Sl 119.1-8
INTRODUÇÃO
Nesta
lição veremos as definições dos termos Bíblia e autoridade; pontuaremos alguns
aspectos da autoridade da Bíblia; notaremos alguns propósitos de Deus com a
Bíblia; e por fim, falaremos sobre as características da Bíblia Sagrada.
I. DEFINIÇÕES DOS TERMOS BÍBLIA E AUTORIDADE
1. Definição da palavra Bíblia.
A
palavra “Bíblia” não se encontra no texto das Sagradas Escrituras. É
derivado do nome que os gregos davam à folha de papiro preparada para a escrita
“biblos”.
Um rolo de papiro de tamanho pequeno era chamado “biblion”, e vários destes
era uma “bíblia”. Portanto, a palavra Bíblia quer dizer: “coleção
de livros pequenos”. Atribui-se a João Crisóstomo a disseminação do uso
desse vocábulo para se referir à Palavra de Deus. No Ocidente, a palavra em
questão foi introduzida por Jerônimo tradutor da Vulgata Latina (tradução
da Bíblia do grego para o latim), o qual, costumeiramente, chamava o
Sagrado Livro de “Biblioteca Divina” (ANDRADE, 2008, p. 20 – acréscimo nosso).
Os nomes mais comuns que a Bíblia dá a si mesma são: a) Escrituras (Mt 21.42; 22.29; Mc 14.29; Lc 24.27; Jo 5.39); b) Sagradas Letras (2Tm 3.15); c) Livro do Senhor (Is 34.16); e, d) Palavra de Deus (Pv 30.5; Hb 4.12).
2. Definição da palavra autoridade.
A
palavra autoridade é a tradução do termo grego “eksousia”. A autoridade
da Bíblia deriva de sua origem divina e o selo dessa autoridade aparece em expressões
como “assim diz o SENHOR” (Êx 5.1; Is 7.7); “veio a palavra do SENHOR”
(Jr 1.2). Isso encerra a suprema autoridade das Escrituras com plena e total
garantia de infalibilidade, pois a Bíblia é a Palavra de Deus (Mc 7.13; 1Pe
1.23-25). “Existem muitas palavras ou frases que a Bíblia utiliza para se
autodescrever e que sugerem uma reivindicação de autoridade divina. Jesus disse
que a Bíblia é indestrutível e que ela jamais passará (Mt 5.17,18); ela é infalível,
ou ‘não pode ser anulada’ (Jo 10.35); ela tem a autoridade final (Mt
4.4,7,10); e ela é suficiente para a nossa fé e prática (Lc 16.31)” (HORTON, 1996,
p. 218 - grifo nosso).
II. ASPECTOS DA AUTORIDADE DA BÍBLIA
1. A Bíblia é inspirada.
A
Bíblia alega ser um livro de Deus e ter uma mensagem com autoridade divina.
Paulo diz que: “Toda a Escritura é divinamente inspirada […]” (2Tm 3.16). A
palavra grega é “theopneustos”, e significa literalmente “soprada por Deus”.
Portanto, a Bíblia não contém, nem torna-se, ela é a Palavra de Deus. Geisler
(2010, p. 460 – acréscimo nosso) define a inspiração da seguinte forma: “é a
operação sobrenatural do Espírito Santo, que, por intermédio de diferentes
personalidades e estilos literários dos autores humanos escolhidos, investiu as
palavras exatas dos livros originais das Sagradas Escrituras, em separado ou no
seu conjunto, como a própria Palavra de Deus, isenta de
erro em tudo o que ensina, e é, dessa forma, a regra infalível e a autoridade
final de fé e prática para todos os crentes”. As próprias Escrituras
afirmam ser inspiradas no todo, em partes, em palavras e em cada letra: a) Inspiração do todo (Mt 5.17; 2 Tm
3.16); b) Inspiração de partes (Jo
12.14-16); c) Inspiração das
palavras (Mt 4.4); e, d) Inspiração
de cada letra (Mt 5.18).
2. A Bíblia é revelada.
A
Bíblia é a revelação escrita de Deus ao homem, pois através dela o Senhor se
fez conhecido de forma especial (Jo 3.16). O conhecimento divino preservado nas
Sagradas Escrituras, é posto à disposição da humanidade (Dt 8.3; Is 55.11; 2Tm
3.16; Hb 4.12). Por ela, conhecemos Seus atributos comunicáveis e
incomunicáveis, dentre outras coisas (Sl 139.1-10; 1Jo 4.8). “Pela
Bíblia, Deus fala em linguagem humana, para que o homem possa entendê-lo. Isto
é, Deus, para fazer-se compreender, vestiu a Bíblia da nossa linguagem, bem
como do nosso modo de pensar” (GILBERTO, 2004, p. 06 – acréscimo
nosso). A revelação é a ação de Deus pela qual Ele dá a conhecer aos escritores
da Bíblia, coisas e fatos desconhecidos, que eles jamais poderiam saber, nem
descrever, senão por revelação divina (Gn 1,2).
3. A Bíblia é inerrante.
Segundo
o Aurélio (2004, p. 1100) a palavra “inerrância” significa: “que
não pode errar; infalível; não errante, fixo”. Teologicamente “a
inerrância bíblica é a doutrina segundo a qual as Sagradas Escrituras não
contêm quaisquer erros, por serem a inspirada, infalível e completa Palavra de
Deus” (ANDRADE, 2008, p. 33). A palavra de Deus não pode mentir (Sl 19.8,9; Hb
6.18); não pode passar ou ser destruída (Mt 5.18); permanecerá para sempre (1Pe
1.25); e é a própria verdade (Jo 17.17). Tais atribuições mostram claramente a
inerrância das Escrituras.
4. A Bíblia é infalível.
Segundo
Andrade (2006, p. 229) é a “doutrina de acordo com a qual a Bíblia Sagrada é
infalível em seus propósitos, promessas e profecias”. Ela pode ser assim
considerada porque: a) seus
propósitos jamais falham; b) suas
promessas são rigorosamente observadas; e, c)
suas profecias cumprem-se de forma detalhada, exata e clara. Deus usou o
profeta Isaías para dizer: “[…] a palavra, que sair da minha
boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará
naquilo para que a enviei” (Is 55.11). O Escritor aos hebreus diz que “a
palavra de Deus é viva e eficaz […]” (Hb 4.12a).
5. A Bíblia é completa.
Quando
afirmamos que a Bíblia é um livro completo, dizemos que ela contém tudo aquilo
que Deus quis revelar à humanidade (Dt 29.29). Ela é completa no que diz
respeito ao seu propósito principal, que é revelar-nos a origem de todas as
coisas (Gn 1-3); como o pecado passou a fazer parte da história da humanidade
(Gn 3.1-24); como o homem tornou-se destituído da glória de Deus (Rm 3.23); e
apresentar o único meio de o homem obter a salvação, através da fé em Jesus
Cristo (Jo 3.16; Rm 3.21-24).
III. PROPÓSITOS DE DEUS COM A BÍBLIA
1. A Bíblia foi escrita para nos
ensinar.
Paulo
diz: “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito
[…]”
(Rm 15.4). Segundo Champlin (2004, p. 855), “Paulo faz aqui uma pausa
momentânea a fim de relembrar aos seus leitores qual a autoridade e qual o
devido uso das Escrituras. Ele também quis dar a entender, que ela está repleta
de boas coisas para nossa instrução moral e espiritual, e a igreja tem feito
bom emprego dela, quanto a esses propósitos”.
2. A Bíblia foi escrita para nos avisar.
O
mesmo apóstolo assevera acerca da Bíblia que as coisas que estão escritas “[…]
estão
escritas para aviso nosso […]” (1Co 10.11). Para exortar os
crentes de Corinto, Paulo utiliza-se do mau comportamento do povo de Israel no
deserto (1Co 10.1-6). O apóstolo diz que este exemplo negativo serve de aviso a
fim de que não caiamos nos mesmos erros (1Co 10.6,11). Segundo Champlin (1995,
p. 396 – acréscimo nosso). A palavra “aviso” no original grego é “nouthesia”,
que significa: “admoestação”, “instrução”, “aviso”, que é utilizada
tanto no sentido positivo quanto negativo, ou seja, uma atitude que pode ser
reproduzida ou evitada”. Portanto, tanto os bons exemplos quanto os maus
exemplos de personagens das Escrituras também foram registrados para nos trazer
advertências.
3. A Bíblia foi escrita para nos
instruir.
Paulo
descreveu para o jovem obreiro Timóteo quais os muitos propósitos da Escritura
em relação ao homem: “Toda a Escritura é […] proveitosa para
ensinar, […] redarguir, […] corrigir, […] instruir em justiça” (2 Tm
3.16). Tudo que foi escrito, o foi para nos instruir no caminho da justiça.
Segundo Champlin (1995, p. 396): “no tocante à “justiça” que no grego é “dikaiosune”,
fica indicado o “treinamento naquilo que é reto”. Porém, no sentido cristão, “praticar
o que é reto” consiste em cultivar o caráter moral de Cristo, o qual,
reproduzirá a moralidade de Deus Pai”.
IV. CARACTERÍSTICAS DA BÍBLIA
1. Porque a Bíblia é o manual do crente
(2Tm 2.15; 3.16).
Ela
é o livro-texto do cristão. Ela nos ensina como devemos amar, temer e obedecer
a Deus (Dt 17.18,19; Ec 12.13; Lc 10.27); como devemos amar ao próximo (Mc
12.33; Lc 10.27-37); bem como nos ensina a viver neste mundo (Mt 5.13-16; 1Co
10.32). Por isso, devemos ler a Bíblia para ser sábio; crer na Bíblia para ser
salvo e praticar a Bíblia para ser santo (1Tm 4.16; 2Tm 3.15).
2. Porque a Bíblia é o alimento
espiritual (Mt 4.4; Jr 15.16; 1Pe 2.2).
Sem
dúvidas, a leitura da Palavra de Deus produz nutrição e crescimento espiritual.
Ela é tão indispensável à vida espiritual como o alimento é para o corpo. Por
isso, ela é comparada ao alimento. O texto de l Pedro 2.2, fala do intenso
apetite do recém-nascido: “Desejai afetuosamente, como meninos
novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades
crescendo”.
3. Porque a Bíblia é a espada do
Espírito (Ef 6.17; Hb 4.12).
Escrevendo
aos efésios, o apóstolo Paulo fala sobre a armadura de Deus (Ef 6.10-17), onde
ele descreve diversas peças da armadura, que servem para defesa, tais como:
capacete, couraça, escudo, etc. A Palavra de Deus, que é chamada de “espada do
Espírito”, é a única arma de ataque nessa descrição: “Tomai também o capacete da
salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus” (Ef 6.17). O
escritor aos Hebreus também compara a Bíblia a uma espada (Hb 4.12). Foi com
esta arma que Jesus venceu a tentação (Mt 4.1-11).
4. Porque a Bíblia é um livro superior
dos demais livros.
Desde
a invenção da escrita e da imprensa, milhares de livros já foram escritos no
mundo. Muitos deles se tornaram conhecidos no mundo, marcaram a história e até
se tornaram best-seller, ou seja, mais vendidos. Mas, nenhum deles pode ser
comparado à Bíblia. Isto por que: Somente a Bíblia é inspirada por Deus (2Tm
3.16; 2Pe 1.20,21); somente a Bíblia é viva e eficaz (Hb 4.12; Is 55.10,11); e,
somente a Bíblia é infalível (Is 40.8; 1Pe 1.24,25).
CONCLUSÃO
As Escrituras são de origem divina.
A autenticidade da Bíblia é confirmada por evidências internas e externas. A
Palavra de Deus é a nossa autoridade final de fé e prática.
REFERÊNCIAS
Ø
ANDRADE,
Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø
GEISLER,
Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
Ø
GILBERTO,
Antônio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
Ø
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø
HORTON,
Stanley M. Teologia Sistemática: Uma
perspectiva Pentecostal. CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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