INTRODUÇÃO
O que significa
a palavra abandono? Quais as ocasiões em que poderemos sofrer este agravo?
Nesta lição, veremos estas e outras questões que podem ocorrer na vida de
qualquer pessoa, inclusive cristã. Pontuaremos ainda que o crente poderá sofrer
abandono após aceitar a fé em Cristo Jesus, por parte dos seus familiares e
amigos, porém deve permanecer firme, sabedor de que nosso Senhor Jesus prometeu
recompensa aqueles que O amarem acima de qualquer coisa. Por fim, destacaremos
ainda que o crente poderá, em situações de rejeição, encontrar guarida em Deus,
na Igreja e com os irmãos.
I – DEFINIÇÃO DA
PALAVRA ABANDONO
O Aurélio diz
que a palavra abandonar significa: “deixar; largar”. Do grego “apotassõ” que
primeiramente quer dizer: “pôr a parte, rejeitar (formado de apo,
“de, para fora de”, e tasso, “organizar”). Também significa: “despedir-se”
(Mc 6.46); “renunciar, abandonar” e “renunciar a tudo quanto tem” (Lc 14.33).
Logo, podemos entender que o termo abandonar indica um desprezo dado alguém por
algum motivo e em alguma circunstância. Na abordagem desta lição a expressão
abandonar indica a ação que o crente poderá sofrer em algum momento específico
da sua vida ou até por sua fé.
II – OCASIÕES
ESPECÍFICAS DE ABANDONO
2.1 Na
enfermidade. Já
vimos numa das lições estudadas, que o crente enquanto estiver no mundo, poderá
sofrer enfermidades (Jo 16.33). Estando doente, ele poderá sofrer
abandono por parte daqueles que o cercam. Com certeza, a falta de amor, será o
grande motivo. No entanto, mesmo nessa condição o cristão não estará só, pois Deus
o assiste nessa situação difícil: “O SENHOR o sustentará no leito da
enfermidade; tu o restaurarás da sua cama de doença” (Sl 41.3). Sem
dúvida, Deus pode visitar o servo lhe fazendo companhia, porém Ele também o
pode executar através das campanhas de visitas que há na igreja, para auxiliar
os que encontram-se nesta situação, a fim de que saibam que a igreja local pode
lhe ajudar, não apenas em oração, mas também na visita e assistência social.
2.2 Na terceira
idade. Normalmente,
uma pessoa atinge a faixa da Terceira Idade entre os 60 e 70 anos. Nesse momento
da vida, surgem dificuldades físicas, mentais, econômicas, interpessoais e
existenciais. Por isso Davi orou pedindo o auxílio de Deus nessa fase da vida “Agora
também, quando estou velho e de cabelos brancos, não me desampares, ó Deus...” (Sl
71.18-a). O próprio Deus prometeu auxiliar na velhice (Is 46.4). O apóstolo Paulo
ensinou que os filhos devem exercer piedade com seus familiares e não
abandoná-los em momentos de necessidade: “Mas, se alguma viúva tiver
filhos, ou netos, aprendam primeiro a exercer piedade para com a sua própria
família, e a recompensar seus pais; porque isto é bom e agradável diante de
Deus. (I Tm 5.4). A Escritura nos mostra a atitude que tomou Orfa,
deixando a sua sogra Noemi (Rt 1.14), e o comportamento de Rute que
comprometeu-se em ajudá-la (Rt 1.16-18).
2.3 Na provação.
Às
vezes a própria provação na vida do crente inclui o abandono, como no caso de
José. A Bíblia diz que seus próprios irmãos o venderam como escravo para o
Egito “Passando, pois, os mercadores midianitas, tiraram e alçaram a José
da cova, e venderam José por vinte moedas de prata, aos ismaelitas, os quais
levaram José ao Egito” (Gn 37.28). Agora longe dos pais e abandonado
pelos seus irmãos, este servo do Senhor encontrava-se em terra estranha. No
entanto, ele não estava só: “E o SENHOR estava com José...” (Gn
39.2-a).
2.4 Na queda
espiritual. Não
podemos ignorar que o crente, por falta de vigilância, poderá vacilar e
cair em pecado (Mt 26.41; I Pe 5.8). Numa situação dessas é comum que se
sinta abandonado por Deus (Sl 32.5; 51.11), e pelos que lhe cercam.
Todavia, assim como Davi, ele deverá imediatamente procurar o auxílio divino
(Sl 51.1-10), da liderança da igreja e dos irmãos, a fim de ser tratado e
reerguer-se espiritualmente (Ec 4.10), pois, todo o corpo de Cristo sofre
quando um membro padece: “De maneira que, se um membro padece, todos os
membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se
regozijam com ele” (I Co 12.26).
III – O ABANDONO
POR CAUSA DA FÉ
A vida cristã
trás inúmeros benefícios (Ef 1.3). Porém, não podemos ignorar que o sofrimento
acompanha o verdadeiro discípulo: “Se alguém quiser vir após mim,
renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me” (Mt
16.24). Entre as aflições que o crente poderá experimentar encontra-se o
abandono. A decisão por seguir a Cristo poderá causar divisões, pois o próprio
Jesus preveniu seus discípulos a cerca do que poderia sobrevir aqueles que o
seguissem (Mt 10.22). Isto não quer dizer que a atitude de abandonar partirá do
crente, mas do incrédulo. Eis abaixo alguns tipos de abandono que podemos
sofrer após a conversão:
3.1 Abandono
familiar. Em
alguns casos, ser crente custará o abandono dos parentes (Lc 12.52,53). Se
percebe claramente, nestas palavras que Jesus está exigindo lealdade e
compromisso, pois às vezes temos de escolher entre segui-lo e manter outros
relacionamentos (Mt 10.37,38). Com certeza, nós conhecemos alguns casos de filhos
que após aceitarem a Jesus como Salvador, foram expulsos de suas casas; ou de
maridos que abandonaram suas esposas. Isto é aborbado por Paulo na carta aos
coríntios (I Co 7.15). Em países onde predomina a religião islâmica, a
conversão de um membro da família, poderá resultar em extrema perseguição e abandono
por parte dos parentes.
3.2 Abandono dos
amigos. Sem
dúvida alguma, muitos de nós já experimentamos como é difícil perceber que os colegas
e amigos com os quais convivíamos na escola, no trabalho, no bairro onde
moramos optaram por afastarse de nosso convívio e excluir-nos porque nos
tornamos crentes “E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis
entregues...” (Lc 21.16). É até normal que isso aconteça porque existe
uma grande diferença entre ambos (II Co 6.14,15). O conselho dos incrédulos e
ímpios, não servem mais, nem andamos mais no seu caminho e nos agradamos de sua
conversa (Sl 1.1-3). É evidente que isto não significa dizer que a Bíblia está dizendo
que ser crente é ser antipático ou antisocial, pelo contrário, pois, Jesus
disse: “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal” (Jo
17.15).
3.3 A
recompensa. Jesus
alertou sobre o preço de segui-lo (Lc 9.23), mas, também deixou claro que recompensaria
aqueles que, por amor do seu nome, viessem abrir mão de alguma coisa: “E
todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou
mulher, ou filhos, ou terras, por amor de meu nome, receberá cem vezes tanto, e
herdará a vida eterna” (Mt 19.29). Portanto, de Cristo, podemos esperar
mais do que merecemos ou que podemos imaginar, é isto o que se pode extrair da
expressão “cem vezes tanto”, que diz respeito a uma recompensa
terrena, como por exemplo: o cristão que foi rejeitado por sua família e amigos,
por causa de Cristo, será galardoado aqui na terra por passar a fazer parte de
uma família muito maior: a espiritual, que é a Igreja (Ef 2.19). E, se não
bastasse, por fim, receberá a vida eterna (Mc 10.30; Lc 18.30).
IV – ONDE O
CRENTE PODE ENCONTRAR GUARIDA
4.1 Em Deus. Quando o crente
se sentir abandonado em alguma circunstância, não deve se desesperar, porque, Deus
é a primeira pessoa a quem podemos buscar (Sl 46.1). Disso tinha certeza Davi,
por isso confessou: “Porque, quando meu pai e minha mãe me desampararem,
o SENHOR me recolherá” (Sl 27.10). O apóstolo Paulo, em seu julgamento,
havia sofrido abandono (2 Tm 4.10; 16), no entanto, reconheceu que Deus estava
com ele “Mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me...” (II Tm
4.17-a). No grego o termo “assistir” é “paristemi” que significa:
“pôr ao lado, pôr-se ao lado, representar”. A alusão é ao advogado ou
testemunha que se põe ao lado de um acusado qualquer e o defende. Afinal de
contas, o Senhor, é o amparo dos órfãos e das viúvas (Jr 49.11); Ele disse que
não deixaria o seu povo órfão, mas que enviaria outro Consolador (Jo 14.16-18)
e prometeu estar conosco todos os dias (Mt 28.20).
4.2 Na Igreja. Nenhum ambiente
depois da família, vive em tão perfeita comunhão como a Igreja. Essa comunhão é
o vínculo espiritual estabelecido pelo Espírito Santo entre os que receberam a
Cristo como seu único e suficiente Salvador (Ef 4.3; Cl 3.14). Tendo como base
o amor, esse vínculo faz com que os crentes sintam-se ligados num só corpo, do
qual Cristo é a cabeça (Ef 4.15). É nesse ambiente de amor que os que foram
marginalizados no mundo, após converterem-se desfrutam da companhia dos santos,
e passam a ser considerados irmãos (Rm 1.13; I Co 1.10; Gl 1.2; Ef 6.10; Fp
1.12).
4.3 Nos irmãos. Sem dúvida
alguma, não há consolo mais perfeito que o de Deus (Is 49.15), todavia, tal
fato não deve nos levar a esquecer de nossa responsabilidade pessoal de prover
ajuda aos nossos irmãos em necessidade. Afinal de contas, Deus também usa
pessoas para nos consolar, como fez com Paulo, usando Tito para assisti-lo em
sua necessidade: Porque, mesmo quando chegamos à Macedônia, a nossa carne
não teve repouso algum; antes em tudo fomos atribulados: por fora combates,
temores por dentro. Mas Deus, que consola os abatidos, nos consolou com a vinda
de Tito” (II Co 7.6).
CONCLUSÃO
Enquanto
estivermos no mundo poderemos sofrer abandono seja na enfermidade, terceira
idade, provação, ou por causa da nossa fé. Contudo, quando nos sentirmos sós,
podemos nos amparar em Deus que nos deu o Consolador, do grego “parakletos”
que significa literalmente “chamado para o lado de alguém”, ou seja,
sugere a capacidade para prestar ajuda. Logo, pior do que ser abandonado pela
família e por amigos, seria ser rejeitado por Deus. Mas, se a Sua presença está
conosco teremos descanso: “Disse pois: Irá a minha presença contigo para te
fazer descansar” (Êx 33.14).
REFERÊNCIAS
• STAMPS, Donald
C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD
• VINE, W.E et al.
Dicionário
Vine.
CPAD
• ANDRADE,
Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
• CHAMPLIN,
R.N. O Novo Testamento Interpretado versículo por Versículo. HAGNOS.
Por Rede Brasil de
Comunicação
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