2Rs 11.1-3; 12.1-5,17-21
INTRODUÇÃO
Nesta lição,
estudaremos sobre o reinado de Joás; veremos o contexto histórico em que este
jovem rei surgiu; faremos algumas pontuações sobre o ilegítimo reinado de
Atalia; também elencaremos os principais eventos que marcaram a consagração de
Joás como rei de Judá; e por fim, mencionaremos algumas das suas atitudes que
lhe levaram à ruína.
I. CONSIDERAÇÕES
SOBRE O CONTEXTO HISTÓRICO
1. A morte do rei Jorão (reino do Norte).
Jorão filho de
Acabe e Jezabel, foi o nono rei de Israel (em algumas versões da Bíblia seu
nome é traduzido como Jeorão), e seu reino em Samaria durou doze anos, cerca de
852 a 841 a.C. (2Rs 1.17; 3.1). Devido a sua impiedade (2Rs 3.2,3), Jeú capitão
do exército de Samaria (2Rs 9.5), foi ungido rei em seu lugar, durante o
ministério de Eliseu (2Rs 9.1-10). Jeú conspirou e matou o rei Jorão, quando
este se recuperava dos ferimentos resultantes de uma batalha travada com
Hazael, rei da Síria (2Rs 9.14-24), e também a ímpia Jezabel (2Rs 9.30-33),
iniciando um extermínio à casa do rei Acabe, tanto aos que eram do Reino do
Norte (2Rs 9.7-9; 10.1-11), como os que pertenciam ao Reino do Sul (2Rs
10.12-14).
2. A morte do rei Acazias (reino do Sul).
Paralelo ao que
ocorria no reino do Norte, no Reino do Sul se vivenciava momentos de muita
instabilidade. Estava à frente da nação na ocasião, o monarca Acazias (também
conhecido como Jeoacaz - 2Cr 21.17; 25.23), que começou a reinar com vinte e
dois anos e passou apenas um ano como rei em Jerusalém (2Rs 8.25,26). Ele era
neto do piedoso rei Josafá (2Cr 21.1), seu pai era Jeorão (2Rs 8.25), e sua mãe
era Atalia, filha de Acabe e neta de Onri (2Rs 8.26 - NVI). Sobre Acazias nos é
dito que: “andou nos caminhos da casa de Acabe, e fez o que era mau aos olhos do
Senhor [...]” (2Rs 8.27), devido à influência de sua mãe Atalia, filha
do perverso rei Acabe. Acazias foi morto pelos homens de Jeú, enquanto visitava
seu tio Jorão (também chamado Jeorão), rei de Israel, que estava doente (2Rs
9.27-29; 2Rs 11.1).
II. O REINADO
ILEGÍTIMO DE ATALIA
1. O caráter maligno de Atalia.
Atalia, cujo nome
significa: “Jeová aflige” (BENTHO, 2019, p.271), era filha do rei Acabe e
neta de Onri (2Rs 8.18,26; 2Cr 22.2). Seu casamento com Jorão, filho do rei
Josafá, foi resultado de uma aliança entre os dois reinos, como parte da
política de conciliação (2Rs 22.45). A malignidade de Atalia é destacada pelo
cronista ao afirmar: “[...] sendo Atalia ímpia [...]”
(2Cr 22.7). Sua impiedade se revela pelos maus conselhos que dera ao seu filho
Acazias (2Cr 22.2,3), resultando em uma total desconsideração a Deus e aquilo
que lhe pertencia (2Cr 24.7).
2. O plano maligno de Atalia.
Atalia foi a única
mulher a governar em Judá, no entanto de forma ilegítima. Após a morte de seu
filho Acazias (Jeoacaz), ela colocou em ação um plano maligno para usurpar o
trono do Reino do Sul: “Vendo, pois, Atália, mãe de Acazias, que seu
filho era morto, levantou-se e destruiu toda a descendência real”
(2Rs 11.1). Para garantir seu projeto ela ordenou a execução à sangue frio os
seus próprios familiares reais (2Cr 22.10-12). O que Jezabel fizera contra os
profetas de Israel, Atalia fez contra a família davídica, em Judá. O seu
perverso reinado durou seis anos, onde a idolatria entre outras coisas, era
institucionalizada (2Rs 11.18).
III.
A ASCENÇÃO DO REINADO DE JOÁS
Por trás da ordem
maquiavélica de Atalia, estava uma tentativa satânica de acabar com a linhagem
messiânica; mas o Senhor havia prometido manter os filhos de Davi no trono de
Judá (2Rs 8.19). A nação de Judá toma outro rumo, com a queda de Atalia.
Vejamos:
1. A preservação da vida de Joás.
Enquanto se
processava a execução da linhagem real, Jeoseba (também chamada de Jeosebate -
2Cr 22.11 - ARC), filha do rei Jeorão e irmã de Acazias (2Rs 11.2), de forma
corajosa, tomou a Joás filho de Acazias, e o escondeu juntamente com sua ama,
na recâmara dentro da Casa do Senhor por um período de seis anos (2Rs 11.2,3).
Jeoseba pois em risco sua vida, para livrar o seu sobrinho Joás da morte; tal
atitude deixa um grande exemplo, além da sua coragem, o seu altruísmo (1Co
13.5; Fp 2.4). Assim como Moisés foi preservado, sendo alvo da ordem de
execução (Êx 1.22; 2.9,10); e, o próprio o Senhor Jesus, foi protegido contra a
ameaça de Herodes (Mt 2.13- 15, 19-21); semelhantemente Joás foi alvo da
proteção divina, ficando claro a maravilhosa graça de Deus e sua soberania na
história humana (Sl 91.7; Dn 2.21).
2. A apresentação de Joás como rei.
Após ter sua vida
preservada por seis anos, era chegada a hora de apresentar a Judá um milagre,
Deus havia preservado um último descendente do trono de Davi e sua promessa
estava de pé. Vejamos como ocorreu todo o processo:
- Joiada o sacerdote e marido de Jeoseba (2Rs 11.9; 2Cr 22.11), reuniu os oficiais da guarda do templo, apresentou-lhes o rei e os fez jurar obediência e lealdade (2Cr 23.1-8);
- O sacerdote distribuiu entre os homens as armas que Davi havia confiscado em suas muitas batalhas, e, com elas, os guardas protegeram o herdeiro da linhagem davídica (2Cr 23.9-10);
- Quando todos estavam em suas posições, Joiada trouxe o rei que tinha agora 7 anos de idade e o apresentou ao povo. Colocou-lhe a coroa, lhe deu uma cópia da lei de Deus, a que ele devia obedecer (2Rs 11.12,21; Dt 17.14- 20);
- Joiada o ungiu, e o povo recebeu com grande alegria seu novo rei dando gritos de: “Viva o rei!” (2Cr 23.11). E a rainha Atalia foi deposta e morta (2Rs 11.15-16).
3. A atuação de Joás como rei.
Por influência de
Joiada, Joás buscou fazer o que era agradável aos olhos do Senhor (2Rs 12.2).
Seu reinado inicialmente foi marcado por algumas ações: a) a restauração da aliança com Deus (2Cr 23.16); b) a quebra dos laços com a idolatria
(2Cr 23.17); c) a reparação o templo
através das contribuições voluntárias (2Rs 12.4-5,9-15; 2Cr 24.4) e a sua
reorganização litúrgica (2Cr 23.18,19); d)
a confecção dos utensílios utilizados nos serviços do santuário (2Cr 24.14-a);
e; e) a apresentação dos holocaustos
como forma de adoração a Deus (2Cr 24.14b). O reavivamento consiste
simplesmente em obedecer à Palavra de Deus e em obedecer a suas ordens,
conforme foram dadas a nossos antepassados. Não precisamos das novidades do
presente; precisamos, sim, da realidade da Palavra.
IV. O DECLÍNIO DO
REINADO DE JOÁS
Joiada morreu com
uma idade avançada de 130 anos. Era tão querido pelo povo que foi sepultado
junto aos reis (2Cr 24.15,16). Porém, quando Joiada saiu de cena, o rei Joás
mostrou tão rapidamente o seu declínio na fé. Sua apostasia não foi culpa de
Joiada, pois o sacerdote havia cumprido fielmente a tarefa de ensinar as
Escrituras ao rei. Vejamos então como se deu o declínio moral de Joás:
- Sua fé era superficial; (2Cr 24.17a): “depois da morte de Joiada, ele não conseguiu sozinho servir a Deus”. Devemos nutrir uma sólida comunhão com Deus, independente das circunstâncias (Sl 125.1; 1Co 15.58; Ef 4.14; 2Tm 1.5; 1Pe 1.21);
- Atendeu conselhos insensatos: “vieram os príncipes de Judá e prostraram-se perante o rei; e o rei os ouviu” (2Cr 24.17); a Bíblia adverte sobre o perigo de maus conselhos (Sl 1.1; Pv 12.5; 1Co 15.33; 1Tm 4.1-4; Tt 1.14);
- Tornou-se tolerante nas questões religiosas, renunciando aos princípios divinos que lhe fora confiado: “E deixaram a Casa do SENHOR, Deus de seus pais, e serviram às imagens do bosque e aos ídolos; então, veio grande ira sobre Judá e Jerusalém por causa desta sua culpa” (2Cr 24.18). Devemos ter cuidado para não amar os prazeres do mundo (1Jo 2.15,16), e se moldar a ele (Rm 12.2);
- Não deu ouvidos a voz de Deus através da palavra nem dos profetas: “enviou profetas entre eles, para os fazer tornar ao SENHOR, os quais protestaram contra eles; mas eles não deram ouvidos” (2Cr 24.19). Deus sempre usa de misericórdia dando oportunidades para que haja arrependimento (2Cr 36.15). O Senhor garante aos que lhe dão ouvidos: a) vitória contra os inimigos (2Cr 20.20); b) segurança ( Pv 1.33); c) felicidade (8.34); d) longevidade (Pv 4.10); e) proteção (Pv 4.6); e, f) direção (Pv 4.11,12);
- Sua cegueira espiritual era tão grande que matou o sacerdote Zacarias filho Joiada que o repreendeu, tornando-se um homem ingrato com a família do homem de Deus que o protegeu (2Cr 24.20,21). A Bíblia ensina que o pecado cega e conduz o homem a um caminho de morte (Tg 1.14,15), de distanciamento sistemático (Sl 42.7), e de práticas reprováveis aos olhos de Deus (2Tm 3.2; Gl 5.19-21);
- Recebeu o juízo divino, morrendo tragicamente depois de uma conspiração: “[...] seus servos conspiraram contra ele, por causa do sangue do filho do sacerdote Joiada, e o mataram na sua cama, e morreu [...]” (2Cr 24.25). Um triste fim para quem foi preservado por Deus, infelizmente todos os que se afastam dos projetos divinos, terão um final trágico (2Tm 3.13); pois, a lei da semeadura é irrevogável (Gl 6.7; 2Co 9.6). Atentemos, portanto, para a recomendação: “Porque o que semeia na sua carne da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito do Espírito ceifará a vida eterna” (Gl 6.8).
CONCLUSÃO
Na lição de hoje
aprendemos que o nosso Deus sempre preservará sua palavra, embora muitos não
honrem seu proposito e chamado. A apostasia de Joás foi um ato propositado de
rebelião contra Deus, pois o rei sabia o que a lei de Moisés dizia acerca da
idolatria. Mas foi também um pecado de ingratidão por tudo o que Joiada havia
feito em seu favor. Joiada e sua esposa haviam salvado a vida do rei! Que Deus
nos guarde de tais prática.
REFERÊNCIAS
Ø BENTHO,
Esdras Costa; LEANDRO, Reginaldo P. Introdução ao Estudo do Antigo Testamento.
CPAD.
Ø ELISSEN,
Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
Ø GILBERTO,
Antônio. Bíblia com comentários. CPAD.
Ø WIERSBE,
W. W. Comentário Bíblico Expositivo. GEOGRAFICA
Por Rede
Brasil de Comunicação.