Ef 3.8-10; 1 Pe 4.7-10
INTRODUÇÃO
Nesta última lição
do trimestre veremos como Deus, em sua multiforme sabedoria, distribui os dons
espirituais, ministeriais e de serviço para que a Igreja possa cumprir a sua
missão aqui na terra. Veremos também que cada um de nós, como despenseiros dos mistérios
divinos devemos administrar os dons, visando a edificação do Corpo de Cristo; e
também, sobre o Fruto do Espírito.
I.
A MULTIFORME SABEDORIA DE DEUS
O termo multiforme
deriva-se do grego: “polupoikilos” e significa: “muito
variado” ou “multilateral” e tem o sentido de: “variados
modos de interpretação”. Em Ef 3.10 o termo refere-se à sabedoria de
Deus, que é um dos atributos divinos (1Sm 2.3; Jó 12.13; Sl 104.24) e, é: a)
perfeita (Jó 36.4; 37.16); b) poderosa (Jó 36.5); c) infinita
(Sl 147.5; Rm 11.3); d) insondável (Is 40.28; Rm 11.33); e) maravilhosa
(Sl 139.6); f) ultrapassa a compreensão humana (Sl 139.6); e, g) incomparável
(Is 44.7; Jr 10.7). Toda sabedoria humana é derivada da sabedoria divina (Ed
7.25; Dn 2.2). Jesus é a personificação da sabedoria de Deus (1Co 1.24,30) e o
evangelho contém os tesouros da sabedoria divina (1Co 2.7). Já a palavra sabedoria
é oriunda do termo grego: “sophia” e é usada com referência a
Deus (Rm 11.33; 1Co 1.21,24; 2.7; Ef 3.10; Ap 7.12); a Jesus (Mt 13.54; Mc 6.2;
Lc 2.40,52; 1Co 1.30; Cl 2.3; Ap 5.12); e aos homens (Mt 12.42; Lc 11.31; At
7.22; 1Co 1.17,19,20,21). A multiforme sabedoria de Deus pode ser vista em suas
palavras e também em suas obras (Sl 19.7; 104.24; Pv 2.6; 8.14; 3.19). Em sua
eterna sabedoria, visando a edificação, santificação e capacitação para a
Igreja cumprir a sua missão aqui na terra, colocou à sua disposição os dons
sobrenaturais, a saber: espirituais (1Co 12.7-11); ministeriais (Ef 4.11) e de
serviço (Rm 12.7,8).
II.
OS BONS DESPENSEIROS DOS MISTÉRIOS DIVINOS
O termo
despenseiro deriva-se do grego: “oikonómos” e significa: “mordomo
da casa” (Lc 12.42; 16.1,3,8; Rm 16.23; 1Co 4.1,2; Gl 4.2; Tt 1.7; 1Pd
4.10). O despenseiro ou mordomo era alguém que administrava uma casa, propriedade,
ou negócio de outrem. Assim, como despenseiro dos mistérios divinos, devemos
conhecer (1Co 12.1); buscar (1Co 12.31); e zelar pelos dons (1Co 12.31) para
que sejamos úteis e eficazes no Corpo de Cristo. Vejamos algumas
características dos bons despenseiros:
• Humildes (At 20.19);
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• Abnegados (1Co 9.27);
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• Santos (Êx 28.36; Lv 21.6; Tt 1.8);
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• Sóbrios, justos e temperantes (Lv 10.19;
Tt 1.8);
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• Puros (Is 52.11; 1Tm 3.9);
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• Hospitaleiros (1Tm 3.2; Tt 1.8);
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• Pacientes (1Tm 3.2; Tt 1.7);
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• Aptos a ensinar (1Tm 3.2; 2Tm 2.24);
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• Voluntários (Is 6.8; 1Pe 5.2);
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• Estudiosos da Palavra de Deus (1Tm
4.13,15);
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• Vigilantes (2Tm 4.5);
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• Não cobiçosos (2Co 12.14; 1Ts 2.6);
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• Imparciais (1Tm 5.21);
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• Dedicados à oração (Ef 3.14; Fp 1.4);
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• Gentis (1Ts 2.7; 2Tm 2.24);
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• Bons governantes de suas famílias (1Tm
3.4,12);
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• Dedicados (At 20.24; Fp 1.20,21);
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• Afetuosos com o rebanho (Fp 1.7; 1Ts
2.8,11);
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• Fortes na fé (2Tm 2.1);
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• Bons exemplos (Fp 3.17; 2Ts 3.9; 1Tm
4.12; 1Pe 5.3).
|
III.
OS DONS ESPIRITUAIS E O FRUTO DO ESPÍRITO
Os Dons
Espirituais são de extrema relevância para que a Igreja cumpra a sua missão
aqui na terra. Mas, eles não são mais importantes do que o Fruto do Espírito (Gl
5.22). Em Mateus 7.21-23 o Senhor Jesus falou acerca de pessoas que iriam
profetizar, expulsar demônios e fazer maravilhas, mas, Ele não as conhecia: “Nunca
vos conheci” (Mt 7.23). Logo, devemos ser abundantes nos dons (1Co
14.12); mas, acima de tudo, devemos ser frutíferos (Mt 3.8; Jo 15.1-16).
1. O que é o fruto
do Espírito.
São virtudes e qualidades
manifestadas pelo Espírito Santo na personalidade do crente. O Fruto do
Espírito é a verdadeira característica da vida cristã. É o resultado na vida dos
que participam da natureza divina, ou seja, dos que estão ligados à Cristo, a “videira
verdadeira” (Jo 15.1-5). Assim, passamos a obter uma nova natureza, porque
fomos “gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela
palavra de Deus, viva e que permanece para sempre” (1Pd 1.23). Pelo
fruto do Espírito manifestado em sua vida diária, é que o cristão dá evidência
da vida de Cristo em seu interior (Mt 7.16-20). Analisemos cada uma de suas
virtudes:
Caridade (amor). Do grego: “agape”,
é o maior de todos os sentimentos e o fundamento sobre o qual os demais dons e
virtudes do Espírito Santo estão edificados (Gl 5.22). O amor é o solo onde são
cultivadas as demais virtudes e é a base onde todos os dons espirituais são
implantados (1Co 13.1-3). O amor é o sentimento que busca o bem maior de outra
pessoa sem nada querer em troca (Rm 5.5; 1Co 13.1-13; Ef 5.2; Cl 3.14); e é a
principal virtude do cristão (Jo 13.35).
Gozo.
O termo deriva-se do grego: “chara”,
e refere-se à felicidade que o crente desfruta no Espírito Santo, independente
das circunstâncias: “Grande é a ousadia da minha fala para convosco, e
grande a minha jactância a respeito de vós; estou cheio de consolação; transbordo
de gozo em todas as nossas tribulações” (2Co 7.4). “Regozijo-me
agora no que padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das aflições de
Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja” (Cl 1.24). A Epístola aos
Filipenses, por exemplo, foi escrita quando Paulo estava preso em Roma (Fp
1.12,14). No entanto, nesta carta ele demonstra o seu regozijo e alegria (Fp
1.4,18; 2.2,17; 3.1; 4.1,4,10).
Paz. Do grego: “eirene”
significa: “estado ou condição de tranquilidade ou quietude”. A
Bíblia diz que Cristo é a nossa paz (Ef 2.14) e Nele o crente desfruta a paz
(Jo 14.17; 16.33). A paz como fruto do Espírito Santo é, primeiramente, ascendente,
para Deus (Rm 5.1,2); depois, interior, para
nós mesmos (Cl 3.15); e, finalmente, exterior,
para nosso semelhante (Rm 12.18). Esta característica do fruto do
Espírito excede todo entendimento: “E a paz de Deus, que excede todo o
entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo
Jesus” (Fp 4.7).
Longanimidade. Do grego: “makrothumia”,
significa: “perseverança”, “paciência”, “tardio para irar-se” (Ef 4.2;
2Tm 3.10; Hb 12.1). Deus é o exemplo supremo que devemos seguir: “Jeová,
o Senhor, Deus misericordioso e piedoso, tardio em iras e grande em
beneficência e verdade” (Êx 34.6). A paciência como fruto do Espírito
opera exteriormente, em direção ao nosso semelhante; e intimamente, em direção
a nós mesmos (Hb 12.7-11; 1Ts 5.14).
Benignidade. Deriva-se do
grego: “chrestotes” e significa: “ternura”, “compaixão”,
“brandura” e tem o sentido de “sentimento de não querer magoar ninguém,
nem lhe provocar dor” (Ef 4.32; Cl 3.12; 1Pd 2.3). Se Deus é benigno (Sl
5.7; 6.4; Is 63.7; Jr 31.3); Jesus é benigno (2Co 10.1; Tt 3.4); o crente não
pode ser diferente (2Co 6.6; Cl 3.12). Por isso, Paulo diz: “Antes sede
uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros,
como também Deus vos perdoou em Cristo” (Ef 4.32).
Bondade. Deriva-se do
grego: “agathosune” e significa: “zelo pela verdade e pela
retidão, e repulsa ao mal”. É a prática do bem ou daquilo que é bom. Pode
ser expressa em atos de bondade (Lc 7.37-50) ou na repreensão e na correção do
mal (Mt 21.12,13). Nas Escrituras, o homem bom é retratado como sendo
acompanhado por Deus: "Os passos de um homem bom são confirmados
pelo Senhor, e ele deleita-se no seu caminho" (Sl 37.23).
Fé. A fé como fruto do
Espírito não é a fé natural (Hb 11.3); nem a fé como dom espiritual (1Co 12.9);
nem a fé salvífica (Ef 2.8,9). Trata-se da “lealdade constante e inabalável
a Cristo e à Sua Palavra”. Ela tem o sentido de “compromisso,
fidedignidade e honestidade” (Mt 23.23; Rm 3.3; 1Tm 6.12; 2Tm 2.2; 4.7; Tt
2.10). A fé como dom opera no crente momentaneamente. Mas, como fruto do
Espírito, opera permanentemente na vida do salvo (Ap 2.10).
Mansidão. O termo grego para
mansidão é “prautes” e significa: “moderação associada à força
e à coragem”. Descreve alguém que pode irar-se com equilíbrio quando for
necessário, e também humildemente submeter-se quando for preciso (2Tm 2.25; 1Pd
3.15). Jesus Cristo foi o maior exemplo da mansidão: “Aprendei de mim,
que sou manso e humilde de coração” (Mt 11.29; 21.5; 2Co 10.1). A
mansidão deve estar presente em cada detalhe da vida espiritual, nas obras e no
viver (1Co 4.21; 1Pd 3.4; Tg 3.13; Tt 3.2). Esta virtude é considerada uma
grande qualidade espiritual, e deve ser desejada e buscada pelos santos (Mt
5.5; 1Co 4.21; 2Co 10.1; Gl 5.22; 6.1; Ef 4.2; Cl 3.12; 2Tm 2.25).
Temperança. No grego, a
palavra traduzida por temperança é: “egkrateis” e significa: “autocontrole”,
“domínio próprio”, “estado ou qualidade de ser controlado” ou “moderação
habitual” e diz respeito ao controle ou domínio sobre os próprios desejos e
paixões, inclusive a fidelidade aos votos conjugais (1Co 7.9; Tt 1.8; 2.5).
Quando o Espírito do Senhor implanta em nosso ser esta virtude espiritual, nossas
ações e palavras passam a ser diretamente controladas por Ele (Gl 5.16,25). Se
permitirmos ao Espírito encher nossa vida, seremos também por Ele controlados.
CONCLUSÃO
Como pudemos ver,
a multiforme sabedoria de Deus pode ser vista na manifestação dos dons
assistenciais, espirituais e ministeriais para que a Igreja seja edificada e
possa cumprir eficazmente a sua missão. Mas, cada crente individualmente, deve
ser um bom despenseiro dos mistérios divinos, fazendo bom uso dos dons para a
edificação do corpo de Cristo. Embora os dons espirituais sejam extremamente
necessários à Igreja, eles não devem ser vistos como mais importantes do que o
fruto; pois, enquanto os dons “falam” de serviço, o fruto “fala” de caráter.
Por isso, devemos buscar os dons, mas, acima de tudo, manifestar as virtudes do
fruto do Espírito no dia a dia.
REFERÊNCIAS
Ø Bíblia de Estudo
Palavras Chave Hebraico e Grego. CPAD.
Ø
CHAMPLIN,
R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Ø
RENOVATO,
Elinaldo. Dons Espirituais & Ministeriais. CPAD.
Ø
GILBERTO,
Antônio. O Fruto do Espírito. CPAD.
Ø
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø VINE, W. E. Dicionário
Vine. CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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