sábado, 7 de outubro de 2023

LIÇÃO 02 – MISSÕES TRANSCULTURAIS: A SUA ORIGEM NA NATUREZA DE DEUS




 
 
Gn 12.1-3; 17.1-8
 
 

INTRODUÇÃO
Nesta lição definiremos os termos missões e transculturais, mostraremos que o pecado do homem o afastou de Deus, criando a necessidade de redenção. Deus prometeu um redentor, que viria através da semente da mulher (Gn 3.15), sendo este descendente de Abraão (Gn 12.3). Mostraremos que a natureza dessa missão está fundamentada em Deus, no seu caráter amoroso e gracioso, em resgatar a humanidade de sua condição perdida, sendo ele o primeiro missionário da história humana.
 
 
I. DEFINIÇÕES DOS TERMOS MISSÕES E TRANSCULTURAIS
1. Definição do termo missões.
A palavra “missão” vem da expressão latina “missione”, que se originou por sua vez do verbo “mittere”, que significa: “ação, tarefa, ordem, mandado, compromisso, incumbência, encargo” ou “obrigação de enviar missionários”. No grego, corresponde à palavra “apostello” que, em português, é “apóstolo” e significa “alguém enviado por ordem de outrem para realizar uma tarefa” (PAULA, 2006, p. 11). Complementando esta definição podemos acrescentar o seguinte: “A missão primária da Igreja é proclamar o Evangelho de Cristo e reunir os crentes em igrejas locais onde possam ser edificados na fé e tornados eficazes ao serviço, para assim implantarem novas congregações no mundo Inteiro (HESSELGRAVE, 1984, p. 13).
 
2. Definição do termo transculturais.
A missão transcultural da Igreja está fundamentada no caráter missionário de Deus. A palavra “transcultural” traz a ideia de um missionário que transpõe as barreiras da cultura de um povo, ou civilização, para apresentar o amor de Deus. Isso implica interação com todos os grupos étnicos da Terra, com os diferentes aspectos da vida das pessoas (GABY, 2023, p. 13).
 
 
II. A NECESSIDADE HUMANA DE REDENÇÃO
1. Deus fez tudo perfeito. 
As Escrituras afirmam que Deus criou o homem reto (Ec 7.29), pois, o homem foi criado à imagem e semelhança do próprio Deus (Gn 1.26,27).
 
2. O pecado do homem trouxe apenas ruína
Porém, por causa do pecado de Adão (Gn 3.1-24) todos os homens tornaram-se destituídos da glória de Deus (Rm 3.23) e estão debaixo da ira de Deus (Rm 1.18; Ef 5.6), marchando para a perdição (Rm 2.5).
 
3. A proposta de redenção divina. 
Jesus se manifestou para aniquilar o pecado pelo seu próprio sacrifício (Hb 9.28). Foi necessário que levasse em seu corpo os nossos pecados (1Pd 2.24). Assim como por um homem entrou o pecado no mundo (Rm 5.12); e pela desobediência de um só, todos foram feitos pecadores; Deus determinou que também por um só homem, Jesus Cristo, viesse o dom gratuito (Rm 5.15) e pela obediência de um, muitos fossem feitos justos (Rm 5.19). Mas antes deste projeto ser trazido à tona era necessário preparar o caminho, por isso Deus precisava anunciar a sua mensagem de salvação.
 
 
III. DEUS, O PRIMEIRO MISSIONÁRIO
Abraão é um dos personagens mais marcantes da história bíblica. Era nativo da Caldeia. Por meio de Éber, estava na nona geração depois de Sem, filho de Noé. Seu pai foi Terá que teve dois outros filhos, Naor e Harã (Gn 11.11-32). Ele foi chamado por Deus para ser o pai dos judeus (Gn 12.1,2), povo de onde viria o Messias (Gn 12.3; Mt 1.1). Segundo Pereira (2023, p. 105), a igreja anuncia as boas novas ao mundo de forma antecipada (Gl. 3. 8). Assim como Deus anunciou as boas novas no Antigo Testamento, iniciando por Adão e Eva (Gn 3. 15), em seguida as ratificou em Abraão. A revelação divina ao patriarca se deu de forma dúplice, em palavra e ato, como veremos abaixo:
 
1. Deus falou com Abraão (Gn 12.1).
A primeira forma da revelação divina a Abraão se deu de forma audível, como nos mostra a Escritura: “Ora, o SENHOR disse a Abrão [...]”. Deus é um ser que se comunica com o homem (Gn 1.29; 3.3; 6.13; 12.1-3; Êx 3.14). A expressão comunicar segundo o Aurélio significa: “Transmitir informação, dar conhecimento de; fazer saber” (FERREIRA, 2008, p. 513). Deus comunicou o que faria a Abraão e através dele. O Senhor prometeu-lhe uma terra, uma grande nação através dos seus descendentes, e uma bênção tal que alcançaria todas as nações da terra (Gn 12.2,3).
 
2. Deus apareceu a Abraão (Gn 12.7).
A segunda forma da revelação divina a Abraão se de forma visível: “E apareceu o SENHOR a Abrão [...]”. Confira também (Gn 17.1; 18.1). Houve nesta aparição o que os teólogos chamam de Teofania, que é a “manifestação de Deus, desde a voz até a imagem, perceptível pelos sentidos humanos” (CABRAL, 2006, p. 339). Segundo Merril (2009, p. 89), no chamado de Abraão pode-se ver algum indício da revelação por meio de visões e sonhos. O Senhor, após ordenar que Abraão deixasse Ur e, depois Harã por uma terra que mostraria a ele, apareceu para Abraão pela primeira vez em Siquém (Gn 12.7). A raiz “niphal” do verbo usados aqui “rã'ãh” sugere literalmente que Deus se fez visível. Não é declarado como ele é visto e, talvez, por visto queira-se apenas dizer que ele falou como em tempos anteriores. No entanto, contra essa possibilidade está a ocorrência da mesma forma verbal em Gênesis 18.1, passagem na qual o Senhor aparece de forma tangível na pessoa do “anjo do Senhor” que, na verdade, é igualado ao Senhor mesmo (Gn 18.10,13,17,20). 

3. Compreendendo o contexto da chamada e missão de Abraão.

Essa proclamação divina feita ao pai da fé, revela que Deus foi o primeiro pregador do evangelho a todos os povos. Porém, antes desse anúncio feito ao patriarca, a Bíblia aponta para o fato de que quando Adão pecou e se afastou de Deus, ele tentou se esconder, e aí vemos a iniciativa divina de ir ao encontro do homem caído e frustrado pela transgressão, perguntando-lhe: “...onde estás?...” (Gn 3.9). Nesse momento de confronto, Deus revelou o Plano da Salvação ao homem (Gn 3.15), plano esse que foi elaborado ainda antes da fundação do mundo (1PD 1.18-21; Ap 13.8; Ef 1.4) (PEREIRA, 2023, p. 132).
 
 
IV. O AMOR DE DEUS
A Bíblia diz que Deus é amor (1Jo 4.8,16); que Seu amor é grande (1Jo 3.1); que é eterno (Jr 31.3); que foi provado (Rm 5.8); derramado (Rm 5.5); e, ainda elenca diversas características deste amor. Vejamos:
 
1. Amor incondicional.
Diferente do amor humano que é condicional, o amor divino é superior pois manifesta-se de forma incondicional: “Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro” (1Jo 4.19). A palavra grega usada para descrever o amor de Deus pelo homem é “ágape”. Esse tipo de amor é absolutamente singular, já que ele não depende da beleza do objeto a ser amado. Naturalmente, o amor humano não funciona dessa maneira. Nós amamos outras pessoas porque elas nos amam ou porque vemos nelas alguma beleza ou valor. Deus nos ama independente do nosso amor: “Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós […]” (1Jo 4.10). Portanto, o amor de Deus por nós não foi motivado por algum amor anterior da nossa parte.
 
2. Amor imparcial.
Desde o início, o propósito divino era revelar o Seu amor e estender a bênção da salvação a todos os homens indiscriminadamente, pois Ele não faz acepção de pessoas (Dt 10.17; At 10.34; Rm 2.11). A vinda do Messias ao mundo mostrou claramente isso (At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9). É necessário entender que: a) Deus amou o mundo e não apenas uma classe de pessoas (Jo 3.16); b) o sacrifício de Jesus não alcança apenas um povo, mas o mundo todo (Jo 1.29; 1Jo 2.2); c) sua graça alcança tanto os judeus como os gentios (Rm 3.29; 9.24,30; Gl 3.14; Ef 3.6); d) a ordem de levar as boas novas de salvação é extensiva até aos confins da terra (Mt 28.19; Mc 16.15; At 1.8).
 
3. Amor imensurável.
Jesus disse a Nicodemos com uma intensidade incalculável: “Deus amou o mundo de tal maneira […]” (Jo 3.16). A expressão “tal” segundo o Aurélio (2004, p. 1908) significa: “análogo, semelhante”. A ideia de Jesus é dizer que não há nada com que possa ser comparado (Jo 15.13). Paulo disse que Deus amou tanto o homem que “[…] que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós […]” (Rm 8.32); e ainda falou sobre o “[…] seu muito amor com que nos amou” (Ef 2.3). O apóstolo João, por sua vez, afirmou: “Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai […]” (1Jo 3.1). Seu amor é maior que de uma mãe por seu próprio filho (Is 49.15).
 
 
CONCLUSÃO
Embora a narrativa bíblica nos mostre, em diversos momentos, Deus revelando o Seu amor e a Sua misericórdia com o homem, a nação de Israel e com os gentios, houve um momento histórico em que estas duas virtudes foram evidenciadas como nunca, quando Jesus Cristo foi enviado ao mundo para morrer pelos pecadores, e esta é a mensagem que o mundo inteiro precisa saber, eis a nossa missão, dizer que o projeto de Deus foi completado e que ao homem resta-lhe abraçá-lo.
 
 
 
REFERÊNCIAS
Ø  CABRAL, Elienai. Abraão: as experiências de nosso pai na fé. CPAD.
Ø  MERRILL, Eugene H. Teologia do Antigo Testamento. SHEDD.
Ø  PAULA, Oséas. Manual de Missões. CPAD.
Ø  PEREIRA, Shostenes. Fundamentação Bíblica para a Evangelização. BEREIA.
Ø  HESSELGRAVE, David J. Plantar Igrejas, um guia para missões nacionais e transculturais. VIDA NOVA.
 
 
Por Rede Brasil de Comunicação.
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