Gn
2.7; Ec 12.7; Zc 12.1; Jo 4.24
INTRODUÇÃO
Nas
lições anteriores nós estudamos sobre o corpo e a alma. A partir desta lição,
estudaremos sobre o espírito humano, sua importância e papel na vida do ser
humano, principalmente na vida do cristão. Nesta lição, traremos a definição
dos termos espírito e âmago; explicaremos por que o espírito é o âmago da vida
humana; veremos a diferença do espírito do não crente para o crente; citaremos
as atribuições do espírito humano; citaremos alguns pecados cometidos pelo
espírito humano; veremos o que acontece quando o espírito humano é dominado
pela natureza pecaminosa; e, finalmente, observaremos que o processo de
santificação tem início no espírito humano.
I. DEFINIÇÕES
1.
Espírito.
“Quanto ao espírito (ruah no hebraico e pneuma
no grego), é a principal dimensão do ser humano, a parte mais íntima do ser. É
por meio dele que mantemos comunhão com o Criador, o Pai dos espíritos e,
também, o adoramos (Jo 4.23,24; Hb 12.9). Como entidade espiritual, é
inseparável da alma. Paulo menciona essa parte imaterial do ser humano como
“homem interior”, em contraste com o corpo, o “homem exterior” (Rm 7.22-25; 2
Co 4.16-18). (Queiroz, 2025, p.24).
2.
Âmago.
De
acordo com o dicionarista Houass, “âmago” significa: “parte que fica
no centro de qualquer coisa ou pessoa; parte central, parte mais íntima ou
fundamental; a parte mais profunda de um ser.” (Houass, 2001, p. 176).
Assim, falar do espírito como o âmago da vida humana significa dizer que o
espírito é a parte mais importante, mais especial e mais essencial à vida do
ser humano, pois é a través do espírito que podemos conhecer a Deus e obter
comunhão com Ele. É por meio do espírito que adoramos ao Senhor (Jo 4.23,24),
pois ele é o centro da devoção a Deus (1Co 14.15).
II.
A DIFERENÇA DO ESPÍRITO DO NÃO CRENTE PARA O CRENTE
O Pr. Eurico Bergstén, em sua
Teologia Sistemática explica a diferença do espírito do não crente e do crente,
da seguinte maneira:
1. O espírito do
não-crente.
“O espírito do homem não-crente é
morto, inativo, isto é, separado de Deus (cf. Ef 2.1-5; Lc 15.24,32; Cl 2.13;
1Tm 5.6). Ele é dominado pelos seus pecados e concupiscências (cf. Ef 4.17-22;
Tt 1.15), sem possibilidade de ver a glória de Deus (cf 2Co 4.4).” (Bergstén,
2006, p. 132).
2. O espírito do
homem no processo de salvação.
“Na salvação, o espírito do homem é
vivificado (cf. Ef 2.5; Cl 2.13). Um despertamento começará no seu espírito
(cf. Ed 1.1) quando o Espírito Santo o convencer do seu pecado, e da justiça e
do juízo de Deus (cf. Jo 16.8-10). Quando o homem aceita Jesus como salvador,
recebe a vida eterna (cf. Rm 6.23) e, então ‘o mesmo Espírito testifica com o
nosso espírito que somos filhos de Deus’ (Rm 8.16). (Bergstén, 2006, p. 132).
III.
AS ATRIBUIÇÕES DO ESPÍRITO HUMANO
O espírito é aquilo que faz o homem
diferente de todas as demais coisas criadas. é dotado de vida humana e
inteligência, que se distingue da vida dos irracionais. Os irracionais não
podem conhecer as coisas de Deus e não podem ter relações pessoais com Ele.
Acerca deste tema, a Declaração de Fé das Assembleias de Deus diz: “Ensinamos
que o espírito, como parte integrante do ser humano, é distinto da alma, que,
às vezes, é confundido com ela porque os dois elementos são inseparáveis e de
substância imaterial. O espírito foi colocado por Deus no interior de Adão
quando este foi criado (Gn 2.7); o espírito humano está em todos os seres
humanos (Zc 12.1). O espírito está dentro do corpo (Dn 7.15). É por meio dele
que se adora a Deus (Jo 4.23,24) e que ele se torna também o centro da devoção
a Deus (1Co 14.15). Quando passa a ser morada do Espírito Santo: ‘O mesmo
Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus’ (Rm 8.16). Do
espírito humano, provém o desejo de buscar as coisas espirituais (Tt 2.11)”
(Soares, 2017, p. 79). Vejamos algumas atribuições do espírito humano:
1. O espírito
humano pode ser renovado: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e
renova em mim um espírito reto” (Sl 51.10).
2. Por intermédio
do espírito podemos nos alegrar em Deus: “Disse, então, Maria: A minha alma
engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador” (Lc 1.46,47).
3. Por intermédio
do espírito podemos adorar a Deus: “Mas a hora vem, e agora é, em que os
verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai
procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o
adoram o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4.23,24).
4. Por intermédio
do espírito humano, o Espírito Santo testifica que somos filhos de Deus: “O mesmo Espírito
testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8.16).
5. Por intermédio
do espírito podemos servir a Deus: “Porque Deus, a quem sirvo em meu
espírito, no evangelho de seu Filho, me é testemunha de como incessantemente
faço menção de vós”
(Rm 1.9).
6. Por intermédio
do espírito podemos orar a Deus: “Que farei, pois? Orarei com o espírito,
mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também
cantarei com o entendimento” (1Co 14.15).
IV.
OS PECADOS DO ESPÍRITO
“As Escrituras geralmente
apresentam um conceito geral de pecado, principalmente porque a transgressão é
um ato da pessoa como um todo, e as suas consequências afetam todo o ser.
Contudo, é possível extrair também referências específicas em relação a pecados
que envolvem diretamente: o corpo, como a prostituição; a alma, como os maus
pensamentos; e o espírito, como o orgulho, a soberba, a vangloria, a arrogância
e a inveja (Pv 16.18; 1 Tm 3.6).” (Queiroz, 2025, p. 119,120). Vejamos, então,
alguns deles:
1. Orgulho.
“É o mesmo que soberba ou
presunção. Teologicamente, foi o primeiro sentimento pecaminoso a ser
introduzido no universo. Através dele, o ungido querubim exaltou-se
sobremaneira, julgando-se superior ao mesmo Deus (Ez 28)” (Andrade, 2019, p.
286). A Bíblia traz uma série de advertências sobre o perigo do orgulho (Pv
8.13; 11.2; 16.18; Tg 4.6; 1Pe 5.5).
2. Inveja.
“É o sentimento de antipatia
ressentida contra outra pessoa que possui algo que não temos e queremos.”
(Stamps, 1995, p. 1802). É uma das obras da carne, relacionadas em Gl 5.21. A
Palavra de Deus nos adverte sobre o perigo da inveja, bem como das consequências
dela (Pv 14.30; 24.1; Tg 3.14-16; 4.1,2; 1Pe 2.1,2).
3. Vanglória.
A palavra ‘vanglória’
significa literalmente “glória vazia”, ou seja, vanglória é uma “glória
sem valor”, um sentimento de exaltação pessoal que não tem fundamento
verdadeiro. Nesse sentido, a vanglória se opõe à humildade, pois leva o
indivíduo a querer ser visto, admirado ou exaltado, esquecendo que toda glória
pertence a Deus. Escrevendo aos filipenses, o apóstolo Paulo diz: “Nada
façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os
outros superiores a si mesmo” (Fp 2.3).
V.
O QUE ACONTECE QUANDO O ESPÍRITO É DOMINADO PELA NATUREZA PECAMINOSA
“O espírito humano,
representando a natureza suprema do homem, rege a qualidade de seu caráter.
Aquilo que domina o espírito toma-se atributo de seu caráter. Por exemplo, se o
homem permitir que o orgulho o domine, ele tem um "espírito altivo" (Pv
16.18). Conforme as influências respectivas que o dominem, um homem pode ter um
espírito perverso (Is 19.14); um espírito rebelde (Sl 106.33); um espírito
impaciente (Pv 14.29); um espírito perturbado (Gn 41.18) [...]. Pode estar sob
um espírito de servidão (Rm 8.15), ou ser impelido pelo espírito de inveja (Nm
5.14). Assim é que o homem deve guardar o seu espírito (Ml 2.15), dominar o seu
espírito (Pv 16.32), pelo arrependimento tornar-se um novo espírito (Ez 18.31)
e confiar em Deus para transformar o seu espírito (Ez 11.19).” (Pealrman, 2006,
p. 110).
VI.
O PROCESSO DE SANTIFICAÇÃO TEM INÍCIO NO ESPÍRITO
“O texto de 1 Tessalonicenses 5.23
ajuda-nos nessa reflexão. Ao referir-se à santificação do espírito, da alma e
do corpo, Paulo expõe um processo de santificação que não se contenta com o
exterior. Pelo contrário! Começa no âmago de nosso ser, no espírito, onde estão
escondidas nossas mais profundas motivações [...] O ensino de Paulo está em
consonância com esse princípio, que enfatiza a santificação total, que,
iniciada no espírito, deve atingir o ser humano por inteiro. A ordem
apresentada por ele em 1 Tessalonicenses 5.23 — espírito, alma e corpo — não é
aleatória. Enquanto o ato de criação deu-se do corpo ao espírito (Gn 2.7), a
Redenção acontece do espírito ao corpo (Rm 8.23; 1 Pe 1.23) [...] Por tudo
isso, a verdadeira santificação é gerada no interior do ser humano e
expressa-se em toda a sua maneira de viver (Ez 36.26,27; Rm 8.10-13; G1 5.22).”
(Queiroz, 2025, p. 121).
CONCLUSÃO
Deus criou o homem como um ser
tricótomo. Com o corpo nós conhecemos o mundo; com a alma conhecemos a nós
mesmos e com o espírito podemos conhecer a Deus e manter comunhão com Ele. É
por intermédio do espírito que nós adoramos e servimos a Deus. No entanto,
devemos estar vigilantes, pois alguns pecados podem ser cometidos pelo
espírito, tais como orgulho, soberba e inveja. Como cristãos, não devemos ser
dominados pela natureza pecaminosa, mas, viver em santidade no corpo, na alma e
no espírito.
REFERÊNCIAS
Ø
BERGSTÉN,
Eurico. Teologia Sistemática. CPAD.
Ø
GILBERTO,
Antonio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
Ø
PEARLMAN,
Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. VIDA.
Ø
QUEIROZ,
Silas. Corpo, Alma e Espírito. CPAD.
Ø
SOARES,
Esequias. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.

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