2Rs 2.1-15
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje, veremos quem foi
o profeta Eliseu, estudaremos como se deu sua chamada para suceder o profeta
Elias, analisaremos sua formação e capacitação para o exercício profético, além
de constatar as características que o fizeram ser reconhecido como um homem de
Deus. E, por fim, elencaremos quais as lições que podemos extrair do chamado de
Eliseu.
I.
QUEM FOI O PROFETA ELISEU
1. Nome.
Eliseu, seu nome
hebraico “elisha” significa “Deus é salavação”. Seu nome no grego
Elissaios consta em Lucas 4.27. Eliseu era filho de Safate, de
Abel-Meolá no Vale do Jordão [...]. Seu Ministério profético cobriu toda a
última metade do século IX a.C atravessando os reinados de Jorão, Jéu, Jeoacaz
e Joás, do reino do norte. Sua influência estendia-se desde uma viúva
endividada (2R 4.1) até um homem rico e proeminente e mesmo até dentro do
próprio palácio de Israel (5.8; 6.9, 12,21,22; 6.32-7.2; 8.4; 13.14-19).
2. Chamada.
A palavra “chamar”
no hebraico é “qãrã” que significa “chamar alguém, convidar, convocar”.
O Senhor chama quem Ele quer, inclusive pessoas simples (Am 7.14; I Sm 16.11).
Eliseu, por exemplo, trabalhava arando terra (1Rs 19.19a). A escolha de Eliseu
foi uma expressão da soberania do Senhor (1Rs 19.16), e ele a fez através de Elias
(1Rs 19.19). A Bíblia registra que ao aproximar de Eliseu “...Elias
passou por ele, e lançou a sua capa sobre ele” (1Rs 19.19b). [...]
Acreditava-se que o poder espiritual era transferido ao profeta por meio do seu
manto (II Rs 2.13,14). Naturalmente pensamos que isso era um ato meramente
simbólico, mas nos tempos antigos as mantas dos profetas eram consideradas
seriamente como objetos de poder (CHAMPLIN, 2001, p. 1445).
3. O pedido de
Eliseu.
“...Peço-te que
haja porção dobrada de teu espírito sobre mim” (2 Reis 2:9). Essa
frase tem sido muitas vezes mal interpretada como um pedido para receber o
dobro do Espírito Santo que estava na vida de Elias, e os maiores milagres que
ele realizou foram considerados como indicação dessa assertiva. No entanto,
esse pedido estava baseado em Dt 21.15-17, onde a mesma expressão porção
dobrada é aplicada àquilo que o primogênito recebia da herança de seu
pai. Eliseu se considerava o primogênito de Elias, o “filho do profeta”
porque havia sido chamado para sucedê-lo como líder (BEACON, vol. 2, 2005, p.
344).
II.
A FORMAÇÃO E A CAPACITAÇÃO DE ELISEU PARA PROFETA
Não resta dúvidas
de que Elias exerceu um ministério extraordinário no Reino do Norte, pois ele
foi responsável por ajudar o povo de Deus a manter a sua identidade espiritual,
fazendo com que Israel pudesse testemunhar que só o Senhor é Deus. Contudo,
assim como todos os homens levantados por Deus, seu ministério estava chegando
ao final, por isso necessitava de um substituto. Para isso, Elias não agiu por
conta própria, ele só o fez quando e como a voz divina lhe orientou a fazer,
quando lhe disse: “...e também a Eliseu, filho de Safate de
Abel-Meolá, ungirás profeta em teu lugar” (1Rs 19.16). Diante da
ordem divina, Elias prontamente se dispôs a cumprir (1Rs 19.19). Este texto nos
mostra pelo menos dois aspectos da vocação divina:
1. Formação.
Apesar de receber
a chamada de Deus, Eliseu não estava pronto. Ele precisava ser formado por
Elias. Como podemos ver, Eliseu não demorou para entender isso, pois, receber o
chamado prontificou-se a seguir e servir o homem de Deus “...então
se levantou e seguiu a Elias, e o servia” (1Rs 19.21b). Eliseu
se tornou um servo e aprendiz de Elias. Ele tinha servido bem à sua
família; agora seria fiel e útil ao profeta. Daquele dia em diante Eliseu
passou a andar junto de Elias, acompanhando passo a passo sua maneira de
proceder (2 Rs 2.1-6) e servindo-o naquilo que era necessário, de maneira que
quando alguém se referiu a Eliseu disse: “...aqui está Eliseu,
filho de Safate, que derramava água sobre as mãos de Elias” (2
Rs 3.11b).
2. Capacitação.
Ao andar junto de
Elias, Eliseu percebeu que além da chamada que havia recebido e da formação que
estava recebendo do profeta, era necessário algo mais: a capacitação. Por isso,
antes de ser tomado num redemoinho aos céus, o profeta Elias perguntou-lhe o
que ele queria que lhe fosse dado, e Eliseu respondeu: “...peço-te que
haja porção dobrada de teu espírito sobre mim” (2 Rs 2.9).
Elias, então, disse a Eliseu que isto fora um pedido difícil. No entanto, seria
concedido se ele o visse subir ao céu, o que aconteceu em seguida (2 Rs
2.10-12). Agora, o profeta Eliseu, ao pegar a capa de Elias, foi conferir se a
capacidade divina de fato estava sobre ele. Então, deu com a capa no rio
Jordão, que abriu ao meio imediatamente (2Rs 2.14). Não foi necessário Eliseu
dizer que estava capacitado; os filhos dos profetas reconheceram isso: “Vendo-o,
pois, os filhos dos profetas que estavam defronte em Jericó, disseram:
O espírito de Elias repousa sobre Eliseu.” (2 Rs 2.15a).
II.
ELISEU UM HOMEM DE DEUS
Eliseu era conhecido pelo povo de
todas as camadas como o homem de Deus. “...Eis que tenho observado que
este que passa sempre por nós é um santo homem de Deus…” (2 Rs 4.9),
outros textos bíblicos confirmam esse fato (2 Rs 4.16,22,25,27,40; 5.8;
6.6,9,10; 7.18; 8.4,8,11). Notemos as características que conduziram a esse
reconhecimento:
1. Eliseu tinha
uma vida de santidade. “...é um santo homem de Deus”.
Com essa
declaração, fica evidente que o profeta Eliseu era homem reconhecidamente santo
diante de uma sociedade pecadora. E no sentido de viver uma vida santa e justa,
em conformidade com a palavra de Deus e dedicada ao serviço divino, o cristão
passa a viver em busca da remoção de qualquer impureza que impossibilite esse
serviço. Sendo assim, Deus deu ao seu povo, a nação de Israel, o código de leis
de santidade que se acha no livro de Levítico. Entendemos então que o padrão de
vida de um povo que busca a santificação é viver uma vida de consagração (2Co
6. 16). A santificação é praticada e aplicada ao viver diário do crente (Pv
4.18; 2Co 3.18; 7.1; 2Pe 3.18), é a santificação vivencial (2Co 7.1; Hb 12.14).
2. Eliseu era
Servo.
Uma marca dos
homens que se tornaram modelo de uma vida santa e justa foi o fato de ser
servo, no sentido de servir com um coração puro, abnegado e resignado a Deus e
a sua obra. E essa marca era visível em Eliseu, pois o texto bíblico nos
constata: “...Aqui está Eliseu, filho de Safate, que era servo de Elias.”
(2 Reis 3.11 - NVI). Essa condição de servo também foi expressa por
Eliseu quando algumas vezes ele afirmou a Elias: “...Vive o Senhor, e
vive a tua alma, que te não deixarei” (2 Reis 2:4). Sendo assim, a
partir da vida de Eliseu podemos verificar no Novo Testamento as
características esperadas de um servo de Deus: Humilde (At 20.19); Abnegado (1
Cor 9.27); Santo (Êx 28.36; Lv 21.6; Tt 1.8); Sóbrio, justo e controlado (Lv
10.19; Tt 1.8); Puro (Is 52.11; I Tm 3.9); Hospitaleiro (I Tm 3.2; Tt 1.8);
Paciente (1Tm 3.2; Tt 1.7); Vigilante (2 Tm 4.5); Voluntário (Is 6.8; 1Pe 5.2);
Dedicado à oração (Ef 3.14; Fp 1.4); sem cobiça (2Co 12.14; I Ts 2.6); Afetuoso
com o rebanho (Fp 1.7; I Ts 2.8,11); Dedicado (At 20.24; Fp 1.20,21); Forte na
fé (2Tm 2.1).
4. Eliseu não era
materialista.
Uma das marcas
distintiva do profeta Eliseu é que ele não era apegado aos bens materiais, isso
foi visto logo no início da sua chamada (1 Rs 19.20,21); em outro episódio,
Naamã, chefe do exercício do rei da Síria, após ser curado nas águas do rio
Jordão, tentou recompensá-lo: “...E agora, por favor, aceite um presente
deste seu servo. Porém ele respondeu: — Tão certo como vive o Senhor, em cuja
presença estou, não aceitarei nada. Naamã insistiu com ele para que aceitasse,
mas ele recusou.” (2 Reis 5:15,16 - NAA). Esses textos demonstram que
Eliseu não negociava com os dons e talentos que Deus o havia concedido e nem
colocava os bens materiais acima do seu chamado.
III.
O QUE PODEMOS APRENDER COM O CHAMADO DE ELISEU
1. Disponibilidade.
Eliseu não recusou o chamado
divino. Quando Elias lhe lançou a capa, ele se mostrou disponível: “e
correu após Elias” (1Rs 19.20a). Ao recebermos o chamado divino devemos
estar disponíveis seja para o que for. Tal qual o profeta Isaías diante do
clamor divino, devemos responder: “Eis-me aqui, envia-me a mim” (Is
6.8b).
2. Renúncia.
Apesar de ter um
trabalho e de amar a sua família, Eliseu demonstrou estar disposto a renunciar
o que fosse preciso para atender a convocação divina “Então deixou ele os
bois, e correu após Elias; e disse: Deixa-me beijar a meu pai e a minha mãe, e
então te seguirei” (1Rs 19.20a). Tal como os discípulos de Jesus
abandonaram suas redes de pescar e puseram-se a segui-lo (Mt 4.20). Esta deve
ser uma característica de todo aquele que de modo semelhante recebe o chamado
divino. Eliseu se desfez completamente daquilo que exercia antes de receber o
chamado divino, mostrando-nos claramente que dali por diante sua tarefa era
outra (1Rs 19.21).
3. Serviço.
O chamado de
Eliseu nos ensina que ao sermos chamados por Deus devemos estar dispostos a
servir. Eliseu como aprendiz aprenderia a exercer o seu chamado servindo a
Elias (1Rs 19.21). Deus prepara o homem que vai usar através de um homem que já
é usado por Ele. A Bíblia cita exemplos dessa verdade, eis alguns: Josué foi
preparado por Deus servindo Moisés (Êx 24.13; 33.11; Nm 11.28; Js 1.1); Samuel
serviu a Eli (1Sm 2.11; 3.1); Timóteo servia a Paulo, a quem ele chama
de filho (1Co 4.17; 1Tm 1.2,18; 2Tm 1.2; 3.14).
CONCLUSÃO
A chamada de
Eliseu para ser o profeta, que sucederia a Elias, nos ensina como devemos
proceder ao chamado divino. A disponibilidade, a renúncia e o serviço prestado
para Deus no sentido de glorificá-lo e edificar a Igreja Cristo são os
requisitos esperados daqueles que são chamados para servir.
REFERÊNCIAS
Ø BOYER,
Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica.
Brasil: Editora Vida.
Ø CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia
de Bíblia Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Ø BÍBLIA DE ESTUDO CRONOLÓGICA
APLICAÇÃO PESSOAL. CPAD
Ø MULDER,
O. Chester, et all. Comentário
Bíblico Beacon. CPAD.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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