Ap 1.1-8
INTRODUÇÃO
Neste novo trimestre, estaremos
estudando sobre o extraordinário tema: “As sete cartas do
Apocalipse: a mensagem final de Cristo à Igreja”. Na primeira lição,
introduziremos o assunto falando sobre o significado do termo “apocalipse”.
Veremos também importantes informações históricas e bíblicas sobre este livro.
Destacaremos ainda a importância deste, para os cristãos de todos os tempos. E,
por fim, citaremos três propósitos definidos do livro da Revelação para a
Igreja Cristã.
I. O QUE SIGNIFICA A PALAVRA APOCALIPSE
A palavra “apocalipse” do grego apokalypsis se
traduz por “revelação” (Ap 1.1a), que por sua vez significa revelar, tirar
o véu, descobrir. Esta expressão implica o levantar
de uma cortina para que todos possam ver o que está sendo mostrado. Quando
usado para referir-se à escrita significa: revelar ou deixar
claro (Ef. 3.3; Gl 1.12); quando usado para referir-se a uma pessoa a
expressão é dea que por sua vez significa: presença
visível, manifestação (II Ts 1.7; I Pe 1.7,13). Aqui se
percebe claramente que diz respeito tanto ao livro como a pessoa de Cristo (Ap
1.1,2).
II. IMPORTANTES INFORMAÇÕES SOBRE O LIVRO
A história e a Bíblia nos fornecem
dados importantes acerca desse livro. Vejamos algumas dessas informações:
- Autoria. Na verdade o autor desta grande obra é o
próprio Deus. Porém, o escritor é João. Isto ele mesmo
assevera pelo menos quatro vezes (Ap 1.1,4,9; 22.8). O apóstolo
descreve-se como “servo” de Deus (Ap 1.1), como um dos “profetas” (Ap
10.11; 22.9), e como “irmão vosso e companheiro na aflição” (Ap 1.9).
Podemos citar aqui provas externas e internas que comprovam a sua autoria. Provas
externas: segundo a tradição bem estabelecida, desde a época dos Pais
Apostólicos, e no julgamento da grande maioria dos primitivos cristãos, o
Apóstolo João, aquele que esteve reclinado “sobre o peito” do
Senhor (Jo 21.20), foi o escritor do Apocalipse. Provas internas: 1.
Somente o Evangelho de João e o Apocalipse se referem a Cristo como o Verbo (Ap
19.13; Jo 1.1); 2. Somente Apocalipse e o Evangelho de João
descrevem Jesus como o Cordeiro (Ap 5.6,8; Jo 1.29); 3.
Ambos registros também descrevem Jesus como uma testemunha (Ap 1.5; Jo
5.31,32).
- Contexto e Data. O livro obviamente foi escrito numa ocasião em
que a Igreja enfrentava perseguição e adversidade, o que nos fornece a
idéia de que isso aconteceu durante os reinados de Nero e Domiciano, os
quais instituíram o culto ao imperador. Por isso, segundo alguns pais da
igreja, este livro foi escrito na última década do século I (90 e 96
d.C), próximo do final do reinado do imperador Domiciano (81-96 d.C).
- Lugar. O livro da Revelação nos noticia que João o escreveu quando estava
numa pequena e desabitada ilha chamada Patmos, localizada no mar Egeu, a
sudoeste de Éfeso. Esta ilha tem cerca de 13 km de comprimento com uma
largura de até 6,5 km, e atualmente pertence a Grécia. As autoridades
romanas haviam banido o apóstolo para lá por “causa da Palavra de Deus
e do testemunho de Jesus Cristo” como ele mesmo afirma (Ap 1.9). No
entanto, neste ambiente hostil, João recebeu uma série de visões que
expuseram a história futura do mundo.
III. A IMPORTÂNCIA DO LIVRO DE APOCALIPSE
O livro de Apocalipse é o último livro
da Bíblia e, infelizmente, para uma boa parte dos cristãos, um dos menos lidos. Ele
conforme indica, pertence à classe de literatura conhecida como apocalíptica.
É o único desse tipo no N.T, ainda que existam passagens apocalípticas em
outros livros (Mt 24.1). Elencaremos abaixo algumas informações contidas nesse
precioso livro que nos mostram sua tamanha importância para os cristãos:
- A revelação de Jesus Cristo. Como já vimos, apocalipse é o livro da
revelação, revelação de Jesus Cristo, como afirma seu escritor: “Revelação
de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as
coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou, e as
notificou a João seu servo” (Ap 1:1). Ele mostra não o Cristo
sofredor, e que morreu, como os evangelhos mostram (Mt 27.31; Lc 23.46),
mas, o Cristo triunfante e ressuscitado (Ap 1.12-18). Esta verdade tanto
trouxe consolação aos cristãos primitivos como tem proporcionado aos
cristãos hodiernos. Nele Jesus é mostrado como: “a Fiel testemunha e o
primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra” (1.5); como “o
Alfa e o Ômega” (1.8) “aquele que é, que era e que há de vir, o
Todo-Poderoso” (1.8); como um semelhante ao “filho do homem” (1.13); como
“o Filho de Deus” (2.18); como “aquele que é santo e verdadeiro” (3.7);
como “o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de
Deus” (3.14); como “o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Jessé” (5.5); como
o “Cordeiro” no céu, como o “Messias” que reina para sempre (11.15); como
“o primeiro e o último (1.17), como o “Verbo de Deus” (19.13); como o “Rei
dos reis e Senhor dos senhores” (19.11); e como a “Raiz e a Geração de
Davi, a brilhante estrela da manhã” (22.16).
- A realidade do Seu retorno iminente. Outro fato que torna o livro de Apocalipse de
grande valor para a cristandade está no fato dele tratar da realidade
iminente (que está prestes a acontecer) do retorno de Cristo - a maior
esperança da Igreja. Podemos perceber esta realidade nas seguintes passagens
bíblicas contidas no próprio livro (Ap 1.3,7; 22.12; 22.20). Portanto,
essa notícia não nos amedronta, mas fortalece a nossa esperança, e tal
qual o apóstolo João diz, falamos também: “Amém. Ora vem,
Senhor Jesus” (Ap 22:20b).
- A nova Jerusalém, morada dos remidos. Sem dúvida alguma, o livro da Revelação também
é importante para os que professam a fé em Cristo, porque ele nos mostra a
santa cidade, que Deus preparou para todos aqueles que têm os seus nomes
escritos no Livro da Vida (Ap 21.27). O apóstolo descreve de forma tão
extraordinária a beleza desta cidade, como podemos ver nos seguintes
versículos (Ap 21.2, 10-27). Lá os santos não mais sofrerão os tormentos
que tiveram na terra (Ap 21.4), mas, desfrutarão da plenitude da revelação
de Deus, pois contemplarão a sua face (Ap 22.4).
IV. PROPÓSITO DO LIVRO DE APOCALIPSE
Como todo e qualquer livro da Bíblia,
Apocalipse também foi escrito com objetivos definidos. Destacaremos pelo menos
três:
4.1 Revelar os desvios doutrinários das
Igrejas da Ásia.
Durante este trimestre, estarão sendo
abordadas especificamente, as cartas dirigidas pelo Senhor Jesus Cristo, às
sete igrejas da Ásia, revelando-lhes o seu estado espiritual. Éfeso (a
igreja do amor esquecido), Esmirna (a igreja
confessante e mártir), Pérgamo (a igreja casada com o
mundo), Tiatira (a igreja tolerante), Sardes (a
igreja morta), Filadélfia (a igreja do amor perfeito) e Laodicéia (uma
igreja morna). Estas serão objeto de nossos estudos, pois analisaremos o que o
Senhor aprovou e o que reprovou, a fim de que não incorramos nos mesmos erros e
pratiquemos os seus acertos.
4.2 Fortalecer a fé e a firmeza na
fidelidade a Cristo.
O conteúdo do livro consola, edifica e
exorta os cristãos de todos os tempos e lugares a permanecerem firmes e fieis a
Cristo (Ap 10.11). As promessas feitas às igrejas, não estão restritas somente
aos seus membros, mas, como diz o próprio texto: “ao que vencer“.
Vejamos algumas dessas promessas:
- “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito
diz às igrejas: Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que
está no meio do paraíso de Deus” (Ap 2:7).
- “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz
às igrejas: O que vencer não receberá o dano da segunda morte” (Ap 2:11).
- “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz
às igrejas: Ao que vencer darei a comer do maná escondido, e dar-lhe-ei
uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece
senão aquele que o recebe” (Ap 2:17).
- “E ao que vencer, e guardar até ao fim as
minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações” (Ap 2:26).
- “O que vencer será vestido de vestes brancas,
e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o
seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos” (Ap 3:5).
- “A quem vencer, eu o farei coluna no templo do
meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e
o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do meu
Deus, e também o meu novo nome” (Ap 3:12).
- “Ao que vencer lhe concederei que se assente
comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu
trono” (Ap 3:21).
4.3 Dar aos crentes uma perspectiva
divina na revelação do desfecho da história humana.
Quando João recebeu a revelação deste
livro, ouviu a voz divina lhe dizer que as visões estavam em três tempos,
vejamos: “Escreve as coisas que tens visto (passado),
e as que são (presente), e as que depois destas hão de
acontecer (futuro)” (Ap 1:19). Porém, seu
aspecto futurístico se destaca, pois o livro é essencialmente escatológico (diz
respeito a acontecimentos que estão porvir): “Depois destas coisas,
olhei, e eis que estava uma porta aberta no céu; e a primeira voz que, como de
trombeta, ouvira falar comigo, disse: Sobe aqui, e mostrar-te-ei as coisas que
depois destas devem acontecer” (Ap 4:1). Entre os acontecimentos
futuros narrados no Apocalipse podemos destacar: a Grande Tribulação, que se
inicia com a abertura dos selos (Ap 6.1); a implantação do Reino Milenial de
Cristo na terra (Ap 20.1-10); a condenação de Satanás (Ap 20.10) e o
Julgamentos dos vivos e dos mortos (Ap 20.11-15).
CONCLUSÃO
Como pudemos ver, o termo apocalipse
não significa “enigma” (coisa obscura), muito pelo contrário, ele quer
dizer: revelar, tirar o véu, descobrir. Significa dizer que o intuito de Cristo
para esse livro era o de tornar conhecido para os cristãos, seus planos futuros
quanto à Igreja, aos judeus e aos gentios. Por isso, ele não deve ser
depreciado, pois é tido por bem aventurado aquele que lê, ouve e guarda as suas
profecias (Ap 1:3).
Por
Rede Brasil de Comunicação
REFERÊNCIAS
Ø MACARTHUR. Bíblia de Estudo.
SBB
Ø MEARS, Henrietta. Estudo
panorâmico da Bíblia. VIDA.
Ø DOUGLAS, J.D. O novo dicionário
da Bíblia. VIDA NOVA.
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