Gn 12.1-3; 17.1-8
INTRODUÇÃO
Nesta lição definiremos os termos missões e transculturais,
mostraremos que o pecado do homem o afastou de Deus, criando a necessidade de
redenção. Deus prometeu um redentor, que viria através da semente da mulher (Gn
3.15), sendo este descendente de Abraão (Gn 12.3). Mostraremos que a natureza
dessa missão está fundamentada em Deus, no seu caráter amoroso e gracioso, em
resgatar a humanidade de sua condição perdida, sendo ele o primeiro missionário
da história humana.
I. DEFINIÇÕES DOS
TERMOS MISSÕES E TRANSCULTURAIS
1. Definição do termo missões.
A palavra “missão” vem da expressão latina “missione”,
que se originou por sua vez do verbo “mittere”, que significa: “ação,
tarefa, ordem, mandado, compromisso, incumbência, encargo” ou
“obrigação de enviar missionários”. No grego, corresponde à palavra “apostello”
que, em português, é “apóstolo” e significa “alguém enviado por
ordem de outrem para realizar uma tarefa” (PAULA, 2006, p. 11).
Complementando esta definição podemos acrescentar o seguinte: “A missão
primária da Igreja é proclamar o Evangelho de Cristo e reunir os crentes em
igrejas locais onde possam ser edificados na fé e tornados eficazes ao serviço,
para assim implantarem novas congregações no mundo Inteiro (HESSELGRAVE, 1984,
p. 13).
2. Definição do termo transculturais.
A missão transcultural da Igreja está fundamentada no caráter
missionário de Deus. A palavra “transcultural” traz a ideia de um
missionário que transpõe as barreiras da cultura de um povo, ou civilização,
para apresentar o amor de Deus. Isso implica interação com todos os grupos
étnicos da Terra, com os diferentes aspectos da vida das pessoas (GABY, 2023,
p. 13).
II. A NECESSIDADE
HUMANA DE REDENÇÃO
1. Deus fez tudo perfeito.
As Escrituras afirmam que Deus criou o homem reto (Ec
7.29), pois, o homem foi criado à imagem e semelhança do próprio Deus (Gn
1.26,27).
2. O pecado do homem trouxe apenas ruína.
Porém, por causa do pecado de Adão
(Gn 3.1-24) todos os homens tornaram-se destituídos da glória de Deus (Rm 3.23)
e estão debaixo da ira de Deus (Rm 1.18; Ef 5.6), marchando para a perdição (Rm
2.5).
3. A proposta de redenção divina.
Jesus se manifestou para aniquilar o
pecado pelo seu próprio sacrifício (Hb 9.28). Foi necessário que levasse em seu
corpo os nossos pecados (1Pd 2.24). Assim como por um homem entrou o pecado no
mundo (Rm 5.12); e pela desobediência de um só, todos foram feitos pecadores;
Deus determinou que também por um só homem, Jesus Cristo, viesse o dom gratuito
(Rm 5.15) e pela obediência de um, muitos fossem feitos justos (Rm 5.19). Mas
antes deste projeto ser trazido à tona era necessário preparar o caminho, por
isso Deus precisava anunciar a sua mensagem de salvação.
III. DEUS, O
PRIMEIRO MISSIONÁRIO
Abraão é um dos personagens mais marcantes da história
bíblica. Era nativo da Caldeia. Por meio de Éber, estava na nona geração depois
de Sem, filho de Noé. Seu pai foi Terá que teve dois outros filhos, Naor e Harã
(Gn 11.11-32). Ele foi chamado por Deus para ser o pai dos judeus (Gn 12.1,2),
povo de onde viria o Messias (Gn 12.3; Mt 1.1). Segundo Pereira (2023, p. 105),
a igreja anuncia as boas novas ao mundo de forma antecipada (Gl. 3. 8). Assim
como Deus anunciou as boas novas no Antigo Testamento, iniciando por Adão e Eva
(Gn 3. 15), em seguida as ratificou em Abraão. A revelação divina ao patriarca
se deu de forma dúplice, em palavra e ato, como veremos abaixo:
1. Deus falou com Abraão (Gn 12.1).
A primeira forma da revelação divina a Abraão se deu de forma
audível, como nos mostra a Escritura: “Ora, o SENHOR disse a Abrão [...]”.
Deus é um ser que se comunica com o homem (Gn 1.29; 3.3; 6.13; 12.1-3; Êx
3.14). A expressão comunicar segundo o Aurélio significa: “Transmitir
informação, dar conhecimento de; fazer saber” (FERREIRA, 2008, p. 513).
Deus comunicou o que faria a Abraão e através dele. O Senhor prometeu-lhe uma
terra, uma grande nação através dos seus descendentes, e uma bênção tal que
alcançaria todas as nações da terra (Gn 12.2,3).
2. Deus apareceu a Abraão (Gn 12.7).
A segunda forma da revelação divina a Abraão se de forma
visível: “E apareceu o SENHOR a Abrão [...]”. Confira também (Gn
17.1; 18.1). Houve nesta aparição o que os teólogos chamam de Teofania, que é a
“manifestação de Deus, desde a voz até a imagem, perceptível pelos sentidos
humanos” (CABRAL, 2006, p. 339). Segundo
Merril (2009, p. 89), no chamado de Abraão pode-se ver algum indício da
revelação por meio de visões e sonhos. O Senhor, após ordenar que Abraão
deixasse Ur e, depois Harã por uma terra que mostraria a ele, apareceu para
Abraão pela primeira vez em Siquém (Gn 12.7). A raiz “niphal” do
verbo usados aqui “rã'ãh” sugere literalmente que Deus se fez
visível. Não é declarado como ele é visto e, talvez, por visto queira-se apenas
dizer que ele falou como em tempos anteriores. No entanto, contra essa
possibilidade está a ocorrência da mesma forma verbal em Gênesis 18.1, passagem
na qual o Senhor aparece de forma tangível na pessoa do “anjo do Senhor” que,
na verdade, é igualado ao Senhor mesmo (Gn 18.10,13,17,20).
3. Compreendendo o
contexto da chamada e missão de Abraão.
Essa proclamação
divina feita ao pai da fé, revela que Deus foi o primeiro pregador do evangelho
a todos os povos. Porém, antes desse anúncio feito ao patriarca, a Bíblia
aponta para o fato de que quando Adão pecou e se afastou de Deus, ele tentou se
esconder, e aí vemos a iniciativa divina de ir ao encontro do homem caído e
frustrado pela transgressão, perguntando-lhe: “...onde estás?...” (Gn
3.9). Nesse momento de confronto, Deus revelou o Plano da Salvação ao homem (Gn
3.15), plano esse que foi elaborado ainda antes da fundação do mundo (1PD
1.18-21; Ap 13.8; Ef 1.4) (PEREIRA, 2023, p. 132).
IV.
O AMOR DE DEUS
A Bíblia diz que
Deus é amor (1Jo 4.8,16); que Seu amor é grande (1Jo 3.1); que é eterno (Jr
31.3); que foi provado (Rm 5.8); derramado (Rm 5.5); e, ainda elenca diversas
características deste amor. Vejamos:
1. Amor
incondicional.
Diferente do amor
humano que é condicional, o amor divino é superior pois manifesta-se de forma
incondicional: “Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro” (1Jo
4.19). A palavra grega usada para descrever o amor de Deus pelo homem é “ágape”.
Esse tipo de amor é absolutamente singular, já que ele não depende da beleza do
objeto a ser amado. Naturalmente, o amor humano não funciona dessa maneira. Nós
amamos outras pessoas porque elas nos amam ou porque vemos nelas alguma beleza
ou valor. Deus nos ama independente do nosso amor: “Nisto está o amor,
não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós […]” (1Jo
4.10). Portanto, o amor de Deus por nós não foi motivado por algum amor
anterior da nossa parte.
2. Amor imparcial.
Desde o início, o
propósito divino era revelar o Seu amor e estender a bênção da salvação a todos
os homens indiscriminadamente, pois Ele não faz acepção de pessoas (Dt 10.17;
At 10.34; Rm 2.11). A vinda do Messias ao mundo mostrou claramente isso (At
10.34; Rm 2.11; Ef 6.9). É necessário entender que: a) Deus amou o mundo
e não apenas uma classe de pessoas (Jo 3.16); b) o sacrifício de Jesus
não alcança apenas um povo, mas o mundo todo (Jo 1.29; 1Jo 2.2); c) sua
graça alcança tanto os judeus como os gentios (Rm 3.29; 9.24,30; Gl 3.14; Ef
3.6); d) a ordem de levar as boas novas de salvação é extensiva até aos
confins da terra (Mt 28.19; Mc 16.15; At 1.8).
3. Amor
imensurável.
Jesus disse a
Nicodemos com uma intensidade incalculável: “Deus amou o mundo de tal
maneira […]” (Jo 3.16). A expressão “tal” segundo o
Aurélio (2004, p. 1908) significa: “análogo, semelhante”. A ideia
de Jesus é dizer que não há nada com que possa ser comparado (Jo 15.13). Paulo
disse que Deus amou tanto o homem que “[…] que nem mesmo a seu próprio
Filho poupou, antes o entregou por todos nós […]” (Rm 8.32); e ainda
falou sobre o “[…] seu muito amor com que nos amou” (Ef 2.3). O
apóstolo João, por sua vez, afirmou: “Vede quão grande amor nos tem
concedido o Pai […]” (1Jo 3.1). Seu amor é maior que de uma mãe por seu
próprio filho (Is 49.15).
CONCLUSÃO
Embora a narrativa
bíblica nos mostre, em diversos momentos, Deus revelando o Seu amor e a Sua
misericórdia com o homem, a nação de Israel e com os gentios, houve um momento
histórico em que estas duas virtudes foram evidenciadas como nunca, quando
Jesus Cristo foi enviado ao mundo para morrer pelos pecadores, e esta é a
mensagem que o mundo inteiro precisa saber, eis a nossa missão, dizer que o
projeto de Deus foi completado e que ao homem resta-lhe abraçá-lo.
REFERÊNCIAS
Ø
CABRAL,
Elienai. Abraão: as experiências
de nosso pai na fé. CPAD.
Ø
MERRILL,
Eugene H. Teologia do Antigo
Testamento. SHEDD.
Ø
PAULA,
Oséas. Manual de Missões. CPAD.
Ø
PEREIRA,
Shostenes. Fundamentação Bíblica para
a Evangelização. BEREIA.
Ø
HESSELGRAVE,
David J. Plantar Igrejas, um guia para missões nacionais e transculturais.
VIDA NOVA.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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