Rt
1.6-8; 14-19
INTRODUÇÃO
Nesta
lição veremos que o amor entre Rute e Noemi e o consequente apego entre ambas,
foram imprescindíveis para que a trágica experiência de um tríplice luto em
família se tornasse numa das Histórias mais belas da Bíblia. A disposição de
Rute em seguir a sua sogra, mesmo sem que houvesse qualquer expectativa de um
segundo casamento, conduziu essas duas mulheres a uma nova etapa em suas vidas,
resultando em restituição, novo casamento, geração de filho, demonstrando
claramente que Deus governa o mundo e cuida da família. Veremos nesta aula quem
eram Rute e Noemi; o significado do termo “entrelaçadas”; a trágica história
marcada pela fome, peregrinação e luto; e, finalmente, falaremos sobre o
relacionamento de Rute com a sua sogra Noemi.
I. DEFINIÇÃO E EXPLICAÇÃO DO TEMA
1. Quem era Rute.
O
nome da moabita Rute significa “amizade”. No Antigo Testamento,
este vocábulo é encontrado apenas no livro de Rute, e no Novo Testamento ocorre
apenas na genealogia de Jesus Cristo, apresentada por Mateus 1.5. Em ambos os
casos se referem à mulher moabita que se casou com um israelita que vivia em
Moabe, ficou viúva e acompanhou a sogra, chamada Noemi, que retornou para a
cidade de Belém, em Judá; ali, posteriormente casou-se com Boaz e teve um filho
por nome Obede. A genealogia no final do livro de Rute apresenta seu filho como
o avô de Davi.” (Gardner, 1995, p. 560).
2. Quem era Noemi.
Tradicionalmente
conhecida como a sogra de Rute (Rt 1). Era casada com Elimeleque, com quem teve
dois filhos: Malom e Quiliom. Durante um período de fome em Judá, seu esposo
levou a família para morar em Moabe, a fim de sobreviver. Com a morte de
Elimeleque, Noemi e os dois filhos permaneceram em Moabe, onde os jovens se
casaram com duas moabitas, chamadas Rute e Orfa. Depois de viver em Moabe por
cerca de dez anos, Malom e Quiliom também morreram; Noemi ficou só, sem marido
e filhos. Não conseguiu vislumbrar nenhuma esperança de felicidade adiante
dela; por isso, decidiu voltar para Judá.” (Gardner, 1995, p. 493).
3. O significado do termo
“entrelaçadas”.
Aurélio
define como “prender, ligar ou enlaçar um ao outro”, “entretecer”, “entrançar”,
“ligar-se”. (Ferreira, 2004, p. 295). “A amizade de Rute e Noemi mostrou-se
realmente profunda e surpreendente. Salomão escreveu: “O amigo ama em
todos os momentos; é um irmão na adversidade.” (Pv 17.17 – NVI). [...]
Rute também estava disposta a enfrentar toda e qualquer dificuldade em nome do
sentimento que devotava a Noemi. As expressões “onde quer que pousares à noite,
ali pousarei eu” e “onde quer que morreres, morrerei eu” (Rt 1.16,17)
demonstram o grau de companheirismo e comprometimento da jovem moabita, que não
ficou somente em palavras, mas transformou-se em atitudes concretas por toda a
vida.” (Queiroz, 2024, p. 41).
II. UMA TRÁGICA HISTÓRIA MARCADA
PELA FOME, PEREGRINAÇÃO E LUTO
Por
conta de uma fome que ocorreu em Judá, Elimeleque, sua esposa Noemi e seus dois
filhos Malom e Quiliom foram peregrinar nas terras de Moabe (Rt 1.1). Nesse
período Elimeleque veio a falecer (Rt 1.3); seus filhos casaram-se com duas
mulheres moabitas: Orfa e Rute (Rt 1.4). Depois disso morreram também os dois
filhos de Noemi (Rt 1.5). O texto bíblico narra a situação que ficou Noemi: “ficando
assim a mulher desamparada dos seus dois filhos e de seu marido.” (Rt
1.5). Se perder o marido e ficar viúva já era difícil para uma mulher que
peregrinava em terras que não eram suas, imagina perder também os dois filhos!
A angústia no coração de Noemi era tão imensa que ela chegou a dizer que não
deveria mais ser chamada de Noemi, que significa “agradável”, e sim, de Mara,
ou seja, “amargura” ou “amargurada” (Rt 1.20). Mas, é em meio a estas tragédias
que se inicia uma bela história de amor entre Rute e Noemi.
1. A proposta de Noemi.
Seu
desejo foi que as duas noras, Rute e Orfa, voltassem para as casas de seus
pais: “Tornai, filhas minhas, ide-vos embora, que já mui velha sou para
ter marido; ainda quando eu dissesse: Tenho esperança, ou ainda que esta noite
tivesse marido, e ainda tivesse filhos, esperá-los-íeis?” (Rt 1.11-13).
Orfa, então, seguiu o conselho de sua sogra Noemi e retornou para a casa dos
seus pais e, também, para os seus deuses (Rt 1.14,15).
2. A resposta de Rute.
Diferente
de Orfa, Rute decidiu acompanhar a sua sogra E não aceitou tal plano. Pelo
contrário, apegou-se a Noemi, e fez esta sublime declaração: “Não me
instes para que te deixe, e me obrigues a não seguir-te. Aonde quer que fores
irei, e onde quer que pousares, ali pousarei. O teu povo será o meu povo, e o
teu Deus será o meu Deus.” (Rt 1.16).
III. O RELACIONAMENTO DE RUTE COM A
SUA SOGRA NOEMI
O
relacionamento entre Rute e sua sogra Noemi torna-se um exemplo nobre a ser
seguido por todas as famílias. Vejamos atitudes louváveis desse relacionamento:
1 Afinidade e respeito (Rt 1.9).
O
grau de carinho e consideração é algo que deve ser destacado entre Noemi e suas
noras: a) A forma fraternal com que a sogra se dirige, sempre chamando Orfa e
Rute de filhas (Rt 1.11,12,13); b) a empatia de Noemi, ao priorizar o
bem-estar de suas noras, mesmo resultando na própria solidão (Rt 1.8,9); e, c)
o reconhecimento, de que Orfa e Rute só lhe fazia bem: “[...] Que o
SENHOR seja bom para vocês, assim como vocês foram boas para mim e para os
falecidos!” (Rt 1.8 - NTLH).
2. Altruísmo (Rt 1.14).
Um
dos traços do caráter de Rute era o amor para com o próximo, nesse caso, à sua
sogra. A despeito da tentativa de Noemi em fazê-la voltar para a casa de sua
mãe (Rt 1.8), com o argumento de não ter nada para lhe oferecer (Rt 1.11,12);
Rute revela seu amor altruísta, ou seja, sem interesses pessoais, quando nos
diz o texto: “[…] porém Rute se apegou a ela” (Rt 1.14). A sua amizade não era
uma relação utilitarista e conveniente. Seu amor não era apenas de palavras,
mas de fato e de verdade (1Jo 3.18). O altruísmo de Rute é a expressão do
verdadeiro amor que Paulo descreveu: “[…] não procura seus interesses” (1Co
13.5); é o amor sacrificial que tem como o maior exemplo Cristo Jesus (Rm
5.6-8); é o amor que devemos ter para com todos (Jo 13.34; 1Co 10.33; 16.14;
1Ts 3.12; 1Jo 4.21; 2Pe 1.7). Como disse o apóstolo Paulo: “Ninguém
busque seu próprio interesse, e sim o de outrem” (1Co 10.24).
3. Lealdade (Rt 1.16).
Rute
se apegou a Noemi e decidiu continuar ao seu lado. Sua fidelidade e devoção são
destacadas por sua resposta, o que caracteriza uma expressão clássica de
lealdade: “[...] faça-me assim o SENHOR, e outro tanto, se outra coisa
que não a morte me separar de ti” (Rt 1.17b). Embora a morte do seu
marido tenha cortado os laços dela com a família de Noemi pelas normas da
sociedade, Rute escolhe ficar com ela voluntariamente; esse ato reflete uma
abnegação notável, a ponto de pôr em risco a própria felicidade.
4. Determinação (Rt 1.18).
Outra
virtude notável dessa jovem moabita é a sua convicção; diante da insistência de
Noemi, Rute se mostra resoluta, e persiste em ficar ao lado da sua amada sogra
(Rt 1.14,16). Sua determinação não estava apenas no âmbito afetivo, mas, também
em suas convicções religiosas, pois estava decidida a abandonar os deuses de
Moabe tornando-se seguidora do Deus de Israel “[…] o teu povo é o meu
povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rt 1.16). Esta determinação ainda é
ressaltada ao se dispor em ir ao campo colher espigas trazendo provisão para
ela e sua sogra (Rt 2.1,7,1 7,18). À semelhança de Rute, foi com firme
propósito que Daniel deu testemunho de sua fé em Babilônia (Dn 1.8); essa é a
atitude necessária de quem está envolvido na obra de Deus (1Co 15.58); de quem
visa a recompensa divina (Hb 6.11; 10.35,36); e de quem espera a vinda de Jesus
(Tg 5.7,8).
5. Submissão (Rt 2.2,7,10).
De
acordo com Aurélio submissão quer dizer: “Ato ou efeito de submeter-se.
Disposição para aceitar uma condição de dependência” (2004, p. 1885).
Submissão é outro aspecto do relacionamento de Rute e sua sogra; sua humildade
é revelada ao se submeter, pedindo autorização para ir ao campo. O Paulo nos
ensina que a submissão voluntária derivada do amor, deve ser: a) a base
dos relacionamentos domésticos (Ef 5.21,22,25; Cl 3.18-21); b) necessário
como um meio evangelístico (1Pe 3.1); c) no trato com os líderes (Tt
3.1; Hb 13.17; 1Pe 2.13-15); d) também com os liderados (1Pe 2.18); e)
nos relacionamentos interpessoais (1Pe 5.5); e f) com Deus (Hb
12.9; Tg 4.7).
6. Amor e honra (Rt 4.13-16).
O
amor de Rute por sua sogra se conhecia e admirava em todo o povo: “[...]
pois a tua nora, que te ama” (Rt 4.15). Noemi tinha perdido dois
filhos, mas em Rute ela conseguiu o equivalente a sete filhos: “[...] e
ela te é melhor do que sete filhos”, falando metaforicamente. Para uma
mulher israelita, ter sete filhos era uma bênção divina e uma grande honra (Jó
1.2; 1Sm 2.5; Jr 15.9). Rute amou sua sogra, pelo que qualquer coisa boa que
Boaz desse a Rute, também dava a Noemi: “E Noemi tomou o filho, e o pôs no
seu colo, e foi sua ama.” (Rt 4.16).
CONCLUSÃO
Como
pudemos ver, o relacionamento saudável entre Rute e Noemi envolve afinidade,
respeito, altruísmo, lealdade, submissão, determinação, honra, e,
principalmente, amor, servem de exemplo para as mulheres de todas as épocas.
Esta História nos ensina que é possível, sim, nora e sogra viverem em paz e em
harmonia, visando o bem comum. Em um mundo caracterizado pelo individualismo e
conflitos familiares, Rute e Noemi deixam um exemplo extraordinário, não apenas
para seus contemporâneos, mas, também, para as gerações futuras.
REFERÊNCIAS
Ø FERREIRA, Aurélio Buarque de
Holanda. Minidicionário da língua portuguesa. NOVA FRONTEIRA.
Ø GARDNER, Paul. Quem é Quem na
Bíblia. VIDA.
Ø QUEIROZ, Silas. O Deus que
Governa o Mundo e Cuida da Família. CPAD.
Ø STAMPS, Donald Carrel. Bíblia
de Estudo Pentecostal. CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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