INTRODUÇÃO
No decorrer deste trimestre estudamos diversos de tipos de sofrimentos e
aflições que afetam a humanidade, tais como: enfermidade, morte, viuvez,
dívidas, rebeldia dos filhos, abandono, dentre outros. Vimos também que o
cristão não está imune a essas adversidades, pois, como disse o próprio Senhor
Jesus: “No mundo tereis aflições...” (Jo 16.33). Nesta
lição, veremos o significado de vida plena na aflição; exemplos bíblicos de aflições;
a perspectiva paulina do consolo e alegria em meio ao sofrimento; e,
finalmente, como desfrutar de uma vida plena nas aflições.
I –
DEFINIÇÃO DE AFLIÇÃO E VIDA PLENA
O termo aflição no grego é “Kakoucheõ” que
significa: “sofrer infortúnio, ser maltratado” (Hb 11.25; 11.37; 13.3). A
palavra “Kakopatheõ” que quer dizer: “sofrimento,
adversidade, padecer” (2Tm 1.8; 2.9; 4.5; Tg 5.13); e “Kakopatheia” pode
ser definida como: “aflição, maltrato, angústia” (At 7.34; Rm 8.18; 1Pe 1.11; 5.1;
Hb 2.9; 2Co 1.5; Fp 3.10; 1Pe 4.13; 5.1). Já o termo vida plena tem
o sentido de vida abundante que significa “superabundante” e
diz respeito a qualidade de vida que é oriunda de Cristo - a fonte (Jo 4.14;
14.6; Rm 6.4; 7.6; Ap 21.6). Portanto, vida plena nas aflições significa
desfrutar de paz, alegria e, principalmente, da presença de Cristo, mesmo no
sofrimento, pois, como disse o Senhor Jesus: “...Eu vim para que
tenham vida, e a tenham com abundância” (Jo 10.10).
II - EXEMPLOS BÍBLICOS DE AFLIÇÕES
Encontramos nas Sagradas Escrituras diversos exemplos de servos de Deus que
enfrentaram adversidades e aflições. Vejamos alguns:
·
José. Até tornar-se governador do Egito, sofreu
inveja por parte dos seus irmãos, foi lançado em uma cisterna, vendido como
escravo, caluniado e preso injustamente (Gn 37-45);
·
Noemi. Ela perdeu seu esposo e seus filhos (Rt
1.1-5). Sua dor e tristeza foi tão profunda que chegou a pedir que lhe
chamassem de Mara, que significa “amargosa” (Rt 1.20);
·
Jó. Apesar de ser um homem sincero, reto, temente a
Deus, e desviar-se do mal, por permissão divina, perdeu todos os seus bens,
seus filhos, e até mesmo a sua saúde (Jó 1.13-2.8);
·
Jeremias. Foi escolhido por Deus para o ministério
profético, mas, foi rejeitado por sua família, pelos sacerdotes e pelo povo
judeu (Jr 12.6; 20.2; 26.8,9); foi afrontado pelos falsos profetas (Jr
23.9-4028.1-17); foi ferido e colocado em um cepo (Jr 20.1,2), colocado na
prisão (Jr 37.15,16) e, posteriormente, em um calabouço (Jr 38.6);
·
Jesus. Mesmo sendo o Filho de Deus, Ele experimentou
diversos tipos de sofrimento. Ele nasceu em uma estrebaria (Lc 2.1-7); ainda
quando criança, precisou fugir para o Egito, para escapar da morte (Mt
1.13-18); foi desacreditado, não só pelos judeus (Jo 1.11), mas, até mesmo
pelos seus irmãos (Jo 7.5); durante o seu ministério, foi acusado e perseguido
pelos sacerdotes, escribas e fariseus (Mt 12.24; 21.15; Mc 11.18; 14.1; Lc
19.47; 20.1); além disso, Ele foi preso, julgado, condenado e morto, mesmo sem
haver cometido crime algum (Mt 26.47-27.56; Mc 14.43-15.41; Lc 22.47-23.48; Jo
18.1-19.37);
·
Paulo. Enfrentou diversos tipos de aflições, tais
como: insulto (At 13.45); apedrejamento (At 14.19,20); açoites e prisões
(At 16.22,23); naufrágio, fome, sede, frio e nudez (II Co 4.8-9; 11.16-33).
III –
PERSPECTIVA PAULINA SOBRE O CONSOLO E ALEGRIA EM MEIO AO SOFRIMENTO
A Bíblia nos mostra claramente que o servo de Deus não está imune às
tribulações. Mas, ensina também que podemos obter regozijo e consolo divino, mesmo
em meio às aflições da vida, como veremos a seguir:
·
Paulo
sabia muito bem o que era padecer, pois, como vimos anteriormente, ele
enfrentou diversos tipos de aflições. No entanto, tinha convicção que jamais
seria desamparado: “Em tudo somos atribulados, mas não
angustiados; perplexos, mas não desanimados. Perseguidos,
mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos”(II
Co 4.8,9);
·
Paulo
ensina também que é possível o crente regozijar-se, mesmo em meio ao
sofrimento:“Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na
minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a
igreja” (Cl 1.24). A Epístola aos Efésios, por exemplo, foi
escrita quando Paulo estava preso em Roma (Fp 1.12,14). No entanto, ele não
demonstra angústia, tristeza ou frustração; pelo contrário, é nesta carta em
que ele mais demonstra o seu regozijo e alegria (Fp 1.4,18; 2.2,17; 3.1;
4.1,4,10);
·
O cristão
que sofre por amor à Cristo, sem dúvida, experimentará também o consolo divino:“Porque,
assim como os sofrimentos de Cristo se manifestam em grande medida a nosso
favor, assim também a nossa consolação transborda por meio de
Cristo” (II Co 1.5);
·
Mesmo em
meio às tribulações, o apóstolo Paulo diz que estava cheio de consolação e
transbordante de gozo:“Grande é a ousadia da minha fala para convosco, e
grande a minha jactância a respeito de vós; estou cheio de consolação;
transbordo de gozo em todas as nossas tribulações” (II
Co 7.4).
IV – COMO
DESFRUTAR DE UMA VIDA PLENA NAS AFLIÇÕES
A Palavra de Deus nos ensina, não apenas sobre a possibilidade das aflições na
vida do servo de Deus, mas, também, como devemos nos portar em meio ao
sofrimento. Vejamos:
4.1
Confiando em Deus
·
O
patriarca Jó, apesar de todas provações, demonstrou uma confiança inabalável em
Deus, quando disse: “Ainda que ele me mate, nele
esperarei... Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se
levantará sobre a terra... Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos
teus propósitos pode ser impedido”(Jó 13.15; 19.25; 42.2).
·
Davi
experimentou muitas aflições, principalmente no período entre a unção e a
aclamação como rei. Porém, nunca deixou de confiar no Senhor. Ele disse: “Ainda
que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu
estás comigo... Ainda que um exército me cercasse, o meu coração não temeria;
ainda que a guerra se levantasse contra mim, nele confiaria” (Sl
23.4; 27.3).
4.2
Reconhecendo que Deus está no controle de tudo
·
José,
filho de Jacó, era ainda muito jovem quando começou a ter sonhos (Gn 37.5-10).
Possivelmente, ele entendeu que um dia exerceria liderança sobre a sua família.
No entanto, sua trajetória até tornar-se governador foi marcada por aparentes
fracassos. Mas, anos depois, ele pôde dizer aos seus irmãos: “Agora,
pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes
vendido para cá; porque para conservação da vida, Deus me enviou adiante de
vós” (Gn 45.5).
·
Nos dias
da rainha Ester, uma forca foi preparada para Mardoqueu (Et 5.14; 6.4), e um
decreto foi assinado pelo rei, ordenando matar a todos os judeus (Et 3.8-15).
Porém, Deus já havia provido um meio para impedir tal calamidade (Et
4.14-7.10). Mardoqueu, então, foi honrado (Et 6.6-11; 9.3,4), seu inimigo feroz
foi morto na mesma forca que havia preparado para ele (Et 9.25), e os judeus
receberam autorização para se defenderem de seus inimigos (Et 9.1-25).
4.3
Sabendo que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus
·
O
salmista disse que foi através da aflição que ele aprendeu a obedecer ao Senhor
(Sl 119.67,71);
·
Após a
provação, Jó reconheceu que teve uma experiência mais profunda com Deus (Jó
42.5);
·
Foi
através do sofrimento que o filho pródigo lembrou-se da casa do pai (Lc
15.15-20);
·
O
apóstolo Paulo disse que a tribulação produz paciência (Rm 5.3); e Tiago diz
que a prova da fé produz paciência (Tg 1.2-4). Por estas e outras razões, o
mesmo Paulo diz: “E sabemos quetodas as coisas contribuem juntamente
para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu
propósito” (Rm 8.28).
4.4 Tendo
esperança que um dia todo sofrimento terá fim
·
O Senhor
Jesus prometeu vir nos buscar (Jo 14.1-3);
·
As
aflições deste mundo não se comparam com a glória que nos será revelada (Rm
8.18);
·
Aqueles
que são participantes das aflições de Cristo, se alegrarão e se regozijarão na
Sua vinda (I Pe 4.12,13);
·
Quando
Cristo voltar, seremos semelhantes a Ele, e teremos um corpo glorioso e
incorruptível, imune às doenças (I Jo 3.1,2);
·
Nós
habitaremos com Cristo, onde “... não haverá mais morte, nem pranto,
nem clamor, nem dor...”(Ap 21.4).
CONCLUSÃO
Enquanto estivermos neste mundo, estamos sujeitos às provações, angústias e
tribulações. A Bíblia ensina claramente que a vida cristã não nos isenta de
adversidades. Porém, mesmo em meio ao sofrimento, podemos contar com o consolo
divino. Mas, além disso, devemos confiar em Deus, reconhecer que ele está no
controle de tudo, saber que tudo que ocorre em nossas vidas é para o nosso bem,
e que um dia nós estaremos, enfim, livres de toda dor e sofrimento.
REFERÊNCIAS
·
ALMEIDA,
João Ferreira de. Bíblia Sagrada. CPAD.
·
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
·
MACARTHUR
JR, John. O poder do sofrimento. CPAD.
·
RIBEIRO,
Hélio. Bênçãos e frutos do sofrimento.
Por Rede
Brasil de Comunicação
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