais princípios, não fazem parte do verdadeiro
pentecostalismo.
REFERÊNCIAS
Ø
COUTO, Vinicius. Culto Cristão: Origens, desenvolvimento e desafios contemporâneos. 1 ed. SP:
Editora Reflexão, 2016.
Ø
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. 1
ed. RJ: OBJETIVA, 2001.
Ø
KESSLER, Nemuel. O culto e suas formas. 1 ed.
RJ:CPAD, 2016.
Ø
LUIZ, Gesse. Caminhos e Descaminhos na História da
Liturgia Cristã. 1 ed. Curitiba: AD Santos, 2016.
Ø
MARTIN, Ralph P. Adoração na Igreja Primitiva. 2 ed.
SP: Vida Nova, 2012.
Ø SOARES,
Ezequias (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. 1 ed. RJ: CPAD, 2017.
Por Rede Brasil de Comunicação.
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