Ec 5.1-5
INTRODUÇÃO
Nos capítulos 1 ao 4 do livro de Eclesiastes, Salomão já
havia tratado praticamente de tudo aquilo que acontece “debaixo do sol”. Agora
o proverbista, no capítulo 5 de Eclesiastes, irá falar sobre a adoração em um
contexto em que se contrastam a obrigação e a devoção. Como devotos temos
direitos, mas também possuímos deveres. E essas obrigações não se limitam
apenas ao mundo religioso, mas também ao universo político-social.
I –
DEFINIÇÃO DE OBRIGAÇÃO
O dicionário da língua portuguesa define obrigação como: “Ato
de obrigar, necessidade moral de praticar ou não praticar um ato, um dever, um
preceito, uma sujeição, uma dívida”. Essa palavra portuguesa vem do
latim, “obligare”. Obrigação é um termo ético que indica que existem certos
deveres que o individuo precisa cumprir. Dentro da ética, a teoria da obrigação
se chama “deontologia”, que vem do grego “deon”. As
obrigações as devemos a Deus, à comunidade dos homens, e a nós mesmos
(CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 4.
Hagnos. p. 572).
II – O
CRENTE E SUAS OBRIGAÇÕES CIVIS E COM SEU PRÓXIMO
Em Romanos capítulo 13 Paulo escreveu esta seção visando o
ambiente sociopolítico das igrejas que se reuniam em casas romanas. Ele tinha
plena consciência das realidades sociais e políticas que confrontavam os
cristãos em Roma. O apóstolo queria evitar a anarquia e, consequentemente, uma
perseguição desnecessária. Ele trata de três tópicos importantes sobre as
responsabilidades do crente: para com as autoridades civis; para com o próximo
e para com sua vida pessoal. Vejamos:
2.1 O
crente e suas obrigações com as autoridades civis
Porque devemos
honrar e obedecer as autoridades?
ü Porque fazendo isso mostramos que
amamos ao Senhor (1 Pe 2.13; Ec 8.2);
ü Porque essa é a vontade soberana de
Deus (1 Pe 13.15-17);
ü Porque foram constituídas por Deus;
são ministros de Deus (Rm 13.1; Jr 29.7);
ü Por causa da nossa consciência (Rm
13.5);
ü Para vivermos uma vida tranquila (1
Tm 2.1,2).
A Bíblia nos diz em Mt 22.21: “Dai a César o que é de
César e a Deus o que é de Deus”. A própria inscrição no dinheiro era um
reconhecimento de dívida a César. O imposto não era um presente, mas uma dívida
em troca de lei, ordem e estradas. Há o dever ao Estado e o dever a Deus. Jesus
já endossara o imposto do Templo. A efígie e inscrição indicavam a autoridade
do imperador que cunhara a moeda. As duas esferas são distintas, mas ambas
existem. O cristão não deve esquivar-se de nenhuma das duas.
2.2 O
crente e suas obrigações com o governo (Rm 13.1-7)
ü O cristão deve ORAR pelos
funcionários do governo (1 Tm 2.1-2);
ü O cristão deve PAGAR os
impostos (Mt 22.21; Rm 13.6-7).
ü O cristão deve OBEDECER o governo
e suas leis desde que estas leis não firam os preceitos estabelecidos na Bíblia
Sagrada (1 Pe 2.13; Rm 13.1-2, 5; Tt 3:1; Pv 24.21-22);
ü O cristão deve HONRAR o
governo (Rm 13.7; 1 Pe 2.17).
Há um limite básico para a obediência do cristão ao governo:
ele tem que obedecer a Deus antes que ao homem (Atos 5:29). O cristão não pode
nunca permitir que qualquer autoridade, de qualquer tipo, suplante a autoridade
de Cristo. Algumas pessoas se valem das leis liberais do governo, a respeito do
divórcio, do aborto, da eutanásia, da profissionalização da prostituição etc.
Deus autoriza a existência do governo civil e manda os cristãos obedecerem.
Mas, como em qualquer relacionamento humano, as expressas ordenanças de
Cristo têm mais autoridade do que as ordens de qualquer homem ou instituição.
2.3 O crente e suas obrigações com o próximo (Rm 13. 8-14)
O mandamento do amor suplanta
todos os 613 mandamentos da Torá “Quem ama uns aos outros cumpriu a lei”.
Toda a lei se resume numa só frase: “Amarás o teu próximo com a ti mesmo”
(Rm 13.9). “Ouviste o que foi dito: amarás o teu próximo e
odiarás o teu inimigo, eu porém, vos digo: amai os vossos inimigos...”. De
que forma devemos amar o próximo? Como a nós mesmos (Mc 12.30); com amor
sacrificial (Jo 15.34; 1 Jo 3.16; 1 Jo 4.20,21).
III - O
CRENTE E SUAS OBRIGAÇÕES ATRAVES DE SEU TESTEMUNHO
Podemos
enumerar pelo menos três objetivos da obrigação que temos com o testemunho
cristão. Vejamos:
3.1.
Glorificar a Deus. Todo
cristão deve ter como principal objetivo, glorificar a Deus (Rm 11.36; 1 Pd
4.11; Ap 1.6).
3.2.
Edificar a Igreja. Todo
cristão deve ter o objetivo de promover a edificação do corpo de Cristo.
Diversos textos das Escrituras nos ensinam este princípio (Rm 14.19; 15.2; 1
Cor. 14.12,26; Ef. 4.16).
3.3. Servir
ao próximo. O
cristão sempre exercerá sua obrigação servindo ao próximo, atendendo suas
necessidades físicas, emocionais, espirituais e sociais (Mt. 20.28,29; At.
2.42-47;Tg 2.14-17; Rm 12.13).
IV - O
CRENTE E SUAS OBRIGAÇÕES NO SERVIÇO CRISTÃO
Seria
impossível enumerar, neste breve subsídio, todos os tipos de obrigações que o
cristão pode realizar em prol do Reino de Deus. Vejamos algumas:
4.1.
Obrigação quanto a adoração (Jo 4.24; Rm 12.1). A palavra “adoração” significa “chegar-se
a Deus, de modo reverente, submisso e agradecido, a fim de glorificá-lo. Adorar
é um ato de total rendição, gratidão e exaltação a Deus”. Adorar a Deus
é um sublime ato de serviço à Deus. Por isso, devemos adorá-lo e servi-lo com
toda reverência, fervor, sinceridade e dedicação (Hb 12.28,29). Adorar também é
exaltar e reconhecer que Deus é o Senhor, Criador de todas as coisas (Sl
95.3-6).
4.2.
Obrigação quanto a evangelização (Mc 16.15; At 1.8). A tarefa da Evangelização foi
entregue pelo Senhor Jesus à sua igreja. Todo cristão deve estar ocupado com
esta tarefa, com o objetivo de conduzir os pecadores à Cristo, quer seja no
evangelismo infantil, evangelismo pessoal ou evangelismo em massa ou missões
transculturais.
4.3.
Obrigação quanto ao discipulado (Mt 28.18-20). A palavra “discípulo” no NT quer
dizer um “aprendiz” e “seguidor do seu mestre”. Na
realidade, o discipulado é uma ação conjunta com a evangelização. Não há como
discipular sem evangelizar. No entanto, quando falamos de discipulado, estamos
nos referindo ao ato de proclamar as boas-novas de salvação aos pecadores, a
fim de convertê-los a Cristo, e torná-los discípulos idôneos, fiéis a Jesus e
capazes de gerarem outros seguidores (II Tm 2.2).
4.4.
Obrigação quanto a assistência social (At 11.28-30). Atender ao pobre e ao necessitado é
um preceito bíblico (Lv 23.22; Dt 15.11; Sl 41.1; 82.3). Nos dias da igreja
primitiva, a igreja não só pregava o evangelho, mas também, atendia aqueles que
necessitavam de socorro material (Gl 2.9,10). O serviço cristão não deve se
restringir apenas a adoração, evangelização e discipulado, mas também, deve
estender-se à assistência social aos necessitados, pois, ser generoso e
solidário também é um dever do cristão (I Jo 3.17,18).
V – O CRENTE E O EXERCÍCIO DE SUAS
OBRIGAÇÕES NA
SOCIEDADE
A Bíblia nos
deixa claro que o Estado foi estabelecido por Deus e que deve exercer seu papel
de “ministros da justiça”, mantendo a paz, a ordem e viabilizando o bem estar
social dentro do projeto original de Deus. A igreja pode e deve exercer sua
obrigação quanto a sua contribuição na manutenção do Estado de diversas
maneiras. Vejamos como:
ü Orando (At. 4.23-31; 1 Tm 2.1-5);
ü Evangelizando – Através da Evangelização, vidas são
transformadas pelo poder do Evangelho, libertando os cativos oprimidos do Diabo
que antes estavam no mundo da delinquência, vícios e idolatria (Ef. 2.1-3;
4.17-31; 1 Ts 1.6-10);
ü Exercendo sua missão profética – A Igreja sempre será o arauto de
Deus que proclamará sua verdade em um mundo mergulhado no pecado (1 Tm 3.15, 1
Pe 2.9,10);
ü Ajudando aos necessitados (2 Cor. 9.1-5);
ü Zelando pelo bem-estar das viúvas (1 Tm 5.3-16);
ü Exercendo ação social – A Missão suprema da Igreja é a
evangelização. Entretanto há também uma responsabilidade social (Mt 28.19,20;
Tg 1.26,27). O projeto Samuel desenvolvido por nossa Igreja é um exemplo de
como a Igreja promove a ação social, intervindo em regiões de vulnerabilidade
social;
ü Utilizando os meios de comunicação – A Rede Brasil de Comunicação tem
sido um instrumento de Deus utilizado na proclamação da mensagem de Seu Reino,
mostrando o projeto de Deus para a família, autoridades, Estado, patrões,
empregado, etc, executando um serviço de prevenção contra doenças e mazelas sociais
quando divulga e preserva os valores morais absolutos (Rm 2.1,2; 2 Cor. 10.4,5;
Fl. 4.8; Ef. 4.17-31), enfatizando sempre a unidade familiar e a fidelidade
conjugal, pois, geralmente os problemas se iniciam no seio familiar.
ü Na representação política – O projeto Cidadania – Um novo modo
de agir, traduz a presença da Igreja nos diversos segmentos sociais, não só
proclamando a visão de Deus para uma sociedade em crise, bem como na elaboração
de projetos e leis que visam promover a justiça social e o resgate dos valores
cristãos na sociedade.
CONCLUSÃO
Chegamos à conclusão que como servos de Cristo temos
obrigações e deveres para com o Senhor, para com as autoridades e também para
com o nosso próximo. Que tenhamos sempre a prontidão de sermos úteis para
glória de Deus.
REFERÊNCIAS
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo
Pentecostal. CPAD.
Ø CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia
de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 4. Hagnos
Por Rede Brasil de Comunicação
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