Sl
139.1-4,13-18.
INTRODUÇÃO
Nesta
lição, trataremos da natureza material do corpo à luz da Bíblia. Veremos essa
dimensão física do ser humano como criação de Deus, identificaremos os canais
que conduzem ao pecado contra o corpo e, por fim, refletiremos sobre as
consequências de tais pecados contra este “tabernáculo”.
I.
A BÍBLIA E A CONSTITUIÇÃO FÍSICA DO CORPO
A
definição básica de corpo é: “estrutura física e material que, juntamente
com a alma e o espírito, compõe o homem” (Andrade, 2006, p. 116-117).
Como servos de Deus, temos o dever de zelar por nosso corpo, pois ele é o
templo do Espírito Santo (1Co 6.19). Além disso, é desejo do Pai que
desfrutemos de boa saúde física, mental e espiritual.
A mordomia do corpo implica reconhecer que ele pertence a Deus (1Co 6.20) e
deve ser conservado santo e agradável a Ele (Rm 12.1). Vejamos o que a Bíblia
nos ensina sobre a natureza do corpo:
1.
A composição e a estrutura do corpo humano.
No
hebraico, a palavra para corpo é “basar”; em grego, “soma”.
O corpo é a parte tangível, visível e temporal do homem (Lv 4.11; 1Rs 21.27; Sl
38.4; Pv 4.22; Sl 119.120; Gn 2.24; 1Co 15.47-49; 2Co 4.7). É a parte que se
separa na morte física. A Bíblia relata sua criação (Gn 1.26-28; 2.18-25) e
revela uma complexidade que a teoria da evolução jamais explicará. O texto
sagrado afirma que Deus formou o homem “do pó da terra” (Gn 2.7; 1Co 15.47-49).
O corpo é valioso, pois Deus o ressuscitará (1Co 15.42). Ele é o invólucro da
alma e do espírito (Gn 35.18; Dn 7.15), o homem exterior que envelhece e é mortal
(2Co 4.16; 1Pe 1.24). Como criatura perecível, o homem é carne (1Pe 1.24). A
ciência confirma que o corpo é constituído de diversos elementos químicos
terrígenos — cálcio, carbono, cloro, flúor, hidrogênio, iodo, ferro,
magnésio, manganês, nitrogênio, oxigênio, fósforo, potássio, silício, sódio e
enxofre — que juntos não ultrapassam 6% de sua composição; o restante é
formado basicamente por água, carbono e gases. Essa constatação está em plena
harmonia com o relato bíblico da constituição humana (Renovato, 2019, p. 22, grifo
nosso).
2. Imagens e figuras bíblicas que ilustram a dimensão material do corpo.
A
dimensão material do corpo é uma obra maravilhosa que revela a sabedoria do seu
Criador. De forma metafórica, a Bíblia compara o corpo a: a) Tabernáculo
ou tenda (2Co 5.1; 2Pe 1.13) – figura de algo provisório, assim como o
tabernáculo era para Israel em sua peregrinação; b) Templo de Deus (1Co
6.19) – lembrando que o corpo deve ser instrumento de adoração a Deus (Sl
103.1); c) Vaso de barro (Lm 4.2; 2Co 4.7; 2Tm 2.20-21) – símbolo da
fragilidade do corpo e, ao mesmo tempo, da sua importância e utilidade na obra
de Deus (Cabral, 1987, p. 8).
II.
O CORPO HUMANO COMO OBRA DO CRIADOR
1.
Nosso corpo foi modelado pelo próprio Deus (Gn 1.26-27; 2.7).
Deus
criou o homem com especial cuidado e declarou que tudo era “muito bom”.
Somos obra-prima do Criador (Ef 2.10), formados de modo assombrosamente
maravilhoso: “Eu te louvarei, porque de modo tão admirável e maravilhoso
fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem” (Sl
139.14).
2.
Nosso corpo foi resgatado pelo sacrifício de Cristo (1Co 6.20).
A
redenção não alcançou apenas a alma, mas também o corpo (1Co 6.20). Ele foi
comprado por alto preço e será glorificado para desfrutar da bem-aventurança
eterna (Fp 3.21). Não nos pertencemos; somos mordomos do nosso corpo. Se o
destruirmos, Deus nos julgará (1Co 3.17). Portanto, o corpo deve ser conservado
santo e agradável a Deus (Rm 12.1).
3.
Nosso corpo deve exaltar e honrar a Deus (1Co 6.20).
Devemos
glorificar a Deus com o corpo (1Co 6.20; Fp 1.20; 1Ts 5.23). A salvação em
Cristo trouxe bênçãos também para o corpo físico. O mundo, porém, o trata como
instrumento de prazer egoísta e de desejos carnais. Em contraste, devemos zelar
para que Cristo seja engrandecido em nosso corpo, seja pela vida ou pela morte
(Fp 1.20).
4.
Nosso corpo precisa ser dedicado inteiramente a Deus (Rm 12.1).
Fomos
comprados por alto preço, e agora devemos apresentar o corpo como sacrifício
vivo (Rm 12.1-2). Não podemos mais oferecer nossos membros ao pecado (Rm
6.1-23), mas viver em santificação e honra (1Ts 4.4). Devemos comer, beber e
fazer tudo para a glória de Deus (1Co 10.31). Nossos olhos, coração, pés e
pensamentos devem refletir pureza e virtude (Fp 4.8).
5.
Nosso corpo é morada do Espírito de Deus (1Co 6.19).
As
Escrituras chamam o corpo de “templo de Deus” (1Co 6.19). O Deus
que nem os céus podem conter escolheu habitar em nós (Ef 1.20-23; 3.19; 5.18).
Nosso corpo deve ser como o lugar “santo dos santos”, onde a
glória divina se manifesta (Cl 1.27). Assim como o tabernáculo simbolizava a
presença de Deus no meio do seu povo, levamos conosco a gloriosa presença de
Cristo.
6.
É nosso dever zelar e cuidar bem do corpo.
A
Bíblia o chama de “vaso de barro” (Lm 4.2; 2Co 4.7; 2Tm 2.20-21),
revelando sua fragilidade. “O homem bom cuida bem de si mesmo, mas o
cruel prejudica o seu corpo” (Pv 11.17). Devemos manter hábitos
saudáveis: alimentação equilibrada, exercícios, descanso adequado e
acompanhamento médico. Como mordomos, precisamos evitar excessos (Pv 23.20-21;
Fp 3.18-19), exercitar-nos com moderação (1Tm 4.6-8; 1Co 9.24-26) e respeitar o
descanso estabelecido por Deus (Êx 20.8-11; Mc 6.31).
III.
VIAS QUE CONDUZEM AO PECADO CONTRA O CORPO
1.
O uso impróprio do próprio corpo.
Vivemos
dias de autolatria e culto ao corpo. Idolatria é “culto prestado a
ídolos” (Ferreira, 2004, p. 1067) e, teologicamente, é o amor excessivo
a algo ou alguém em detrimento de Deus (Andrade, 2006, p. 220; Champlin, 2004,
p. 206). O termo “autolatria” vem do grego autos “a si
mesmo” e latria “adoração”, significando “adoração
de si próprio”, também chamada egolatria. Quem faz do corpo objeto de
adoração pratica autoidolatria.
2.
O uso indevido da visão.
Jesus
declarou: “Os olhos são a candeia do corpo” (Mt 6.22). Devemos
cuidar para que sejam luz, e não trevas (Mt 6.23). A “concupiscência dos
olhos” (1Jo 2.16) é desejo impuro despertado pelo que se vê, levando
muitos a pecar com adultério, fornicação, imoralidade e até furto (Êx 20.14; Gl
5.19-21). A Bíblia fala de olhos altivos (Pv 6.17; Is 2.11), malignos
(Pv 23.6), maus (Mt 6.23; Pv 28.22), zombeteiros (Pv
30.17) e cheios de adultério (2Pe 2.14) (Cabral, 1987, p. 8, grifo
nosso).
3.
O uso desordenado do olfato e do paladar.
Olfato
e paladar são faculdades ligadas aos instintos naturais da fome e da sede, mas
também podem conduzir ao pecado. Glutonaria e embriaguez são exemplos (Lc
21.34; Gl 5.21) (Cabral, 1987, p. 8).
4. O uso incorreto do tato.
O
cristão deve consagrar pés e mãos à glória de Deus. Nenhum órgão age sozinho,
mas todos obedecem à mente. A Bíblia fala do valor das mãos: fruto do trabalho
(Pv 10.4), mãos que abençoam (Mt 19.13), que sustentam (Mt 14.31), que
trabalham (1Ts 2.9). Nossos pés devem andar em retidão (Gn 5.24; 6.9; 17.1),
com sinceridade (Pv 10.9), na luz do Senhor (Is 2.5), não em trevas (Is 50.10),
mas no Espírito (Gl 5.16). Não devemos andar segundo o curso deste mundo (Ef
2.2-3), nem desordenadamente em concupiscências (2Ts 3.6; 1Pe 4.3) (Cabral,
1987, p. 9).
IV.
RESULTADOS DO PECADO PRATICADO CONTRA O CORPO
Os
pecados contra o corpo trazem consequências graves para quem os comete e,
também, para os que são levados a cair neles. Vejamos:
- Enfermidades de transmissão sexual. Resultam de uma vida promíscua e desobediente às leis de Deus. São males que afetam corpo e alma. 1 Coríntios 6.12-20 exorta o crente a não se entregar à prostituição, pois o corpo é templo do Espírito Santo (Cabral, 1987, p. 10).
- Dependência química (toxicomania). É o uso de drogas narcóticas. A dependência provoca conflitos íntimos, neuroses e inúmeros males para o usuário, sua família, as autoridades e a sociedade (Cabral, 1987, p. 10).
- Vícios do álcool e do fumo. O álcool e o fumo, tão comuns em nossa sociedade, são grandes males. A mordomia bíblica do corpo condena essas práticas que comprometem não apenas o organismo, mas a saúde integral. A Palavra de Deus nos orienta a manter o corpo puro e saudável, como morada do Espírito Santo (1Co 6.19-20; Rm 12.1) (Cabral, 1987, p. 10).
V.
A ESPERANÇA DA RESSURREIÇÃO DO CORPO
A
Palavra de Deus não apenas ensina a cuidar do corpo no presente, mas também
revela a esperança futura da sua glorificação. Essa verdade fortalece nossa fé
e motiva-nos a viver em santidade enquanto aguardamos a consumação de todas as
coisas.
- A promessa da ressurreição. A Escritura afirma que, assim como Cristo ressuscitou, também nós ressuscitaremos (1Co 15.20-23). Essa é uma promessa segura do Pai, confirmada pela vitória de Jesus sobre a morte. A ressurreição do corpo é fundamento de nossa esperança cristã (Jo 5.28-29; 1Ts 4.16-17).
- O corpo glorificado. O corpo que hoje é mortal e corruptível será transformado em um corpo incorruptível e imortal (1Co 15.42-44, 53-54). Será semelhante ao corpo glorioso de Cristo (Fp 3.21), livre do pecado, da dor e da decadência, apto para habitar eternamente na presença de Deus (Ap 21.4).
- Motivação para a santidade. A certeza de que o corpo será ressuscitado e glorificado motiva-nos a viver em pureza e dedicação a Deus. Sabemos que o nosso trabalho no Senhor não é em vão (1Co 15.58). Essa esperança nos chama a perseverar em santificação, aguardando com alegria a redenção final (Rm 8.23-25).
- A vitória definitiva sobre a morte. Na ressurreição, a morte será tragada pela vitória (1Co 15.54-57). O corpo, antes sujeito à corrupção, participará da vitória eterna de Cristo. Essa certeza consola o coração dos que choram e fortalece os que permanecem fiéis, pois “se com Ele morremos, com Ele também viveremos” (2Tm 2.11).
CONCLUSÃO
O
ser humano possui uma dimensão material e outra espiritual. A Palavra de Deus
adverte sobre o perigo do pecado contra o corpo e nos conclama a viver em
santidade, preservando-nos para a glória do Criador.
REFERÊNCIAS
Ø ANDRADE, Claudionor Correa de. Dicionário
Teológico. RJ: CPAD, 2010.
Ø CABRAL, Elienai. Mordomia cristã.
RJ: CPAD, 2003.
Ø RENOVATO, Elinaldo. Tempos, Bens e
Talentos. RJ: CPAD, 2019.
Ø CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de
Bíblia, Teologia e Filosofia. SP: HAGNOS, 2009.
Ø QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e
Espírito. CPAD.
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo
Pentecostal. RJ: CPAD, 1995.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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