sábado, 14 de agosto de 2021

LIÇÃO 07 – O MINISTÉRIO DE ELISEU



 
 

2Rs 3.5,9-11,14-18; 4.1-7,38-41 




INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos sobre o dinâmico ministério do profeta Eliseu e suas principais marcas; destacaremos características dos milagres realizados por Deus por meio de seu servo; e, por fim, quais os principais propósitos de Deus em realizar tais milagres.
 
 
I. MARCAS DO MINISTÉRIO DE ELISEU
1. Um ministério marcado pela porção dobrada.
Antes de ser levado aos céus, Elias perguntou a Eliseu o que ele desejava receber, para exercer o seu ministério. Eliseu, então, sabiamente lhe respondeu: “Peço-te que haja porção dobrada de teu espírito sobre mim” (2Rs 2.9b). Segundo Donald Stamps, o termo “porção dobrada” não significa terminantemente o dobro do poder espiritual de Elias; refere-se antes ao relacionamento entre pai e filho, em que o filho primogênito recebia o dobro da herança que os demais (Dt 21.17). Eliseu estava pedindo que seu pai espiritual lhe conferisse uma medida abundante do seu espírito profético, para, deste modo, ele executar a missão de Elias.
 
2. Um ministério marcado pela autoridade de Deus.
Ao dar início ao seu ministério, Eliseu necessitava de confirmações públicas de que Deus o havia chamado, de modo que alguns fatos deixaram evidente a autoridade de Deus em seu ministério. Dentre eles, podemos citar: a) a abertura miraculosa do rio Jordão (2Rs 2.13-15); b) a punição imediata dos que zombaram dele (2Rs 2.23,24); c) a busca dos reis, para dele receberem a palavra do Senhor (2Rs 3.11,12); e, d) o cumprimento da sua mensagem profética (2Rs 3.15-20). Estes fatos foram testemunhos da comissão de Eliseu, como profeta do Senhor, para demonstrar o poder e a autoridade de Deus sobre a vida do profeta de Abel-Meolá (2Rs 2.15; 3.12).
 
3. Um ministério marcado por milagres.
Depois de Moisés, Eliseu, provavelmente, realizou mais milagres do que qualquer outra pessoa do Antigo Testamento. Um fato curioso é que o número de milagres que Deus operou por intermédio de Eliseu foi o dobro do que realizou através de Elias. É importante destacar que milagres são “operações de caráter divino, fazendo intervenções na esfera física”, podendo ser vistos na cura de doentes, na multiplicação de víveres, na intervenção sobre os elementos da natureza e até na ressurreição de mortos. Milagre, portanto, é um feito ou ocorrência extraordinária, que não se explica pelas leis da natureza, constituindo-se na intervenção de Deus sobre as leis naturais, com um propósito específico de glorificar o Seu nome. O ministério de Eliseu tinha a intenção de mostrar que não há necessidade pessoal ou nacional, sobre as quais Deus não possa suprir, que todos os acontecimentos são controlados por Ele e que Ele cuida do Seu povo.
 
 
II. OS MILAGRES DE PROVISÃO NO MINISTÉRIO DE ELISEU
1. A multiplicação do azeite da viúva (2Rs 4.1-7).
O milagre ocorrido na casa da viúva de um dos discípulos dos profetas confirma esse fato (2Rs 4.1-7). O texto expõe a extrema situação de penúria na qual essa pobre mulher havia ficado. Perdera o marido, que havia falecido, e agora corria o risco de perder os filhos para os credores, se não quitasse uma dívida. Era costume naqueles dias um credor obrigar um devedor a saldar a sua dívida, por meio do trabalho servil ou escravo (2Rs 4.1b). Essa mulher, portanto, necessitava urgentemente que alguma coisa fosse feita, para tirá-la daquela situação. Sabedora de que o profeta Eliseu era orientado por Deus, recorreu a ele (2Rs 4.l). A Escritura mostra que o Senhor socorre o necessitado (Sl 40.17; 69.33; Is 25.4; Jr 20.13).
 
2. A multiplicação dos pães (2Rs 4.42-44).
Esse também é um milagre de provisão. Cem homens do grupo dos discípulos dos profetas, e apenas vinte pães foram ofertados por um homem de Baal-Salisa (2Rs 4.42). Pela “lei da oferta e da procura”, verificase que a procura era maior do que a da oferta (2Rs 4.43). O profeta Eliseu não olha as evidências naturais, mas, seguindo a direção de Deus, profetiza que todos comeriam e ainda sobrariam pães (2Rs 4.43,44). Não havia lógica nenhuma nessa predição do profeta. Todavia, milagres não se explicam... São aceitos pela fé! Muitas vezes, os caminhos de Deus são diferentes dos nossos caminhos (Is 55.8,9). Neste milagre de provisão, o poder de Deus é manifestado na palavra profética que age como um comando dado por Eliseu: “[...] porque assim diz o Senhor [...]” (2Rs 2.43). Encontramos o Novo Testamento detalhando como Jesus Cristo operou um milagre com a mesma dinâmica, todavia de maiores proporções (Jo 6.9). Nos dois eventos, a graça de Deus em prover o imprescindível para os necessitados fica em evidência. Quando compartilhamos o que temos e, deixamos as consequências nas mãos de Deus, ele provê as nossas necessidades, bem como às dos outros, e pode até haver sobra (Pv 11.24,25).
 
3. A Abundância de víveres (2Rs 7.1,2,16-18).
Jorão, filho de Acabe, estava assentado no trono do Reino do Norte, e a exemplo do pai envolvido em idolatria e apostasia, a consequência de suas ações pecaminosas foi o cerco à cidade de Samaria, promovida por Ben-Adade II (2Rs 6.24). Com a cidade sitiada, o resultado natural foi a escassez de alimentos. Vendia-se desde cabeça de jumento até mesmo esterco de pombo, na tentativa de amenizar a fome (2Rs 6.25). Pressionado pela crise, o rei procurou o profeta Eliseu e o responsabilizou pela tragédia. Sempre o Diabo querendo culpar Deus pelas mazelas que ele induziu os homens a praticarem! Mais uma vez, Deus comprova a sua graça e orienta Eliseu a profetizar o fim da fome! Como nos outros milagres, esse tem o seu cumprimento de forma inteiramente sobrenatural. Fica evidente que, nos milagres de provisão, o poder de Deus é manifestado em situações em que o braço humano se mostra totalmente impotente (GONÇALVES, 2021, p. 76).
 
 
III. OS MILAGRES DE RESTITUIÇÃO NO MINISTÉRIO DE ELISEU
1. A ressurreição do filho da sunamita (2Rs 4.18-37).
Após uma intensa dor de cabeça, o filho da mulher sunamita, veio a óbito (2Rs 4.19,20). Mesmo tendo deixado o filho morto em casa, essa rica mulher de Suném demonstra uma fé inabalável em Deus e em seu profeta. Assim é que, quando a caminho e interrogada por Geazi, moço de Eliseu, sobre como iam as coisas, ela respondeu: “vai tudo bem!” (2Rs 4.26). A ação da mulher, em ir rapidamente a procura de Eliseu, sugere que ela possuía fé suficiente de que ele seria capaz de ressuscitar a criança. A sequência da história mostra o profeta Eliseu orando ao Senhor, sobre o corpo inerte do garoto (2Rs 4.33). O relato é dramático e desafia a lógica. Os gestos do profeta parecem não ter sentido (2Rs 4.34,35). Deus não deve explicações a ninguém sobre a forma como Ele quer operar milagres! O Senhor responde à oração do profeta e a vida volta novamente ao filho da sunamita (2Rs 4.35-37). Essa ressurreição do filho da viúva marca a primeira, de várias ressurreições registradas na Bíblia (2Rs 13.21; Mt 9.25; Lc 7.14,15; Jo 11.43,44; At 9,40,41; 20.9-12). Por intermédio do homem de Deus, mais uma vez, o Senhor manifestou seu poder sobre a vida e a morte (1Sm 2.6).
 
2. O machado que flutuou (2Rs 6.1-7).
Um dos discípulos dos profetas perdera a ferramenta que havia tomado emprestada (2Rs 6.5). Naqueles dias, os instrumentos feitos de ferro eram escassos e valiosos (1Sm 13.20,21). Daí seu desespero quando perdeu aquele objeto. Duas coisas observamos nesse texto: a) primeiramente a motivação do milagre, que está expressa no lamento daquele que perdera o machado: “o que nos faz lamentar?”; “a nossa motivação está correta?” e, b) vemos o profeta procurando identificar o local onde a ferramenta havia caído ou se perdido (2Rs 6.6). O Senhor está pronto a restituir ou restaurar quem perdeu alguma coisa, desde que se tome consciência disso (Ap 2.5). Às vezes, a falta de reconhecimento por parte de alguns que perderam alguma coisa, como por exemplo, a comunhão com Deus, pesa mais do que o machado que Eliseu fez flutuar.
 
 
IV. OS MILAGRES DE RESTAURAÇÃO NO MINISTÉRIO DE ELISEU
1. A cura de Naamã (2Rs 5.1-19).
Algumas coisas nos chamam a atenção no relato desse milagre: a) observamos que o general sírio fica indignado quando o profeta não age, da forma como ele imaginou (2Rs 5.11); Deus não faz shows, nem tampouco opera para satisfazer nossa curiosidade. b) Deus não estava interessado na análise lógica de Naamã (2Rs 5.11,12), mas apenas em sua obediência. c) Naamã recebe a cura quando desce do cavalo (2Rs 5.14). Não há quem goste de descer... Todos gostamos de subir. Todavia Abigail, para salvar seu casamento, teve que descer do jumento (1Sm 25.23). Ninguém será restaurado se não descer... Naamã desceu e foi curado. Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes (Tg 4.6). d) Naamã tentou recompensar o profeta pelo milagre recebido (2Rs 5.15,16). Eliseu recusou! A graça não aceita pagamento por aquilo que faz (Mt 10.8).
 
2. As águas de Jericó (2Rs 2.19-22).
O texto narra a história das águas amargas de Jericó, que se tornaram saudáveis mediante a ação do profeta Eliseu. Aqui Eliseu pede um prato novo e pede que se ponha sal nesse recipiente. Feito isso, ele profetiza que aquelas águas se tornariam saudáveis, segundo a palavra do Senhor. Essas exigências do profeta possuíam um valor simbólico, visto que o sal representa um elemento purificador (Lv 2.13; Mt 5.13), enquanto o prato novo seria um instrumento de dedicação especial ou exclusiva para aquele momento. Em todo caso, foi o poder de Deus quem purificou as águas, e não o poder em si desses objetos e ingredientes.
 
 
V. PRINCIPAIS PROPÓSITOS DOS MILAGRES NO MINISTÉRIO DE ELISEU
Os milagres operados pelo profeta Eliseu são uma clara demonstração do poder de Deus em seu ministério. Todos tiveram um propósito específico. Vejamos alguns:
 
1. Glorificar a Deus.
Os milagres narrados nas Escrituras, tanto no Antigo como no Novo Testamento, objetivam a glória de Deus (Jo 2.11; 9.3; 11.4,44,45). Em nenhum, encontramos os profetas e apóstolos, buscando chamar a atenção para si (2Rs 5.15,16; Dn 2.27,28; At 3.8,12; 14.14,15);
 
2. Dar uma resposta à necessidade humana.
Todos os textos, narrando os milagres realizados por meio de Eliseu, deixam bem claro que os mesmos ocorreram em resposta a uma necessidade e ao sofrimento humano (2Rs 4.1-7; 4.8-38; 5.1-19; 6.1-7).
 
3. Conduzir as pessoas a Deus.
Os milagres operados pelo profeta Eliseu são uma clara demonstração do poder de Deus. Todos eles tiveram como propósito específico despertar a fé no único Deus verdadeiro, que demonstra a sua graça e glória, nas mais diferentes situações na vida. No milagre da abundância de víveres, o profeta Eliseu conclamou o povo a: “ouvir a palavra do Senhor” (2Rs 7.1). No Novo Testamento, o apóstolo João destaca os sinais operados por Jesus, com o propósito apologético: “[...] para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus [...]” (Jo 20.31a); e, evangelístico: “[...] e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo 20.31b).
 
 
CONCLUSÃO
Os poderosos milagres do Senhor, através do profeta Eliseu (2Rs 2.21,22; 4.36,37; 4.43; 5.14; 6.6; 7.1), mostram que Deus controla não apenas os grandes exércitos, mas também os acontecimentos da vida cotidiana. Quando ouvimos e obedecemos a Deus, Ele nos mostra seu poder de transformar qualquer situação.
 
 
 
REFERÊNCIAS
Ø  CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Ø  GONÇALVES, J. Porção Dobrada: Uma análise bíblica, teológica e devocional sobre os ministérios proféticos de Elias e Eliseu. CPAD.
Ø  GONÇALVES, J. O Carisma Profético e o Pentecostalismo Atual: Pressupostos para uma Práxis Carismática Autêntica. CPAD.
Ø  MCDONALD, William. Comentário Bíblico Popular: Antigo Testamento. EDITORA MUNDO CRISTÃO.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.                                                                                                                                   
Por Rede Brasil de Comunicação.


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