Is 61.1,2; Lc 4.17-20
INTRODUÇÃO
Na lição desta
semana, estudaremos a continuidade da história da salvação no Novo Testamento,
a partir de Jesus, o primeiro missionário da Nova Aliança. Revisaremos, que
mesmo após o cativeiro babilônico, Israel foi incapaz de compreender o plano
missional de Deus em alcançar todos os povos, desenvolvendo uma visão missional
etnocêntrica. O Novo Testamento nos revelará sua vocação natural de ser um
livro mundial de missões, manifestando o amor e a graça de Deus em alcançar
todos os povos, fato este, reverberado em todas as suas páginas.
I. CONTEXTO MISSIOLÓGICO JUDAICO DO
NT
A história nos
aponta que os judeus, mesmo após o cativeiro babilônico, não conseguiram
assimilar a ideia da universalidade do evangelho, que contemplaria “todos
os povos”, ao invés disso, segundo Verkuyl (2009, p.77), o judaísmo da
Palestina exigia que os pagãos fossem assimilados à comunhão judaica e
empreendiam todos os esforços para alcançar essa mudança. Já a comunidade judaica
fora da Palestina, enfatizavam o monoteísmo. Ambos espiritualizaram a prática
religiosa e censuravam a vida decadente do mundo gentílico, porém sua mensagem
era em grande parte autossotérica, isto é, a pessoa podia salvar a si mesmo.
Esse exclusivismo etnocêntrico missional judaico pode ser bem exemplificado na
parábola do fariseu e publicano (Lc 18.9-17); e na parábola da ovelha perdida,
onde esses religiosos são representados pelos “[...] noventa e nove
justos que não precisam de arrependimento” (Lc 15.7); e o filho
mais velho que ficou insatisfeito, evocando a auto-justicação (Lc
15.28-30).
II. ENTENDENDO A METODOLOGIA
MISSIOLÓGICA DO NOVO TESTAMENTO
Enquanto o
Antigo Testamento sustentava o método missiológico centrípeto, ou seja, Israel
ao viver uma vida na presença de Deus, experimentando a totalidade de suas
bençãos, as nações seriam despertadas e atraídas como íman para Jerusalém e
para o Senhor (1Rs 8.41-43; Sl 66.1-4; 67.1-8; Sf 3.9,10; Ml 1.11). O
Novo Testamento sustenta o método missiológico centrífugo, isto é, a
igreja do Senhor Jesus Cristo, que foi comprada com o seu sangue, recebe dele a
Grande Comissão de ir às Nações, levando a mensagem do reino a toda a criatura,
sendo, portanto, designada como testemunha (At 1.8), sacerdócio real, nação
santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, com a finalidade de proclamar as
virtudes daquele que lhe chamou das trevas para sua maravilhosa luz (1Pe 2.9).
III. NOVO TESTAMENTO, LIVRO MUNDIAL
DE MISSÕES
Do início ao fim,
o Novo Testamento é um livro de Missões. Deve sua existência ao trabalho
missionário das igrejas cristãs primitivas judaicas e gregas. Ele é mais a
teologia em ação do que uma teologia em razão e conceito. “[...] Ele é em sua
totalidade, uma teologia missionária, a teologia de um grupo de missionários e
uma teologia em movimento missionário” (Peters, 2001, p.71).
1. Jesus, o
primeiro missionário do NT.
O início do
ministério de Jesus caracterizou-se pela ênfase de que o Reino de Deus é para
todos os povos. Em suas pregações na Galileia, ele fez uma referência favorável
ao ministério de Elias para com a viúva de Sarepta, bem como a bênção, bem como
a bênção oferecida a Naamã, o siro (Lc 4.25-27; v. 1Rs 17.8-24; 2 Rs 5.1-14).
Não é de estranhar que a simples menção desses contatos transculturais tenha
sido a razão de Jesus ter sido expulso da cidade (Lc 4.29). Jesus ministrava
aos estrangeiros: a mulher samaritana ( Jo 4.1-42); a mulher
siro-fenícia (Mt 15.20-28); elogiou a fé do centurião (Mt. 7.10).
Seu ensino geralmente enfatizava o interesse de alcançar o mundo: Jesus falou
sobre ser pastor de ovelhas de outro aprisco (Jo 10.16). Na parábola dos
arrendatários da vinha, um ponto alto dos ensinos de Jesus nos evangelhos
sinópticos (Mt 21.33-46; Mc 12.1-12; Lc 20.9-19), ele faz referência aos
“outros lavradores” que deverão receber a vinha. A parábola do banquete do
casamento (Mt 22.1-10; Lc 14.15-24), de igual modo, menciona os
“estrangeiros” a quem Deus iria favorecer. Segundo Bradford
(2009, pp. 101,102) Jesus vence a barreira transcultural em pelo menos seis
episódios de seu ministério, três com os samaritanos e três com gentios:
a) Mulher
samaritana (Jo
4.1-42). Em sua abordagem, ele rapidamente a conduziu de um tema superficial a
uma reflexão de seu estado moral e de suas práticas religiosas, demonstrando,
de modo inequívoco, seu interesse na samaritana como pessoa.
b) Em outra
ocasião, não interagiu diretamente com os samaritanos. Contudo, sua
reação à hostilidade deles (Lc 9.53) é muito instrutiva. Ele não repreendeu os
samaritanos por sua falta de hospitalidade, e sim, aos mal orientados
discípulos (Lc 9.55,56). De modo sugestivo, Lucas registra a parábola de Jesus
sobre o bom samaritano (Lc 10.30-37). Jesus não apenas enfrentou a rejeição
transcultural, como também, mais tarde foi capaz de reagir a ela de forma
generosa.
c) O leproso
samaritano (Lc
17.11-19). O fato de o leproso samaritano ter voltado para agradecer (v. 16)
expõe a universalidade da graça de Deus. O exercício poderoso da fé (v. 19) não
estava de maneira alguma limitado a uma única cultura.
d) Centurião
romano (Mt
8.5-13; v. Lc 7.1-10). Quando o centurião romano mandou chamá-lo e lhe contou
sobre o servo doente, Jesus pôs-se a caminho e, ao que parece, teria entrado em
sua casa. O interesse primordial de Jesus estava na pessoa necessitada de
ajuda, sem importar com o contexto cultural.
e) A mulher
cananeia (Mt
15.21-28; Mc 7.24-30). Neste caso, Jesus não atende prontamente a mulher
cananéia, contudo, por reconhecer sua fé e humildade, concedeu-lhe o que desejava,
apesar da resistência de seus discípulos (Mt 15.23). Ao fazê-lo, Jesus rompe
com o costume da época ao estender suas bençãos a representantes de outras
culturas.
f) André e Felipe,
trouxeram os “gregos” até Jesus (Jo 12. 20-22). Esse fato parece implicar
o reconhecimento de que o ministério de Jesus alcançara seu ápice (Jo
12.232,27; 13.1; v. 2.4; 7.6,8,30; 8.20). Poucos dias depois, uma missão cuja
abrangência chegaria a todos os povos haveriam de ser revelados (Jo 12.19,32).
2. Os discípulos
de Jesus (Mt
10.1-4; Mc 3.13-19; Lc 6.12-16). Os Evangelhos relatam pouquíssimas declarações
dos apóstolos. Aqui, eles eram observadores, seguidores, aprendizes,
discípulos. Para conhecer sua mente e aprender sua teologia, devemos ouvi-los
falar e ler seus escritos. Nossas fontes principais são o livro de Atos e as
epístolas escritas pelos apóstolos. A grande linha divisória na vida dos doze é
o Pentecostes, a linha divisória das missões evangélicas.
3. O mandato
missionário nos Evangelhos – Abaixo segue um quadro expositivo e sintético da
visão global da Grande Comissão nos evangelhos.
VISÃO GLOBAL DA GRANDE COMISSÃO
|
|||||
Referências
|
Mt. 28.18-20
|
Mc 16.15-20
|
Lc 24.46-49
|
Jo 20.21,22
|
At. 1.8
|
Ênfase
|
O propósito de Missões
|
O modo de fazer Missões
|
A mensagem de Missões
|
A motivação e o exemplo de Missões
|
A autoridade de Jesus.
|
Objetivo
|
Fazer discípulos
|
Pregar; anunciar
|
Pregar e testemunhar
|
.........................
|
Ser testemunha
|
Capacitação
|
A presença de Cristo
|
..................
|
A promessa do Pai
|
A capacitação do Espírito Santo
|
A autoridade do Espírito Santo
|
Extensão
|
Todas as nações
|
Todo mundo e toda criatura
|
Todas as nações
|
........................
|
Jerusalém, Judéia, Samaria e até os confins da Terra.
|
Mensagem
|
Guardar o que Cristo Ordenou
|
O Evangelho
|
Arrependimento para remissão dos pecados
|
........................
|
Testemunho
da obra de Jesus
|
Credencial
|
A autoridade universal de Cristo
|
O nome de Jesus operando sinais
|
O nome de Jesus
|
Ser enviado por Cristo tal como ele foi enviado pelo pai.
|
........................
|
CONCLUSÃO
Concluímos que o
Novo Testamento nos traz a continuidade do desenvolvimento da história da
salvação, culminada na encarnação do verbo, Jesus, primeiro missionário da Nova
Aliança. Vimos que nosso Senhor separou 12 discípulos, os ensinou, os treinou e
os comissionou para levar as boas novas a todos os povos. A igreja nascente em
At 2, expande suas atividades a partir de Jerusalém, Judeia, Samaria e, por
fim, chega aos confins da terra.
REFERÊNCIAS
Ø CARRIKER,
Timóteo. O propósito de Deus e a nova
vocação. ULTIMATO.
Ø GOHEEN,
Michael W. A igreja missional na
Bíblia, luz para as nações. VIDA NOVA.
Ø PETERS,
George W. Teologia Bíblica de Missões.
CPAD.
Ø BRADFORD,
D. Kevin; HAWTHORNE, C. Steven; WINTER, Ralph. Perspectivas no movimento cristão mundial. VIDA NOVA.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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