Mc 1.35 – 45
INTRODUÇÃO
O que significa motivação? Quais
as intenções que o salvo não deve ter em seu coração ao realizar o serviço para
Deus e quais as que ele deve ter? Nesta lição, veremos estas questões que
permeiam a vida cristã. Destacaremos ainda o grande evento do Tribunal de
Cristo onde todos os salvos serão julgados pelo serviço que desempenharam em
prol do Reino de Deus aqui na terra e da recompensa que receberão aqueles que
procederam com amor e fidelidade.
I – O QUE SIGNIFICA MOTIVAÇÃO
O
dicionário diz que significa: “ato ou
efeito de motivar; exposição de motivos ou causas; conjunto de fatores
psicológicos de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, os quais agem entre
si e determinam a conduta de um indivíduo”. Já a palavra motivo do latim “motivu”,
'que move' quer dizer: “fim, intuito”. Fica explícito
que a palavra motivação alude a intenção, propósito ou objetivo com que fazemos
as coisas. No contexto da nossa lição, diz respeito as intenções com que executamos
a obra do Senhor.
II – COMO NÃO DEVEMOS FAZER A
OBRA DE DEUS
2.1 Com má vontade. A expressão mal do grego “kakos”
quer dizer: “tudo o que é mau em
caráter, vil, desprezível”. Portanto, não podemos fazer a obra de Deus com
má vontade. O apóstolo Paulo tinha esta consciência por isso disse: “Porque,
se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa
obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho! E por isso, se o faço de
boa mente, terei prêmio; mas, se de má vontade, apenas uma dispensação me é
confiada” (II Co 9.16,17).
2.2 Com orgulho. O Aurélio define a palavra “orgulho” como “conceito elevado ou exagerado de si próprio; amor próprio demasiado;
soberba”. Do grego “alazonia” ou “alazoneia” que
é traduzido em (I Jo 2.16) por “soberba”. Este foi o sentimento que
levou o querubim ungido a ruína (Is 14.13-19; Ez 28.13-19). Aqueles que desejam
servir a Deus não podem fazê-lo com orgulho, pois a Bíblia nos exorta a termos
cuidado com este sentimento (I Tm 3.6; Pv 16.18,19; Tg 4.6). Vejamos dois
exemplos bíblicos de pessoas que agiram com orgulho e foram prejudicadas:
• O Rei Nabucodonosor. Apesar
de ter sido avisado divinamente por um sonho que foi interpretado pelo profeta Daniel,
que não deveria agir impiamente e se ensoberbecer (Dn 4.4-27). Após passado um
ano, este rei agiu orgulhosamente e sofreu as consequências por isso (Dn
4.28-33).
• O Rei Uzias. Deus o fez
prosperar enquanto este o buscou (II Cr 26.4,5), porém seu coração se exaltou e
ele intentou queimar incenso, função esta que cabia apenas ao sacerdote (II Cr
26.16), porém mesmo sob aviso, o rei agiu loucamente e recebeu a punição pelo
seu pecado (II Cr 26.17-21).
2.3 Com o propósito de ser visto.
Nosso Senhor
Jesus Cristo, preveniu seus seguidores de não procederem como os hipócritas
religiosos que entregavam suas esmolas e seus sacrifícios com a finalidade de
serem vistos pelos homens e não por Deus, isto porque desevajam receber louvor
(Mt 6.2,5; 23.5). Este foi o terrível erro de Ananias e Safira, pois eles haviam
observado como Barnabé ficou bem visto pela congregação após doar de coração o
valor da sua fazenda para os apóstolos administrarem (At 4.36,37), de igual
modo venderam sua propriedade, no entanto, combinaram entre si mentir quanto ao
valor da venda, retendo assim parte do dinheiro, alegando ser o dinheiro todo
(At 5.2), o que resultou em sentença de morte (At 5.4,5; 5.9,10).
III – COMO DEVEMOS FAZER A OBRA
DE DEUS
Vimos acima alguns motivos que
não devem permear o coração de quem serve a Deus, todavia, veremos agora quais
virtudes devem nos mover ou impulsionar ao serviço cristão. Vejamos algumas:
3.1 Com amor. O apóstolo Paulo diz que amor é a
principal das três virtudes cristãs (I Co 13.13), ele é também o fruto do
Espírito no cristão (Gl 5.22). Portanto, tudo o que fazemos deve ter esta
característica do fruto como motivação, senão, qualquer coisa que fazemos não
terá valor: “... e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria” (I
Co 13.3b). Portanto, o apóstolo ainda diz: “Todas as vossas coisas sejam
feitas com amor” (I Co 16.14).
3.2 Com humildade. O Aurélio diz que humildade é a
virtude que nos dá o sentimento da nossa fraqueza, limitação. Portanto, o servo
de Deus que realiza a sua obra com êxito, não deve se gloriar jamais, pois
reconhece as suas militações; e que os bons resultados de tudo quanto faz ou
executa para Deus deve glorificá-lo pois o seu prazer consiste em reconhecer a
suficiência do poder do Espírito em seu trabalho e que deve proceder
humildemente como ensina as Escrituras (Pv 15.33; 18.12; 22.4; Fp 2.3; Cl 3.12;
I Pe 5.5).
3.3 Como ao Senhor. A Bìblia nos ensina que devemos
fazer as coisas prioritariamente para Deus (Ef 6.7; Cl 3.23), isto não
significa dizer que fazendo para os homens, não estejamos fazendo para Deus (II
Co 8.5). A Bíblia deixa claro que servindo aos homens de Deus com sinceridade
de coração e não para sermos vistos, estamos fazendo para Ele (Fp 4.18). Eis
alguns exemplos:
• Samuel servia ao Senhor e a
Eli: “E o jovem Samuel servia ao SENHOR perante Eli; e a palavra
do SENHOR era de muita valia naqueles dias; não havia visão manifesta”.
• Eliseu servia a Elias: “Então
respondeu um dos servos do rei de Israel, dizendo: Aqui está Eliseu, filho
de Safate, que derramava água sobre as mãos de Elias” (II Re 3.11b).
• Priscila e Áquila serviram
ao apóstolo Paulo: “Saudai a Priscila e a Áquila, meus cooperadores
em Cristo Jesus” (Rm 16.3).
IV - TRIBUNAL DE CRISTO: O
JULGAMENTO DAS NOSSAS OBRAS
Em (Rm 14.10), o apóstolo Paulo
usa o termo grego “bema” que quer dizer “degrau”, que
originalmente indica uma plataforma elevada, usada pelos juízes em seus
julgamentos formais. Isto ilustra o tipo de julgamento a que serão submetidos
os crentes salvos, que biblicamente é denominado de Tribunal de Cristo (II Co
5.10). Neste tribunal, os salvos serão avaliados cada um segundo as suas obras.
A expressão “obra” do grego “ergon” significa: “trabalho, ação,
ato”. Logo, é extremamente importante ressaltar que apesar do cristão não
ser salvo pelas obras (Ef 2.8,9), ele é salvo para as obras (Ef
2.10). Ali os remidos receberão da parte do Senhor o louvor ou a censura que
merecer. Vejamos algumas características desse julgamento:
4.1 Esse julgamento será
meticuloso. Neste
julgamento cada um receberá “segundo o que tiver feito por meio do corpo,
ou bem ou mal” (II Co 5.10). A expressão “bem” do grego “agaton”,
quer dizer algo “espiritual e moralmente bom ou útil aos olhos de Deus”, já o
termo “mal” do grego “phaulos” significa: “sem valor, iníquo;
inclusive egoísmo, inveja e preguiça”. Nada ficará oculto (Rm 2.16). Tudo será
julgado, especialmente os nossos motivos (I Co 4.5). O Aurélio diz que a
expressão “meticuloso” significa: “que se preocupa com detalhes; minucioso,
esmiuçador”. Portanto, o Senhor Jesus Cristo, julgará a obra de cada
crente pela motivação com a qual foi feita, disto nos assegura o
apóstolo Paulo: “...mas veja cada um como edifica sobre ele” (I
Co 3.10). Confira ainda: (I Co 13.3; Cl 3.23,24; Hb 6.10).
4.2 Esse julgamento será
revelador. A
palavra “revelar” do grego “apokalypsis” significa “revelar,
tirar o véu, descobrir”. Esta expressão implica o levantar de uma cortina para
que todos possam ver o que está sendo mostrado. Segundo o apóstolo Paulo, será
deste modo a avaliação da obra de cada salvo no Tribunal de Cristo: “A
obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo
será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um” (I Co
3.13). A expressão “o fogo provará” diz respeito ao crivo que as obras passarão
sob o olhar de Cristo que é como chamas de fogo (Ap 1.14), que fala da sua
onisciência, pois Ele tudo vê, conhece, perscruta e que diante dEle todas as
coisas estão nuas e patentes (Hb 4.13).
4.2.1 Obras sem valor. O apóstolo diz que as obras
feitas com intenções erradas podem ser comparadas a “... madeira, feno,
palha” (I Co 3.12). Assim como estes materiais ao serem colocados no
fogo são destruídos, de igual modo, as más intenções por trás das obras
tornarão elas inúteis, todavia, mesmo o crente sendo reprovado pelo seu trabalho,
não deixará de ser salvo “Se a obra de alguém se queimar, sofrerá
detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo” (I Co 3.15).
4.2.2 Obras com valor. O trabalho desenvolvido pelo
salvo com motivos nobres será assemelhado a “...ouro, prata, pedras
preciosas...” (I Co 3.12). Estes elementos quando postos ao fogo, não
se destroem, porque são duradouros, por isso o apóstolo Paulo compara com as
boas obras praticadas pelos salvos, que quanto analisadas aos olhos de Cristo
não se destruirão, antes permanecerão: “Se a obra que alguém edificou
nessa parte permanecer, esse receberá galardão” (I Co 3.14).
4.3 Esse julgamento será
recompensador. Essa
recompensa refere-se ao galardão, expressão do grego “misthos” que
significa: “salário, arrendamento”. Somente receberão, aqueles que trabalharam
com amor no serviço do Senhor em prol do Reino de Deus (Ap 22.12). Não se sabe
ao certo em que eles consistem, no entanto, temos a certeza de que ultrapassará
a compreensão humana (I Co 2.9).
CONCLUSÃO
Vimos nesta lição, como é
importante antes de executarmos alguma obra para Deus, avaliarmos as reais intenções
que nos impulsionam a fazê-la. Visto que, ainda que a atitude seja boa, se a
motivação for ruim, não receberemos a recompensa. Todavia, se agirmos fielmente
e impulsionados pelo amor, nas obras que Deus preparou de antemão para que
andássemos nelas, ouviremos o louvor que vem de Deus (I Co 4.5).
REFERÊNCIAS
• STAMPS, Donald C. Bíblia de
Estudo Pentecostal. CPAD.
•
VINE, W.E et al. Dicionário
Vine. CPAD.
• HORTON, Stanley. Teologia
Sistemática. CPAD.
• COELHO, Alexandre; DANIEL,
Silas. Vencendo as aflições da vida. CPAD.
• ANDRADE, Claudionor de. Dicionário
Teológico. CPAD.
•
CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento Interpretado versículo por Versículo. HAGNOS.
Por
Rede Brasil de Comunicação
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