Lc 24.44-49
INTRODUÇÃO
Nesta lição destacaremos o ensino da
canonicidade das Escrituras; veremos o significado do termo Testamento à luz da
Bíblia; elencaremos os principais aspectos da estrutura do Antigo e Novo
Testamento; e, por fim, qual o tema principal da Bíblia.
I. O CANON DAS ESCRITURAS SAGRADAS
1.
Definição do termo cânon.
Procedente
do vocábulo hebraico: “kannesh”, que significa: “vara de
medir” (Ez 40.3), e do grego: “kanon”, que, basicamente,
tem o mesmo significado do termo hebreu. A palavra “cânon” é
usada em teologia com este significado: padrão, regra de procedimento,
critério norma (Gl 6.16). A Bíblia, como o nosso cânon por excelência,
arvora-se como a nossa única regra de fé e conduta, pois a temos como a
infalível Palavra de Deus. Em termos técnicos, podemos definir assim o cânon
das Sagradas Escrituras: coleção de livros reconhecidos pela igreja cristã como
singularmente inspirados pelo Espírito Santo. Chamamos os livros da Bíblia de
canônicos para diferençá-los dos apócrifos (não inspirados).
2.
Significado prático do termo.
Nos
primórdios do cristianismo, a palavra cânon significava regra de fé, ou
escritos normativos (isto é, as Escrituras autorizadas). Por volta da época de
Atanásio (c. 350 d.C), o conceito de cânon bíblico ou de Escrituras normativas
já estava em desenvolvimento. A palavra cânon aplicava-se à Bíblia tanto no
sentido ativo como no passivo. No sentido ativo, a Bíblia é o cânon pelo qual
tudo o mais deve ser julgado. No sentido passivo, cânon significava a regra ou
padrão pelo qual um escrito deveria ser julgado inspirado ou dotado de
autoridade.
II. OS DOIS TESTAMENTOS
A
palavra testamento possui dois significados básicos Primeiro significa: “aliança,
um pacto, um concerto”. No Antigo Testamento, achamos como tema central
o pacto que Deus fez com Israel no Sinai, pacto este selado com sangue (Êx
24.3-8; Hb 9.19,20), como também a profecia de uma melhor aliança que haveria
de ser feita pelo Messias (Jr 31.31-33; Hb 8.10-13). No Novo Testamento se
trata da nova aliança pelo sangue de Jesus, pela qual podemos chegar a Deus (Mt
26.28; Ef 2.13). Em segundo lugar testamento, significa a última vontade de
alguém, quanto a seus bens, entrando em vigor com a morte do testador. Tanto o
Antigo como Novo Testamento falam das riquíssimas bênçãos prometidas e
vinculadas à morte do Messias (Gl 3.15-17; Hb 9.17; Rm 8.17) (BERGSTEN, 2016,
p.14).
III. A ESTRUTURA DO ANTIGO TESTAMENTO
1.
A divisão do Antigo Testamento.
Comumente
o Antigo Testamento é dividido e quatro sessões; essa forma baseia-se na
disposição dos livros por tópicos (não de forma cronológica), com origem na
tradução das Escrituras Sagradas para o grego. Essa tradução, conhecida como a
Versão dos setenta, a septuaginta (LXX), iniciara-se no século III a.C, sendo
39 livros. Segue-se a estrutura: a) Lei (Pentateuco – 5 livros): Gênesis
a Deuteronômio; b) Poéticos (5 livros): Jó a Cantares de Salomão; c)
Históricos (12 livros): Josué a Ester; d) Proféticos (17 livros):
Isaías a Malaquias.
2.
A divisão da Bíblia Hebraica.
A
Bíblia hebraica não segue essa divisão tópica dos livros, em quatro partes aqui
já mencionadas. Antes, emprega-se uma divisão de três partes, talvez baseada na
posição oficial de seu autor. Os cinco livros de Moisés: a) Torá (Lei).
Gênesis, Êxodo, Número, Levítico e Deuteronômio; aparecem em primeiro lugar.
Seguem-se os livros dos homens que desempenharam a função de profeta: b)
Nevhiim (profetas). Profetas anteriores: Josué, Juízes, Samuel e
Reis. Profetas posteriores: Isaías, Jeremias, Ezequiel; e, por fim, a
terceira parte contém livros escritos por homens que, segundo se cria, tinham o
dom da profecia, sem serem profetas oficiais: c) Kethuviim (os
escritos). Livros poéticos: Salmos, Provérbios e Jó. Cinco rolos (Megilloth):
O Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Ester e Eclesiastes. Livros
históricos: Daniel, Esdras-Neemias e Crônicas. A junção das iniciais dessas
palavras no hebraico traz o nome da Bíblia dos Judeus: Tanak. O
Novo Testamento faz alusão a uma divisão em três partes do Antigo Testamento,
quando Jesus disse: “[...] era necessário que se cumprisse tudo o que de
mim estava escrito na lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (Lc
24.44).
3. Os livros apócrifos.
A
palavra “apócrifo” significa, literalmente: “escondido”, “oculto”.
No sentido religioso, o termo significa: “não genuíno” ou “espúrio”.
São chamados de Livros Apócrifos, os que foram escritos no período interbíblico,
ou seja, no período entre os livros de Malaquias e Mateus, que não receberam a
influência do Espírito Santo; o que significa dizer que não foram inspirados
por Deus. A Bíblia editada pela Igreja Romana contém 73 livros, ou seja, 7
livros a mais; são eles: Tobias, Judite, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico,
Baruque, I Macabeus e II Macabeus. A Igreja Romana aprovou os apócrifos em 18
de abril de 1546, para combater o movimento da Reforma Protestante, então
recente. Nessa época, os protestantes combatiam as novas doutrinas romanistas,
como a doutrina do purgatório, da oração pelos mortos, da salvação pelas obras
etc. Como a Igreja Católica via nesses livros apócrifos base para essas
doutrinas, aprovou os mesmos como canônicos; tais adições ao texto sagrado,
rejeitamos veementemente (Dt 4.2; 12.32; Pv 30.6; Ec 3.14; Ap 22.18).
A) Razões por que se
rejeita a canonicidade dos apócrifos:
- A comunidade judaica jamais os aceitou como canônicos;
- Não foram aceitos por Jesus nem pelos escritores no N.T;
- A maior parte dos pais da igreja rejeitou a sua canonicidade;
- Nenhum concílio da Igreja os considerou canônicos, senão no final do século IV;
- Nenhuma igreja ortodoxa reconheceu os apócrifos como canônicos;
- Não reivindicam ser proféticos;
- Não detém autoridade divina;
- Contém erros históricos;
- Contém heresias, como oração pelos mortos;
- Há evidente ausência de profecia;
- O povo de Deus, a quem os apócrifos foram escritos, os recusou terminantemente.
4. O
tema central do Antigo Testamento.
Cerca
de seis vezes no Novo Testamento, se afirma ser Jesus o próprio tema do Antigo
Testamento (Mt 5.17; Lc 24.27,44; Jo 5.39; Hb 10.7). No caminho de Jerusalém
para Emaús, Jesus com a finalidade de esclarecer sobre a sua morte e
ressurreição, ele reafirmou ser o tema central das Escrituras: “E,
começando por Moisés e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se
achava em todas as Escrituras” (Lc 24.27). Da semente prometida em
Gênesis 3.15, através do servo sofredor em Isaías 53, ao que transpassaram
conforme Zacarías 12.10, e o anjo do pacto em Malaquías 3.1. Jesus é visto em todas
as partes do Antigo Testamento, o que Ele mesmo reafirmou ao se revelar aos
seus discípulos em Jerusalém: “E disse-lhes: São estas as palavras que
vos disse estando ainda convosco: convinha que se cumprisse tudo o que de mim
estava escrito na Lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos” (Lc
24.44). Cristo é o fio que atravessa todas as Escrituras, o tema central que as
enlaça:
ANTIGO TESTAMENTO |
• Lei • História • Poesia • Profecia |
• Fundamento da
chegada de Cristo • Preparação para a
chegada de Cristo • Anelo pela chegada
de Cristo • Certeza da chegada
de Cristo |
IV. A ESTRUTURA DO NOVO
TESTAMENTO
1.
Divisão e classificação do Novo Testamento.
O Novo
Testamento é composto por 27 livros. Foi escrito em grego; não no grego
clássico dos eruditos, mas no do povo comum, chamado “Koiné”.
Seus 27 livros também estão classificados em 4 grupos, conforme o assunto a que
pertencem: a) Biografia (os Evangelhos - 4 livros): Mateus a João; b)
História (1 livro): Atos dos Apóstolos; c) Epístolas (21 livros):
Romanos a Judas; e, e) Profecia (1 livro): Apocalipse.
2. O
tema central do Novo Testamento.
Tomando
o Senhor Jesus como o centro da Bíblia, podemos resumir que os 27 livros em
quatro palavras referentes a Ele: a) Manifestação: Os Evangelhos, que
tratam da manifestação de Cristo em carne (Jo 1.14); b) Propagação: O
Livro de Atos, que trata da propagação de Cristo (At 1.1-3); d) Explanação: As
Epístolas, que são a explanação da doutrina de Cristo (Ef 3.4-11); (e)
Consumação: O Livro de Apocalipse, que trata da consumação de todas as
coisas preditas, através de Cristo (Ap 1.4-8). Portanto, as Escrituras sem
Jesus seriam como a física sem a matéria ou a matemática sem os números
(GILBERTO APUD SCOFIELD, sd, p.13 - acréscimo nosso). Cristo tem a preeminência
e a centralidade de todas as coisas (Cl 1.18; Rm 11.36).
CONCLUSÃO
A
Bíblia contém tudo aquilo que Deus quis revelar à humanidade. Seu principal
objetivo é demonstrar a salvação através da fé em Jesus Cristo. Por isso, não devemos
modificar, acrescentar ou excluir nenhuma de Suas palavras, nem incluir nenhum
outro livro que não foi inspirado por Deus.
REFERÊNCIAS
Ø BAPTISTA, Douglas. A
Supremacia das Escrituras: Inspirada,
Inerrante e Infalível Palavra de Deus. CPAD.
Ø BERGSTEN, Eurico. Teologia
Sistemática. CPAD.
Ø GILBERTO, Antônio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
Ø GILBERTO, Antônio. A
Bíblia Através dos Séculos.
CPAD.
Ø GEISLER, NORMAN. Introdução
Bíblica: como a Bíblia chegou
até nós. CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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