quarta-feira, 11 de outubro de 2023

LIÇÃO 03 – MISSÕES TRANSCULTURAIS NO ANTIGO TESTAMENTO

 
 
 
 
 
I Rs 17.8,9,17-22; Jn 1.1,2
 
 

INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos o princípio missiológico no Antigo Testamento. Aprenderemos que Deus é a fonte de Missões, e que no pós-queda, toma a iniciativa de buscar o homem perdido, fazendo-lhe uma promessa redentora (Gn 3.15). Veremos ainda qual o propósito, alcance, instrumento e local da Missão, e. por fim, entenderemos a metodologia missiológica contida no Antigo Testamento.
 
 
I. A PREPARAÇÃO DIVINA PARA MISSÕES EM GÊNESIS 1-11.
Gênesis 1-11 começa com o casal humano original, Adão e Eva, e prossegue até que as (então conhecidas) setenta nações do mundo sejam abrangidas no escopo de sua mensagem (na tabela das nações Gn 10). Esses capítulos são decididamente universais em seu escopo e perspectiva, pois se dirigem a todas as pessoas, todas as culturas e todas as línguas desde o início das eras. Neles encontramos três crises: a queda do homem (Gn 3.6,7); A maldade da humanidade, trazendo o dilúvio (Gn 6.5-7;7.5-24); a rebelião da torre de Babel (Gn 11.1-3). Porém, encontramos também três promessas: Redentora (a semente da mulher – Gn 3.15); habitar com os povos semitas (Gn 9.27); Aquele que viria através da semente de Abraão, pelo qual o mundo inteiro seria abençoado ( Gn 12.1-3) (Kaiser, 2016, pp.21-29).
Portanto, nos onze primeiros capítulos de Gênesis, encontramos Deus tomando iniciativa de manifestar sua graça e misericórdia, ao anunciar uma promessa de esperança e redenção à toda humanidade (Gn 3.15). Nessa promessa, podemos identificar que: a) A salvação é operada por Deus; b) A salvação destruirá Satanás, o inimigo; c) A salvação afetará a toda a humanidade; d) A salvação virá através de um mediador; e) A salvação está ligada ao sofrimento do redentor; f) A salvação será experimentada na história. O livro de Gênesis nos mostra de maneira contundente, Deus como o primeiro missionário.
 
 
II. DEUS – O AUTOR DA MISSÃO
Ao longo de toda a revelação do Antigo Testamento, torna-se evidente que o principal ator no drama é Deus. “No princípio criou Deus...” (Gn 1.1). É Deus quem cria, quem julga, quem age, quem escolhe e quem se revela. Ele é ativo não só na criação, mas também nos julgamentos, na libertação do seu povo do Egito, nas exortações dos seus profetas e na promessa de restauração vindoura. Ele é o único e verdadeiro Deus e deseja que sua glória seja conhecida nos céus (Sl 19) e nas extremidades da terra (Is 11.9). Portanto, “missão” é uma atribuição que pertence a Deus. A missão – antes de ter uma conotação humana, de ser tarefa da igreja – é de Deus. Se a missão é de Deus, então é dele que a igreja deve depender na sua participação em sua tarefa, bem como, ter a segurança de que Ele está no comando da expansão do seu reino e nos seus termos, e isso nos dá plena convicção de que Ele realizará os seus propósitos.
 
1. Propósito da missão.
A própria existência do Antigo Testamento, e de toda a Bíblia, é a primeira evidência de que Deus tem uma missão, um propósito no mundo (Ap 13.8; Mt 25.34;1 Pe 1.20). O seu fim está ao alcance universal da sua misericórdia e graça “a graça do Senhor Jesus seja com todos” (Ap 22.21). Portanto, toda extensão da Bíblia reflete um tema integrante e unificador: a missão de restauração, é a missão da redenção.
 
2. O alcance da missão.
O propósito restaurador da missão alcança dimensões universais. Deus se propõe a restaurar aquilo que ele criou. Esse alcance envolve todos os povos, todas as línguas, tribos e nações (Mt 24.14), para o louvor do Cordeiro de Deus (Ap 5.9-14; 7.9-12).
 
3. O instrumento da missão.
No Antigo Testamento, Deus elegeu um povo, Israel, e com ele fez uma aliança peculiar, a fim de que este povo fosse a sua fiel testemunha no meio das nações (Gn 12.1-3; Êx 19.5-6). Já no Novo Testamento, é a igreja que é o instrumento da missão, pois recebeu do Senhor Jesus esse comissionamento (Mt 28.18-20; Mc 16.15-20; Lc 24.46-49; Jo 20.21,22; At 1.8).
 
4. O local da missão.
O local onde a missão se desdobra é o mundo (Jo 3.16; Tt 2.5; Mc 16.15; At 1.8), e o seu processo se realiza na história deste mundo (Carriker, 2021, pp.175-179).
 
 
III. ENTENDENDO A METODOLOGIA MISSIOLÓGICA DO ANTIGO TESTAMENTO
1. A chamada de Abraão
Gn 12 “Deus escolhe Abraão, e para entender a Bíblia e a missão cristã, é indispensável entender a promessa. Todo propósito de Deus encontrasse condensado aqui” (STOTT, 2009, p. 34). Três promessas de Deus à Abraão:
  • A promessa de uma posteridade (Gn17.5);
  • A promessa de uma terra (Gn 11.31;15.7);
  • A promessa de uma benção (Gn 12.2,3).
 
2. O povo escolhido
Durante algum tempo, Israel, o “povo de Abraão”, encontra-se separado das demais nações (Êx 19.3; Dt 7.14), mas isso acontece apenas para que, por meio de Israel, Deus possa preparar o caminho para alcançar seus objetivos universais” (Bosh, 2009, p. 70). A Eleição de Israel, antes de denotar qualquer favoritismo exclusivista da parte de Deus, teve um propósito exclusivo de serviço missionário para as nações (Êx 19.4-6; Is 42.6; 49.6; 51.4). Israel deveria ser “propriedade peculiar”, “reino de sacerdotes”, “nação santa”. Esta nação deveria ser separada não somente em suas vidas, mas também em seu serviço.
O Antigo Testamento sustenta o método missiológico centrípeto, ou seja, Israel ao viver uma vida na presença de Deus, experimentando suas a totalidade de suas bençãos, as nações seriam despertadas e atraídas como íman para Jerusalém e para o Senhor. Esperava-se que estrangeiros e gentios viessem adorar ao Deus vivo por causa de sua natureza, seu poder e suas qualidades salvadoras do Nome de Deus ( 1 Rs 8.41-43; Sl 66.1-4; 67.1-8; Sf 3.9,10; Ml 1.11)).
 
3. O povo falha na missão
Os cativeiros são uma prova da falibilidade de Israel em cumprir sua missão de fazer o Senhor conhecido em todas as nações, ao invés disso, misturou-se com os povos pagãos, adotando seus costumes e deuses, o que consequentemente permitiu a ira de Deus, entrega-los aos cativeiros Exílio Assírio (2 Rs 17) – Reino do Norte em 722 a.C. e Exílio Babilônico (Jr. 25; 29; Ez. 33) em 597 a.C.
 
4. Deus promete uma Nova Aliança e um Novo Povo
Com a falha de Israel, Deus promete uma Nova Aliança e agregar um Novo Povo, que não é novo, senão, seu propósito original em alcançar a todos os povos (Jr 31.31-34; Is 55.1-6; 56.1-7; Jl 2.28-29). A visão de Deus nunca foi etnocêntrica ou cultural, mas sempre alcançar todos os povos, línguas e nações (Gn 12.1-3).
 
 
IV. O PLANO MISSIONAL EM UM QUADRO COMPARATIVO
Antigo Testamento
Novo Testamento
Deus - primeiro missionário.
Jesus - primeiro missionário.
Abraão escolhido por Deus para desenvolvimento de seu projeto.
Discípulos escolhidos para o desenvolvimento de sua missão.
Israel escolhido para tornar Deus conhecido.
Igreja fundada em Cristo, com o propósito de dar continuidade ao seu ministério.
As nações deveriam irá Israel.
A igreja recebe a Grande Comissão de ir às nações.
 
 
CONCLUSÃO
Com essa lição aprendemos que o desejo de Deus sempre foi alcançar todos os povos. Foi dele a iniciativa de ir atrás do homem perdido, enunciando-lhe uma promessa de esperança redentora, mostrando com isso, Sua graça e misericórdia para com a humanidade perdida. No Antigo Testamento, faz uma promessa a Abraão, e a partir deste, desenvolve seu método missional centrípeto, fazendo de Israel um povo escolhido que seria responsável pelo testemunho do Senhor às nações. Entretanto, não conseguem estar à altura do chamado, falham e, por isso, o Senhor enuncia uma Nova Aliança, Um Novo Concerto, que envolveria não só Israel, mas todos os povos.
 
 


REFERÊNCIAS
Ø  CARRIKER, Timóteo. O propósito de Deus e a nova vocação. ULTIMATO.
Ø  GOHEEN, Michael W. A igreja missional na Bíblia, luz para as nações. VIDA NOVA.
Ø  KAISER, Walter C. Jr. Missão no Antigo Testamento. PEREGRINO.
Ø  PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões. CPAD.
Ø  PEREIRA, Shostenes. Fundamentação Bíblica para a Evangelização. BEREIA.
Ø  PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões. CPAD.
Ø  WINTER, Ralph D./ HAWTHORNE, Steven C./ BRADFORD, Kevin D. Perspectivas no movimento cristão mundial. VIDA NOVA.
 
 
Por Rede Brasil de Comunicação.





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