Mt 7.28,29; At 13.1;
Rm 12.6,7; Tg 3.1
INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos a definição do termo mestre ou doutor;
veremos também qual o propósito deste dom à luz das Escrituras; destacaremos
como exemplo maior, a autoridade e os métodos de ensino de Jesus, o Mestre por
excelência; e como se deu o ensino na Igreja Primitiva; e por fim, destacaremos
a importância do ensino na Escola Dominical.
I. DEFINIÇÃO E
PROPÓSITO DO DOM DE MESTRE OU DOUTOR
O termo deriva-se do grego didáskalos, que
significa: “instrutor”, “doutor” ou “mestre”. O termo é aplicado a Jesus (Mt 8.19; 12.38; 17.24; Mc
5.35; 14.14; Jo 11.28); aos mestres da Lei (Mt 9.11; 10.24,25; Lc 2.46; 6.40;
Jo 3.10); a João Batista (Lc 3.12); e ao apóstolo Paulo (1Tm 2.7). A atividade
primordial do mestre, doutor ou ensinador é cuidar do ensino fundamental das
Sagradas Escrituras. Os mestres são aqueles que têm de Deus um dom especial
para esclarecer, expor e proclamar a Palavra de Deus, afim de edificar o corpo
de Cristo (Ef 4.11,12). “O propósito principal do ensino bíblico é preservar a
verdade e produzir santidade, levando o corpo de Cristo a um compromisso com o
modo piedoso de vida segundo a Palavra de Deus. As Escrituras declaram em 1
Timóteo 1.5 que o alvo da instrução cristã (literalmente “mandamento”) é a
“caridade de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não
fingida”. Logo, a evidência da aprendizagem cristã não é simplesmente aquilo
que a pessoa sabe, mas como ela vive, a manifestação, na sua vida, do amor, da
pureza, da fé e da piedade sincera” (STAMPS, 1995, p. 1814).
II. JESUS, O MESTRE
DOS MESTRES
Cerca de 60 vezes Jesus é chamado de Mestre nos evangelhos.
Grande parte do seu ministério foi ocupado com o ensino (Mt 4.23; 9.35; Lc
20.1). Ele ensinava nas sinagogas (Mt
9.35; 13.54; Mc 1.21); em casas
particulares (Mt 9.9-13); no
templo (Mt 21.23; Mc 11.17; 12.35); nas aldeias (Mc 6.6; Lc 13.22); nas cidades (Mt 11.1); e em
vários lugares (Mt 5.2; Mc 2.13; 4.1; 6.34; Jo 3.1-36; 4.1-26). Ele foi
reconhecido como Mestre pelos coletores de impostos (Mt 17.24); pelos escribas
e fariseus (Mt 8.19; 9.11; 12.38; 22.24; Mc 12.14,19,32); pelo jovem rico (Mt
19.16; Lc 18.18); pelos discípulos (Mc 4.38; Mc 9.5; 10.35; 11.21; Lc 8.24);
pelo cego de Jericó (Mc 10.51); pelos discípulos de João (Jo 1.38); por Maria
Madalena (Jo 20.16); além de outros (Mt 22.16; Mc 5.35; 9.17).
1. A autoridade do ensino de Jesus.
O que distinguia o ensino de Jesus com o ensino dos escribas
e fariseus era a autoridade com que Ele ensinava: “[...] todos se
maravilhavam de sua doutrina” (Mt 7.28,29; Mc 1.21,22). A autoridade da
mensagem de Cristo era decorrente do fato de Ele exemplificar em sua própria
vida. Ele viveu o que ensinou e ensinou o que viveu! Quando Ele ensinou a orar
(Mt 6.9-13; Lc 11.2-4), é porque vivia uma vida de oração e comunhão com o Pai
(Mt 14.23; 26.36). Quando ensinou sobre o perdão (Mt 6.14,15; Mc 11.25), é
porque vivenciava no dia a dia a prática do perdão (Mc 2.1-11; Lc 23.34). Por
esta razão, Lucas, ao relatar o ministério do Mestre, coloca em primeiro lugar
a ação e depois o ensino: “Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de
tudo o que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar” (At
1.1).
2. Os métodos de ensino de Jesus.
Ninguém ensinou como Jesus. As verdades mais profundas eram
reveladas com autoridade e simplicidade e ilustrava seus
ensinos com parábolas e fatos comuns do cotidiano. Seus métodos variavam de
acordo com a ocasião e a necessidade dos ouvintes. Vejamos:
A) Ele ensinou utilizando a linguagem do povo.
Ele ensinou, principalmente, através de parábolas, utilizando
a linguagem do povo. Seus ensinos eram repletos de ilustrações e exemplos do
dia a dia, tais como: pesca, rede, peixe; árvore, fruto, solo, semente, etc.
(Mt 13.1-58). Para descrever, por exemplo, o amor de Deus pelos pecadores, ele
falou sobre o pastor que saiu em busca de uma ovelha desgarrada; de uma mulher
que perdeu uma dracma; e de um pai que esperava ansiosamente o retorno de um
filho que estava distante (Lc 15.1-24).
B) Ele ensinou alcançando o coração dos ouvintes.
Os ensinos de Jesus não alcançavam só o intelecto dos
ouvintes, mas, principalmente o coração. Eles eram ministrados no poder do
Espírito Santo, como um resplendor de luz que dissipava as trevas da dúvida,
implantando no seu coração profunda convicção da verdade. Um dos discípulos que
o ouviram no caminho de Emaús, disse: “Porventura não ardia em nós o
nosso coração quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos abria as
Escrituras?” (Lc 24.32).
III. O ENSINO NA
IGREJA PRIMITIVA
Após a ascensão do Senhor, os apóstolos deram continuidade ao
ministério de ensino da Palavra de Deus (At 4.2; 5.21,25; 18.25; 20.20),
conforme Jesus lhes tinha designado (Mt 28.19,20). Vejamos:
- Uma das marcas da Igreja no primeiro século era a perseverança na doutrina dos apóstolos (At 2.42);
- Os apóstolos se dedicaram a oração, pregação e ensino da Palavra de Deus (At 5.41,42; 6.4);
- Paulo e Barnabé passaram um ano ensinando na igreja de Antioquia (At 11.26; 15.35). Lucas diz que naquela igreja havia mestres (At 13.1);
- Paulo ficou três anos ensinando em Éfeso (At 20.20,31); em Corinto, ficou um ano e seis meses (At 18.11); e seus últimos dias em Roma foram ocupados com o ensino da Palavra de Deus (At 28.31);
- Em suas epístolas, Paulo ensinou sobre a dedicação ao ensino da Palavra de Deus (Rm 12.7; Cl 3.16; 1Tm 3.2; 4.11,13; 2Tm 2.2,24).
IV. A IMPORTÂNCIA DO
DOM MINISTERIAL DE MESTRE
O dom ministerial de Mestre ou Doutor é, sem dúvida, um dos
mais importantes e necessários à Igreja do Senhor Jesus. Por isso, ele é
mencionado nas três listas dos dons (Rm 12.6-8; 1Co 12.28; Ef 4.11). O ensino
da Palavra de Deus é indispensável e de fundamental importância para o
crescimento e a edificação da Igreja do Senhor Jesus (Rm 15.4; Cl 1.28; 2.7;
3.16). Por isso, Ele mesmo vocacionou e comissionou alguns para serem doutores
ou mestres (Ef 4.11-13). Vejamos a importância desse dom para a Igreja:
1. Para o ensino da Bíblia.
A Palavra de Deus é para o crente o que o leite materno é
para uma criança recém nascida (1Pe 2.1,2). Por isso, Jesus enviou os seus discípulos
não só para pregar (Mc 16.15), mas, também, para fazer discípulos (Mt
28.19,20). Através do ensino sistemático das Sagradas Escrituras o crente
cresce forte e sadio (Cl 2.6,7; 2Tm 3.16,17).
2. Para refutar as
heresias.
Desde os tempos
passados que surgiram heresias entre o povo de Deus (2Co 11.13-15; Gl 1.6-8; 2Pe
2.1-3; 1Jo 4.1-6; Ap 2.14,20). Mas, nestes dias que antecedem a Vinda de
Cristo, o número de falsos ensinos crescerá ainda mais, como está previsto nas
Sagradas Escrituras (Mt 24.11,24; Mc 13.22; 1Tm 4.1-3). Eis aí a importância
dos mestres na igreja, para refutar essas heresias (1Tm 1.13; 2Tm 2.23-26; Tt
1.7-11).
V. DIFERENÇA ENTRE DOM MINISTERIAL
DE MESTRE E O DOM DE ENSINO
Alguns escritores
erroneamente confundem o dom ministerial de mestre com o dom de ensinar
(serviço). Mas, é importante salientar que o dom ministerial de mestre ou
doutor é exclusivo para obreiros (At 13.1-3; Ef 4.11). Já o dom de ensinar,
como dom de serviço (Rm 12.6-8) está acessível a todo cristão. Muitos
professores de Discipulado e de EBD possuem este dom e prestam um grande
serviço para o Reino de Deus. No entanto, além de possuir este dom, é
necessário que o professor seja um amante da Bíblia e de bons livros (1Tm 4.13;
2Tm 4.13); dedicado ao ensino (Rm 12.7b) e tenha uma vida exemplar, na igreja,
na família e na sociedade (Mt 5.13-16; 1Tm 4.16).
VI. A IMPORTÂNCIA DO ENSINO NA
ESCOLA DOMINICAL
A EBD não cuida
apenas da formação espiritual, mas preocupa-se com a edificação geral, que
inclui: bons costumes, exercício da cidadania e a formação do caráter
cristão. Ela complementa e, às vezes até CORRIGE a
educação ministrada nas escolas seculares. E, em muitas situações, por mais que
não seja sua responsabilidade, ela COMPLEMENTA a educação cristã
ministrada nos lares. Vejamos porque é importante frequentar a EBD:
- Ela desenvolve a espiritualidade e o caráter dos crentes;
- Ela é o lugar para a descoberta, motivação e treinamento de novos talentos;
- Ela é uma fonte de avivamento espiritual para a Igreja;
- Porque é na EBD que crianças, adolescentes, jovens e adultos adquirem uma fé mais robusta e madura;
- Na Escola Dominical o crente aprende a amar e cooperar com a obra missionária;
- Ela reúne a família, onde pais e filhos fortalecem o relacionamento, as crianças crescem na disciplina do Senhor e os casais aperfeiçoam a vida conjugal.
CONCLUSÃO
O dom de doutor ou
mestre, como os demais dons ministeriais, são de grande importância para a
Igreja de Cristo. Por intermédio dele a igreja é edificada e, através do ensino
sistemático da Bíblia Sagrada, poderá crescer forte e sadia. Por isso, o Senhor
Jesus não só entregou à Igreja a missão de ensinar a Palavra de Deus, mas,
também, chamou e vocacionou alguns para serem doutores ou mestres.
REFERÊNCIAS
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo
Pentecostal. CPAD.
Ø SOUZA,
Estêvam Ângelo. Os dons ministeriais
na igreja. CPAD.
Ø RENOVATO,
Elinaldo. Dons espirituais e
ministeriais. CPAD.
Ø KALDEWAY,
Jens. A forte mão de Deus. EDITORA
ESPERANÇA.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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