Rm 1.18-25
INTRODUÇÃO
O ser humano é,
por natureza, um ser adorador. Fomos criados capazes de conhecer, temer, amar,
servir e adorar o Criador. Porém, desde a Queda que o ser humano tem se
afastado de Deus, e tem honrado e adorado mais a criatura do que o Deus
verdadeiro, que é criador de todas as coisas. Nesta lição veremos a definição
de idolatria e autolatria; explicaremos o texto da Leitura Bíblica em Classe e
veremos qual deve ser a nossa atitude diante desta sociedade idólatra e
perversa.
I.
DEFINIÇÕES DAS PALAVRAS IDOLATRIA E AUTOLATRIA
1. Idolatria.
O dicionário de
Houaiss define idolatria como: “culto que se presta a ídolos” (2011,
p. 1567). O termo deriva-se do grego “eidololatreia”.
Teologicamente “a idolatria pode ser considerada também o amor excessivo por
alguma pessoa, ou objeto. Amor este que suplanta o amor que se deve devotar,
voluntária, incondicional e amorosamente, ao único e verdadeiro Deus” (ANDRADE,
2006, p. 220). “Essa palavra vem do grego: “eidolon” que
significa: “ídolo”, e “latreuein” que quer dizer “adorar”. Esse
termo refere-se à adoração ou veneração a ídolos ou imagens, quando usado em
seu sentido primário. Porém, em um sentido mais lato, pode indicar a veneração
ou adoração a qualquer objeto, pessoa, instituição, ambição, etc., que tome o
lugar de Deus, ou que lhe diminua a honra que lhe devemos” (CHAMPLIN, 2004, p.
206). O pastor Timothy Keller resume idolatria da seguinte maneira: “O
que é um ídolo? Qualquer coisa mais importante do que Deus para você, que
domine seu coração e sua imaginação mais do que Deus. Qualquer coisa que você
busque a fim de receber o que só Deus pode dar” (KELLER, 2021, p. 20).
2. Autolatria.
A palavra
“autolatria” é formada por dois vocábulos gregos: “autos”, que
significa “a si mesmo” e “latria”, que quer dizer “adoração”.
Logo, “autolatria” significa: “adoração a si próprio”.
Esse tipo de idolatria também é conhecido como “egolatria”.
Encontramos alguns exemplos na Bíblia, tais como: Lúcifer (Ez 28.11-19; Is
14.12-14) e o rei Nabucodonosor (Dn 4.29,30; 5.5.18-21). Esta é uma das
características dos homens dos tempos do fim (2Tm 3.2). Ao se manifestar no
seio familiar, os pais ou filhos afetados por esse ídolo, promoverão a
desintegração familiar, haja vista que o(s) mesmo(s) só pensarão em si, e
nunca, na unidade da família.
II.
A IDOLATRIA E DEPRAVAÇÃO DA HUMANIDADE
Em Romanos 1.18-32
o apóstolo Paulo escreve acerca da idolatria e imoralidade dos gentios. Apesar
de se tratar de um texto escrito há milênios, podemos perceber claramente a
atualidade deste texto, como veremos a seguir:
1. “[...] do
céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens
[...]” (Rm 1.18).
A palavra grega
traduzida por “ira” é “orge”, e aparece 12 vezes em Romanos (Rm
1.18; 2.5,8; 3.5; 4.15; 5.9; 9.22; 12.19; 13.4,5). A ira de Deus não pode ser
confundida com a ira humana, que é fruto da natureza caída e pecaminosa (Gl
5.20; Ef 4.31; Cl 3.8; Tm 2.8; Tg 1.20). A ira de Deus é contra toda impiedade
e injustiça dos homens, ou seja, sobre o pecado (Rm 2.8; 9.22; Cl 3.6; Hb 3.11;
4.3; Ap 11.18). O termo “impiedade” neste texto diz respeito ao descaso que o
homem faz de Deus, ou seja, viver como se Deus não existisse. Já a palavra
“injustiça” fala da conduta pecaminosa humana. Dessa maneira, a raça humana,
por rejeitar a Deus vive na prática da injustiça.
2. “Porquanto o
que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou” (Rm
1.19).
Paulo deixa bem
claro que a humanidade se afastou do Criador, mas, não pelo fato de que Ele não
tenha se manifestado, ou seja, se revelado, mas, por livre e espontânea
vontade. O Salmo 19, por exemplo, apresenta ao menos duas provas da existência
de Deus: o universo que Ele criou (v. 1-6) e a Bíblia (v. 7-10). “O
conhecimento do Deus verdadeiro era acessível aos homens, mas eles fecharam
suas mentes para ele. Em vez de apreciarem a glória do criador ao contemplarem
o universo que ele criou, davam a coisas criadas aquela glória que pertencia
somente a Deus” (BRUCE, 1979, p. 68).
3. “Porque as
suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como
a sua divindade, se entendem e claramente se veem pelas coisas que estão
criadas, para que eles fiquem inescusáveis” (Rm 1.20).
A criação é uma
prova não apenas da existência de Deus, mas, também, dos seus atributos. Ao
contemplar a natureza, a beleza e a perfeição do universo, podemos perceber a
Sua eternidade (Dt 4.32; Sl 90.1,2; Hb 1.10), onipotência (Sl 148.5; Is 42.5;
Hb 3.4), sabedoria (Pv 3.19-23; Jr 10.12; 51.15). Nós não precisamos ver a Deus
para saber que Ele existe, pois, as Suas obras revelam a sua existência. É como
se alguém fosse numa galeria de obras de arte e pudesse ver os quadros e as
esculturas. Ainda que os artistas não estivessem presentes, suas obras revelam
a sua existência. Assim, todos os homens são indesculpáveis diante de Deus (Hb
11.3,6).
4. “porquanto,
tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças;
antes, em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se
obscureceu” (Rm 1.21).
O homem afastado
de Deus está em inimizade com o Senhor, pois a Bíblia classifica os pecadores
como: a) filhos da desobediência (Ef 2.2); b) amigos do mundo (Tg
4.4); e c) pecadores vivendo nas trevas (Ef 5.8; 11; 6.12; Cl 1.13). Por
esses motivos e outros apresentados na palavra de Deus (Sl 14: 1-3; Is 64.6; Rm
3.10), o texto Sagrado apresenta o homem em inimizade constante com Deus. Mas
em Cristo essa inimizade é desfeita: “Porque se nós, sendo inimigos,
fomos reconciliados com Deus, pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido
já reconciliados, seremos salvos pela sua vida” (Rm 5.10).
5. “Dizendo-se
sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em
semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de
répteis” (Rm. 1.22,23).
A Palavra de Deus
nos revela que quem oferece sacrifícios aos ídolos, oferece aos demônios (Lv
17.7; Dt 32.17; 2Cr 11.15; Sl 106.37; 1Co 10.20,21). Por trás das imagens de
escultura existem entidades demoníacas que ouvem as preces dos fiéis, e até
operam favoravelmente por eles, com o intuito de aprisioná-los cada vez mais na
idolatria. Eis o porquê de tantas pessoas pagarem promessas nos denominados
“dias santos” e nas festividades dos padroeiros. Satanás, como “deus
deste século” (2Co 4.4) tem poder para realizar benefícios físicos e
materiais com intuito de enganar as pessoas (Ap 13.2-8,13; 16.13,14).
6. “Pelo que
também Deus os entregou às concupiscências do seu coração, à imundícia, para
desonrarem o seu corpo entre si; pois mudaram a verdade de Deus em mentira e
honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito
eternamente. Amém!” (Rm. 1.24,25).
O pecado afetou
todas as áreas da vida humana, inclusive a sexualidade gerando toda sorte de
perversão sexual. As consequências da queda do primeiro homem foram tão
nefastas que as Escrituras citam 372 formas de pecado e há centenas de outras
não mencionadas na Bíblia. Há várias listas de pecados semelhantes ao que o
apóstolo faz referência (Rm 1.18-32; 1Co 5.9-11; 6.9; 2Co 12.20,21; Ef 4.19;
5.3-5; Cl 3.5-9; 1Ts 2.3; 4.3-7; 1Tm 1.9,10; 6.4,5; 2Tm 3.2-5; Tt 3.3,9,10).
Essa lista, embora extensa, não é exaustiva, uma vez que Paulo conclui dizendo:
“[…] e coisas semelhantes a estas” (Gl 5.21).
III.A
NOSSA ATITUDE DIANTE DESTA SOCIEDADE IDÓLATRA E PERVERSA
1. Precisamos
proclamar a verdade.
Uma das principais
atribuições da igreja é a de influenciar a cultura e a sociedade onde ela está
inserida (Mt 5.13-16; Mc 9.49; Lc 14.34-35; Mc 4.21; Lc 8.16; 1Pe 2.12). E como
ela pode fazer isto? Priorizando os princípios da Palavra de Deus, independente
do modelo cultural da sociedade. Na prática, significa combater o pecado, mesmo
que este seja visto como uma questão cultural. É ensinar sobre a fidelidade
conjugal (Hb 13.4), mesmo quando a infidelidade já se tornou comum; combater a
mentira e o engano (Ef 4.25; Rm 12.17), ainda que sejam vistas como coisas
normais ou naturais; pregar contra o paganismo e a idolatria (Rm 2.22; 1Jo
5.21), mesmo quando ela é vista como mera religiosidade, etc.
2. Precisamos
obedecer aos princípios da Palavra de Deus.
Recebemos do
Senhor Jesus uma responsabilidade para produzir uma cultura debaixo do Senhorio
de Cristo (2Co 10.4,5), ou seja, promover a cosmovisão cristã em um mundo
pluralista (Rm 12.1,2), onde as culturas estão afetadas em suas estruturas e
práticas do pecado, necessitando assim, que a Igreja exerça sua função
profética (1Pe 2.9,10), mostrando o caminho que Deus planejou para vivermos de
acordo com os princípios estabelecidos na palavra de Deus. Ela é o livro-texto
do cristão. Ela nos ensina como devemos amar, temer e obedecer a Deus (Dt
17.18,19; Ec 12.13; Lc 10.27); como devemos amar ao próximo (Mc 12.33; Lc
10.27-37); bem como nos ensina a viver neste mundo (Mt 5.13-16; 1Co 10.32).
3. Precisamos
vigiar para não sermos influenciados pelas práticas idólatras e imorais desta
sociedade.
Fomos salvos da
condenação e do poder do pecado, mas não ainda da presença do
pecado (Rm 7.18,23). No campo do nosso interior ainda se trava uma guerra, um
conflito permanente entre a carne e o Espírito. Eles são opostos entre si.
Paulo tratou da guerra interior que existe em cada cristão com as suas duas
naturezas (Rm 7.22.23; Gl 5.17). Nessa batalha “carne versus espírito”,
vencerá aquele que dermos a maior preferência (Gl 5.16).
CONCLUSÃO
Tal qual os
gentios nos dias de Paulo (Rm 1.18-32), nós vivemos em meio a uma geração
corrompida e perversa (Fp 2.15), onde os seres humanos são amantes de si
mesmos, idólatras, que adoram mais a criatura do que ao Criador. Como sal da
terra e luz do mundo (Mt 5.13-16) precisamos proclamar a verdade, obedecendo
aos mandamentos divinos, e sermos vigilantes para não sermos influenciados por
esta sociedade.
REFERÊNCIAS
Ø BAPTISTA,
Douglas. A Igreja de Cristo e o
Império do Mal. CPAD.
Ø BRUCE,
F. F. Romanos: Introdução e
Comentários. VIDA NOVA.
Ø CHAMPLIN,
R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia
e Filosofia. HAGNOS.
Ø KELLER,
Timothy. Deuses Falsos. VIDA
NOVA.
Ø SANTOS,
Roberto dos. Romanos: Uma Carta Para
Igreja do Século XXI. REFLEXÃO.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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